Dia 4 de fevereiro de 2015. Nesta data, em São Paulo, o
Corinthians venceu por 4 x 0 o Once Caldas e, no Rio de Janeiro, o Fluminense
venceu por 4 x 1 o Nova Iguaçu. De similaridades, em ambas as equipes
vencedoras, os técnicos são brasileiros, de uma nova geração, assumidamente
estudiosos e, principalmente, o esquema tático utilizados. Tanto Tite quanto
Cristóvão Borges utilizaram, por um bom período das partidas, o 4-1-4-1. Tal
coincidência tática suscitou uma dúvida que nos instigou a escrever: será que
estamos usando o esquema de forma adequada? Estaria o 4-1-4-1 mais próximo de
nossas compensações habituais?
O
4-1-4-1 que o Fluminense utilizou no fim do seu jogo (Fonte: Blog de André
Rocha).
O
4-1-4-1 que o Corinthians que o time realizou até a expulsão precoce de
Guerrero e que Tite vem definindo como esquema base da equipe (Fonte: Painel
Tático).
Além destes dois técnicos brasileiros, atualmente, outros
também têm utilizado deste esquema em suas equipes e, assim como Tite e
Cristóvão Borges, são da nova geração e assumidamente estudiosos. Como são os
casos de Marquinhos Santos no Coritiba, Eduardo Baptista no Sport e de
Claudinei Oliveira no Atlético-PR. No caso do Coxa, Marquinhos Santos já havia
recorrido ao 4-1-4-1 assim que assumiu a equipe em 2014. Naquela época, a
referência do ataque era Alex e este tinha poucas funções defensivas. Porém com
o decorrer do tempo no ano passado, Marquinhos Santos utilizou o 4-2-3-1
e,também, o 5-4-1. Já em 2015, este técnico realizou todas as suas partidas
oficias no 4-1-4-1.
O 4-1-4-1 utilizado por Marquinhos
Santos na estreia do Coritiba no Campeonato Paranaense de 2015 (Reprodução:
Premiere/ Sportv).
Da mesma maneira que Marquinhos Santos, Eduardo Baptista
no Sport também começou 2015 utilizando este esquema. Adepto ao futebol
moderno, este técnico recorreu pouco ao 4-1-4-1 em 2014, mas nunca o utilizando
como esquema tático-base. Já em 2015, Eduardo também começou adotando este
desenho tático desde o início dos jogos oficiais do Leão.
Pelo Campeonato Pernambucano, Eduardo
Baptista também estreou no 4-1-4-1 contra o Santa Cruz (Fonte: A Prancheta
Tática).
Diferentemente de Marquinhos Santos e Eduardo Baptista,
Claudinei Oliveira ainda não teve um jogo oficial em 2015 no comando do
Atlético-PR. Mas nos seus três jogos-treinos pelo Casino Marbella Cup na
Espanha, este técnico recorreu ao 4-1-4-1 em determinados momentos da partida.
O esquema tático-base do Furacão ainda é o 4-2-3-1, mas o 4-1-4-1 está surgindo
como opção no CT do Caju.
Contra o Guangzhou-CHI, o Atlético-PR
jogou no 4-2-3-1, mas as constantes subidas de Hernani, tanto em fase ofensiva
quanto defensiva, formava um 4-1-4-1 em sua equipe (Reprodução: TVCAP).
Enfim, o que estou querendo mostrar é que há indícios de uma
mudança de “era” tática em nosso futebol. O país que já utilizou
predominantemente o 4-2-4 na década de 50, o 4-3-3 na década de 70 e 80, o
4-2-2-2 desde 1980 até o começo de 1990, o 4-3-1-2 na década de 90 e o 4-2-3-1
no início dos anos 2010, pode estar começando a viver o começo do 4-1-4-1.
Se técnicos brasileiros da nova geração e assumidamente
estudiosos (como são os casos de Tite, Cristóvão Borges, Marquinhos Santos,
Eduardo Baptista e Claudinei Oliveira) estão começando a utilizar deste esquema
e se na Europa, vários times utilizam do mesmo, parece que estamos começando a
“Era” do 4-1-4-1 em terras brasileiras. Estes parecem ser os propulsores do esquema
por aqui.
Atualmente, vivemos a “era” do 4-5-1 onde até o
centroavante precisa estar integrado à movimentação do time das duas
transições. O 4-5-1 tem vários desdobramentos táticos: 4-2-3-1, 4-1-4-1,
4-4-1-1, 4-3-2-1 e até o 4-3-3 moderno, afinal o esquema não abre mão da linha
de meio e atua com apenas um “atacante”, sendo a nomenclatura um hábito
clássico que ressalta o triângulo de meio. Tanto que temos o 4-3-3 clássico que
se desenvolveu na década de 50 e a concepção moderna do esquema que se
entrelaça com os desenhos advindos do 4-4-2 britânico. Nessa nova concepção, o
atacante e o volante aumentaram o leque de suas atribuições em campo.
Na Europa, onde são mais
atentos à teoria tática, a participação do centroavante na rotação dos meias no
4-5-1 é conceituada por alguns como o embrião do 4-6-0, próximo degrau da
evolução tática. Entretanto, o 4-1-4-1 surge nesse bojo, até mesmo fazendo uma
análise do nosso futebol, como uma vertente da evolução. Sua estruturação mais
definida, que emplaca dois pontos marcantes, quais sejam, o volante e o
centroavante, coaduna com a nossa cultura de compensações táticas e talvez, por
isso, o esquema seja a nova tendência tática do nosso futebol. Motivação é o
que não falta, como, por exemplo, encaixar a marcação contra usuários do
4-2-3-1.
Entretanto, antes de
analisarmos o 4-1-4-1 e sua tênue diferença para a concepção moderna do 4-3-3,
cabe uma breve remissão histórica da evolução para entendermos a gênese e os
preceitos dos esquemas que serão analisados. Pegando de forma rasa a evolução
dos esquemas, tivemos o 2-3-5, o WM, o WW, o 4-2-4, o 4-3-3 e, a partir de
meados da década de 70, o sistema mais basilar da história: o 4-4-2. Não
ignorando as concepções que se valem de três zagueiros como o 3-4-3 que nasceu
como derivação do 4-3-3 na década de 70 e do 3-5-2 que surgiu na década de 80.
No final da década de 80, o
4-3-3 começa a declinar em detrimento do 4-4-2, que começava a se instaurar
como tendência. Acontece que nosso futebol comportou-se de forma diferente no
que concerne a “morte” dos pontas. Na Europa, destacando a Inglaterra,não
tivemos o abandono dos pontas, afinal a estrutura do 4-4-2 em duas linhas os
mantiveram“vivos”, mudando somente o leque de atuação da função. Os wingers, diferentemente dos ponteiros,
se adaptaram ao recuo e as atribuições defensivas que agora os perseguiam como
homens de meio campo. Lembrando que o 4-4-2 britânico oriundo da década de 60,
foi uma espécie de gênese do 4-4-2 em geral.
No futebol brasileiro, tão
dependente da irreverência dos pontas, a utilização de wingers mais obedientes
taticamente não se popularizou. Na transição do 4-3-3 para o 4-4-2, nossa
escola optou pela manutenção da habilidade em detrimento da estrutura, o que
nos fez apostar em meias clássicos, organizadores centrais técnicos; ou então
em pontas-de-lança que buscavam o lado, não menos centralizados que os legítimos
meias de criação. Tanto que nossas derivações do 4-4-2, como o losango e,
principalmente o quadrado, são recheadas de meias centrais. Mas e os lados do
campo? Nasce aí a ofensividade dos laterais.
Laterais ofensivos deixavam a
defesa frágil e para tanto foi necessário usar jogadores de meio para compensar
esses avanços. Nascia nesse momento uma instituição do nosso futebol: o volante
de marcação, ou, como é habitualmente conhecido, o primeiro volante. Assim como
o camisa 9 e o camisa 10, já consagrados por nossa escola, nascia o camisa 5
para cobrir o 2 ou o 6, afinal o camisa 7 não existia mais por ali. Quando o 4-2-3-1,
concepção mais famosa e usada do 4-5-1, se espalha como vírus no futebol
mundial a partir da década de 90, o caminho tático para o futebol europeu foi
menos tortuoso que o nosso.
Cultura
tática do futebol inglês que auxiliou toda a Europa na adaptação ao futebol
moderno: laterais mais contidos e habituados à marcação e, no meio, apenas duas
funções: o winger (wing no inglês significa “asa”. Traduzindo a expressão da
teoria tática britânica, seria o jogador que atua nas “asas do campo”, no lado,
nas beiradas) e o box-to-box, jogador que ataca e defende na mesma intensidade
entre as intermediárias. Na frente, dois atacantes para aproveitar os
cruzamentos dos wingers e suas jogadas laterais. Na década de 90, um dos
atacantes recuou para “tirar” um zagueiro da área, nascendo assim o 4-2-3-1. O
futebol europeu estava acostumado a compactar-se em linha após institutos como
o pressing e a compactação ganharem força no final da década de 80.
Cultura
tática do futebol brasileiro: com a extinção dos pontas, (antigos responsáveis
pela profundidade), os laterais se tornaram apoiadores para, junto com o
segundo atacante (que cai pelos dois lados), dar profundidade para a equipe. Na
concepção clássica e imutável do 4-2-2-2, os meias de criação possuem liberdade
para atacar e poucas obrigações na transição defensiva. Para não sobrecarregar
os zagueiros, foi necessário prender mais os volantes na defesa, nascendo o
primeiro volante adstrito à marcação. A regra é a marcação. Juntando a cultura
tática, com a mentalidade de liberar os craques somente para as ações
ofensivas, nós formamos em nossas bases meias que não sabem defender e atacar
na mesma intensidade e que não possuem costume de jogar pelos lados. Ou são
formados para defender ou para serem criativos. Assim, formamos volantes que
não sabem sair jogando e jogadores criativos desabituados a marcar. Além da
obediência tática não ser um traço tão forte da nossa cultura futebolística.
Por isso vemos uma série de
deturpações táticas no que tange ao uso do 4-2-3-1, inclusive “entortando” a
linha de três meias para privilegiar o talento em detrimento do coletivo,
atendendo ao nosso histórico de compensações táticas para promover o futebol
arte. Ressaltando que o foco europeu do 4-2-3-1 é a linha de meio, e não a
linha de três meias, ótica nacional ao enxergar as aspirações do esquema. Mas,
e atualmente? Se o futebol europeu, como previu Wilson e os estudiosos, se
assenta no 4-6-0, o que acontece com o nosso futebol? Ainda mais após o
fracasso na última copa e a latente necessidade de reformulação e adequação ao
moderno.
O 4-1-4-1 não tem sua gênese
definida, até por ser um desenho muito novo. Provavelmente nasceu como uma
resposta defensiva ao 4-2-3-1, ou, então, partiu de um desenvolvimento
estratégico autônomo que diversificou a plataforma 4-5-1. Mas,
independentemente de sua história, ganhou o status de sistema independente e
tem se encaixado com mais facilidade em nosso futebol do que o 4-2-3-1. Caio
Gondo, sempre atento às novidades táticas, sentiu-se instigado ao ver
treinadores estudiosos da nova geração usando o 4-1-4-1 em detrimento do
4-2-3-1, uma vez que o esquema não abandona a necessária linha de meio, dogma
latente do futebol moderno, e, também, permite a manutenção de paradigmas da
nossa escola como o primeiro volante e o homem de área. Entretanto temos que
refletir: o 4-1-4-1 que estamos importando compreende o volante e o centroavante
como nós? Temos que entender que eles desenvolveram a estratégia espacial a
partir dos conceitos que possuem de cada função, lembrando que por lá o
coletivo sempre impera em seu embate contra o individual.
Ou seja, vulgarmente falando, o
4-1-4-1 permite o uso tático moderno com uma pitada de nossa escola, evitando a
necessidade de muitas compensações e o desequilíbrio do posicionamento ao
perder a bola. Quanto mais alinhado, compacto e definido no aspecto coletivo estiver
o time, mais rapidamente se organizará ao perder a bola. As compensações geram
muitas vezes desorganizações em cadeia que são muito lentas em comparação a
velocidade do futebol atual, o que tem obrigado nossa escola mudar sua
concepção. Talvez por isso, para privilegiar a compactação longitudinal e
transversal, a nova geração tem optado pela estrutura do 4-1-4-1.
4-2-3-1 de azul e em fase ofensiva. O oponente de
vermelho faz uso do 4-1-4-1 em estágio defensivo para encaixar a marcação. O
encaixe individual privilegia a marcação zonal no que tange a velocidade de
recomposição espacial, mas a gênese do esquema pode ser também um
desenvolvimento estratégico da plataforma 4-5-1, predominante no futebol
mundial. Hoje o 4-1-4-1 é um esquema consolidado e vem cada vez mais tomando o
espaço do 4-2-3-1, ainda predominante.
Contra usuários do 4-4-2, por exemplo, o primeiro
volante que atua entre as linhas auxilia na cobertura, proporcionando a sobra
defensiva. O jogador 06 é o homem da bola. O jogador 010 é o segundo atacante
do 4-4-2 e o jogador x6 é o volante do 4-1-4-1. Nesse momento, com a ausência
do meia central, ele pode atuar como descrito acima (imagem:bundesligafanatic).
Para alguns, principalmente em
alguns centros europeus, o 4-1-4-1 é uma faceta defensiva da plataforma 4-5-1.
É como se o 4-2-3-1 fosse sua versão equilibrada, o 4-4-1-1 seu desenho mais
ofensivo e o 4-1-4-1, como citado, a faceta defensiva. Tal teoria aproxima a
gênese do 4-1-4-1 a um estágio defensivo reativo às evoluções do próprio 4-5-1
como sistemática predominante. Na Europa, é entendido pela maioria como um esquema
defensivo que privilegia o contragolpe e o jogo reativo. E o que o diferencia
do 4-3-3 é a profundidade dos extremos quando a equipe tem a bola. O esquema
também incentiva uma construção mais lenta do jogo através de passes mais
curtos.
4-1-4-1: plataforma defensiva do 4-5-1. O que o
difere para o 4-3-3, substancialmente, é a profundidade dos extremos. Os
ponteiros no 4-3-3 se posicionam mais a frente, no bloco colorido de azul
acima. Essa zona é tida como morta no 4-1-4-1 e exige intensa movimentação do
atacante, o obrigando a encurtar a distância para os homens de meio, ocupando
horizontalmente toda aquela faixa de campo. Como visto na área verde mais
clara, diferentemente do 4-3-3, os extremos estão mais próximos da linha
defensiva. Essa aproximação gera um efeito: diminui para o extremo a distância
para fazer a dobra defensiva com o lateral, fazendo o jogador gastar menos
energia na transição, privilegiando a movimentação do bloco por inteiro, o que
diminui o desgaste entre as transições. A falta de profundidade que por vezes
ocorre é superada pelos toques curtos proporcionados pela aproximação dos
atletas em todo o bloco. Outro fator, como citado pelo amigo Willian Machado em
debate ocorrido na fanpage do Painel Tático no Facebook, no 4-1-4-1 é possível
deixar o primeiro volante mais plantado, o que libera a movimentação de toda a
linha. Já no 4-3-3, os dois volantes que atuam a frente do primeiro precisam se
dedicar mais a marcação, cabendo aos ponteiros um trabalho maior para
proporcionar o domínio espacial e da bola. Será que não estamos confundindo os
dois esquemas (4-3-3 e o 4-1-4-1) em nossa aplicação nacional? Ou será que
estamos os mesclando à nossa maneira? (imagem:bundesligafanatic).
Tite (Corinthians), Cristóvão
Borges (Fluminense), Eduardo Baptista (Sport), Marquinhos Santos (Coritiba) e
Claudinei Oliveira (Atlético-PR): o que eles possuem em comum? São técnicos de
uma nova geração atinente aos preceitos do futebol moderno e que, nesse inicio
de temporada, vem demonstrando uma afeição e uma predileção pelo 4-1-4-1,
esquema que vem aumentando consideravelmente seu espaço em nosso futebol. Mas,
será que a motivação é mesmo a modernidade? Ou nessa adoção existe um resquício
tático cultural? Isso porque o esquema aproveita nossa tendência de buscar mais
proteção para a zaga sem termos que abrir mão da linha de meio, necessidade do
futebol atual. O perigo é utilizar o esquema objetivando uma adequação cultural
menos dolorosa do que foi com o 4-2-3-1.
Na verdade, corremos o risco de
fazer uma implantação pautada em uma adaptação cultural, não sistêmica. Alguns
no Brasil criticam o 4-1-4-1 porque entendem que os extremos são exigidos
demais, pois, além de marcar o lateral adversário, precisam percorrer longa
distância para aproximarem do atacante. Como citado acima, o europeu, em sua
maioria, percebe diferente, entendendo que o esquema desgasta menos o extremo.
Essa diferença de percepção passa pela nossa noção de que a compactação é algo
eventual, no qual se pode abrir mão. Para eles, ela é implícita, necessária,
essencial.
Os subsídios sistêmicos que
embasam sua lógica de execução jamais devem ser suprimidos pela cultura tática,
ainda mais quando essa cultura carece visivelmente de renovação. As adaptações,
quando realizadas, devem ter como norte o que existe de mais moderno e eficaz.
Na Premier League, por exemplo, o 4-5-1 conseguiu superar, pelo menos nos times
maiores, o clássico e cultural 4-4-2 em linhas. E o futebol inglês, que carecia
de renovação tática, aceitou a troca de plataforma rejeitando os dogmas
atrasados do seu costumeiro 4-4-2 e, de certa forma, manteve os que coadunavam
com os novos princípios. A linha de meio é um exemplo. A questão não é simplesmente
copiar o que se faz na Europa. Podemos preservar nossa cultura futebolística.
Adaptar ao nosso estilo não é crime, desde que não vá contra aos princípios
basilares e substancialmente necessários do futebol moderno. Por isso é
importante entender o esquema, sua gênese, suas fases e sua aplicação
costumeira. Só assim evitaremos uma adequação apenas numérica que replique os
defeitos que atestam nosso atraso tático.
Diante de tantos sistemas defensivos que marcam com duas
linhas de 4, a intenção dos próximos tópicos é mostrar como o 4-1-4-1
normalmente se movimenta nas fases de jogo (transição defesa-ataque, sistema
ofensivo, transição ataque-defesa e sistema defensivo) e com o foco na
diferença em relação ao 4-2-3-1 e o 4-4-2. A equipe de amarelo está no 4-1-4-1
e a listrada de azul e branco no 4-4-2.
Transição defesa-ataque
No início da transição defesa-ataque, o 4-1-4-1
normalmente procura o volante para realizar a saída de jogo. Uma vez que as
razões disto já foram mostradas neste post, este jogador tem a opção de se
manter entre as duas linhas da sua equipe ou até mesmo recuar entre os
zagueiros e realizar uma saída de 3. A saída de três é mais vantajosa diante de
sistemas defensivos postados com duas linhas de 4.
Com a saída valolpiana, o volante recua
e, simultaneamente, os laterais avançam para empurrar os wingers adversários.
Após estes dois movimentos, as áreas laterais dos atacantes e a frente dos
wingers adversários aparecem como espaços vazios e possíveis de movimentações
no setor (na imagem, os retângulos azuis representam estes espaços). Uma vez
que a saída pelos lados é a mais segura para transitar ao campo ofensivo, estes
espaços são fundamentais para a saída de jogo e passíveis de opção de jogo para
os zagueiros, meias e atacantes do 4-1-4-1. No 4-1-4-1, nos dois lados há um
zagueiro, um meia e um atacante passível de utilizar deste espaço gerado.
Já na transição defesa-ataque veloz, ou mais conhecida
como contra-ataque, o volante do 4-1-4-1 também é a peça diferencial diante dos
sistemas ofensivos do 4-2-3-1 e 4-4-2. No 4-1-4-1, este volante posicionado na entrelinha
da equipe é freqüentemente procurado e acionado. Já que ele está em posição do
campo não tão procurado pela equipe adversária –assim, sem adversário por perto
para um possível pressing rápido-, está de frente para o jogo e tem, pelo
menos, três opções de passe para iniciar o contra-ataque da equipe.
Ao recuperar uma bola pelo lado do
campo, o volante do 4-1-4-1 tem, pelo menos, três opções de passe. Duas delas
são de retirada do setor da bola –a para o centroavante e o atacante oposto do
lado que o time adversário estava atacando- e uma para explorar as costas do
lateral da equipe que atacou. Todas essas opções só são válidas porque este
jogador marca por zona, atrás da linha de 4 do seu meio-de-campo e não há nenhum
jogador adversário por perto.
Sistema ofensivo
Já em campo ofensivo, o 4-1-4-1 mantém diversos aspectos
ofensivos do 4-4-2 e os esquemas oriundos dele. Em fase ofensiva, os wingers
são quem fazem a amplitude do ataque, o centroavante realiza a profundidade
ofensiva e o portador da bola –se equipe realizar o balanço ofensivo
corretamente- tem duas opções de passe (triângulo ofensivo). Além destes
aspectos, o 4-1-4-1 apresenta dois jogadores com funções que anteriormente não
tinha (principalmente se comparado com o 4-2-3-1-). No 4-1-4-1, o volante e o
centroavante, para o sistema ofensivo fluir com maior facilidade diante de
sistemas defensivos postados com duas linhas de 4, passaram a ser o diferencial
da equipe em ação ofensiva.
Em campo ofensivo e assim como já foi
descrito neste post, o volante se torna sempre opção de retorno e, como este se
situa longe da linha de marcação do meio-de-campo adversário, este jogador tem
a função de retirar a bola do setor congestionado pela marcação adversária. Ao
realizar ter esta função, este volante faz com que a posse de bola se mantenha
com o seu time e mantenha a procura pelo espaço vazio para penetrar no sistema
defensivo adversário.
Já o centroavante também ganha funções
diferentes em relação ao 4-2-3-1. No 4-1-4-1, ele que é o principal responsável
para procurar a entrelinha adversária já lá qual for o terço onde o seu time
esteja. Na saída de jogo, este espaço é mais fácil de ser visualizado, assim
como mostra a imagem acima. Neste momento da partida, o centroavante pode se
mover para qualquer espaço na entrelinha adversária porque, normalmente, sofre
por marcação por zona dos zagueiros adversários e os atacantes de lado da sua
equipe sofrem com marcação individual. Deste modo, possível de se movimentar
para qualquer espaço na entrelinha adversária.
Transição ataque-defesa
Nesta fase de jogo, o volante do 4-1-4-1 torna novamente
importante para a sua equipe para manter o equilíbrio defensivo. Uma vez que
este volante pouco avança ao campo ofensivo, ele está na retaguarda para cobrir
os avanços de marcação de um dos meias e/ ou cobrir este mesmo espaço e, ainda,
para fazer alguma compensação na linha defensiva. Enquanto que o centroavante
do 4-1-4-1 mantém as mesmas funções de qualquer esquema tático: evitar com que
o passe venha pela faixa central do campo da sua equipe.
Com
o avanço de um dos meias e este ter perdido a bola em campo ofensivo, o avanço
defensivo do volante é realizado com função de atrasar o contra-ataque
adversário, para ocupar o espaço defensivo que do meia que perdeu a bola e, por
consequência disso tudo, forma-se uma linha de 4 no meio-de-campo rapidamente.
Linhas de 4 são muito procuradas atualmente porque ela fecha todas as faixas do
campo facilmente e, com o avanço defensivo do volante, a desejada linha de 4 é
realizada rapidamente.
Ainda na mesma transição, este volante
tem a possibilidade de auxiliar a linha defensiva da sua equipe durante o contra-ataque
do time adversário. Uma vez posicionado à frente dos defensores, este volante
consegue dar combate na lateral, cobrir o espaço de algum zagueiro e até mesmo
do lateral oposto do lado da bola. Funções defensivas que eram muito utilizadas
nos 4-3-1-2 e 4-2-2-2 dos anos 90 no Brasil.
Sistema defensivo
Em campo defensivo e com os seus companheiros já
posicionados defensivamente, o volante do 4-1-4-1 pode marcar o setor com
encaixe no meia central adversário ou até mesmo por zona. Com a marcação por
zona, este jogador fica com funções de marcar o atacante que recuar e, também,
de cobrir buracos da linha de 4 do meio-de-campo.
Contra um 4-2-3-1, como é o caso desta
imagem acima, o volante do 4-1-4-1 encaixa a marcação por setor no meia central
adversário. Uma vez realizado este encaixe, o volante marca naturalmente os
balanços ofensivos do meia adversário, já que ambos se movimentam para o lado
onde a bola.
Já contra esquemas sem o meia central,
como é o caso do 4-4-2 da imagem acima, o volante do 4-1-4-1 passa a marcar por
zona. Uma vez posicionado na entrelinha da sua equipe, este jogador consegue
marcar mais facilmente alguma movimentação adversária para usufruir deste
espaço. Equipes no 4-4-2 normalmente utilizam da entrelinha adversária com
recuo de um dos atacantes, assim como mostra na imagem anterior, e com o
volante do 4-1-4-1 ali posicionado, a marcação é realizada.
Agora para a subida de marcação do bloco
defensivo do 4-1-4-1, o volante desta equipe também realiza uma movimentação
importante. Com o avanço de um dos meias para pressionar um dos zagueiros
adversários, o avanço do volante é importante para não deixar sobrar um dos
jogadores adversários e, assim, voltando a formar uma linha de 4 no
meio-de-campo da sua equipe.
Fontes:
http://www.elitesoccerconditioning.com/4-5-1/451formation.htmlhttp://bundesligafanatic.com/tactical-analysis-bayerns-4-1-4-1-in-german-super-cup/
Por Caio Gondo (@CaioGondo) e Victor Oliveira