terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Especial Atlético Parananense 2013 - Parte 3: Sistema Defensivo


Assim como exposto anteriormente, o modo de jogar como um todo do time de Vagner Mancini não tão era diferente ao de Ricardo Drubscky. Porém, neste post irá dissecar o sistema defensivo rubro-negros em 2013, pois foi ele que mais sofreu alteração com o trabalho de Mancini no Atlético e contribuiu com que o clube alcance mais uma vaga na Taça Libertadores da América.

A busca pela compactação sem bola no terço central foi constante, já que os dois atacantes se iniciavam a primeira onda de marcação na intermediária ofensiva e a linha defensiva se afastava da área de Weverton. Porém, assim que a bola ultrapassava a linha dos dois atacantes, o atacante mais próximo se posicionava próximo do meio de campo e às costas do lateral adversário que subiu.


"Neste flagrante do Atlético-PR contra o Atlético-MG mostra onde está Marcelo, um dos atacantes do Furacão na partida, em relação à bola. Enquanto o Galo subia ao ataque, Marcelo se posicionava para receber às costas do lateral adversário que subiu e realizar um contra-ataque."
O meio de campo do esquema 4-3-1-2 rubro-negro de 2013 se apresentava com quatro jogadores no meio de campo, sendo que três deles realizavam funções defensivas semelhantes e um deles, geralmente Paulo Baier, com pouca responsabilidade defensiva. Tanto que foi constante a visualização desse meia central fora da região onde a jogada adversária se desenvolvia, mas buscando um melhor posicionamento para realizar os contragolpes do Furacão.


"Neste flagrante, nota-se o meia central, no caso Paulo Baier, até próximo da jogada adversária, mas sem sequer dando combate no adversário. Entretanto ao mesmo tempo que não participava das ações defensivas, este meia procurava o posicionamento fora do alcance dos volantes adversários. Assim como mostra o flagrante seguinte."
Já os três jogadores atrás deste meia flutuavam alinhados de acordo com o lado da jogada adversária. Assim como foi flagrado no jogo contra o Cruzeiro, pelo segundo turno do Campeonato Brasileiro:

"Neste jogo, Marco Antônio foi o meia central daquele momento da partida. Pelo flagrante, nota-se que o meia central sequer está participando de ação defensiva e já estava procurando o posicionamento longe dos volantes adversários para a puxada do contra-ataque rubro-negro."

Uma vez que eram somente três jogadores que flutuavam de acordo com o lado que estava sendo atacado, se o time adversário conseguisse inverter o lado da jogada rapidamente, a bola chegaria livre para o jogador do lado oposto. Já que não havia nenhum jogador do meio-de-campo do Atlético do lado contrário da jogada.

"Com este flagrante, nota-se Bruno Silva, João Paulo e Éverton posicionado no lado esquerdo defensivo, mas oferecendo o lado oposto para o adversário. Tanto que, no flagrante, a bola está viajando por cima e buscando o jogador do time adversário que está com menos rubro-negros ao seu redor."
Esta pequena falha foi notada já no fim da arrancada de 13 jogos de invencibilidade do Furacão no Campeonato Brasileiro. Notada e muito explorada nos jogos contra o Santos, o Vasco e o Fluminense. Porém foi ajustada e amenizada com as variações dos desenhos do meio-de-campo atleticano que alteravam com o decorrer da partida, devido à “bagunça organizada” que os jogadores de frente realizavam. Esta bagunça foi classificada como organizada, pois quando um dos atacantes acompanhavam até o fim o lateral adversário mais próximo, rapidamente um dos 3 jogadores de meio-de-campo abria para cobrir o lado oposto da jogada. Sendo assim, formando uma linha de meio-campistas que cobria todos os corredores do campo mais facilmente.

"No flagrante, pode-se perceber a equipe toda compactava e com um dos atacantes -no caso Marcelo- acompanhando o lateral adversário, enquanto que um dos três jogadores de meio – no caso Éverton - abrindo para cobrir o lado oposto da jogada."
"No caso deste jogo, a bagunça organizada fez com que o time se posicionasse no 4-2-3-1, mas mantendo os lados de Dellatorre e Éverton."

Enquanto que o meio-de-campo rubro-negro se ajustava, a linha defensiva se apresentava à nível ótimo desde a chegada de Vagner Mancini. Mancini, ao perceber que a sua última linha conseguia deixar frequentemente o adversário em posição irregular com o antigo técnico, fez com que este recurso não desaparecesse. Mas não deixou como o principal recurso da defesa. Uma vez que o time passou a se compactar no terço central do campo e se organizava no 4-3-1-2 com os seus atacante próximos aos laterais adversários, os zagueiros e algum volante do time adversário frequentemente estavam livres para poderem fazer lançamentos. Deste modo, a linha defensiva atleticana, regida pelo experiente Luiz Alberto e o ótimo zagueiro Manoel, escolhia a melhor opção para o momento. Ora a defesa deixava o ataque adversário em posição irregular, ora recuavam para retirar a bola do adversário.




"Flagra da linha defensiva bem adiantada no jogo contra o Atlético-MG."

"Flagra da linha defensiva adianta, mas recuando de acordo com a posição da bola. No caso deste flagrante, a bola estava percorrendo de um lado do campo para o outro e ao mesmo tempo indo ainda mais frente do ataque adversário. Deste modo, os quatro defensores atleticanos recuavam."

Para melhorar ainda mais o sistema defensivo do Furacão em 2013, os efeitos da longa pré-temporada começaram a surtir efeito neste início de trabalho de Vagner Mancini no clube. Além do técnico ter alterado boa parte do sistema defensivo, a maioria dos jogadores do seu elenco realizavam marcação individual no setor e apresentava troca rápida de ação de jogo. Tanto da defensiva para a ofensiva, quanto da ofensiva para a defensiva. Com os jogadores realizando troca rápida de ação de jogo e o pressing rapidamente, frequentemente era maior o número de atleticanos ao redor da bola do que em relação ao número de adversários.

"Neste flagrante contra o Santos, a bola está saindo dos pés de Émerson e indo em direção ao Pedro Castro. Porém nota-se todos jogadores do Santos próximos ao Émerson marcados e Felipe dando superioridade numérica no lance."


Além destes aspectos do sistema defensivo de cada setor da equipe de Vagner Mancini, a equipe como um todo conseguiu apresentar uma variação no modo de marcação nas quartas-de-final da Copa do Brasil: a marcação mista. Para que este tipo de marcação possa acontecer, um ou mais jogador do Furacão marcava individualmente um jogador adversário enquanto todos os outros rubro-negros marcavam por encaixe da zona.


"No primeiro jogo das quartas-de-finais pela Copa do Brasil contra o Internacional, o volante Deivid marcou individualmente o argentino D’Alessandro. Devido à esta marcação individual, o sistema defensivo atleticano cobriu os espaços que Deivid deixava dando mais funções defensivas ao Léo e ao João Paulo."

"Já na segunda partida pelas quartas-de-finais da Copa do Brasil contra o Internacional, o escolhido para marcar o argentino D’Alessandro foi, o improvisado na lateral esquerda, Juninho. Neste jogo, Juninho acabou sendo “levado” pelo meia colorado para fora do setor da lateral esquerda e, assim, o jogador rubro-negro deixou muitos espaços para o sistema defensivo atleticano."