quinta-feira, 19 de junho de 2014

Espanha 0 x 2 Chile - Mais uma aula tática de Sampaoli

POSICIONAMENTO 1(93)

Quem foi ao Maracanã, pôde ver de perto uma verdadeira aula tática do Chile de Jorge Sampaoli, com muita agressividade, organização em suas ações e estratégia bem definida para superar a Espanha, que se mostra cada vez mais previsível em sua forma de jogo e com dificuldades para superar situações de jogo nas quais tem pouco espaço para jogar e desenvolver seu estilo de posse de bola e toques curtos.
A Fúria foi no 4-2-3-1 buscando profundidade com David Silva pelo meio e contando com as centralizações de Iniesta, que partia da esquerda e flutuava na intermediária ofensiva, indo por dentro e por vezes até aproximando-se do lado direito do campo. Xabi Alonso recuava na saída de bola para organizar o primeiro passe ao centro e tentava a chegada à frente para os rebotes ofensivos. Diego Costa chegava a recuar para buscar jogo e receber fora da área, porém, raramente a bola chegava com qualidade e em boas condições para o centroavante espanhol. A falta de objetividade espanhola quando tinha a bola dificultava a criação de jogadas, além de que a equipe não conseguia a penetração na área ao seu modo, nem o encaixe do passe entre as linhas.
O 3-4-1-2 fazia pressão constante, iniciando o combate a partir da saída de bola da Espanha com Vidal pressionando à frente junto com Sánchez e Vargas e na fase de defesa organizada, o time chileno fechava uma linha de cinco no sistema defensivo, com o recuo dos alas Isla e Mena, um deles cercando o lado da bola e o outro centralizando na grande área, junto aos zagueiros. Independente da altura do bloco, a pressão chilena era intensa, dificultando o trabalho do portador da bola quando fechava suas linhas de passe e a fluidez de jogo adversária.
A Espanha também era agressiva na marcação durante a primeira etapa, marcando dentro da intermediária defensiva chilena com o intuito de recuperar a bola com mais rapidez e/ou bloquear a transição da defesa para o ataque, de modo que o Chile muitas vezes era obrigado a usar da bola longa dos zagueiros da direção do ataque, principalmente para Vargas. Porém, no segundo tempo, os espanhóis cederam mais espaços para os contra-ataques do Chile, que passou a usar mais a sua característica de velocidade na transição defesa-ataque e a soltar mais Isla e Mena, buscando a chegada com velocidade às costas dos laterais da Espanha, também com Alexis Sánchez, que chegava no facão, mas também ia no fundo quando Vargas ocupava a área.
Taticamente, vale o destaque para o primeiro gol chileno, que se originou justamente da pressão avançada, onde Vidal pressionou o recuo de bola para a defesa espanhola, retomou a pelota, Sánchez se aproximou pela direita e fez o passe de ruptura para Aránguiz, que fez a ultrapassagem pelo lado direito da área, atacando o espaço vazio e cruzando pra Eduardo Vargas, que fechou em diagonal da esquerda pra área para concluir. Essa chegada de Aránguiz como elemento-surpresa, dando opção para a enfiada de bola nas costas da defesa adversária sempre quebra as marcações.
Por João Elias Cruz (@joaoeliascruzzz)