quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Em péssimo jogo, Sport e Internacional não saem do zero!

Sport e Internacional protagonizaram um péssimo jogo tecnicamente na Arena Pernambuco, com pouca criatividade, alternativas de jogo e não saíram do zero. No geral, resultado até merecido para o que foi o jogo. 

O Sport foi no 4-2-3-1 utilizando Diego Souza na referência do ataque. Porém, o camisa 87 não conseguiu ter a mobilidade esperada. Esperava-se que saísse mais do centro do ataque, buscasse os lados e recuasse por dentro pra oferecer linha de passe ao homem da bola, mas acabou ficando mais fixo, tendo dificuldades para prender bola na frente, dar continuidade às jogadas e ganhar as primeiras bolas na ligação direta. Talvez uma boa movimentação que poderia ter sido usada ontem e que pode vir a ser usada pros próximos jogos seria o balanceamento ofensivo de Diego Souza para o lado da bola, para dar opção de passe na beirada e formar um quadrado no setor com Ibson/Wendel mais o lateral e o ponta, buscando a superioridade, atraindo as linhas adversárias para aquele setor e abrindo espaços para a chegada de um dos volantes pelo meio atacando no entrelinhas ou até mesmo pras diagonais do ponta oposto ao da bola. Ou até pela característica de Diego Souza de chegada de trás, Eduardo pudesse ter mantido Felipe Azevedo como um "falso 9" ou "9 móvel", atuando mais à frente da linha de 3.

Tentava puxar os contragolpes com Felipe Azevedo iniciando a transição e carregando na intermediária, porém, tinha dificuldades nessa transição defesa-ataque, pois errava muitos passes na puxada, o que acabava matando a velocidade do contragolpe. Além da dificuldade de reter bola em campo ofensivo, criar espaços e penetrar na área por meio das movimentações. Até chegou com perigo em duas situações ofensivas na primeira etapa onde Danilo infiltrou no facão em diagonal, aparecendo às costas da linha defensiva colorada, porém, muito pouco. Quando a bola caía na direita, geralmente Ibson buscava a aproximação no setor e quando caía na esquerda, Wendel tentava encostar pra tabelar com Renê e ser a opção de retorno mais próxima. O time leonino tentava atacar preferencialmente pelos lados do campo quando tentava propor o jogo, mas sem muita objetividade. Poderia ter buscado mais as jogadas de linha de fundo e os cruzamentos pra área procurando Diego Souza. 

Sem a bola, marcava em duas linhas de quatro(4-1-4-1), com Ibson voltando e alinhando-se com os volantes por dentro(Rithely entre as linhas e Wendel mais à frente). Marcação predominantemente em bloco baixo(alternância para bloco médio), com as linhas postadas predominantemente dentro da própria intermediária, fazendo encaixes curtos no setor e sem muita agressividade na marcação. Diego Souza não fazia aquele "para-brisa" nos zagueiros adversários que Neto Baiano costuma fazer e os zagueiros colorados tinham até certa liberdade para progredir com bola até trechos da intermediária ofensiva sem combate mais próximo. 

No segundo tempo, Eduardo Baptista tentou com Erico Junior e Neto Baiano nos respectivos lugares de Felipe Azevedo e Diego Souza. O time passou a jogar ainda mais reativamente depois da lesão de Erico Junior, que permaneceu em campo mancando apesar disso, porém, com o camisa 18 sem fôlego pra marcar, Ibson teve que fazer a compensação na direita e compor a linha de meio, enquanto que Erico Junior ficava sem obrigações defensivas nessa espécie de 4-4-2 em linhas. Recuou ainda mais suas linhas e digamos que fez o suficiente para segurar o empate. 

no Inter, o técnico Abel Braga só tinha Jorge Henrique - que vinha sendo titular nas últimas partidas - como desfalque. A ideia do treinador foi formar um 4-2-3-1 com Sasha na esquerda, Alex centralizado e D'Ale na direita - setor no qual o argentino teve suas melhores atuações nessa edição do campeonato Brasileiro. Alex voltava para ajudar a marcação dos volantes e dar mais liberdade para Aránguiz, e em alguns momentos da partida até trocava de posição com o chileno. Aránguiz, por sinal, foi a válvula de escape e figura de maior perigo do Inter na partida. D'Alessandro mais uma vez não jogou bem, muito em função da marcação imposta por Rithely e Danilo sobre o principal armador do Inter.

O principal problema do Inter na primeira etapa foi a falta de profundidade da equipe. Com exceção de uma jogada pela direita desperdiçada por Wellington Paulista, logo no início do jogo, poucas foram as oportunidades nas quais o Colorado conseguiu vencer as duas linhas de 4 impostas pelo Sport. Gilberto e Fabrício não ajudavam os pontas na tarefa de armação, e a transição defesa-ataque do time se mostrou mais uma vez lenta - mesmo com o Sport não exercendo marcação-pressão na saída de bola contra laterais e zagueiros. Com isso, a bola praticamente não chegava em Wellington Paulista, que era obrigado a sair da área para tentar ajudar na criação do time.

WP9 passou mais tempo jogando pelos lados do campo do que por dentro, como mostra o Heatmap. 


4-2-3-1 Colorado não superou bloqueio do Sport


No segundo tempo, o Inter seguiu tendo a iniciativa do jogo, mas sem penetrar no forte bloqueio imposto pela equipe adversária. A tentativa de Abel foi colocar mais velocidade na equipe pelos lados e lançar a bola na área, com as entradas de Valdivia e Rafael Moura nos lugares de D'Alessandro e Alex. Valdívia entrou centralizado na linha de meio do Inter, numa tentativa mal-sucedida de corrigir a lentidão na transição defesa-ataque da equipe. Wellington Paulista foi atuar na ponta-direita, mas se juntava ao comando de ataque em algumas oportunidades. O 4-2-3-1 se tornava 4-4-2 em duas linhas nos momentos de ataque do Colorado, com Valdivia se deslocando do centro para a direita e Wellington Paulista avançando para se juntar à Moura. 

A pressão do Inter não surtiu efeito, o que se reflete nos números da partida: apenas duas defesas de Magrão em toda a partida e nenhuma chance real de gol em toda a segunda etapa. No final das contas, o empate foi um resultado justo pelo que apresentaram as duas equipes.

 

Inter defendendo e atacando no 2o tempo: postura mais ofensiva não se transformou em chances de gol.



*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz) e Mateus Kerr(@mateuskerr)