Pela
13ª rodada do Brasileirão, São Paulo e Coritiba estrearam o horário das 11
horas no Morumbi. Diante do atual recorde de público do Campeonato Brasileiro
da Série A deste ano, o Tricolor Paulista venceu o Verdão por 2 x 0. Para tal
vitória paulista, as duas equipes começaram no 4-2-3-1:
Para
tentar algo diferente, Juan Osório alterou o esquema tático da equipe: saiu do
4-3-3 para o 4-2-3-1. Já Ney Franco manteve o 4-2-3-1 o qual escolheu desde
assumiu o Coritiba.
O
4-2-3-1 do São Paulo para a partida contra o Coritiba.
Juan
Osório, diante do Coritiba, fez com que o São Paulo atuasse no 4-2-3-1 e,
possivelmente, o maior beneficiado seria Paulo Henrique Ganso. No entanto o
camisa 10 tricolor continuou a atacar mais pela direita do seu campo ofensivo e
manteve a falta de intensidade nas outras fases do jogo. Ser intenso não é só
correr de acordo com a bola, mas, sim, participar das quatro fases de jogo
(ação ofensivo, transição defesa-ataque, ação defensiva e transição ataque-defesa)
de forma efetiva. Ganso não foi nenhum pouco disso.
Pela
imagem acima, nota-se Rodrigo Caio recuando entre os zagueiros para fazer uma
saída de 3, porém os jogadores mais avançados da equipe sequer aproximam-se
para jogar. Oras, se o modelo de jogo de Osório é baseado através de projeções
e toques curtos, como serão realizados se os jogadores não colaboram para tal?
(Fonte: Painel Tático).
Além
dessa falta de intensidade do possivelmente maior beneficiado pela alteração do
esquema, Hudson e Rodrigo Caio tentavam compensar a falta de participação de
seu camisa 10. Se Ganso pouco participava da transição ofensiva, ambos os
volantes alternavam para realizar a saída de 3 –vide no frame acima. Se Ganso
pouco contribuía nas ações defensivas, os volantes se desdobravam para marcar
todo setor a frente da linha defensiva. Se Ganso pouco atuava na transição
defensiva, um dos volantes avançava para marcar o adversário. E por fim, se
Ganso pouco participava das ações ofensivas, Rodrigo Caio e Hudson avançavam
para continuar a transição ofensiva.
Diante
desse cenário de compensações dos volantes tricolores em relação ao seu meia
central, nem Rodrigo Caio e nem Hudson conseguiram realizar as funções de
volante e nem de meia. Ao tentar compensar a falta de intensidade de Ganso, os
volantes do São Paulo foram também pouco efetivos nas fases de jogo da sua
equipe. Tanto que esses volantes realizaram menos passes (35- Hudson e 31-
Rodrigo Caio) até mesmo do que o próprio Ganso (46), ficaram atrás de toda
linha defensiva e, também, de Rogério Ceni (estes jogadores variaram de 50 a 55
passes certos). O coração da equipe que deveria ser o meio-de-campo não estava
funcionando. Desse modo, frequentemente, o São Paulo procurava o recurso da
bola longa para chegar a Alexandre Pato, Luis Fabiano e Centurion.
Além
do meio-de-campo Tricolor pouco contribuir nas fases de jogo, o Coritiba
avançava a marcação para que Rogério Ceni não saísse jogando curto e, assim,
prejudicando o modelo de jogo de Juan Osório. Tanto no primeiro tempo quanto no
segundo tempo –momento do flagrante acima-, o Coxa marcou em bloco alto.
Sem
opção pela faixa central e sem ter conseguido sair através de passes curtos
após algumas tentativas, o São Paulo recorria ao recurso do passe longo. Nesse
quesito, destaque para a técnica de Lucão –pois foi dele os dois lançamentos
que originaram os dois primeiros gols paulistas-, e problemas coxa-brancas à
vista: quem marcaria esses avanços dos zagueiros adversários?
Pelo
frame anterior, nota-se Marcos Aurélio sem a intensidade para participar da
transição defensiva, Misael acompanhando a jogada de costas para a bola e,
depois de perceber que Lucão havia avançado bastante terreno sem oposição,
Fabrício começou a partir para marcá-lo. Cadê a marcação da equipe em relação
ao principal objeto de um jogo de futebol: a bola?
O Coxa
avançava o bloco de marcação, mas a equipe não se mantinha compactada em curto
espaço, pois a linha defensiva, praticamente, se mantinha onde estava e, assim,
não avançando junto com o restante da sua equipe. A coordenação espacial conjunta
do time não estava sincronizada. Tanto que foi constante a exploração tricolor
na entrelinha coxa-branca e, também, em ver o sistema defensivo do Coritiba
correndo atrás do lance como neste momento abaixo:
Pela
imagem acima, percebe-se todos os jogadores que faziam parte do sistema
defensivo coxa-branca correndo atrás do lance. Além desse movimento, o
considerável espaço na entrelinha e o zagueiro Leandro Silva desalinhado para
trás da linha defensiva. Ou seja, além do espaço na entrelinha, este zagueiro
do Coxa cedia ainda mais espaço para o sistema ofensivo tricolor utilizar em
campo ofensivo.
Conseguindo
só atrapalhar a saída de bola do São Paulo, o Coritiba procurou jogar através
de passes curtos também. Este tipo de passe era utilizado em todas as fases de
jogo, vide no frame adiante nota-se esse tipo de passe até mesmo no terço
defensivo:
Mesmo
sendo pressionado por dois jogadores, Henrique procurou sair jogando através de
passe curto, mas também pudera. Assim como está sendo demonstrado pelo frame, o
Coritiba constantemente formava um triângulo de passe para o portador da bola
(linhas azuis escuras) e uma opção de retorno (linha azul clara). Desse modo,
havendo, pelo menos, três linhas de passes para o portador da bola. Méritos de Ney
Franco.
Para
se defender, a equipe de Osório se defendia através de longo espaçamento, já
que Ganso pouco retornava e os seus wingers só retornavam quando o lateral que
eles estivessem marcando avançasse. Somando a isso, havia aquele problema dos
meio-campistas tricolores pouco participarem das ações ofensivas. Desse modo,
quem passava a ser responsável por toda transição eram os laterais e, pela
falta de projeções surpresas ao ataque, Lucão e Rafael Tolói também avançavam.
Diante desse cenário pouco organizado do Tricolor Paulista é que o Coritiba
realizou o seu gol.
Com
o avanço de Matheus Reis –lateral-esquerdo que entrou no decorrer do segundo
tempo- e de Rafael Tolói, o Coritiba conseguiu um contra-ataque explorando os
dois espaços simultaneamente. Com o avanço de Ivan pela direita, Hudson acabou
tendo que cobrir o espaço de Matheus Reis –no entanto retornou de costas assim
como aconteceu no primeiro gol sofrido pelo Coxa e já demonstrado neste post-,
e Marcos Aurélio se projetando no de Rafael Tolói. Da mesma maneira que o
primeiro gol do São Paulo, um volante demora um bom tempo para perceber que
deveria marcar o adversário com bola. Desta vez, Rodrigo Caio foi o jogador que
viajou no lance. Coincidência os dois gols terem saído através de lançamentos?
A
exploração de espaços era constantemente procurada pelo Coritiba. Para tal,
Lúcio Flávio e Marcos Aurélio se alinhavam à frente da linha defensiva do São
Paulo e atrás da linha do meio-de-campo tricolor para realizar passes de
ruptura para as projeções de seus wingers. Sendo assim, quem iniciava a
transição ofensiva coxa-branca e trazia a bola até o campo ofensivo do Coxa
eram os seus volantes Fabrício e Alan Santos. Na animação adiante, perceba a
transição ofensiva coxa-branca que tanto se repetiu na primeira etapa do jogo:
Para
o segundo tempo e com o placar desfavorável, Ney Franco realizou duas
substituições já no intervalo do jogo: saíram Rodrigo Ramos e Alan Santos para
as entradas de Negueba e Esquerdinha. Apesar de terem entrado jogadores de
diferentes posições de origem, a estrutura da equipe se manteve no 4-2-3-1, mas
para começar a segunda etapa, o Coritiba foi assim:
Com
as saídas de Rodrigo Ramos e Alan Santos, Misael e Lúcio Flávio ocuparam as
suas posições. Além disso, o trio de meias do Coxa passou a ser formada por
Negueba, Esquerdinha e Thiago Galhardo. Note que através dessas alterações, Ney
Franco modificou todo o lado direito da sua equipe –lado que sofreu os dois
gols da primeira etapa.
Mesmo
com as substituições, o Coritiba manteve o mesmo modo de jogar nas fases de
jogo: para a transição ofensiva e a ação ofensiva, procura-se passes curtos,
aproximação e projeções nos espaços vazios; para a transição defensiva,
marca-se em bloco alto; e, por fim, em ação defensiva continuava a marcar
descompactado por causa do não avanço da linha defensiva.
Já o
São Paulo, com o decorrer do segundo tempo, Osório colocou Matheus Reis, João
Schmidt e Boschilia e retirou Centurion, Hudson e Ganso. Com essas
substituições, Michel Bastos passou a ser o meia direita, João Schmidt passou a
ser dupla de zaga de Rafael Tolói enquanto que Lucão avançou para a volância –sendo
este mais participava e efetivo nas fases de jogo do que os volantes da
primeira etapa do Tricolor Paulista-, e Boschilia passou a ser o meia central da
equipe. Devido a essas alterações, a produção ofensiva sãopaulina aumentou –no primeiro
tempo, foram realizadas sete finalizações, enquanto que no segundo, foram oito-
e aumentou o controle da partida –pois, o São Paulo acabou com 54,80% da posse
de bola.
Com
as substituições anteriormente citadas, as equipes terminaram da maneira acima
e no 4-2-3-1 que iniciaram o jogo.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)