quinta-feira, 22 de maio de 2014

No Canindé, pouco futebol brasileiro e muito futebol americano

Para a sexta rodada do Campeonato Brasileiro, Corinthians e Atlético-PR se confrontaram no Canindé. Como o campo ainda apresentava a marcações do jogo de futebol americano que houve no sábado (dia 17/05), os jogadores desses times frequentemente se inspiraram neste esporte. Já que em todas as faltas sofridas pelas equipes, o cobrador esperava o seu ataque todo avançar para lançar a bola na área adversária; assim como um quarter back faria no futebol americano e com o seu sistema ofensivo. Enfim, fora esta semelhança, houve um pouco de futebol brasileiro em São Paulo. Para tal, o Corinthians iniciou no 4-2-3-1 e o Atlético-PR no 4-3-1-2:

Furacão no 4-3-1-2 e Timão no 4-2-3-1.

No começo do jogo, o Atlético-PR se compactou entre as duas intermediárias e, até o fim do mesmo, apresentou alta intensidade defensiva. Este último aspecto fez com que a equipe de Curitiba terminasse com 27 desarmes, 6 à mais do que o time de São Paulo. Com o Furacão “firme” desde o início, o Corinthians não conseguiu criar muito ofensivamente. Porém, assim, que o time paulista perdia a bola, a troca de ação de jogo era rápida e a retomada da mesma era realizada. Deste modo, percebe-se que, durante quase todo primeiro tempo, o jogo aconteceu no terço central do campo.
Já ao comparar o que estas duas equipes realizaram no segundo jogo-teste da Arena da Baixada na semana passada, somente o Furacão mudou o seu esquema de jogo. Sete dias atrás, o Atlético-PR atuou no 4-4-2 em linha, já no Canindé, o 4-3-1-2 foi utilizado. Neste esquema, o sistema defensivo do Furacão passou a jogar com uma linha de quatro, com os três volantes balançando defensivamente e o meia central sempre à espera para ligar rapidamente o ataque. Já ofensivamente, os laterais subiam simultaneamente, somente um dos três volantes subia ao ataque, o meia central balançava ofensivamente e os dois atacantes ficavam centralizados. Nos flagrantes a seguir, a ilustração dos explicados anteriores:

No 4-3-1-2, o Atlético-PR passou a se defender com a linha defensiva e o trio de volantes balançando defensivamente de acordo com a lado da bola. Enquanto que o sistema rubro-negro se movimentava, o meia central –que no caso da imagem era Bady- aguardava a retomada da bola à frente dos três volantes (Reprodução: Sportv).

Já ofensivamente, o Furacão passou a atacar com os seus dois laterais ao mesmo tempo (Sueliton e Natanael), somente um dos volantes ia à frente (no caso do flagrante, Paulinho Dias foi o escolhido), o meia central balançava ofensivamente de acordo com o lado da bola (movimentação de Marcos Guilherme) e os dois atacantes ficaram centralizados no ataque (Bayd e Éderson) (Reprodução: Spotv).

Ainda em comparação ao que as duas equipes fizeram no segundo jogo-teste da Arena da Baixada, o Corinthians apresentou a mesma facilidade tática para Renato Augusto. No amistoso, Mano Menezes alterou para o 4-4-2 em linha para avançar o meia junto com Luciano no ataque, já no Canindé, Renato Augusto foi o meia central, mas era Guerrero o responsável para abrir os espaços do sistema defensivo rubro-negro e para o meia realizar a infiltrações. Com estas infiltrações, o Timão variava do 4-2-3-1 para o 4-4-2 em linha, em situação ofensiva.  
E ainda semelhante ao que o Corinthians apresentou nesse amistoso, Mano Menezes não conseguiu fazer com que Jadson realize com intensidade a recomposição defensiva e nem o balanço defensivo. No flagrante a seguir, a imagem desta falta de intensidade de Jadson defensivamente:

Já no segundo tempo, Jadson não conseguia realizar rapidamente a composição defensiva e nem o balanço defensivo necessário. Deste modo, o Atlético-PR atacou frequentemente pelo o seu lado defensivo e, ainda, o meia corintiano foi substituído por Danilo, aos 35 do segundo tempo (Reprodução: Sportv).

No intervalo, Mano Menezes colocou Romarinho no lugar de Renato Augusto. Esta troca fez com que o novo jogador passasse a, invariavelmente, ocupar o lado esquerdo dos três meias e, assim, auxiliar o sistema defensivo naquele lado. Além desta tentativa de correção defensiva, Guerrero passou a ser beneficiado, pois o atacante passou a ter mais liberdade e a criar mais espaço neste setor do sistema defensivo do Atlético-PR. Tanto que a jogada do pênalti foi por este setor do campo.
Com a desvantagem no placar, Leandro Ávila, técnico interino do Furacão, colocou o meia Nathan e o atacante Douglas Coutinho nos lugares de Paulinho Dias e Éderson, respectivamente. Com estas alterações, o time passou a jogar no 4-2-2-2. Como o Corinthians passou a aproximar ainda mais as linhas defensivas e do meio de campo, e não mais se projetar ao ataque com frequência, o Atlético-PR não sofreu com a principal dificuldade deste esquema tático pré-histórico: a falta de marcação pelo lado e à frente dos laterais. No flagrante adiante, a movimentação ofensiva do 4-2-2-2 rubro-negro:

No 4-2-2-2, o Atlético-PR passou a ter amplitude criada através da subida simultânea dos laterais e profundidade criada pelos dois atacantes (Reprodução: Sportv).


Aos 38, Ávila colocou Bruno Mendes no lugar de Bady, e um minuto depois, o gol de Douglas Coutinho saiu. Com o empate, Mano Menezes colocou Luciano no lugar de Petros, aos 41, mas de nada adiantou. A falta de inspiração ofensiva alvinegra somada à alta intensidade de marcação rubro-negra não deixaram o 1 x 1 sair do placar do Canindé.

Fim de jogo: Atlético-PR no 4-2-2-2 e Corinthians no 4-2-3-1.


Por Caio Gondo (@CaioGondo)