Na liderança do Campeonato Catarinense, a
Chapecoense foi à capital visitar o Avaí, que buscava a primeira vitória na
competição e vinha de derrota inesperada para o Atlético de Ibirama, fora de
casa.
Vinícius Eutrópio, atual campeão catarinense no
comando do arquirrival avaiano, o Figueirense, é o técnico mais elogiado deste início
de estadual, já que assumiu o Verdão do Oeste e desde a primeira partida
conseguiu encontrar uma formação interessante, que venceu todos os adversários
que teve pela frente até aqui. O 4-3-1-2 que vigorou durante toda a temporada de 2014, seja com Gilmar Dal Pozzo, Celso Rodrigues ou Jorginho, foi substituído por um 4-2-3-1 parecido com o que Eutrópio alcançou o acesso à Série A com o Figueirense em 2013 e o título estadual em 2014.
Na Ressacada, Vinícius fez algumas mudanças no time
titular. Neném continuou ocupando a posição do lesionado Camilo, enquanto Abuda
entrou no lugar de Gil, também machucado, mudando as características do
meio-campo alviverde. Na defesa, Douglas Grolli, negociado com o Cruzeiro, deu
vaga ao estreante Willian Thiego, que trabalhou com Eutrópio em sua passagem
pelo Figueirense. O 4-2-3-1 foi mantido, mas com a saída de Gil, o setor central passou a ser um pouco mais pesado e contido, deixando espaço para o apoio dos
laterais, mas perdendo a importante chegada de Gil no campo ofensivo, um dos
diferenciais da Chapecoense neste início de ano. Além das lesões citadas, logo
aos dois minutos, um dos pilares do time, o goleiro Danilo, precisou ser
substituído por Silvio após deslocar o ombro em disputa na área.
Pelo lado avaiano, além das ausências já esperadas de Eduardo Costa e Antônio Carlos,
lesionados, e de William Rocha, Eduardo Neto e do capitão Marquinhos, suspensos,
Geninho ainda não pôde contar com Tinga e Renan Oliveira, que contraíram uma
virose e foram vetados para o duelo. O sistema, entretanto, foi mantido, com a
estreia de Jeci na defesa, as entradas de Claudinei, Revson e Edinho nas vagas
de Tinga, Eduardo Neto e Renan Oliveira, além da volta do garoto Rômulo ao
ataque, já que André Lima, titular em Ibirama, ainda não se encontra nas melhores
condições físicas e voltou a ficar à disposição no banco de reservas. Mesmo com
as alterações, Geninho continuou a utilizar o meio-campo em losango, embora as
saídas de Tinga e Eduardo Neto diminuíssem significativamente a dinâmica do
meio-campo azurra, já que os substitutos são jogadores de características
bastante diferentes. Sem a referência no ataque, os jovens Rômulo e Anderson
Lopes davam maior mobilidade à frente.
Chapecoense no sistema preferido de Eutrópio, o
4-2-3-1, e Avaí no tradicional losango de Geninho
A primeira etapa foi bastante equilibrada em
Florianópolis, com o Avaí tentando sair em velocidade e marcando de forma
compacta em bloco baixo. Edinho, o enganche avaiano, juntava-se aos dois
atacantes quando a posse de bola era do clube do oeste, formando uma linha de
três jogadores que balançava enquanto o adversário trocava passes no campo
defensivo. Atrás dos atacantes, o trio de volantes formava uma segunda linha,
um pouco mais agressiva na marcação, buscando proteger a defesa. Apesar da compactação azurra, a Chape encontrava dificuldades apenas para furar a primeira linha e, abrindo o jogo com os laterais que buscavam dar amplitude pelos lados, quebrava o sistema avaiano e conseguia criar chances, sobretudo pelo lado direito, com Apodi e Barbio, que não tinham muitas dificuldades para passar por Eltinho, desprotegido na esquerda, já que o balanço defensivo da linha de meio-campo do Avaí era lento e o lateral ficava por várias vezes sozinho contra dois jogadores adversários.
Marcação azurra era compacta e dificultou os trabalhos
da líder do catarinense no início do jogo
Apesar do bom início avaiano, a Chapecoense foi
quem abriu o placar, em jogada com dupla falha do sistema defensivo mandante.
Após chutão da defesa, o baixinho Neném ganhou disputa pelo alto com os
defensores avaianos e a bola sobrou para Roger, que foi travado na finalização.
Na sobra, William Barbio teve tempo de parar, pensar e aguardar a chegada de
Ananias dentro da área, encontrando passe milimétrico por entre as pernas de
Anderson Lopes para o artilheiro do campeonato, que atravessou sozinho por trás
da defesa azurra, e completou para marcar o seu sexto gol em quatro jogos no
Campeonato Catarinense.
O gol aumentou a intensidade da partida, com o Avaí
buscando o ataque e a Chapecoense tendo mais espaços para seu forte
contragolpe. Rômulo passou a assumir algum destaque pelo time da casa, criando
algumas jogadas interessantes ao se deslocar da ponta para o meio, como em um
passe em profundidade para Edinho, que desperdiçou chance incrível. Compacta na
fase defensiva, com as ótimas recomposições de Ananias e William Barbio pelos
extremos, a Chape buscou o contra-ataque para tentar aumentar a vantagem.
Barbio teve atuação destacada no primeiro tempo, coroada com a linda
assistência para Ananias. O ex-jogador de Vasco e Bahia viu Roger e Ananias
serem os protagonistas das vitórias anteriores do Verdão, mas, contra o Avaí,
foi o jogador mais importante em campo, apesar de ainda não ter conseguido
alcançar o seu primeiro gol pelo time catarinense, algo que não preocupa, já
que o atleta nunca se notabilizou por ir às redes com frequência ao longo da
curta carreira.
No intervalo, Geninho colocou o experiente André
Lima e outro garoto, Iury, nos lugares de Uelliton e Edinho, fazendo com que o
Avaí passasse a jogar espelhado no adversário, em um 4-2-3-1 com maior
profundidade no ataque. O time da casa tentou pressionar desde o início e criou
algumas oportunidades de perigo, monopolizando a bola, mas cedendo o
contra-ataque ao adversário. Após o início mais intenso, o ritmo do jogo caiu e
os técnicos foram mexendo nos times. Geninho sacou Eltinho, que completava 100
jogos pelo Avaí, mas vive fase ruim, para dar lugar ao novato Sander, na
lateral-esquerda. Pelo time do Oeste, Vinícius Eutrópio promoveu a estreia de
Richarlyson, que substituiu Ananias.
As mudanças fizeram com que os times continuassem
com os mesmos sistemas de jogo, embora as características do meio-campo do
conjunto visitante tivessem mudado com a saída do incisivo Ananias para a
entrada do cadenciador Richarlyson, que tentava dar maior posse de bola à
Chape, pela necessidade de controlar mais o jogo para manter a vantagem mínima.
Sem a bola, o reforço alviverde fechava o flanco esquerdo da segunda linha de
quatro.
Esquema com duas linhas de quatro na fase defensiva é
tradicional em times de Eutrópio, e foi mantido durante todo o clássico na
Ressacada (Reprodução/Premiere)
Apesar da tentativa de manter mais a bola com a
entrada de Richarlyson e depois do garoto Hyoran, a Chapecoense passou a ter
dificuldades em se defender, já que o adversário partiu desesperado para o
ataque e André Lima não facilitava a vida dos defensores na bola aérea, que
passou a ser um expediente muito utilizado pelo conjunto avaiano a partir dos
30 minutos da etapa complementar. Silvio, goleiro reserva do Verdão, fez
defesas importantes na fase final da partida, garantindo a quarta vitória da
Chape, que vai para a pausa de Carnaval na liderança do campeonato e com 100%
de aproveitamento.
Mais aberto na segunda etapa, Avaí tentou pressionar, sem conseguir, todavia, igualar o marcador
Com doze pontos em quatro jogos e tendo passado com
triunfo por dois dos quatro clássicos que tem pra disputar na primeira fase, a
Chapecoense praticamente assegura sua presença no hexagonal final do Campeonato
Catarinense, enquanto o Avaí mantém a seca de vitórias e chega à segunda
derrota consecutiva, amargando a penúltima colocação e correndo risco de ter de
disputar pelo segundo ano consecutivo o torneio entre os times que brigam
contra o rebaixamento, que ano passado foi hexagonal e este ano é quadrangular,
tornando mais difícil ainda a vida dos quatro últimos colocados da primeira
fase do estadual.
Por João Marcos Soares (@JoaoMarcos__)