Chelsea
e Tottenham fizeram um duelo com dois tempos distintos no Stamford Bridge. No
primeiro tempo, a equipe visitante dominou as ações ofensivas e jogou no campo
de defesa do adversário. Na etapa complementar, Mourinho mudou o time e
inverteu a lógica do primeiro tempo, empurrando o adversário para seu campo de
defesa e o forçando ao erro, o que foi decisivo para o resultado. Não vou
comentar sobre o pênalti polêmico e a expulsão de Kaboul, afinal o propósito do
texto é outro.
Apesar
das aplicações ofensivas interessantes na busca por espaço, a estratégia do
técnico do Chelsea na etapa inicial não deu certo. Mourinho cedeu campo para
atrair o adversário e sair em velocidade, mas acabou perdendo o controle da
partida e não conseguiu mais recuperar. O Tottenham do técnico Sherwood
pressionava a saída e retomava ainda no campo de ataque, o que proporcionou ao
time 55% de posse da bola. Se não deu certo atrair para ser agudo na transição,
Mourinho resolveu mudar.
No
segundo tempo, a entrada de Oscar mudou o panorama tático da partida. O empate
sem gols era um péssimo resultado para os blues
dentro de casa. Determinante também foi a mudança de postura do Chelsea, que
decidiu impor sua superioridade técnica no campo do adversário, atitude que era
esperada desde o início da partida. Mas, como sempre, é no segundo tempo que o
Chelsea abafa seus adversários no Stamford Bridge. A sapiência do português foi
enxergar os problemas e corrigi-los no intervalo.
O
garoto Oscar, joia do futebol brasileiro, entrou e mudou a partida. Centralizado
como um típico playmaker (nome dado
ao meia organizador no futebol inglês), Oscar ajudou pressionar a saída de bola
e enriqueceu demais a qualidade do passe pelo meio. O maior ladrão de bola da
Copa das Confederações, assim como na Seleção Brasileira, joga muito com e sem
a bola, o que o torna diferenciado taticamente. Aos 10’, Eto’o, após falha
bizarra do belga Vertonghen, fez o primeiro: 1 x 0 para o Chelsea.
Aos
15’, o lance mais polêmico do duelo: o árbitro marcou falta de Kaboul em Eto’o
dentro da área e ainda expulsou o francês. Hazard bateu com tranqüilidade,
ampliando a vantagem do time da casa. A partir desse momento, só deu Chelsea,
que ainda conseguiu mais dois gols com Demba Ba, que substituiu Eto’o no final.
Um dos gols saiu dos pés de Oscar em bela jogada pela direita. Willian também
entrou muito bem, momento em que o time passou a atuar em um 4-2-3-1 mais
equilibrado.
Na
etapa final, o Chelsea inverteu a lógica e acabou com 54% da posse ao final da
partida, finalizando o dobro de seu adversário. Apesar das falhas dos
defensores do Tottenham e do pênalti discutível, também não se discute a
facilidade que Mourinho tem em ler o futebol. Parece fácil vê-lo mexendo as
peças e arrumando a casa, mas tal trabalho, que se faz no imediatismo e na
pressão, requer uma sensibilidade que poucos possuem. Abraço!
Por Victor Lamha de Oliveira (@vlamhaoliveira)