quarta-feira, 25 de junho de 2014

Argentina 3 x 2 Nigéria - Em mais um episódio da Messi-dependência, Argentina bate Nigéria

A novela Argentina chamada Messi-dependência ganhou mais um capítulo nesta quarta, no Beira-Rio, em uma Porto Alegre que mais parecia Buenos Aires após a invasão de mais de 100 mil hermanos. O desfecho do episódio foi um final feliz, com o 3 a 2 que garantiu aos Argentinos os 100% de aproveitamento na competição, mas deixou em aberto o destino do nosso personagem principal nessa jornada.

A Argentina começou o jogo com uma grande blitz. Os 11 jogadores atuaram predominantemente no campo ofensivo, sufocando os atônitos Nigerianos. Tanto é que o gol saiu logo aos 3 minutos de jogo: escapada pela esquerda do bom lateral Rojo, que fez toda a jogada sozinho. Messi pegou o rebote e mostrou que estava inspirado, acertando uma bomba no canto do goleiro. Enyeama não havia sofrido gol do camisa 10 em 2010, mas hoje não teve chance: 1 a 0. O empate veio logo em seguida, num contraataque rápido puxado por Musa, que passou com facilidade por Zabaleta e deslocou Romero. Detalhe: postada com marcação em caixa-alta, a Argentina deixava muito espaço atrás, e Musa - o jogador mais rápido da Nigéria - se aproveitou em muitos momentos dessa lentidão na transição ataque-defesa dos Hermanos.

Sabella usou hoje o seu terceiro esquema tático no terceiro jogo da Copa. Armou a Argentina num 4-2-2-2. Messi, que geralmente atua mais a frente, era um meia e o principal organizador das jogadas, caindo muito pelo centro do gramado. Higuain e Aguero se revezavam no comando de ataque, mas o primeiro, que geralmente fica mais fixo, saia muito da área, caindo pelo lado esquerdo. Já a Nigéria atuou num 4-3-3 que se transformava em 4-5-1 nos muitos momentos em que a equipe Africana se colocava no campo defensivo, com Musa e Odemwingie voltando para compôr o meio. Detalhe que, durante grande parte do jogo, os Nigerianos se posicionavam com os 11 jogadores atrás da linha da bola, fazendo um verdadeiro ferrolho defensivo e agredindo a Argentina somente quando os espaços para o contraataque apareciam.

1º tempo: Argentina no ataque, Nigéria na defesa


Os 68% de posse de bola da Argentina na primeira etapa são outro indício da agressiva postura da equipe. O problema era a eficiência. Apesar da posse e do ímpeto, os Argentinos não conseguiam articular as suas jogadas de maneira organizada, mostrando lentidão na transição defesa-ataque e até um certo desleixo no fechamento das jogadas. Com Higuain visivelmente fora de posição e Aguero descontado (ele viria a ser substituído ainda no primeiro tempo), a responsabilidade mais uma vez caia sob os pés de Lionel Messi. Aos 27 anos, o craque do Barcelona mostrou vasto repertório e destroçou a retranca nigeriana com dribles desconcertantes - já foram 17 nessa Copa. Na bola parada, ele precisou de apenas duas chances para vencer Enyeama e marcar pela primeira vez dois gols em uma mesma partida em um jogo de Copa do Mundo. Chamado de "Deus" pelos Argentinos, o camisa 10 teve mais uma atuação de gala nos 45 minutos iniciais.

Heatmap de Messi: mesmo atuando mais longe do gol, craque criou oportunidades e marcou dois gols



O segundo tempo começou igual ao primeiro: movimentado e com gols. Musa marcou logo aos 3 minutos em mais uma falha da defesa Argentina, dada a facilidade com que o atacante se enfiou no meio da dupla de zaga adversária. Os Hermanos viriam a empatar logo em seguida, aos 5, com Rojo - o novo Sorín - escorando em um escanteio. A emoção ficou por aí. A partir da saída de Messi, aos 13, os Argentinos tiveram uma acentuada queda de produção. Tentavam a todo o momento, criaram algumas chances, mas não tiveram sucesso para furar a retranca nigeriana. A posse de bola - 72% a favor da Argentina - e as chances de gol, 13 contra 4, mostram o domínio Argentino. O problema é que, sem Messi, faltou qualidade para que o marcador fosse mais amplo.

Após a saída de Messi, a Argentina passou a atuar no 4-3-3 utilizado contra o Irã. Higuain voltou a ser centroavante - embora a sua produção não tenha crescido com isso - Lavezzi ocupava o lado direito e Di Maria era o atacante pelo lado esquerdo, atuando com bastante liberdade e sendo a principal referência na criação dos Argentinos. Ricky Alvarez entrou como um meia aberto pelo lado esquerdo, que se infiltrava em muitos momentos por dentro, criando oportunidades quando subia para o ataque.

Enquanto Messi continuar resolvendo, a Argentina vai avançando na Copa. Resta saber se a inspiração do craque será o suficiente para que o terceiro título mundial venha para os Argentinos. A Messi-dependência existe... mas também, com um craque como ele, é possível jogar de outra maneira?

Argentina 2º tempo: 4-3-3 e queda de produção após a saída de Messi

Por Mateus Kerr (@mateuskerr)