segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mourinho supera Wenger e máquina do Chelsea segue imbatível na Premier

Não chega a ser uma novidade. Em mais um jogo entre Chelsea e Arsenal no Stamford Bridge, os Blues levaram a melhor sobre os Gunners e Mourinho superou o seu rival Wenger. O jogo foi muito equilibrado no aspecto tático, mas brilharam as individualidades, sobretudo Diego Costa e Hazard, dois dos melhores jogadores do mundo.

1º tempo: Jogo equilibrado, mas o Chelsea tinha Hazard

O Arsenal foi a campo no seu já habitual 4-1-4-1, com Flamini como o primeiro homem entre as linhas. Wilshere e Cazorla jogaram por dentro, com Sanchez na ponta-esquerda e Ozil como winger pelo lado direito. O detalhe era a constante movimentação de Welbeck, que não é um atacante de referência como o lesionado Giroud. Durante muitas oportunidades na primeira etapa, ele voltava para ocupar o lado esquerdo, como um winger. Ozil vinha pelo meio, Sanchez virava para o lado direito e Wilshere subia para atuar como falso-9. Apesar da boa movimentação dos Gunners, em praticamente nenhuma oportunidade a intensa movimentação se traduziu em chances de gol, já que a defesa do Chelsea - como é de costume - esteve sempre muito bem posicionada ao longo dos 90 minutos.

O Chelsea jogou num 4-2-3-1, com Fábregas e Matic como volantes e a linha de meio sendo composta por Hazard aberto pelo lado esquerdo, Oscar no meio e Schurle na direita. Quando os Blues atacavam, um dos volantes avançava, estabelecendo o 4-1-4-1. O detalhe é que essa movimentação sempre variava: por vezes, era Fábregas quem organizava a saída de jogo, por vezes Matic. Oscar tinha papel fundamental na marcação, voltando à todo o momento para acompanhar a subida dos adversários pelo lado direito. Foram 7 desarmes do brasileiro na partida, 6 deles efetuados no campo defensivo dos Blues. Uma atuação defensiva monstruosa, principalmente para calar aqueles que o julgavam um jogador pouco dinâmico.

Desarmes de Oscar marcados em verde: apenas um efetuando no campo ofensivo
(fonte: Statszone)


O Arsenal dificultava a saída de bola do Chelsea avançando as suas linhas para pressionar o adversário, fato que fez com que Courtois (depois Cech) rifassem a bola em muitas oportunidades. Entretanto, as coisas mudavam quando a bola chegava nos pés de Hazard. O belga criou o primeiro gol da partida em uma jogada individual na qual ele se projetou da esquerda para o meio, escapando da forte marcação imposta por Chambers, e passou por três jogadores, indo ao solo quando Koncienly o derrubou. O próprio Hazard bateu para converter. Detalhe: a ligação Azpiculeta-Hazard foi a que mais se repetiu em toda a partida, ocorrendo 17 vezes a favor do Chelsea.

No primeiro tempo, Chambers era para ter sido expulso em função das faltas cometidas sobre Hazard. Apesar de terem sido apenas três, em uma delas o lateral era o último homem dos Gunners. O árbitro da partida acabou aliviando para o lateral, cometendo o seu único erro na partida.

Escalações do 1º tempo: Hazard desequilibrou

2º tempo: Chelsea administra vantagem e amplia o placar

O segundo tempo não poderia ser diferente. O Arsenal, perdendo a partida, foi pra cima, levando o Chelsea a deixar de propôr o jogo e atuar no contra-ataque. A sólida defensiva dos Blues, com várias temporadas de entrosamento, superou a desorganizada armação dos Gunners na maioria das oportunidades. O grande erro de Wenger na partida foi ter insistido em Ozil, que nada produziu ao longo dos 90 minutos.

O meia alemão, em claro declínio, acertou apenas 80% dos seus 56 passes efetuados na partida (Fábregas teve 90% de acerto pelo Chelsea). O número até não seria tão ruim se Ozil tivesse arriscado, coisa que não aconteceu: dos 56 passes, 48 foram curtos ou passes laterais. Ou seja: apesar da movimentação intensa, Ozil errou praticamente tudo o que tentou na partida. Além disso, a conexão Ozil-Cazorla só foi acionada 6 vezes em toda a partida. Nenhuma outra dupla de jogadores em campo trocou tão poucos passes como a dupla de armadores do Arsenal.

Na primeira alteração, a ideia de Wenger era colocar Ozil centralizado na criação e Ox-Chamberlain na ponta para dar velocidade à equipe. O erro foi tirar Cazorla - jogador com maior percentual de acerto de passes (84%) e maior número de passes acertados no campo ofensivo (19). A mudança deixou o time mais lento e aumentou o controle do Chelsea, embora o Arsenal tenha acabado o jogo com maior posse de bola (53%).

O Chelsea precisava de apenas uma bola para matar o jogo, e ela apareceu 7 minutos depois da entrada de Chamberlain: Fábregas recebeu livre no meio e lançou Diego Costa, que ganhou na corrida dos dois zagueiros dos Gunners e matou o jogo. 7ª assistência do espanhol, 9º gol do brasileiro mais espanhol do mundo na Premier League.

No final, Wenger ainda sacou Sanchez e Wilshere, mas manteve Ozil. O teimoso técnico francês amargou mais uma derrota em clássicos sem que sua equipe tenha chutado sequer uma vez contra o gol do Chelsea - foram 10 finalizações, todas para fora. A equipe de Mourinho segue firme e favorita para mais um título do campeonato inglês, agora com vantagem de 6 pontos sobre o segundo colocado, o City. O número mais surpreendente da máquina de fazer futebol dos Blues se refere às finalizações: a cada 3 chutes disparados pelos jogadores do Chelsea no campeonato, um vai parar na rede. No clássico foram apenas 5 finalizações e dois gols marcados.