segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Salgueiro bate o Sport em sua estreia no Campeonato Pernambucano(análise em imagens)

Panorama tático inicial do confronto: Sport no 4-2-3-1, Salgueiro no 4-1-4-1. Time sertanejo buscava subidas de pressão, geralmente com o centroavante encostando para pressionar o zagueiro do lado da bola ou fechar a linha de passe com o mesmo, winger do lado da bola dando o primeiro combate ao lateral portador da pelota, interiores fechando as linhas de passe com os volantes leoninos, zagueiro rubro-negro do lado oposto livre e o winger sertanejo do lado oposto afastando do lateral e centralizando um pouco mais para o movimento de basculação da linha, mas atento à troca de lado para encostar o combate no setor. Pelo fato do Sport apostar  nas transições longas/diretas, procurando a escorada de Tulio de Melo na primeira bola para as infiltrações de Maicon, projetando no facão entre o zagueiro e o lateral-esquerdo sertanejo ou buscando recepção em profundidade na frente, o Salgueiro não subia a linha defensiva em seu campo, visando minimizar riscos de tomar possíveis bolas nas costas, em situações na qual um jogador adversário receberia a 15, 20 metros em relação à meta sertaneja. O volante entrelinhas também se mantinha próximo à linha defensiva nessas situações, atento para os momentos de segunda bola na intermediária defensiva salgueirense. Desta forma, ficava visível um gigantesco espaçamento entre as linhas defensiva e média do Carcará nessas situações, com a linha média ocupando espaços já no campo defensivo do Sport, mas a linha defensiva em muitos momentos estando bem próxima da PRÓPRIA grande área. Porém, o Sport não explorava esses enormes espaços entrelinhas para tentar sair progressivamente pelo chão, muito pelo fato de que o bloco ofensivo pouco abaixava para buscar desmarques e gerar linhas de passe, geralmente com Tulio de Melo, Maicon e Everton Felipe mais atentos aos lançamentos longos e Mark Gonzalez bastante espetado na esquerda, bem aberto em grande parte do tempo para dar amplitude, inclusive nos momentos em que a bola caía no lado oposto e a linha defensiva do Salgueiro basculava(nesses contextos, costuma ser mais comum, no futebol atual, o winger oposto afunilar sem bola no ataque, para dar profundidade e atrair o lateral da cobertura por dentro na última linha adversária), porém, era pouco acionado por aquela região do campo. Em campo defensivo, os volantes ficavam à frente da linha da bola, "encaixotados" pelos volantes adversários e pouquíssimas vezes buscavam movimentos de recuo para dar suporte e linhas de passe curtas aos zagueiros quando estes eram os portadores da pelota na saída, de modo a forçar ainda mais as ligações diretas. Em vários momentos de subida de pressão, o Salgueiro deixava seu centroavante "sem marcar ninguém", dando campo pro zagueiro portador da bola progredir, de forma a atrair um interior para adiantar pressão na bola e "desmarcar" um dos volantes leoninos, porém, isso de nada adiantava em termos de melhora e situações diferentes de saída de trás do Sport, já que mesmo nesses contextos, optava-se pelos lançamentos. O Sport também sofria muito com as transições rápidas do Salgueiro nos momentos em que na sua fase inicial de organização ofensiva, tentava forçar jogo/aceleração em zonas perigosas e propícias para início de transição adversária. Desta forma, quando o Salgueiro retomava rápido e já buscava a chegada rápida no segundo e terceiro terços do campo, acionando boas situações de 1x1 em campo ofensivo e a partir daí tentando definição(a resolução nessas ocasiões de mano-a-mano, por meio da vitória pessoal no embate individual no último terço do campo, foi uma dificuldade demonstrada pelos jogadores do Carcará nesses momentos transicionais definitivos) ou já ir mantendo a posse e esperando a subida do bloco para a organização da fase de ataque organizado. Além disso, quando Tulio de Melo não conseguia ganhar a primeira bola por cima, na maioria das vezes, a segunda bola ficava sob posse do Salgueiro, que já ia programando transição/organização ofensiva. Desta forma, a bola "batia e voltava". Não foram muitas as situações de ataque organizado do Sport na primeira etapa e mais raras ainda as vezes em que criou alguma situação de perigo/risco ao sistema defensivo do Carcará. E quanto ao alongamento da compactação do Salgueiro nas subidas de pressão, provável que seja algo mais planejado/forçado por Sérgio China dentro do contexto de jogo, do que propriamente um padrão. Mas só esclareceremos essa dúvida nas próximas partidas. Dentro desse contexto, o Sport poderia ter buscado "forçar" a subida da linha defensiva do Salgueiro com o abaixamento de seu bloco ofensivo(claro que mantendo o controle entre desmarques para dar opção, profundidade, para ter possíveis opções de esticada/passe para ruptura da última linha, e ver até que ponto/situação a questão da amplitude com Mark Gonzalez seria proveitosa ou não) e já tentar criar situações para pegar de frente para condução/aceleração entrelinhas ou imediatamente já tentar meter bola nas costas da defesa sertaneja. Talvez conseguisse sair de trás pelo chão e de forma mais efetiva, gerando mais riscos e incômodos à linha defensiva adversária. 

Na fase de ataque organizado do Salgueiro, os interiores passavam da linha da bola, buscando movimentações entre as duas linhas de quatro do Sport, aparecendo pelos lados para aproximações/sociedades triangulares, enquanto que Rodolfo Potiguar ficava como opção de retorno atrás da linha da bola em campo ofensivo. Pelos lados, os wingers procuravam os deslocamentos curtos em diagonais curtas sem bola, afastando da linha lateral e vindo para os mesoespaços, de modo a liberar o corredor para as passagens de Marcos Tamandaré e Daniel em direção ao fundo pra cruzar. Também pelos lados, formavam-se pequenas sociedades com as chegadas de dentro pra fora de um dos interiores ou o balanceamento ofensivo para o lado da bola, de Anderson Lessa, que também procurava movimentações curtas entrelinhas para parede em tabelas curtas, dando continuidade à circulação da posse sertaneja em campo ofensivo. Quanto aos laterais, Marcos Tamandaré perdeu boa parte dos enfrentamentos individuais no 1x1 para Mark Gonzalez e Daniel usou bem, nas vezes que tentou, do recurso de progressão com bola em diagonais curtas de fora pra dentro, abrindo espaço para passe/tabelas diagonais ou arremates de média distância. Outro ponto interessante no primeiro tempo, foi a pressão pós-perda. Sempre que a bola sobrava com a defesa do Sport para a mesma tentar iniciar a saída de trás, um jogador salgueirense que estava no entorno da bola, fazia a pressão no portador da bola, visando acelerar a ação do mesmo, "abafar" a saída rubro-negra e induzi-lo ao erro/a se "livrar" da bola. Assim, o Salgueiro já recuperava com rapidez em campo ofensivo e conseguia controlar o jogo. Melhores momentos do Carcará eram transicionais, e por natureza, se trata de um time de característica mais reativa, que executa muito bem o jogo de transições, o "toma lá dá cá", e que possessivamente, busca explorar mais as chegadas e ultrapassagens dos laterais por fora, balançando a linha defensiva adversária para criar situações de perigo, apresentando dificuldades em contextos de jogo em que precisa propor e furar linhas, apresentando uma posse, no geral, mais voltada para controle, manutenção e circulação visando diminuir/controlar o ritmo do jogo em situações favoráveis, mas usando bem os lados do campo nos momentos em que necessita/busca aceleração/verticalização do jogo. Consegue manter bom equilíbrio quando está em vantagem, mas tem dificuldades quando está em desvantagem, precisando correr atrás do resultado. 


Lance do gol do Salgueiro é bem abrangente no aspecto de movimentações. Virada de jogo com lançamento longo em diagonal, winger direito faz diagonal sem bola, afunilando no ataque, Marcos Tamandaré recebe no 1x1 com o lateral-esquerdo adversário, balançando a linha defensiva do Leão. Interior do lado da bola chega de trás, atacando espaços entre as duas linhas leoninas pra ser opção na área, assim como o winger do setor, enquanto que o interior do lado oposto parte do seu lado do campo para chegar na área na segunda trave. Anderson Lessa faz a diagonal curta pra tentar a conclusão na primeira trave, carregando o zagueiro do lado oposto ao do cruzamento(Matheus Ferraz) consigo, de modo "limpar" a grande área. O lateral do lado oposto ao do cruzamento(Samuel Xavier) demorou muito e chegou atrasado para fechar na cobertura por dentro na área. A bola passou e o winger oposto(Cassio) atacou, em diagonal sem bola, o espaço entre o lateral-direito e os zagueiros leoninos, e livre de marcação, mandou para o fundo das redes. 


Movimentação do Salgueiro pelo lado esquerdo em fase de ataque organizado. Formação de sociedade triangular, movimentação sem bola de dentro pra fora por parte de um interior, buscando desbordar do espaço às costas do lateral-direito leonino, que está combatendo o portador da bola(winger esquerdo adversário) e o lateral-esquerdo Daniel afastando da lateral para receber e buscar projeção com bola em diagonal curta pra dentro. Ao receber, ele carrega, consegue a vitória pessoal sobre o volante leonino que movimenta pra cobertura de diagonal e finaliza de fora da área, levando perigo ao goleiro Danilo Fernandes. 


Contexto de jogo da segunda etapa. Salgueiro recolheu as linhas, passando a marcar mais em bloco baixo, com as linhas defensiva e média postadas atrás da linha que divide o gramado, enquanto que o centroavante só fazia o cerco inicial sem grande agressividade e acabava por ficar mais à frente, alongando a compactação defensiva da equipe, de acordo com a progressão ofensiva do Sport com a bola. Wingers tendo referência fixamente individual nos laterais rubro-negros e algumas perseguições por parte dos laterais salgueirenses um pouco fora da linha defensiva(principalmente Daniel, devido ao contexto de movimentação ofensiva do ataque leonino). Pelo lado do Sport, os volantes passaram a se apresentar mais próximos dos zagueiros para receber passe curto e projetar o corpo "de frente pro jogo" para distribuir/procurar verticalizar(essa dinâmica melhorou com a entrada de Luiz Antônio na vaga de Serginho, buscando passes mais longos para quebra da linha média salgueirense); Maicon mais participativo na posse, buscando diagonais curtas para gerar linhas de passe ao homem da bola(carregando o lateral-esquerdo Daniel consigo nesses movimentos para dar opção); E Mark Gonzalez sendo mais acionado nas viradas de jogo longas em diagonal, permanecendo bem aberto na ponta e ao receber, já pegando em situações interessantes de 1x1 com o lateral-direito adversário(winger sertanejo do setor não aparecia para a dobra defensiva com o lateral devido à fixação no lateral-esquerdo do Sport), buscando os dribles e arrancadas em direção ao fundo do campo para cruzamentos na área. Com o tempo, as transições ofensivas do Salgueiro perderam força, mas o time conseguia manter a posse de bola ao recuperar, pois o Sport não fazia pressão pós-perda, só retomando a posse quando o Salgueiro "se livrava da bola" ou cometia algum erro técnico. Mesmo tendo conseguindo colocar mais a bola no chão, o Sport não parava de forçar o jogo direto, por mais que fosse ineficiente. No final, o técnico Paulo Roberto Falcão acionou o meia Fábio na vaga de Samuel Xavier, recuando Maicon para a lateral-direita e colocou o centroavante Walace no lugar de Everton Felipe(que movimentou muito pouco sem a bola no pé e participou pouco dos momentos possessivos). Desta forma, buscou ainda mais profundidade, fixando dois homens ao centro mais à frente, igualando numericamente com a linha defensiva do Salgueiro e tentando ainda mais lançamentos e jogadas pessoais com Mark Gonzalez na esquerda, visando alçar bola na área, porém, sem sucesso. Vitória merecida do Salgueiro de Sérgio China. Dentro da proposta de cada um, o Carcará foi melhor e mais eficiente. 


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)


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