Diferentemente do sistema
defensivo, o volume do sistema ofensivo pouco mudou em relação ao trabalho de
Ricardo Drubscky e de Vagner Mancini. A constante movimentação dos jogadores de
frente somada às “bagunças organizadas” foram marcantes e mantidas até o fim do
segundo técnico no Atlético no ano de 2013.
Embora o volume ofensivo não
tenha mudado tanto em relação ao trabalho dos dois técnicos, as saídas de bola
deles foram diferentes. Enquanto que com Ricardo Drubscky, a saída de bola era
igualmente pelos dois lados e a bola saia percorria o campo através de passes
curtos, com Vagner Mancini, a bola tendia a sair pela direita com Léo e/ou
através dos lançamentos/ chutões de Weverton e Manoel.
Estes tipos de saída de bola
no trabalho de Mancini foram tão evidentes que Weverton e Manoel foram os
líderes disparados no número de lançamento/ chutões do time (Weverton fez 728 no
Campeonato Brasileiro e Manoel fez 235 no mesmo campeonato), e,
invariavelmente, de que a equipe apresentava um Heatmap como este do jogo
contra o São Paulo devido a sua tendência de sair jogando pela direita.
"O campo tem como referência o Atlético atacando da esquerda para a direita." |
Ainda sobre a participação
ofensiva dos laterais, o time de Mancini, assim como de Drubscky, atacavam com
alternância de subida. Ou seja, somente um lateral de cada vez subia ao ataque.
Porém na equipe de Ricardo Drubscky, o ataque de um dos laterais era sincronizada
com a subida ou não dos volantes. Já que início do ano de 2013, somente um
entre os dois laterais e os dois volantes subiam ao ataque. Já no trabalho do
segundo semestre, esta dependência de subida de um dos laterais não era
vinculada com os volantes.
No trabalho de Vagner
Mancini, o losango formado pelos jogadores de meio-de-campo, em situação
ofensiva, era transformado em quadrado. Já que enquanto um dos vértices do lado
subia ao ataque, o outro guardava posição e se alinhava ao 1° volante que vinha
de trás.
O meia central do meio de
campo foi o armador da equipe em 2013, e muitas vezes Paulo Baier jogou nesta função.
Este meia, assim como todo meia armador, pendia para um dos lados para
construir as jogadas. Porém quando ele estava, por alguma situação, longe do
lance da jogada, este meia se infiltrava no meio da área adversária.
"No flagrante, percebe-se Elias, que nesta partida foi o meia central, se infiltrando na área adversária enquanto a jogada se desenvolvia à sua direita." |
"No flagrante, observa-se Paulo Baier, circulado de amarelo, já infiltrado dentro da área adversária enquanto que a jogada estava começando a ser desenvolvida pela direita." |
Já os dois atacantes do
4-3-1-2 de Vagner Mancini se movimentavam frequentemente enquanto o time estava
com a bola. Apesar de tanta movimentação, eles mantinham um padrão de
movimento. Pois enquanto um deles abria para realizar triangulações e dar opção
de passe para o lateral atleticano que subiu, o outro atacante entrava na
diagonal em direção da segunda trave na área adversária. Esta entrada do
atacante era na segunda trave, já que na primeira era para o meia central entrar
vindo de trás.
"Neste flagrante, Marcelo abriu pela direita enquanto que Paulo Baier foi em direção à primeira trave e Éderson para a segunda." |
"Neste flagrante, Éderson abriu pela direita para dar opção junto ao Léo, enquanto que, na área, Dellatorre foi na direção da segunda trave, pois Paulo Baier deveria estar entrando na primeira." |
Com um dos atacantes
entrando na área junto com o meia central, o ataque do Furacão ganhava em
profundidade. Já em relação a largura, esta era procurada só por um dos lados,
mas era fundamental para que o atacante “da área” tivesse espaço para entrar no
vão entre o lateral e o zagueiro adversários que estavam flutuando para o lado
que o Atlético estava atacando.
Esta movimentação ofensiva
evidencia outra característica muito forte do time de Vagner Mancini: a grande
quantidade de cruzamentos. Só no Campeonato Brasileiro, o Atlético fez 789
cruzamentos, enquanto que o segundo neste critério e no mesmo campeonato, que
foi o Coritiba, fez 765.
Porém não era só de
cruzamentos que os dois atacantes viviam. A constante movimentação ainda gerava
grande volume ofensivo, tanto que o time terminou o campeonato nacional como a
segunda que mais fez gols, e trocas de posicionamento entre os atacantes e o
meia central. Devido à estas mudanças de posicionamento, a recomposição
defensiva deles era de acordo onde os jogadores terminavam as ações
ofensivas. Ou seja, invariavelmente, em
situações defensivas, o atacante da direita poderia estar na esquerda e o meia
aberto pela direita. Estas recomposições de acordo com o fim da jogada ofensiva
que caracteriza a “bagunça organizada” do ataque rubro-negro.
"No flagrante, Éderson, que terminou o lance ofensivo pelo meio, recompôs pela faixa central, enquanto que Paulo Baier, fez a recomposição do lado direito do ataque e Marcelo pela esquerda." |
"Pelo flagrante, percebe-se Dellatorre “fora” de posição e fazendo a recomposição pela esquerda e Éverton também “fora” de posição, mas este pela direita." |
A liberdade defensiva do
meia central, a não obrigatoriedade dos atacantes de terem que marcar o lateral
adversário até o fim do campo defensivo, a espera do atacante no meio de campo
para aproveitar as costas do lateral adversário que subiu, a alta velocidade
dos jogadores de frente e as constantes trocas de posição enquanto o ataque se
desenvolvia faziam com que os contra-ataques do Furacão fossem fulminantes.
Estes contragolpes faziam com que o ataque atleticano enfrentasse defesas que
tinham pouco tempo para se reorganizar e, muitas vezes, em superioridade
numérica na última linha defensiva adversária.
"No
flagrante deste contra-ataque rubro-negro, Marcelo, Paulo Baier e Éderson,
enfrentam três defensores na última linha que era formada por quatro jogadores."
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