segunda-feira, 17 de março de 2014

A goleada do Santa Cruz na Arena Pernambuco.


Na Arena Pernambuco, o Santa Cruz venceu o Porto, por 4 a 0, sem muitas dificuldades. Pôde-se observar melhoras em alguns aspectos ofensivos, porém, é fato que há muito o que se ajustar em questão de modelo de jogo e também na questão das limitações do elenco nas opções/banco de reservas para a disputa de competições com um nível técnico mais elevado. 

O Porto tinha uma proposta de jogo contra-golpista, marcando da linha de meio-campo pra trás, de modo a deixar os zagueiros corais mais livres na saída de bola e iniciar a marcação em cima dos volantes, normalmente com Kiros indo pro primeiro combate, quando seu adversário tentava iniciar as ações pela faixa central e com um jogador podendo encostar o combate no lateral do lado da bola, caso o oponente tentasse a abertura de jogada para um de seus laterais nas proximidades da linha que divide o gramado. Quando retomava a bola, buscava o contra-ataque com a projeção de seus meias na intermediária e Kiros entre os zagueiros para servir de referência na bola pelo alto. 

A marcação caruaruense apresentava encaixes individuais por setor, contando com o acompanhamento individual de um defensor quando um atacante ou meia coral se deslocava para uma área mais recuada da intermediária para criar linha de passe aos volantes ou buscar jogo de trás, visava aproximar o combate em cima do receptor da bola(principalmente quando o mesmo recebia a pelota de costas) e encurtar espaços, buscando dificultar as progressões em sentido vertical por parte de seu adversário. 

Com a posse de bola, o Porto tinha problemas para fazer a transição da defesa para o ataque com a bola no chão, principalmente quando o Santa Cruz apertava a saída de bola dentro de sua intermediária, adiantando um pouco mais suas linhas de meio/ataque, de modo que o Porto, muitas vezes, usava da ligação direta para o ataque, para Kiros disputar pelo alto com os zagueiros adversários. O Gavião também tentava usar o seu lado direito, com o apoio de Felipe Almeida, que buscava tabelas/trocas de passe pelos lados e/ou incursões pra dentro. Mesmo assim, as limitações técnicas de seus homens de meio, aliadas com questões estratégicas, atrapalhavam muito a construção de jogadas e a transição entre os setores. 

No meio-campo, o Santa Cruz melhorou o aspecto de mobilidade, com Carlos Alberto e Raul caindo pelos lados, aparecendo pelo meio, se deslocando e tentando mais aproximações. Flávio Caça-Rato tentava se aproximar de Léo Gamalho por dentro e se projetar na área mais à frente, porém, também podia abrir e circular pelos flancos. Quando o Tricolor do Arruda atacava pelos lados, visando o cruzamento, geralmente dois, três ou até quatro jogadores chegavam na área para tentar a conclusão. O Santa mantinha sua característica de posse de bola com circulação curta, aproximações entre os jogadores para a formação de linhas de passe, inclusive com alguns recuos de Carlos Alberto e/ou Raul, além do uso de Léo Gamalho no trabalho de pivô, de costas para a defesa, geralmente próximo à meia-lua e com um jogador aproximando para tentar uma tabela. Por vezes, o Tricolor apostava em enfiadas de bola originárias da intermediária para a projeção de algum jogador nas costas do sistema defensivo caruaruense. O poder de profundidade/penetração pode ser melhorado, assim como a fase final de construção de jogadas, pois em certas situações, a equipe acaba falhando no último passe e na conclusão em gol. 

Vica é um treinador capacitado e inteligente, porém, percebe-se limitações no elenco na questão de falta de opções e também banco de reservas. Contratações são essenciais, pois muitas vezes, em partidas importantes, a equipe só consegue se equilibrar defensivamente e no placar, graças ao talento do excelente goleiro Tiago Cardoso.