segunda-feira, 13 de julho de 2015

Em bom jogo no Rio, Macaé vence o Paysandu e time paraense deixa o G-4!


No Rio, Macaé e Paysandu protagonizaram um bom duelo taticamente e tecnicamente. Jogo digno de equipes que brigam na parte de cima da tabela da Série B. Duas equipes bem treinadas e encaixadas. Os cariocas levaram a melhor e venceram por 2 a 1. Com o resultado, o Papão saiu do G-4 e ocupa parcialmente a sexta colocação com 22 pontos, a dois pontos do 4º colocado(Náutico). Já o Macaé está em 8º lugar, com 21 pontos, a 3 pontos do G-4 e 5 pontos de diferença para o 9º colocado. Disputadíssima a parte de cima da tabela. 

O Paysandu foi no 4-4-2 em linhas, buscando inicialmente a imposição, adiantando as primeiras linhas até trechos iniciais da intermediária adversária para forçar o erro na saída de bola e com a posse, buscava propor e jogar no campo inimigo. Carlinhos e Edinho entravam constantemente em diagonal ofensiva. Com e sem bola. Ambos carregavam curto de fora pra dentro pra gerar os corredores laterais, ocupavam o mesoespaço entre o winger e os volantes adversários enquanto os laterais passavam mais abertos como linhas de passe e fechavam por dentro no entrelinha adversário ou área pra ser opção quando a bola caía no flanco oposto. Principalmente Edinho, mais liso e arisco, procurando as arrancadas e jogadas pessoais pelo meio. No ataque, Souza se deslocava bastante, caindo pelo lado esquerdo do ataque, procurando a movimentação na intermediária ofensiva pra oferecer linha de passe próxima ao portador da bola, fazer o pivô e dar continuidade à posse da equipe paraense. Quando Souza se locomovia, Aylon quase sempre aprofundava pra ser a referência entre os zagueiros e opção pra cruzamento na área. Assim, fazia-se corretamente o balanceamento ofensivo. Quando um sai ou abre pelo lado, o outro fecha. 

O time comandado por Dado Cavalcanti demonstrava equilíbrio e sabedoria entre as fases do jogo. Quando se fechava atrás da linha da bola, fazia bem o papel defensivo, caracterizando-se pela compactação curta, correto balanceamento defensivo em função da movimentação da bola para a proteção do lado atacado, espaços reduzidos ao adversário e busca pela saída em velocidade na transição ofensiva após a retomada da pelota, principalmente pela característica de jogo e biotipo dos jogadores de frente, predominantemente mais leves e velozes. Em escanteios defensivos, marcava individualmente no bolo da área e com um jogador(Aylon) marcando a primeira trave.

Já o Macaé, foi no 4-2-3-1, marcando no 4-4-1-1 defensivamente(meia-central participando um pouco mais da compactação atrás da linha da bola, fazendo a "sobra" da linha de meio por vezes), com predominância de posicionamento em bloco baixo, atrás da linha do meio-campo, apesar de alguns momentos de pressão avançada em campo rival após sofrer o gol, ainda na primeira etapa. Em escanteios defensivos, fazia marcação individual no bolo da área e dois jogadores marcavam a primeira trave. No escanteio que originou o gol do Papão, os jogadores do time paraense presentes na área se deslocavam em diagonal na direção da primeira trave e carregam seus marcadores consigo. Gualberto conseguiu se desmarcar em espaço curto e cabecear bem no canto direito do goleiro. 

Ofensivamente, caracterizava-se principalmente pela força e velocidade pelos flancos. Na direita, Max apoiava no corredor constantemente, fazendo a dobra com Marquinho, que muitas vezes cortava pra dentro pra buscar o passe em diagonal curta ou virar o jogo e preenchia o mesoespaço pra permitir a ultrapassagem ou abria o campo, permitindo que o lateral-direito carioca pudesse vir e progredir com a bola do lado pro centro. Enquanto atuava como meia-central, Juninho costumava aparecer na diagonal inversa pra procurar a aproximação curta e triangulação pelo lado direito, além de recuar com constância pra buscar jogo na saída de bola e dar opção de passe aos volantes nas proximidades do grande círculo. Na esquerda, Pipico era mais agressivo. Afastava-se da lateral pra permitir a passagem do lateral-esquerdo Diego(que procurava quase sempre a arrancada em alta velocidade na direção da linha de fundo) na virada de jogo centro-esquerda/direita-esquerda e com a bola, procurava pra partir pra cima e buscar o drible pra dentro. Anselmo era procurado na área e também fazia deslocamentos curtos entre os zagueiros e volantes adversários pra tabela curta, parede ou tentativa de jogada pessoal em espaço curto na entrada da área. 

Com menos de 30 minutos de jogo, o técnico Marcelo Cabo colocou Éberson na vaga de Gedeil. Éberson entrou pra atuar como meia-central, recuando Juninho para a linha de volantes, com o intuito de ganhar mais qualidade na saída de bola e distribuição de jogo mais atrás. O resultado veio na segunda etapa, logo aos 4 minutos, com gol de empate de Marquinho, em jogada que caracterizava bem sua movimentação. Recebeu na esquerda, o winger do setor(que havia centralizado quando a bola estava sob posse carioca pela meia-esquerda de seu ataque, para a basculação defensiva com a linha de meio) encostou no combate, porém, Marquinho conseguiu cortá-lo e arrumar pra dentro, nenhum volante acompanhou a jogada pra encostar e cobrir o espaço à frente da linha defensiva e desta forma, ele se viu com tempo e espaço pra acertar um chutaço de perna esquerda no ângulo direito do goleiro. 

Com o empate carioca, o jogo ficou mais aberto, com os dois times bem intensos e apostando ainda mais em transições velozes. Dado Cavalcanti acionou Carlos Alberto no lugar de Carlinhos pelo lado esquerdo na linha de 4 do meio, procurando mais agressividade e velocidade na progressão com bola dominada. Carlos Alberto deu trabalho por ali, procurando o drible em velocidade e sofrendo muitas faltas. Com a entrada de Misael na vaga de Souza, o ataque do Papão ganhou ainda mais mobilidade. Porém, o pênalti perdido pelo próprio Misael custou bastante caro no final. Assim como vem característica da equipe durante essa Série B, os melhores momentos do Macaé eram essencialmente transicionais. Em contragolpes com igualdade e superioridade numérica em relação ao sistema defensivo adversário e geralmente pegando a defesa com posicionamento mais alto pra dar o bote em campo defensivo e/ou sem a recomposição dos laterais, abrindo um gigantesco espaço para diagonais longas de rupturas. Nesses casos, procurava-se muito as infiltrações e facões de Pipico, jogando no espaço entre Luis Felipe e Thiago Martins e sempre entrando no espaço vazio quando o zagueiro do setor se postava pra dar o bote alto e o lateral não voltava pra fechar o lado. E aos 46 minutos, após sobra de bola na área, o próprio Pipico foi oportunista e virou o jogo. 

No final, o Macaé foi premiado por sua competência e entrega até o final. Vem surpreendendo bastante nessa Série B. Antes de começar o campeonato, era cotado como candidato à luta pelo rebaixamento. Hoje, sua realidade é completamente diferente. Dado Cavalcanti também vem realizando um bom trabalho no Paysandu e ao que parece, finalmente encontrou boas condições. Uma diretoria renovada, com mentalidade diferente, moderna e com mais visão futurista. Encontrou dificuldades no início de trabalho no Campeonato Paraense, chegou a "balançar" no cargo, com certas especulações, mas a diretoria corretamente manteve o planejamento com Dado, reforçou o time, contratou com perfil de encaixe na filosofia de trabalho e forma de jogo do treinador e hoje colhe os frutos. Briga na parte de cima e apesar de certas limitações quanto a elenco, tende a chegar forte até o final na briga pelo acesso. Além disso, o clube está mais equilibrado com relação a finanças. Afinal, Dado já enfrentou problemas com salários atrasados em Náutico e Paraná, o que dificultou seu trabalho em determinados aspectos. No Ceará, não teve nenhum problema com isso, porém, foi julgado apenas por resultados e não pelo trabalho em si, sendo vítima do imediatismo e da falta de convicção de dirigentes no início do ano. Agora no Papão, com condições melhores pra se trabalhar e confiança/respaldo por parte dos diretores, espera-se que este talentoso nome da nova geração brasileira de técnicos consiga sua afirmação, afinal, trata-se de um treinador inteligente, extremamente atualizado, com conceitos e métodos de treinamento modernos. Assim como o Macaé, o Paysandu também era considerado candidato a rebaixamento antes da bola começar a rolar na Série B. Sem dúvidas, o futuro próximo das duas equipes parece ser promissor. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos...


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)