Apesar da esperada obviedade no que concerne aos desenhos táticos, o que se confirmou com as escalações iniciais, o duelo vencido pelo Barcelona foi marcado por variações estratégicas interessantes que diversificaram constantemente o posicionamento tático dos jogadores, existindo dentro da mesma partida vários cenários diferenciados, o que engrandeceu ainda mais esse confronto com sete gols e uma carga alta de emoção. Não entrarei no assunto arbitragem, afinal o objetivo da análise é outro.
Abaixo, as cinco imagens que desenharam o duelo tático entre Carlo Ancelotti e Tata Martino. Como dito, apesar da manutenção dos esperados desenhos táticos basilares, ou seja, Real e Barcelona no 4-3-3, as execuções se diversificaram e os técnicos se destacaram no jogo estratégico. Outro detalhe é o retorno da forma física de Messi, que voltou a decidir. É impressionante como a completude técnica do argentino o permite ser meia e atacante ao mesmo tempo e com a mesma letalidade.
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Real e Barcelona no 4-3-3. No time merengue, Ancelotti soltou Di Maria para se juntar a Marcelo e forçar nas costas do brasileiro Neymar. Enquanto isso, Ronaldo se aproximava de Benzema para proporcionar o mano a mano contra a defesa adversária. Tata Martino pensou a mesma coisa e, talvez por isso, tenha mantido Neymar pela direita, apesar do torcedor catalão clamar por Pedro. Sabendo da dinâmica do time armado pelo italiano, o treinador argentino prendeu Xavi quase como um segundo volante ao lado de Busquets para marcar Di Maria e soltou Fàbregas para circular com Messi pelo centro, o que desenhava taticamente uma espécie de 4-2-4-0 na transição ofensiva.
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O Barcelona iniciou melhor e conseguiu fazer o primeiro com Iniesta. Martino prendeu os laterais, assim como um dos meias junto a Busquets, que no caso foi Xavi. Fábregas caía pela esquerda com Iniesta e atraía a linha defensiva do Real para Messi e Neymar ter espaço no flanco oposto quando a bola fosse girada. Percebam na imagem os triângulos de marcação formados pelos zagueiros, laterais presos e volantes.
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Depois
do início melhor do Barcelona, Ancelotti percebeu a fraca recomposição do
adversário pelo lado direito e mudou a dinâmica do Real. Carvajal ficou mais
preso na transição ofensiva, quase como um terceiro zagueiro. Modric passou a
fechar o meio com Alonso e Di María mergulhou como um ponteiro, empurrando
Cristiano Ronaldo para o ataque. Praticamente em um 3-5-2 com a bola e forçando
pela esquerda, o Madrid conseguiu a virada com dois gols de Benzema, mas Messi
arrumou uma forma, apesar do pouco espaço, de empatar a partida. |
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Após
dois pênaltis questionáveis marcados para as duas equipes, Sergio Ramos foi
expulso após a suposta penalidade cometida em Neymar. Com um jogador a mais,
Tata tirou Neymar e Fábregas, entrando Pedro e Sanchéz em suas respectivas
vagas. Para Ancelotti, sobrou o 4-4-1 que acabou isolando Ronaldo na frente e
afastando o Real da meta de Valdés. Com Busquets dando o primeiro bote e mais
os dois zagueiros na sobra, o melhor jogador do mundo pouco pode fazer. O time
catalão então liberou seus laterais e com Iniesta no meio e dois ponteiros
abertos, conseguiu mais um pênalti que lhe garantiu o resultado.
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Como
percebido por André Rocha no Bate Bola da ESPN Brasil, Messi jogou como gosta,
às costas dos volantes. Como bem salientado pelo citado analista, se der esse
espaço para o argentino jogar ele se torna letal. Ancelotti talvez tenha subestimado
a atuação do jogador e não colou ninguém no atleta para fazer a marcação entre
as linhas. Lembrando que essa foi a solução adotada por Mourinho à frente do
Real para conseguir resultados melhores contra o Barça.
Os
melhores em campo foram, sem dúvidas, Messi e Iniesta. Com relação a Neymar,
esse tem que entender que existe espaço para brilhar, mas não para ser o
protagonista. A ideia de Tata é manter somente Messi fora das atribuições da
transição defensiva, o que faz o time necessitar da recomposição do brasileiro,
independentemente do flanco que está ocupando. O Barcelona só perdeu o controle
da partida quando o Real jogou pelo lado em que o brasileiro não marcava.
Abraço!
Por Victor Lamha de Oliveira (@vlamhaoliveira)