Na
Arena Corinthians, Corinthians e Atlético-PR realizaram uma das partidas da 12ª
rodada do Campeonato Brasileiro. Com o placar finalizado com dois gols de
vantagem para os paulistas, os paranaenses terminaram em sua pior posição até
então nesse Brasileirão. Para este duelo, o Timão e o Furacão começaram e
terminaram a partida nos esquemas táticos que mais utilizaram neste ano:
Atlético-PR
no 4-2-3-1 e Corinthians no 4-1-4-1
Como
a partida foi em São Paulo, o Corinthians foi a equipe a qual começou tentando
propor o jogo. No entanto, o bem treinado time de Milton Mendes não deixava. O
Atlético-PR se compactava entre intermediárias, avançava a marcação somente em
bloco e -assim como outras equipes já fizeram com esse Corinthians de Tite-, a
pressão nos laterais e o volante corintiano era constante. Desse modo,
gerava-se dificuldade para que o Timão saísse do seu campo de defesa.
No
flagrante nota-se: Marcos Guilherme encostado em Uendel, Cléo marcando o
zagueiro mais próximo da bola, Ytalo em Bruno Henrique e Nikão pressionando
Fágner. Sem opção para o passe curto –já que Felipe e Bruno Henrique aceitaram passivamente
a marcação atleticana-, Elias saiu da sua posição de origem e recuou para ser
opção para Fágner.
Além
dessa subida em bloco de marcação rubro-negra, a compactação defensiva e
ofensiva do Atlético-PR influenciou também nesse início de partida. Com os
jogadores próximos tanto em fase ofensiva quanto defensiva, o Furacão não cedia
espaço para o Corinthians em seu campo defensivo e, quando chegava a seu campo
ofensivo, a retomada de bola era rapidamente realizada.
Em
campo defensivo, o Atlético-PR aproximava as suas linhas, se defendia com nove
jogadores e realizava o balanço defensivo com Nikão (foto: Leonardo Fontes).
Em
campo ofensivo, o Furacão atacava posicionado e sempre tinha como opção de
retorno em um dos seus volantes. Entretanto, no flagrante acima, veja a
dificuldade do sistema ofensivo rubro-negro em conseguir avançar com a bola: ao
atacar pela esquerda, só havia o lateral e o winger daquele lado, enquanto que
não havia outro jogador para formar triângulo de passe, não havia jogo
entrelinha, não havia amplitude formada e um volante tapa a linha de passe do
outro –ou seja, só havia uma opção de retorno de fato!
Além
dessa dificuldade do sistema ofensivo atleticano, o Corinthians triplicava a
marcação pelo lado da seguinte maneira:
Sem
um triângulo de passe pelo lado, bastava um dos interiores do Timão se juntar
ao lateral e o meia aberto da sua equipe que facilmente retirava a bola do
Furacão. Já que mesmo tendo opção de retorno, o volante rubro-negro que
recebesse a bola não iria ter opção de virada de jogo, pois veja onde está
Marcos Guilherme de novo em ação ofensiva.
Enfim,
mesmo com as constantes retomadas de bola no campo todo –destaque para Otávio
que desarmou 10 bolas nessa partida-, o Atlético-PR não ameaçava o gol de
Cássio. Enquanto o Furacão não ameaçava, o Corinthians chegava de vez em quando
perto do gol de Weverton. Para tal, o Timão negava a função originária do único
volante de um 4-1-4-1 e formava duplas com um interior e o meia aberto dos
lados para conseguir transitar ofensivamente. Devido a isso, a saída de posição
do lateral corintiano gerava um momentâneo 3 x 2 no setor da bola, mas com as
suas vias de projeções do lateral, este receberia livre a bola no ponto futuro.
Na
imagem anterior, nota-se as duplas formadas pelo interior e meia aberto (Renato
Augusto- Malcom e Elias- Jadson). Com a exploração de Elias no espaço que
Fágner deixou, o Atlético-PR formou um momentâneo 3 x 2 no setor da bola,
porém, com duas possíveis vias de ultrapassagens de Fágner, Elias lançaria a
bola no setor vermelho e conseguiria com que o Corinthians continuasse com a
sua transição ofensiva. Pelo heatmap dessa equipe, percebe-se também essa
tendência de atacar pelos lados do campo:
Além
de favorecer a transição ofensiva pelos lados ao formar as duplas, o
Corinthians não contava com um volante passador –Bruno Henrique realizou
somente 35 passes e foi que menos realizou esse fundamento em relação a todos
os meio-campistas da sua equipe-, algum jogador que virasse o jogo –ao todo,
foi feita somente uma invertida em 90 minutos- e Vágner Love não dava sequência
nas jogadas pelo centro.Assim, comprova-se ainda mais a tendência do Alvinegro
Paulista em atacar pelos lados e ter um jogo bem vertical (Fonte: Footstats).
Mesmo
com o Timão tendo menos posse de bola (terminaria com 45,80%), o mandante do
jogo realizou o seu gol, aos 33 do primeiro tempo, após uma cobrança longa de
lateral de Fágner. Após o gol sofrido, o Atlético-PR produziu oito das suas 12
finalizações no jogo. Todavia, o modo como o Furacão chega à meta de Cássio
continuava sendo bem dificultada. O Rubro-Negro Paranaense insistia em atacar
pelos lados –mesmo sofrendo inferioridade numérica- e avançou diversas vezes
pelo seu lado esquerdo –já que já foi visto que Marcos Guilherme não gerava
amplitude pelo seu lado. Com isso, Nikão começou a ser a principal peça de
avanço atleticano, porém, assim como era de se prever, esse jogador perdeu 13
vezes a posse de bola. Estava difícil para o Furacão atacar.
Após
sofrer o primeiro gol, o Furacão atacou pelos lados e, principalmente, pelo
esquerdo com Nikão –assim com mostra o heatmap acima. Mesmo quando o
Atlético-PR vencia a batalha pelas laterais, o time errava o cruzamento. Ao
todo, foram tentadas 27 bolas alçadas na área de Cássio e somente uma foi feita
corretamente (Fonte: Footstats).
Com a
partida difícil para o Atlético-PR atacar, o Corinthians foi fazendo o jogo
dele: marcava com a linha defensiva e a do meio-de-campo próximas e procurava a
transição ofensiva rápida. Entretanto, como Vágner Love não conseguia se
posicionar para receber a bola já no início do contra-ataque, Tite colocou
Danilo, aos 17 da segunda etapa.
Pelo
frame anterior, veja as linhas do Corinthians próximas e a posição onde Vágner
Love esperava a bola para iniciar o contra-ataque. Nessa posição, o
centroavante corintiano nem está marcando Otávio e nem será linha de passe,
pois o volante do Atlético-PR fechava a linha de passe para ele e conseguia
recuperar diversos rebotes que o sistema defensivo alvinegro realizava.
Com
Danilo, o Timão conseguia transitar ofensivamente –já que ele se posicionava à
frente de Otávio, em ação defensiva-, havia sequência nas jogadas ofensivas e ele
marcava Otávio já em campo ofensivo paulista. Ou seja, além de melhorar
ofensivamente, com essa substituição de Tite, o Corinthians conseguiu marcar a
principal válvula de escape do Furacão.
Sem
ter volume ofensivo e com o Alvinegro Paulista conseguindo neutralizar o jogo,
o Atlético-PR acabou sofrendo o segundo gol, aos 31 do segundo tempo, e
decretou assim o placar final da partida. Mesmo com a entrada de Dellatorre no
lugar do lateral Eduardo, aos 43, Milton Mendes não conseguiu fazer com que o
seu time realizasse algum gol no jogo.
Mesmo
com as entradas de Dellatorre, Bady, Danilo, Rildo e Ralf, tanto o Atlético-PR
quanto o Corinthians terminaram no mesmo esquema tático os quais iniciaram o
jogo: 4-2-3-1 e 4-1-4-1, respectivamente.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)