quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Em novo show do trio "MSN", Barcelona garante vaga nas oitavas da champions com goleada sobre a Roma

Velocidade, habilidade, talento, inteligência para "ler o jogo" e entendê-lo. Essas são apenas algumas das características do trio "MSN" que, mesmo sem Messi durante boa parte do jogo, infernizou o Real Madrid no sábado e fez nova vítima nessa terça, dessa vez a Roma, auxiliado pela ruim execução dos movimentos defensivos da equipe adversária. Esse confronto foi válido pela 5ªrodada da fase de grupos da UEFA Champions League. 

O Barcelona veio a campo no seu tradicional 4-3-3. Com bola, a equipe apresentou mais do mesmo, saindo curto desde o goleiro, com Busquets sendo frequentemente acionado na saída de bola, sem entretanto "afundar" a todo momento entre os zagueiros. 

Quando conseguia(algo muito frequente) se aproximar do último terço do campo e ter todos os homens de linha no campo ofensivo, começavam as movimentações que todos conhecem: Busquets alinha aos zagueiros e sociedades se formam entre o restante do time. Pela esquerda, Neymar, Alba e Roberto a todo momento invertem entre quem dá amplitude a esquerda, quem faz a diagonal e quem ficará um pouco mais recuado com relação aos outros dois, servindo como opção para recuo e, posteriormente, lançamento vertical, passe curto ao companheiro mais próximo ou virada de jogo. Normalmente era Neymar quem entrava na diagonal com maior frequência. Pela direita, Messi alargava o campo, Dani Alves fazia a infiltração "por dentro" e Rakitic ficava mais recuado, enquanto Suárez, pelo centro, dava profundidade e sempre se preparava para fazer o movimento de rompimento da linha defensiva adversária. Essa movimentação ofensiva da equipe sofria uma leve alteração quando Messi, aberto na direita, recebia a bola. Quando isso acontecia o argentino "cortava pra dentro", com Suárez indo do centro para a direita para fazer a diagonal no espaço entre o zagueiro e o lateral esquerdo e Neymar fazendo também a diagonal a esquerda, os dois se preparando para romper em velocidade a última linha adversária.

Sem bola, a equipe catalã, quando em organização defensiva, formava duas linhas de 4, onde havia uma alternância de quem ia fechar o lado da segunda linha. Neymar e Suárez, em conjunto com os interiores, faziam esse revezamento, sempre determinado por Neymar e Suárez. Quando era Neymar quem compunha a linha, Rakitic "abria" e ia compor o lado direto. Quando era Suárez que voltava para compor a linha, Sergi Roberto abria e ia compor o lado esquerdo, enquanto Messi e mais um, o outro que não havia voltado, ficavam mais avançados para puxar o contra ataque. A equipe mantinha compactação curta entre suas duas linhas de 4, realizava marcação zonal, fazia o balanço defensivo corretamente e alternava a altura da pressão de seu bloco de marcação entre médio-alto, principalmente alto, se aproveitando do fato de suas linhas ja estarem bem adiantadas.

Barcelona no seu 4-3-3 inicial que, sem a bola, virava um 4-4-2 em linhas, com o recuo de um dos homens de frente que atuam pelos lados, mais a saída para a lateral do interior do lado oposto ao do homem que recuou

Já a Roma veio a campo no 4-1-4-1. Com bola a equipe italiana, mais frequentemente, buscou o homem mais avançado da equipe, Dzeko, fosse por baixo, com a saída iniciando-se na dupla de zaga, indo posteriormente para o "1" a frente da linha defensiva que, em seguida passava para um dos interiores, normalmente Pjanic, o qual buscava já acionar o pivô de Dzeko, sendo este o responsável por passar a bola para quem estivesse passando em velocidade, fosse um dos wingers(diagonal), um dos interiores(avanço mais vertical) ou um dos laterais(verticalizando "por fora", dando não só profundidade como amplitude). Quando não saía por baixo e buscava a ligação direta, novamente o alvo era Dzeko.

Sem bola a equipe italiana apresentava variações nas formações de suas linhas, inicialmente apresentando-se em um 4-4-2 com duas linhas de 4, e, posteriormente, voltando a sua formação base. Quem comandava essas variações era Keita, o "1" entre as linhas, que por vezes avançava e se alinhava ao homem mais avançado da equipe. A equipe italiana mantinha compactação curta em suas linhas sem a bola, mantendo-as em bloco médio, efetuando pressão somente nas proximidades do terço final de seu campo defensivo. O tipo de marcação realizado era uma mescla de individual por setor com zona, havendo alguns encaixes. Os interiores normalmente encaixavam nos interiores da equipe adversária, fazendo perseguições de médias a longas, enquanto que os wingers encaixavam nos homens da equipe adversária que estavam gerando a amplitude em seus setores. 

O 4-1-4-1 da Roma que, sem a bola, transitou entre o 4-1-4-1 e o 4-4-2 em linhas, com Keita saindo da função de "1" entre as linhas para se alinhar a Dzeko

O primeiro tempo foi todo de domínio da equipe catalã, que era organizada e intensa em todas as fases do jogo, principalmente no terço final do campo, e conseguia explorar exatamente os espaços deixados pelo modo como a equipe adversária atuava sem bola. Linha defensiva alta, compactando com o restante das linhas no meio campo, porém, sem pressionar a saída de bola adversária, somente observando, deixando assim espaços preciosos que foram explorados pelos jogadores do Barcelona. Primeiramente, Busquets conseguia dar o passe inicial da transição ofensiva da equipe com tranquilidade, fosse explorando o espaço entre a linha de ataque e a linha de meias, fosse mais recuado, fazendo a saída de 3 alinhando-se aos zagueiros, com Neymar ou Sergi frequentemente encostando pela esquerda para dar o prosseguimento e acionar os homens de frente, ainda na intermediária ofensiva. Essa variação no posicionamento do volante espanhol estava diretamente ligada a como estavam dispostas as linhas defensivas do adversário, o que poderá ser melhor explicado abaixo:

Aqui as variações do posicionamento de Busquets conforme a disposição defensiva da equipe adversária: Quando a mesma ficava com dois homens a frente mais uma linha de 4 logo atrás, o volante catalão não recuava e auxiliava a saída de bola na região entre essas duas linhas. Quando havia somente 1 homem a frente mais uma linha de 4 atrás ele recuava e a equipe realizava a famosa saída "lavolpiana"

Outro espaço explorado era exatamente o espaço às costas da última linha da equipe italiana que, por estarem adiantadas e por não haver pressão ainda no início da construção de jogo, era constantemente bombardeada com passes em profundidade. Foi assim por exemplo que saíram as melhores chances do Barcelona, além do gol, que você poderá ver a seguir:

Na imagem a jogada do primeiro gol do Barcelona: Neymar mais recuado(momento da "troca" na esquerda, com Neymar ocupando onde normalmente estaria Sergi)efetuando um lançamento buscando exatamente furar a linha adversária adiantada. Aí há um erro de leitura de Digne, que buscou "encaixar" no adversário mais próximo que estava livre, saindo de seu posicionamento, deixando um espaço primoroso para um passe em profundidade, que foi exatamente o que Neymar fez, buscando Daniel Alves, este ultrapassando as costas do seu marcador, que por sua vez só teve o trabalho de, cara a cara com o goleiro, rolar para Suárez marcar(Reprodução: GloboEsporte.com)

Após o primeiro gol a equipe manteve o ritmo, o que acabou levando ao segundo gol da equipe, saído de um outro movimento ofensivo que, quando ocorre, leva perigo ao adversário: A aproximação do trio "MSN". Eles se aproximam, iniciam troca rápida de passes com intensa movimentação, até Suárez fazer o famoso "balãozinho" para Messi, que, com uma "cavadinha" fez o segundo gol da equipe.

Imagem do segundo gol da equipe: Dessa vez, a ação que sempre leva perigo ao adversário, trio "MSN" se aproximando, triangulando e se movimentando rapidamente.(Reprodução: GloboEsporte.com)

Com a vantagem de dois gols no placar a equipe catalã diminuiu um pouco o ritmo, sendo menos vertical, mas sempre manteve o controle da posse de bola e o domínio das ações de jogo, a ponto de, no primeiro tempo, ter trocado 425 passes(385 completos), com 73% de posse de bola e 5 chutes a gol contra 2 da equipe adversária, que trocou 115 passes(87 completos), com 27% da posse de bola e 2 chutes a gol, ambos através bola aérea, o único recurso que a equipe italiana conseguiu utilizar para tentar levar perigo, uma vez que enfrentava sérias dificuldades para encaixar uma sequência de passes que lhe permitisse chegar no terço final de campo para levar perigo. Ainda houve espaço para o terceiro gol do Barcelona, marcado por Suárez.

No intervalo houveram substituições em ambas as equipes. Pelo lado catalão, entrou Samper no lugar de Busquets, enquanto que, pelo lado da equipe italiana houve a entrada de Iturbe no lugar de Nainggolan, o que reorganizou o time em um 4-4-1-1/4-4-2, com Keita e Pjanic fazendo a dupla de volantes e Iturbe com liberdade para flutuar por todo o ataque.

O segundo tempo iniciou-se quase da mesma maneira que o primeiro terminou, apresentando leves diferenças. Primeiramente, por conta da volta do 4-4-2 em linhas do adversário sem bola, com Iturbe se alinhando a Dzeko, Samper, que ocupava a mesma posição/função de Busquets, passou novamente a procurar o espaço entre a dupla de frente e a segunda linha de 4 da equipe adversária para iniciar as tramas ofensivas da equipe. Outra diferença a se notar foi que agora, com Iturbe flutuando próximo a Dzeko, a equipe italiana passou conseguir "puxar" contra ataques com mais velocidade, além de também conseguir manter a bola por mais tempo em campo ofensivo, nos proporcionando após muito tempo visualizar com clareza a organização defensiva do Barcelona além de observar algumas movimentações da Roma em campo ofensivo que ainda não haviam aparecido na partida, como Maicon e Digne simultaneamente no campo de ataque, Falqué e Florenzi fazendo a diagonal, invadindo a área, enquanto Dzeko sai do centro para abrir o espaço para alguém infiltrar e Iturbe buscando o entrelinhas para o 1-2.

Aqui um raro momento de organização ofensiva da equipe italiana: Laterais gerando amplitude, wingers fazendo a diagonal, Iturbe e Dzeko nas entrelinhas(Reprodução: GloboEsporte.com)

Porém, embora a equipe romana tendo apresentado melhora na criação de seus lances ofensivos, ainda era clara a facilidade com que a equipe catalã furava a tentativa de bloqueio adversária, de modo que a mesma conseguiu marcar mais 2 gols nos primeiros 15 minutos do segundo tempo. O que deu liberdade para Luis Enrique começar a testar e poupar seus jogadores, colocando Bartra e Adriano nas vagas de Piqué e Sergi Roberto. Com a grande desvantagem no placar, só restou ao treinador da equipe italiana reoxigenar a equipe, colocando Vainqueur e depois Uçan nas vagas de Florenzi e Pjanic, de modo que Vainqueur foi atuar ao lado de Keita enquanto Uçan atuou aberto pela direita. Nada porém que alterasse o panorama da partida, que teve ainda mais dois gols, com Adriano marcando após rebote de pênalti perdido por Neymar e Dzeko marcando de cabeça para a Roma, no último lance da partida.

 
Equipe em suas formações finais: Barcelona que, mesmo com as alterações, manteve-se no mesmo sistema e proposta de jogo, e a Roma em um 4-4-1-1 após as alterações, buscando acionar a velocidade de Iturbe

O 6 a 1 foi inesperado. É dever ressaltar a esplêndida atuação(mais uma) do trio "MSN" que, com talento e, é claro, com toda a equipe explorando as falhas na marcação do adversário, teve uma de suas melhores atuações desde quando foi "criado", além de ter dado continuidade a essa "semana de ouro" da equipe, onde a mesma apresentou duas atuações de gala, mostrando o porquê dela ser a atual campeã europeia e, ao lado do Bayern, a grande favorita para conquistar a Champions novamente.

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)

Todos os dados estatísticos citados acima foram retirados do site oficial da UEFA(http://pt.uefa.com/)



Nenhum comentário: