quinta-feira, 19 de junho de 2014

Alemanha 4 x 0 Portugal - Com intensa movimentação, Alemanha não dá espaços para Portugal e goleia em dia de Müller

Futebol é ocupação de espaços. A tese foi posta em prática com eficiência ímpar pela Alemanha na estreia do Mundial – o aguardado confronto contra Portugal. Os comandados de Joaquim Löw precisaram de apenas 45 minutos para aplicar 3 a 0 na ineficiente equipe de Cristiano Ronaldo – Müller, dando um show como falso-9, ainda faria o 4º na segunda etapa. Um verdadeiro banho de bola de uma das favoritas à conquista do Mundial.

Apesar de ter como time-base o Bayern de Munich, a Alemanha em nada se parecia com a equipe comandada por Guardiola e eliminada de maneira vexatória para o Real Madrid na semifinal da Champions League deste ano. A inspiração clara, entretanto, é outro Bayern: o campeão Europeu da temporada passada, comandado por Jupp Heyckes. Variando entre o 4-1-4-1 de Guardiola e o 4-2-3-1 de Heyckes, a equipe germânica trocava passes de maneira curta e precisa, fazia a transição defesa-ataque de maneira rápida e eficiente, mas sem utilizar a ligação direta. A bola deixava os pés dos defensores e em 10 estava com os homens de frente, sem que pra isso fosse necessário rifar ou arriscar o lançamento mais longo. Tudo graças à habilidade dos defensores e à intensa movimentação dos homens de frente.

Na frente, Goetze e Müller trocavam posições entre o lado e o centro de ataque. Ozil ficava mais preso pelo lado esquerdo, mas também flutuava quando necessário, arriscando-se também no lado direito. Toda a saída de bola era feita por Lahm, o primeiro homem à frente da zaga. Por ainda estar descontado fisicamente, Khedira foi posicionado mais à frente, compondo a mesma linha de Kroos. Ele guardava posição, enquanto Lahm fazia a saída de bola e depois progredia em direção ao ataque, desdobrando-se de maneira incrível.

Portugal começou o jogo num 4-3-3, com as duas primeiras linhas compactadas e a terceira tentando fazer uma marcação-pressão sobre o adversário. A estratégia de Paulo Bento se mostrou ineficaz logo no início da partida, muito em função de Nani e Cristiano Ronaldo estarem longe das melhores condições. João Pereira e Coentrão – laterais de cunho mais ofensivo – deixavam grande espaço quando subiam, e os dois pontas avançados não conseguiam voltar pra marcar. Assim, os Lusitanos deram muito campo para que a Alemanha avançasse, sobretudo pelos lados. Errar contra uma seleção tão qualificada custou muito caro.

Alemanha: intensa movimentação e meio-campo dinâmico

Portugal primeiros 30 min: 4-3-3 inspirado no Real Madrid de Ancelotti


Portugal já perdia de 2 a 0 quando Pepe foi expulso. Confesso que achei o lance injusto e ressalto que só o vi uma vez, quando aconteceu, no estádio. Acredito que mesmo que o zagueiro do Real Madrid tivesse permanecido em campo a situação não seria muito diferente, mas a partir da sua saída o técnico Paulo Bento cometeu ainda mais equívocos.

Sem Pepe, Bento transformou o 4-3-3 num 3-3-3, improvisando os volantes Raul Meirelles e Miguel Veloso para a zaga e montando uma linha com três zagueiros. Portugal perdeu totalmente a pouca combatividade que já tinha, pois Veloso não se mostrou apto para cumprir a função e João Moutinho – originalmente o articulador do time – passou a ser o único marcador efetivo no meio diante de uma das mais fortes seleções do Mundo. O terceiro gol surgiu de uma jogada de Müller em cima de Veloso, que não ia bem. No segundo tempo, Paulo Bento sacou Veloso para colocar o zagueiro Ricardo Costa. Portugal passou a se proteger melhor, mas a goleada não foi muito maior em função da própria Alemanha, que “tirou o pé do acelerador”. Um exemplo disso é a posse de bola: tendo 70% de posse no primeiro tempo, o time de Joaquim Löw acabou a partida com “apenas” 56%. Número insuficiente para tirar o brilhantismo de sua equipe e tampouco o favoritismo da Alemanha na Copa de 2014.

Portugal após expulsão: equívoco no reposicionamento custou caro a Paulo Bento

Por Mateus Kerr (@mateuskerr)