sábado, 20 de setembro de 2014

Borussia Monchengladbach e Villarreal protagonizaram grande duelo tático pela UEFA Europa League!

No empate por 1 a 1 entre Borussia Monchengladbach e Villarreal pela UEFA Europa League, pôde-se observar uma partida de ótimo nível tático, com duas propostas de jogo bastante modernas e atualizadas. 

Ambos os times foram no mesmo sistema de jogo(4-4-2 com duas linhas de quatro), caracterizando-se principalmente pela compactação curta entre suas linhas e balanceamento para o lado da bola executado com excelência. Inicialmente, o Borussia Monchengladbach tentava propor o jogo e atacar, porém, tinha dificuldades na transição da defesa para o ataque, já que os comandados de Marcelino García Toral muitas vezes subiam suas linhas para exercer pressão na saída de bola alemã em bloco alto, induzindo ao erro e limitando o adversário a trocar passes lateralmente, com sua equipe marcando por zona e movimentando suas linhas em função da circulação da bola. O time de Lucien Favre caracterizava-se pela amplitude no ataque, sempre tendo um jogador alargando o campo no lado oposto e opcionando a virada de jogo. Se os alemães tivessem feitos as trocas de lado e inversões de jogada com mais rapidez, talvez tivessem encontrado espaços com mais facilidade na primeira etapa. Dos atacantes do Monchengladbach, Kruse era o mais móvel, flutuando bastante em campo ofensivo, recuando pra buscar jogo na intermediária, caindo pros lados. O Villarreal inicialmente adotava proposta mais reativa, pressionando e negando espaços na saída adversária e tentando sair em velocidade. Seus atacantes(Cherysev e Vietto) trocavam de posição, fechavam na área quando a bola caía pelos lados e também combinavam movimentações. Quando um deles se deslocava ou saía pra buscar, o outro sempre fechava na área como opção pro cruzamento, além de outras movimentações para abrir espaços. Dos wingers, Gómez ficava bem aberto pela esquerda para dar mais amplitude, explorando e ultrapassando nas costas do lateral, enquanto que Cani muitas vezes cortava em diagonal da direita pra dentro pra trabalhar bola na faixa central da intermediária e buscar o passe de ruptura. Depois do gol alemão, o quadro naturalmente inverteu um pouco. O Villarreal buscando mais o ataque e o Monchengladbach mais marcador e tentando a saída rápida. Com gol de Uche, os submarinos chegaram ao empate. Com a entrada de Dos Santos pelo setor direito, Cani passou a atuar mais centralizado e próximo de Cherysev. Os donos da casa tentaram dar mais dinâmica em busca do empate com as entradas de Traoré e Raffael, porém, sem muito resultado. 

Nos flagrantes abaixo, você pode observar muitos dos aspectos táticos das duas equipes já abordados nesse post:



No primeiro flagrante, observa-se os 20 jogadores de linha num curto espaço do campo. Isso só evidencia ainda mais que o espaço em que se tem que jogar no futebol moderno é cada vez menor. Cada vez mais importante saber marcar, jogar e se compactar em espaços mais curtos. No segundo flagrante, observa-se as duas linhas de quatro do Monchengladbach compactadas em pouquíssimos metros e entre as intermediárias. No terceiro flagrante, linhas novamente ocupando espaços curtos, porém, mais acuadas, posicionadas na própria intermediária defensiva e balanceando para o setor da bola.




No primeiro flagrante, percebe-se a "saída de três lavolpiana" do Borussia Monchengladbach. Um dos volantes afunda, zagueiros abrem(fazendo um 3x2 contra a primeira linha de marcação espanhola) laterais espetam para dar amplitude ao ataque. Os wingers avançam até a altura dos dois atacantes mais por dentro e igualando o 4x4 com a linha defensiva. No segundo flagrante, os dois volantes ocupam o meio-campo. Também percebe-se as duas linhas de quatro do Villarreal apresentando curta distância entre si e basculando perfeitamente para o lado atacado. O winger oposto ao da bola topa com o lateral oposto que centralizou para o balanço da linha defensiva espanhola, abrindo o corredor para o lateral possivelmente ultrapassar na direção da linha de fundo, opcionando a virada de jogo e o lançamento na diagonal. Na saída de bola do Villarreal, os wingers muitas vezes também se adiantavam até a linha dos atacantes, porém, diferentemente do Gladbach, os submarinos não faziam a saída de 3, mantendo os dois volantes alinhados em frente aos zagueiros na intermediária defensiva e oferecendo linhas de passe verticais aos mesmos. No terceiro flagrante, o lateral oposto ao da bola ficava mais contido em campo defensivo, de modo que o winger do lado esquerdo fica responsável por dar a amplitude. 


Com o tempo, o Villarreal começou a acertar bem a marcação à saída lavolpiana alemã em suas subidas de pressão igualando o 3x3. Um dos volantes pressionava alto o volante adversário que afundava ao centro oferecendo linha de passe ao goleiro e aos zagueiros abertos, enquanto que os atacantes espanhóis abriam um pouco mais. Esse volante também chegava a pressionar o goleiro em casos de recuo de bola. 


Na jogada, Kruse recuou para buscar jogo na intermediária e dar opção de passe curto ao portador da bola(no caso o lateral esquerdo do Gladbach). O homem da bola tabelou no 1-2 com Kruse, que protegeu bem no pivô e acionou de volta. O winger espanhol do lado direito não conseguiu dar o combate e o lateral-esquerdo alemão conquistou a vitória pessoal pra cima do volante que fechou na cobertura, incursionando com liberdade e espaço na diagonal de fora pra dentro, já que o outro volante do Villarreal fecha com o jogador do Borussia que vem de trás mais ao centro do campo(canto esquerdo da tela). No lance, observa-se que o portador da bola tem a opção de passe para dois jogadores que proporcionam profundidade. O winger esquerdo passando paralelamente na direção do fundo e o winger oposto fechando em diagonal pra área. Ele optou pela segunda alternativa e por pouco a jogada não resultou em gol. 



No primeiro flagrante, Vietto faz o deslocamento diagonal centro-esquerda, carregando o zagueiro responsável pela cobertura do lateral-direito pra fora do setor e abrindo o espaço pra Cherysev traçar a diagonal curta e atacar o espaço vazio na área, porém, o zagueiro que fechou pelo centro fez bem a compensação espacial e conseguiu travá-lo no momento da conclusão. No segundo lance, Cherysev carrega o zagueiro central, abrindo espaço para uma possível diagonal de Vietto, porém, este movimento acaba não sendo executado. 


No lance do gol do Villarreal, Cherysev se desloca ao centro buscando movimentação no entre-linhas, às costas dos volantes, de modo a gerar espaço para a infiltração do volante Trigueros no espaço vazio para receber o passe vertical entre as linhas vindo do portador da bola. Ele consegue a vitória pessoal pra cima do zagueiro que no lance "largou" Cherysev e dá o passe de ruptura nas costas do outro zagueiro que fecha a cobertura. Uche ataca no facão, o lateral-direito alemão não consegue acompanhar a diagonal do atacante adversário e este, infiltra e conclui.


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)