Teve
clássico paranaense: foi pegado, foi disputado e, também, teve tática. Com a
vitória de 2 x 0, o Coritiba subiu para a 14ª posição e deixou o Atlético-PR
estacionado na 9ª. Para tal conquista, o Verdão iniciou no 4-1-4-1, e o Furacão
no 4-2-3-1 dessa maneira:
Atlético-PR
no seu tradicional 4-2-3-1 e Coritiba surpreendendo em um 4-1-4-1.
No
começo do jogo só dava o Coritiba jogando: era intensidade constante sem a bola
e subida de marcação em bloco, assim fechando rapidamente as linhas de passe do
adversário com a bola.
Uma
vez que para que o Atlético-PR pudesse realizar a saída curta desde o seu campo
defensivo tinha somente Otávio que recuava para tal e, ainda, de que o Coxa
rapidamente pressionava esse jogador nessa situação do jogo, pouco se viu o
Furacão ditando o ritmo do jogo como em outras partidas. Como Deivid avançava
sem bola com intuito de tentar arrastar algum coxa-branca consigo para abrir
espaço para Otávio e nenhum dos três meias recuava a tempo para auxiliar o seu
camisa 5, até os 12 do primeiro tempo, foram constantes retomadas do Coritiba em
seu campo ofensivo.
Com
Otávio sendo pressionado constantemente e rapidamente como na imagem, o
Atlético-PR não conseguia sair “limpo” do seu campo defensivo. O posicionamento
inicial no 4-1-4-1 com Alan Santos de frente com esse volante atleticano
contribuiu em muito para essa situação.
Além
de pouco colaborar na saída de bola, Deivid, enquanto esteve em campo,
apresentou os seus vícios de marcação: referência de marcação no jogador em vez
do espaço. Devido a esse princípio de marcação, o Verdão conseguiu fazer o seu
primeiro gol: Deivid saiu na “caça” em Negueba e abriu todo espaço a frente da
sua linha defensiva. No caso desse gol, foi Henrique Almeida quem arrematou
livremente ao gol de Weverton, mas poderia ter sido Lúcio Flávio, pois a sua
posição espacial era semelhante ao do autor do gol coxa-branca.
Sem
Deivid a sua frente, Henrique Almeida teve espaço para finalizar, mas além
dele, poderia ter sido Lúcio Flávio.
Após
o gol sofrido, o Atlético-PR passou a ter ainda mais posse de bola (chegando a
alcançar 74,44%), já que o Coritiba recuou o seu bloco de marcação: de alto
passou para o médio. Apesar de estar reativo, o Coxa passou a apresentar dois
destaques posicionais em ação ofensiva: Kléber Gladiador e Lúcio Flávio.
Quando
o Verdão estava com a bola, Kléber saia da referência do ataque e recuava nas
costas dos volantes do Furacão. Uma vez que Otávio fazia a saída de bola e
fazia o jogo de retorno em campo ofensivo (já que Deivid avançava, mas não
conseguia fazer esse jogo posicional), Gladiador passava a ter ainda mais
espaço na entrelinha dos volantes e dos defensores rubro-negros.
Além
do destaque desse atacante coxa-branca, Lúcio Flávio como interior do 4-3-3
procurava a entrelinha dos volantes e dos meias atleticanos para jogar. Como
ele estava batendo de frente com Deivid, e este perdia o espaço a marcar devido
a marcação individual com perseguição que realizava, o camisa 8 alviverde achou
considerados espaços em campo ofensivo. O segundo gol do Coritiba foi a junção
desses dois destaques ofensivos coxa-brancas.
Explorando
a entrelinha dos volantes e dos meias atleticanos, Lúcio Flávio teve tempo e
espaço para realizar o lançamento para Negueba. Além disso, nota-se também que
Kléber ficou imóvel na jogada, pois procurava a entrelinha dos defensores e dos
volantes rubro-negros. Só jogo posicional.
Ainda
no primeiro tempo, Alan Santos e Walter saíram devido a contusões musculares.
Em seus lugares, entraram Juan e Dellatorre, respectivamente. Como Juan não
tinha o mesmo poder defensivo do que Alan Santos, Ney Franco alterou o esquema
do Coritiba no intervalo da partida: do 4-1-4-1 foi para o 4-2-3-1. A ideia era
continuar a anular Otávio, seja na saída de jogo, seja em campo ofensivo. No
entanto, Milton Mendes também alterou o esquema com a entrada de Ewandro no
lugar de Deivid no intervalo do jogo: do 4-2-3-1 foi para o 4-1-4-1.
No
4-1-4-1, Milton Mendes ajustou a saída de bola do Atlético-PR, pois os seus
interiores recuavam simultaneamente (vide na próxima imagem) para auxiliar
Otávio na saída de bola. Já Ney Franco continuou a privilegiar Lúcio Flávio e
avançou Juan para procurar combater constantemente o camisa 5 rubro-negro.
Com
Juan sem pressionar Otávio em bloco alto, o volante atleticano conseguia virar
o corpo para enxergar todo o campo e, ainda, passou a contar com os auxílios
dos interiores do 4-1-4-1 da sua equipe. O que antes já tinha maior posse, no
segundo tempo, o Furacão alcançou 81,82% nesse quesito.
Mesmo
com uma saída de bola mais “limpa”, o sistema ofensivo rubro-negro não
conseguiu ultrapassar o sistema defensivo alviverde, que passou a alterar o
bloco de marcação entre médio e baixo. Com as entradas de Paulinho e Rafhael
Lucas nos lugares, respectivamente, de Negueba e Kléber, este último por causa
de uma contusão, o Coritiba perdeu quem explorasse a entrelinha defensiva e dos
volantes atleticanos e quem ganhava os duelos 1 x 1 em campo ofensivo. O
sistema ofensivo coxa-branca não era tão eficaz quanto na primeira etapa do
jogo.
Aproveitando
dessa situação adversária precária, Milton Mendes colocou Crysan no lugar de
Eduardo. O esquema tático não alterou, mas o Furacão passou a realizar uma movimentação
diferente pelo seu lado direito: Dellatorre entrava na diagonal, arrastava
consigo o lateral-esquerdo e abria corredor para o novo lateral-direito
rubro-negro, Marcos Guilherme.
Mesmo
com tanto tempo para avançar terreno, o sistema ofensivo atleticano pouco
usufruiu das subidas de Marcos Guilherme. Já que nenhum interior ajudava o
camisa 7 rubro-negro, e Dellatorre, ao entrar no facão, ficava só esperando o
cruzamento. Dessa maneira, Marcos Guilherme avançava, tinha que duelar 1 x 1
com Carlinhos e, quanto conseguia chegar na linha de fundo, cruzava a bola.
Como
o Atlético-PR pressionava e como exposição de Lúcio Flávio em ação defensiva só
aumentava, o camisa 8 alviverde foi expulso após uma tabela rubro-negra pela
faixa central do campo. Com um jogador a menos, o Coxa passou a jogar no 4-4-1,
enquanto que o Furacão pressionava em seu 4-1-4-1.
Cenário
do fim do jogo: Atlético-PR no 4-1-4-1 e Coritiba no 4-4-1.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)