Pela
27ª rodada do Campeonato Brasileiro, o São Paulo fez o suficiente para vencer
por 1 x 0 o Atlético-PR, no Morumbi. Vitória que o Tricolor Paulista subir na
tabela e derrota que fez o Furacão descer ainda mais. Para tal placar, o time
paulista começou no 4-4-2 e o paranaense no 4-2-3-1:
Atlético-PR
no 4-2-3-1 e São Paulo no 4-4-2
Por estamos
na 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, alguns times já estabeleceram o seu
padrão na proposta e na tática em campo. O Atlético-PR e o São Paulo são dois
exemplos disto. Como o Tricolor Paulista está com o seu técnico já faz mais
tempo, a sua proposta de jogo foi mais clara e organizada do que o do Furacão.
Esta equipe paulista trocou as peças, mas todas as ações de jogo da equipe
(transição defesa-ataque, sistema ofensivo, transição ataque-defesa, sistema
defensivo e bolas paradas) foram os mesmos.
Na
transição defesa-ataque, sem Kaká, o principal responsável pela saída de bola
foi Ganso. Porém nesta ação de jogo, o São Paulo manteve as saídas de bola
pelos lados, mas sem sair com os laterais, mas sim por qualquer outro jogador
que usufrua do setor que o lateral tricolor abriu o espaço. Como o Atlético-PR,
no primeiro tempo, jogou em proposta reativa, o Tricolor Paulista apresentou o
seguinte heatmap:
Com
o Atlético-PR postado em proposta reativa, o São Paulo abusou dos lados do
terço central do campo. Esta saída de bola se tornou padrão neste Tricolor
Paulista do 2° semestre de 2014.
A
saída de bola pelos lados do terço central do campo foi muito usada contra o
Atlético-PR na 27ª rodada do Brasileirão, assim como foi na partida contra o
Santos, pela 17ª rodada. Esta saída foi tão bem treinada que mesmo sem Kaká e
Souza, o São Paulo a realizou muitas vezes contra o Furacão (Reprodução:
Sportv/ PFC).
Já
em relação ao sistema ofensivo paulista, o que se viu também foi mudanças nas
peças, mas com a mesma estrutura tática. Nesta ação de jogo, Ganso passou fazer
a função de iniciador das jogadas que Kaká faz, Alan Kardec passou a fazer de
se movimentar na entrelinhas adversária que Ganso normalmente faz, e Pato e
Osvaldo foram os responsáveis pelas projeções laterais e infiltrações pelo
centro que geralmente é Alan Kardec e Alexandre Pato que fazem. Tudo muito
sincronizado mesmo com peças diferentes.
Agora
quanto à transição ataque-defesa e o sistema defensivo, estes não sofreram
nenhum ajustes com relação às “novas” peças que entraram. A transição defensiva
continuou sendo realizada com rápida troca de ação de jogo de todos os
jogadores e, assim, arranjando tempo para que o sistema defensivo se
recompusesse no 4-4-2 em linha. Estas linhas se compactavam entre
intermediárias (bloco médio) e balançavam corretamente para o lado da bola. Ou
seja, padrão na proposta e na tática em campo.
Flagrante
do São Paulo compactado em curto no 4-4-2 contra o Palmeiras, na 15ª rodada do
Campeonato Brasileiro. Padrão tático estabelecido que contribuiu para a vitória
contra o Atlético-PR (Reprodução: Sportv/ PFC).
Quanto
ao Atlético-PR, como o Claudinei Oliveira iniciou o seu trabalho na 19ª rodada
do Brasileirão, a proposta e a tática em campo ainda não se estabilizaram e,
ainda, não alcançaram um alto desempenho nas partidas. O Furacão tem jogado
contra times da parte de cima da tabela e/ou fora da Arena da Baixada em
proposta reativa, com setores próximos, em curta compactação e –na maioria das
vezes- se defendendo no 4-4-2.
Porém,
para uma equipe se defender bem no 4-4-2, ou os wingers balançam corretamente
para o lado da bola ou buracos acabam aparecendo. Claudinei Oliveira já
demonstrou diversas vezes que, para ele, seus wingers só devem marcar o lateral
adversário mais próximo. Entretanto, o Atlético-PR vem sofrendo a cada partida
com a mesma falha tática do seu sistema defensivo. Veja no lance do gol do São
Paulo, aos cinco minutos do primeiro tempo:
No
início da jogada, percebe-se as duas linhas defensivas do Atlético-PR já
tortas, pois Marcos Guilherme e Marcelo estavam longes porque os laterais do
São Paulo não estão participando da jogada ofensiva (veja onde Hudson está e
como Marcos Guilherme sequer balança para o lado da bola, esta que está com
Pato). Ao ver Ganso livre, Alexandre Pato tocou para ele e se projetou em direção
ao gol adversário. Com este toque, Paulinho Dias teve que balançar para o lado
esquerdo –pois Marcos Guilherme não estava no setor- e Hernani passou a tentar
perseguir Pato em sua projeção. O flagrante adiante mostrará mais facilmente
estas últimas situações (Reprodução: Sportv/ PFC):
Neste
flagrante, nota-se Hernani tentando acompanhar Pato, Paulinho Dias já encostado
em Ganso e Marcos Guilherme e Marcelo ainda pendurados nos laterais
adversários. Ao perceber Maicon se projetando sem bola e livre, Ganso tocou
para este. Esta movimentação livre de Maicon aconteceu porque Hernani foi
acompanhar Pato, Paulinho Dias foi combater Ganso, Bady encostou em Ganso e,
tudo isso foi gerado, porque Marcos Guilherme ficou pendurado somente em Hudson
(Reprodução: Sportv/ PFC).
Com
o gol sofrido aos 5 da primeira etapa, Claudinei Oliveira só foi modificar o
modo de atuar da sua equipe no intervalo do jogo. No segundo tempo, o
Atlético-PR passou a tentar propor o jogo, marcar pressão desde a saída de bola
adversária e, principalmente, a ter rápida troca de ação de jogo. Na primeira
etapa, o Furacão se compactava em bloco médio/baixo e só passava a ter marcação
ativa nos seus volantes. Já no segundo tempo, todos os jogadores do time
paranaense se tornaram ativos na marcação.
O
Atlético-PR melhorou, mas o domínio ainda era do São Paulo. No segundo tempo, o
Tricolor Paulista só sofreu três finalizações para fora e mesmo com a subida na
produção rubro-negra, o time paulista terminou com as melhores estatísticas:
51,80% da posse de bola, 11 finalizações (7 para o Atlético-PR), 364 passes
certos (288 do Furacão), 32 desarmes feitos (15 do time paranaense) e 11
viradas de jogo (7 dos comandados de Claudinei Oliveira). Ou seja,
subjetivamente, a continuidade do trabalho de um técnico pode não parecer tão
bom assim, mas taticamente e nas estatísticas, o trabalho mais longo de Muricy
Ramalho no São Paulo não deu nem chances para o curto de Claudinei Olveira no
Atlético-PR.
Mesmo
com as substituições, as duas equipes não alteraram os seus modos de atuar, ou
seja, o São Paulo superior taticamente terminou a partida vencedor sobre o
Atlético-PR ruim taticamente. Tricolor Paulista no 4-4-2 e Furacão no 4-2-3-1.
Por
Caio Gondo (@CaioGondo)