Quem foi ao Maracanã, pôde ver de perto uma verdadeira aula tática do Chile de Jorge Sampaoli, com muita agressividade, organização em suas ações e estratégia bem definida para superar a Espanha, que se mostra cada vez mais previsível em sua forma de jogo e com dificuldades para superar situações de jogo nas quais tem pouco espaço para jogar e desenvolver seu estilo de posse de bola e toques curtos.
A Fúria foi no 4-2-3-1 buscando profundidade com David Silva pelo meio e contando com as centralizações de Iniesta, que partia da esquerda e flutuava na intermediária ofensiva, indo por dentro e por vezes até aproximando-se do lado direito do campo. Xabi Alonso recuava na saída de bola para organizar o primeiro passe ao centro e tentava a chegada à frente para os rebotes ofensivos. Diego Costa chegava a recuar para buscar jogo e receber fora da área, porém, raramente a bola chegava com qualidade e em boas condições para o centroavante espanhol. A falta de objetividade espanhola quando tinha a bola dificultava a criação de jogadas, além de que a equipe não conseguia a penetração na área ao seu modo, nem o encaixe do passe entre as linhas.
O 3-4-1-2 fazia pressão constante, iniciando o combate a partir da saída de bola da Espanha com Vidal pressionando à frente junto com Sánchez e Vargas e na fase de defesa organizada, o time chileno fechava uma linha de cinco no sistema defensivo, com o recuo dos alas Isla e Mena, um deles cercando o lado da bola e o outro centralizando na grande área, junto aos zagueiros. Independente da altura do bloco, a pressão chilena era intensa, dificultando o trabalho do portador da bola quando fechava suas linhas de passe e a fluidez de jogo adversária.
A Espanha também era agressiva na marcação durante a primeira etapa, marcando dentro da intermediária defensiva chilena com o intuito de recuperar a bola com mais rapidez e/ou bloquear a transição da defesa para o ataque, de modo que o Chile muitas vezes era obrigado a usar da bola longa dos zagueiros da direção do ataque, principalmente para Vargas. Porém, no segundo tempo, os espanhóis cederam mais espaços para os contra-ataques do Chile, que passou a usar mais a sua característica de velocidade na transição defesa-ataque e a soltar mais Isla e Mena, buscando a chegada com velocidade às costas dos laterais da Espanha, também com Alexis Sánchez, que chegava no facão, mas também ia no fundo quando Vargas ocupava a área.
Taticamente, vale o destaque para o primeiro gol chileno, que se originou justamente da pressão avançada, onde Vidal pressionou o recuo de bola para a defesa espanhola, retomou a pelota, Sánchez se aproximou pela direita e fez o passe de ruptura para Aránguiz, que fez a ultrapassagem pelo lado direito da área, atacando o espaço vazio e cruzando pra Eduardo Vargas, que fechou em diagonal da esquerda pra área para concluir. Essa chegada de Aránguiz como elemento-surpresa, dando opção para a enfiada de bola nas costas da defesa adversária sempre quebra as marcações.
Por João Elias Cruz (@joaoeliascruzzz)