A classificação do
Atlético-PR para a fase de grupos da Libertadores veio de forma dramática. Esta
classificação só foi obtida após o time inteiro do Furacão ter jogado na raça e
na vontade. Aliás, foi mais raça e vontade do que tática. Para tal passagem, o
Atlético-PR começou a partida no 4-3-3. Já seu adversário, o Sporting Cristal
no 3-1-4-2:
Sem a bola, o Atlético
buscou a compactação em campo ofensivo, realizou troca rápida de ação de jogo,
realizou marcação dupla e, em alguns momentos, até tripla. Nada mais justo,
pois o time precisava virar o placar adverso de 2 a 1 ao seu favor. Já com a
bola, o Furacão tinha com Zezinho a mudança de esquema tático. Este jogador,
muitas vezes, atacou aberto pela esquerda, pois Marcelo centralizava no ataque.
Com esta movimentação ofensiva, o time paranaense se transformava em 4-4-2, já que
Douglas Coutinho, frequentemente, atacou aberto pela direita.
Já pelo lado peruano da
partida, sem a bola, o Sporting Cristal buscou a compactação de cerca de um
terço (sendo esta iniciada próxima da linha do meio de campo), dois de seus
defensores marcaram individualmente Marcelo e Éderson, os jogadores de meio
marcavam por zona e o seu 1° volante, o jogador Cazulo, jogou na cobertura em
todos os setores do campo. Mas em todos mesmo! Vejam pelos flagrantes a seguir,
o posicionamento deste jogador peruano sem a bola:
"Neste flagrante, o volante Cazulo recua até a linha de seus defensores para dar superioridade numérica na última linha do Sporting Cristal." |
"Já neste, Cazulo abre para a direita do seu campo defensivo para dar cobertura ao jogador peruano que está no gramado e que foi desmarcado por Deivid." |
"Agora neste último flagrante, o volante Cazulo se posiciona na linha dos zagueiros, pois já havia sido expulso um dos defensores dos Cerveceros." |
Agora com a bola, o Sporting
Cristal buscava a ligação ao ataque através de lançamentos para os seus dois
atacantes; estes ora corriam com a bola, ora seguravam para que os alas
peruanos conseguissem chegar ao ataque. Mas só. Los Cerveceros pouco ficaram
com a bola, e, do pouco que ficaram, realizavam ataques rápidos e ligação
direta da defesa ao ataque.
Esta tônica do jogo se
manteve até mesmo depois da confusão entre Zezinho e Balbín, ambos expulsos
após o incidente. Após a expulsão de um de seus jogadores, o técnico do
Sporting Cristal, Daniel Ahmed, colocou o volante Aquino no lugar do atacante
Leguizámon. Deste modo, o time não deixou de se defender no 3-1-4, mas perdeu
um de seus atacantes. Agora sem um de seus atacantes e com Cazulo formando o
tripé defensivo, o time peruano pouco atacava a meta do Atlético-PR.
Ao perceber que o Sporting
Cristal diminuiu ainda mais o seu poder ofensivo, Miguel Ángel Portugal,
técnico do Furacão, no intervalo, colocou o meia Fran Mérida no lugar de
Douglas Coutinho. Já que este jogador estava realizando a função de meia
central após a expulsão de Zezinho.
"Sem Zezinho, o Atlético se posicionou no 4-2-1-2 tendo Douglas Coutinho até o fim do primeiro tempo e Fran Mérida como meia central." |
Com o Sporting Cristal ainda
mais acuado, o Furacão, desde o início do segundo tempo, partiu para o abafa.
Os dois laterais subiam simultaneamente, a pressão desde a saída de bola era
constante, a dobra de marcação ficou frequente e, ofensivamente, o time foi
regido pelo espanhol Fran Mérida. Com tanta pressão, o Atlético abriu o placar
aos 15 do segundo tempo, mas o time peruano empatou, aos 17.
Como o empate favorecia os
Cerveceros, Daniel Ahmed, após sofrer outra expulsão em sua equipe, colocou o
meia Nuñez e o lateral direito Advíncula nos lugares do atacante Ávila e de
Yotún. Deste modo, o time peruano passou a jogar no 3-4-1 e com todos os
jogadores atrás da linha da bola. Com isso, Miguel Portugal adiantou ainda mais
o seu time. O técnico rubro-negro colocou o meia Nathan e o atacante Mosquito
nos lugares do lateral Sueliton e do volante Paulinho Dias. Através destas
alterações, o Atlético passou a jogar no 4-2-3.
Com um meia na lateral
direita e com meia realizando a função de volante, o Furacão partiu para o
abafa e atacava de qualquer maneira. A partir destas substituições, o que se
viu foi o Atlético se esquecendo da tática e atacando na base da tática e da
raça, e o Sporting Cristal se defendendo da maneira que dava. Tanto que o
pênalti cometido foi através de uma defesa com as mãos do zagueiro/lateral
Ortiz. Foi pura emoção na Vila Capanema.