segunda-feira, 13 de julho de 2015

São Paulo compensa a falta de participação do meio-de-campo através de lançamentos e vence o Coritiba em sua entrelinha

Pela 13ª rodada do Brasileirão, São Paulo e Coritiba estrearam o horário das 11 horas no Morumbi. Diante do atual recorde de público do Campeonato Brasileiro da Série A deste ano, o Tricolor Paulista venceu o Verdão por 2 x 0. Para tal vitória paulista, as duas equipes começaram no 4-2-3-1:

Para tentar algo diferente, Juan Osório alterou o esquema tático da equipe: saiu do 4-3-3 para o 4-2-3-1. Já Ney Franco manteve o 4-2-3-1 o qual escolheu desde assumiu o Coritiba.

O 4-2-3-1 do São Paulo para a partida contra o Coritiba.

Juan Osório, diante do Coritiba, fez com que o São Paulo atuasse no 4-2-3-1 e, possivelmente, o maior beneficiado seria Paulo Henrique Ganso. No entanto o camisa 10 tricolor continuou a atacar mais pela direita do seu campo ofensivo e manteve a falta de intensidade nas outras fases do jogo. Ser intenso não é só correr de acordo com a bola, mas, sim, participar das quatro fases de jogo (ação ofensivo, transição defesa-ataque, ação defensiva e transição ataque-defesa) de forma efetiva. Ganso não foi nenhum pouco disso.

Pela imagem acima, nota-se Rodrigo Caio recuando entre os zagueiros para fazer uma saída de 3, porém os jogadores mais avançados da equipe sequer aproximam-se para jogar. Oras, se o modelo de jogo de Osório é baseado através de projeções e toques curtos, como serão realizados se os jogadores não colaboram para tal? (Fonte: Painel Tático).

Além dessa falta de intensidade do possivelmente maior beneficiado pela alteração do esquema, Hudson e Rodrigo Caio tentavam compensar a falta de participação de seu camisa 10. Se Ganso pouco participava da transição ofensiva, ambos os volantes alternavam para realizar a saída de 3 –vide no frame acima. Se Ganso pouco contribuía nas ações defensivas, os volantes se desdobravam para marcar todo setor a frente da linha defensiva. Se Ganso pouco atuava na transição defensiva, um dos volantes avançava para marcar o adversário. E por fim, se Ganso pouco participava das ações ofensivas, Rodrigo Caio e Hudson avançavam para continuar a transição ofensiva.

Diante desse cenário de compensações dos volantes tricolores em relação ao seu meia central, nem Rodrigo Caio e nem Hudson conseguiram realizar as funções de volante e nem de meia. Ao tentar compensar a falta de intensidade de Ganso, os volantes do São Paulo foram também pouco efetivos nas fases de jogo da sua equipe. Tanto que esses volantes realizaram menos passes (35- Hudson e 31- Rodrigo Caio) até mesmo do que o próprio Ganso (46), ficaram atrás de toda linha defensiva e, também, de Rogério Ceni (estes jogadores variaram de 50 a 55 passes certos). O coração da equipe que deveria ser o meio-de-campo não estava funcionando. Desse modo, frequentemente, o São Paulo procurava o recurso da bola longa para chegar a Alexandre Pato, Luis Fabiano e Centurion.

Além do meio-de-campo Tricolor pouco contribuir nas fases de jogo, o Coritiba avançava a marcação para que Rogério Ceni não saísse jogando curto e, assim, prejudicando o modelo de jogo de Juan Osório. Tanto no primeiro tempo quanto no segundo tempo –momento do flagrante acima-, o Coxa marcou em bloco alto.


Sem opção pela faixa central e sem ter conseguido sair através de passes curtos após algumas tentativas, o São Paulo recorria ao recurso do passe longo. Nesse quesito, destaque para a técnica de Lucão –pois foi dele os dois lançamentos que originaram os dois primeiros gols paulistas-, e problemas coxa-brancas à vista: quem marcaria esses avanços dos zagueiros adversários?

Pelo frame anterior, nota-se Marcos Aurélio sem a intensidade para participar da transição defensiva, Misael acompanhando a jogada de costas para a bola e, depois de perceber que Lucão havia avançado bastante terreno sem oposição, Fabrício começou a partir para marcá-lo. Cadê a marcação da equipe em relação ao principal objeto de um jogo de futebol: a bola?

O Coxa avançava o bloco de marcação, mas a equipe não se mantinha compactada em curto espaço, pois a linha defensiva, praticamente, se mantinha onde estava e, assim, não avançando junto com o restante da sua equipe. A coordenação espacial conjunta do time não estava sincronizada. Tanto que foi constante a exploração tricolor na entrelinha coxa-branca e, também, em ver o sistema defensivo do Coritiba correndo atrás do lance como neste momento abaixo:

Pela imagem acima, percebe-se todos os jogadores que faziam parte do sistema defensivo coxa-branca correndo atrás do lance. Além desse movimento, o considerável espaço na entrelinha e o zagueiro Leandro Silva desalinhado para trás da linha defensiva. Ou seja, além do espaço na entrelinha, este zagueiro do Coxa cedia ainda mais espaço para o sistema ofensivo tricolor utilizar em campo ofensivo.

Conseguindo só atrapalhar a saída de bola do São Paulo, o Coritiba procurou jogar através de passes curtos também. Este tipo de passe era utilizado em todas as fases de jogo, vide no frame adiante nota-se esse tipo de passe até mesmo no terço defensivo:


Mesmo sendo pressionado por dois jogadores, Henrique procurou sair jogando através de passe curto, mas também pudera. Assim como está sendo demonstrado pelo frame, o Coritiba constantemente formava um triângulo de passe para o portador da bola (linhas azuis escuras) e uma opção de retorno (linha azul clara). Desse modo, havendo, pelo menos, três linhas de passes para o portador da bola. Méritos de Ney Franco.

Para se defender, a equipe de Osório se defendia através de longo espaçamento, já que Ganso pouco retornava e os seus wingers só retornavam quando o lateral que eles estivessem marcando avançasse.  Somando a isso, havia aquele problema dos meio-campistas tricolores pouco participarem das ações ofensivas. Desse modo, quem passava a ser responsável por toda transição eram os laterais e, pela falta de projeções surpresas ao ataque, Lucão e Rafael Tolói também avançavam. Diante desse cenário pouco organizado do Tricolor Paulista é que o Coritiba realizou o seu gol.

Com o avanço de Matheus Reis –lateral-esquerdo que entrou no decorrer do segundo tempo- e de Rafael Tolói, o Coritiba conseguiu um contra-ataque explorando os dois espaços simultaneamente. Com o avanço de Ivan pela direita, Hudson acabou tendo que cobrir o espaço de Matheus Reis –no entanto retornou de costas assim como aconteceu no primeiro gol sofrido pelo Coxa e já demonstrado neste post-, e Marcos Aurélio se projetando no de Rafael Tolói. Da mesma maneira que o primeiro gol do São Paulo, um volante demora um bom tempo para perceber que deveria marcar o adversário com bola. Desta vez, Rodrigo Caio foi o jogador que viajou no lance. Coincidência os dois gols terem saído através de lançamentos?

A exploração de espaços era constantemente procurada pelo Coritiba. Para tal, Lúcio Flávio e Marcos Aurélio se alinhavam à frente da linha defensiva do São Paulo e atrás da linha do meio-de-campo tricolor para realizar passes de ruptura para as projeções de seus wingers. Sendo assim, quem iniciava a transição ofensiva coxa-branca e trazia a bola até o campo ofensivo do Coxa eram os seus volantes Fabrício e Alan Santos. Na animação adiante, perceba a transição ofensiva coxa-branca que tanto se repetiu na primeira etapa do jogo:


Para o segundo tempo e com o placar desfavorável, Ney Franco realizou duas substituições já no intervalo do jogo: saíram Rodrigo Ramos e Alan Santos para as entradas de Negueba e Esquerdinha. Apesar de terem entrado jogadores de diferentes posições de origem, a estrutura da equipe se manteve no 4-2-3-1, mas para começar a segunda etapa, o Coritiba foi assim:

Com as saídas de Rodrigo Ramos e Alan Santos, Misael e Lúcio Flávio ocuparam as suas posições. Além disso, o trio de meias do Coxa passou a ser formada por Negueba, Esquerdinha e Thiago Galhardo. Note que através dessas alterações, Ney Franco modificou todo o lado direito da sua equipe –lado que sofreu os dois gols da primeira etapa.

Mesmo com as substituições, o Coritiba manteve o mesmo modo de jogar nas fases de jogo: para a transição ofensiva e a ação ofensiva, procura-se passes curtos, aproximação e projeções nos espaços vazios; para a transição defensiva, marca-se em bloco alto; e, por fim, em ação defensiva continuava a marcar descompactado por causa do não avanço da linha defensiva.

Já o São Paulo, com o decorrer do segundo tempo, Osório colocou Matheus Reis, João Schmidt e Boschilia e retirou Centurion, Hudson e Ganso. Com essas substituições, Michel Bastos passou a ser o meia direita, João Schmidt passou a ser dupla de zaga de Rafael Tolói enquanto que Lucão avançou para a volância –sendo este mais participava e efetivo nas fases de jogo do que os volantes da primeira etapa do Tricolor Paulista-, e Boschilia passou a ser o meia central da equipe. Devido a essas alterações, a produção ofensiva sãopaulina aumentou –no primeiro tempo, foram realizadas sete finalizações, enquanto que no segundo, foram oito- e aumentou o controle da partida –pois, o São Paulo acabou com 54,80% da posse de bola.

Com as substituições anteriormente citadas, as equipes terminaram da maneira acima e no 4-2-3-1 que iniciaram o jogo.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)