domingo, 19 de janeiro de 2014

VASCO X BOAVISTA: O que relativizar desse jogo ruim?

2014 chegou, ano de eleições, ano de segunda divisão. Após a tristeza do ano anterior, um primeiro jogo logo no meio de janeiro, possibilitando que o time somente pudesse ter dez dias de pré-temporada. Pouco para qualquer equipe que queira ter o mínimo de competitividade, mas como o calendário não nos permite isso, não há jeito.

Logo de cara, o Vasco pega o Boavista, time que sempre deu trabalho para os grandes nos Estaduais. Jogo em São Januário espera-se vitória clara. Não foi isso que ocorreu, mas para podermos começar a criticar, temos que analisar os fatores. Fico com a parte tática, como sempre:

Adilson havia deixado bem claro antes da partida que os jogadores não estariam em seus 100%:

                “- Vocês acompanharam os treinamentos e viram a formação que vai ser utilizada. Tenho que ter cuidados para não iniciar o jogo já pensando nas substituições. Nem todos estão aptos na parte física. Uns voltaram das férias com déficit, outros com sobrepeso... É normal.”

 Como se pôde perceber, ele escolheu os jogadores usando como critério o fator físico. Por isso optou por uma formação que já antes da partida fora um tanto criticada. Vejamos:



Adilson posicionou o Vasco num 4-3-3 com um meio campo constituído por Abuda centralizado, Guinazu mais contido pela esquerda e Bastos mais solto pela direita. Na frente, Edmilson como referencia, Barbio pela direita e Reginaldo pela esquerda.

A escolha dos jogadores já nos mostrava que teríamos um problema grave: a falta de um meio campista com qualidade de chegada na frente para encostar nos atacantes, de acelerar o jogo quando necessario e precisão no passe final. Não deu outra. Vimos um time lento, com muitos erros de passe e um Edmilson muito isolado na frente. Bastos, o jogador designado para isso, até não fazia má partida, mas não encaixava para a função que se precisava ali. No elenco, Aranda pode ser uma boa opção para dar o dinamismo que esse meio precisava.

O time até tentou propor o jogo no início, apostando muito nas corridas dos pontas nas costas dos laterais adversários. O primeiro lance de perigo foi com Barbio, que após bola escorada por Edmilson na direita tentou centrar a bola para Reginaldo que fechava em diagonal, porem não teve êxito.

Diagonal essa que foi de extrema importância para o gol vascaíno na partida. No lance, Marlon aparece com liberdade para cruzar. Por que? Observe abaixo que Reginaldo, o ponta que deveria estar por ali, está no infiltrado no meio (movimentação em laranja), abrindo o seu espaço original para a subida do lateral (espaço retangular), que cruzou, contou com a falha do zagueiro do Boavista para marcar. Movimentação treinada por Adilson!



Marlon que, por sinal, fez ótima estreia com a camisa do Vasco. Lateral que aparentou se impor bem fisicamente nas subidas e ser muito veloz. Não deu espaços as suas costas e soube apoiar nos momentos certos, dando muito trabalho ao lateral direito adversário. Já o desconhecido André Rocha se mostrou bem tímido na estreia, porém mostrando ter eficiência na marcação.

Após o gol, o time teve a natural relaxada que o Vasco tem quando joga em São Januario. Recolheu as linhas e passou a apostar em contra-ataques. Muitas bolas alçadas para o pivô de Edmilson, que saía muito da área para buscar jogo e tentativas diretas nos pontas, diversas vezes resultando em bolas perdidas.

Na defesa, o time possuía dois comportamentos interessantes. Marcando em zona e deixando o adversário chegar até o meio de campo, onde começavam a pressionar, o time, dependendo de onde a bola se situava, podia (observem os desenhos):

- Se fechar num 4-1-4-1, com Abuda entre as linhas de 4 e pontas voltando para marcar a subida dos laterais adversários.




- Se fechar num 4-4-2, com o ponta do lado que a bola está sendo atacada saindo da segunda linha de 4 para pressionar mais a frente e o volante do lado abrindo. Abuda entrava nesse espaço desse volante.

Vasco começou a perder o domínio do jogo, o que todo Vascaíno sabe que é sinal de problema. Boavista chegava com facilidade, muito devido ao pouco “pressing” (ação de pressionar o adversário fechando seu espaço de ação e diminuindo seu tempo de pensar) que os Vascaínos exerciam. A entrada do bom meia Cascata (aquele mesmo), deu muito trabalho aos volantes.

Fim de primeiro tempo, Vasco na frente com vantagem. Esperava-se uma mudança de postura, para matar o jogo e ter tranquilidade. Não foi o que ocorreu. Chega segundo tempo e a mesma postura recuada do primeiro, até que Cascata conduz a bola na intermediária com espaço, arremata e faz o gol de empate. Observe como a movimentação dos jogadores do Boavista abriu o clarão que permitiu o chute:



Após o gol, Vasco reacordou e tentou nova pressão, porem de forma muito desorganizada. Novamente muitos erros de passes, tornando o jogo feio. Adilson tentou fazer duas modificações, colocando Thales e Montoya nos lugares de Edmilson e Barbio (observe como ficou a estrutura), soltando os dois laterais para apoiarem a qualquer custo.





Até surtiu certo efeito, como no lance do pênalti desperdiçado por Bastos em que Montoya driblou o goleiro e foi derrubado. Mas não foi o suficiente para tirar o empate do placar. Para um primeiro jogo, nada muito fora do esperado; time lento, botando a culpa no físico, ritmo de pelada, etc. Os novatos até que deram conta do recado, com destaque para Rodrigo e Marlon. Será que eles nos surpreenderão? Esperemos os próximos jogos! Abraços e até a próxima!

Por: Gabriel Daiha