quinta-feira, 9 de outubro de 2014

São Paulo fez o suficiente para vencer

Pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, o São Paulo fez o suficiente para vencer por 1 x 0 o Atlético-PR, no Morumbi. Vitória que o Tricolor Paulista subir na tabela e derrota que fez o Furacão descer ainda mais. Para tal placar, o time paulista começou no 4-4-2 e o paranaense no 4-2-3-1:

Atlético-PR no 4-2-3-1 e São Paulo no 4-4-2

Por estamos na 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, alguns times já estabeleceram o seu padrão na proposta e na tática em campo. O Atlético-PR e o São Paulo são dois exemplos disto. Como o Tricolor Paulista está com o seu técnico já faz mais tempo, a sua proposta de jogo foi mais clara e organizada do que o do Furacão. Esta equipe paulista trocou as peças, mas todas as ações de jogo da equipe (transição defesa-ataque, sistema ofensivo, transição ataque-defesa, sistema defensivo e bolas paradas) foram os mesmos.

Na transição defesa-ataque, sem Kaká, o principal responsável pela saída de bola foi Ganso. Porém nesta ação de jogo, o São Paulo manteve as saídas de bola pelos lados, mas sem sair com os laterais, mas sim por qualquer outro jogador que usufrua do setor que o lateral tricolor abriu o espaço. Como o Atlético-PR, no primeiro tempo, jogou em proposta reativa, o Tricolor Paulista apresentou o seguinte heatmap:

Com o Atlético-PR postado em proposta reativa, o São Paulo abusou dos lados do terço central do campo. Esta saída de bola se tornou padrão neste Tricolor Paulista do 2° semestre de 2014. 

A saída de bola pelos lados do terço central do campo foi muito usada contra o Atlético-PR na 27ª rodada do Brasileirão, assim como foi na partida contra o Santos, pela 17ª rodada. Esta saída foi tão bem treinada que mesmo sem Kaká e Souza, o São Paulo a realizou muitas vezes contra o Furacão (Reprodução: Sportv/ PFC).

Já em relação ao sistema ofensivo paulista, o que se viu também foi mudanças nas peças, mas com a mesma estrutura tática. Nesta ação de jogo, Ganso passou fazer a função de iniciador das jogadas que Kaká faz, Alan Kardec passou a fazer de se movimentar na entrelinhas adversária que Ganso normalmente faz, e Pato e Osvaldo foram os responsáveis pelas projeções laterais e infiltrações pelo centro que geralmente é Alan Kardec e Alexandre Pato que fazem. Tudo muito sincronizado mesmo com peças diferentes.

Agora quanto à transição ataque-defesa e o sistema defensivo, estes não sofreram nenhum ajustes com relação às “novas” peças que entraram. A transição defensiva continuou sendo realizada com rápida troca de ação de jogo de todos os jogadores e, assim, arranjando tempo para que o sistema defensivo se recompusesse no 4-4-2 em linha. Estas linhas se compactavam entre intermediárias (bloco médio) e balançavam corretamente para o lado da bola. Ou seja, padrão na proposta e na tática em campo.

Flagrante do São Paulo compactado em curto no 4-4-2 contra o Palmeiras, na 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. Padrão tático estabelecido que contribuiu para a vitória contra o Atlético-PR (Reprodução: Sportv/ PFC).

Quanto ao Atlético-PR, como o Claudinei Oliveira iniciou o seu trabalho na 19ª rodada do Brasileirão, a proposta e a tática em campo ainda não se estabilizaram e, ainda, não alcançaram um alto desempenho nas partidas. O Furacão tem jogado contra times da parte de cima da tabela e/ou fora da Arena da Baixada em proposta reativa, com setores próximos, em curta compactação e –na maioria das vezes- se defendendo no 4-4-2.

Porém, para uma equipe se defender bem no 4-4-2, ou os wingers balançam corretamente para o lado da bola ou buracos acabam aparecendo. Claudinei Oliveira já demonstrou diversas vezes que, para ele, seus wingers só devem marcar o lateral adversário mais próximo. Entretanto, o Atlético-PR vem sofrendo a cada partida com a mesma falha tática do seu sistema defensivo. Veja no lance do gol do São Paulo, aos cinco minutos do primeiro tempo:

No início da jogada, percebe-se as duas linhas defensivas do Atlético-PR já tortas, pois Marcos Guilherme e Marcelo estavam longes porque os laterais do São Paulo não estão participando da jogada ofensiva (veja onde Hudson está e como Marcos Guilherme sequer balança para o lado da bola, esta que está com Pato). Ao ver Ganso livre, Alexandre Pato tocou para ele e se projetou em direção ao gol adversário. Com este toque, Paulinho Dias teve que balançar para o lado esquerdo –pois Marcos Guilherme não estava no setor- e Hernani passou a tentar perseguir Pato em sua projeção. O flagrante adiante mostrará mais facilmente estas últimas situações (Reprodução: Sportv/ PFC):

Neste flagrante, nota-se Hernani tentando acompanhar Pato, Paulinho Dias já encostado em Ganso e Marcos Guilherme e Marcelo ainda pendurados nos laterais adversários. Ao perceber Maicon se projetando sem bola e livre, Ganso tocou para este. Esta movimentação livre de Maicon aconteceu porque Hernani foi acompanhar Pato, Paulinho Dias foi combater Ganso, Bady encostou em Ganso e, tudo isso foi gerado, porque Marcos Guilherme ficou pendurado somente em Hudson (Reprodução: Sportv/ PFC).

Com o gol sofrido aos 5 da primeira etapa, Claudinei Oliveira só foi modificar o modo de atuar da sua equipe no intervalo do jogo. No segundo tempo, o Atlético-PR passou a tentar propor o jogo, marcar pressão desde a saída de bola adversária e, principalmente, a ter rápida troca de ação de jogo. Na primeira etapa, o Furacão se compactava em bloco médio/baixo e só passava a ter marcação ativa nos seus volantes. Já no segundo tempo, todos os jogadores do time paranaense se tornaram ativos na marcação.

O Atlético-PR melhorou, mas o domínio ainda era do São Paulo. No segundo tempo, o Tricolor Paulista só sofreu três finalizações para fora e mesmo com a subida na produção rubro-negra, o time paulista terminou com as melhores estatísticas: 51,80% da posse de bola, 11 finalizações (7 para o Atlético-PR), 364 passes certos (288 do Furacão), 32 desarmes feitos (15 do time paranaense) e 11 viradas de jogo (7 dos comandados de Claudinei Oliveira). Ou seja, subjetivamente, a continuidade do trabalho de um técnico pode não parecer tão bom assim, mas taticamente e nas estatísticas, o trabalho mais longo de Muricy Ramalho no São Paulo não deu nem chances para o curto de Claudinei Olveira no Atlético-PR.

Mesmo com as substituições, as duas equipes não alteraram os seus modos de atuar, ou seja, o São Paulo superior taticamente terminou a partida vencedor sobre o Atlético-PR ruim taticamente. Tricolor Paulista no 4-4-2 e Furacão no 4-2-3-1. 

Por Caio Gondo (@CaioGondo)