terça-feira, 24 de junho de 2014

Holanda 2 x 0 Chile - Um verdadeiro jogo de xadrez no Itaquerão

Holanda e Chile: dois grandes times, comandados por dois verdadeiros estrategistas. Podemos dizer que o jogo não foi que esperávamos em termos de emoção. Contudo, se falamos de duelo tático, o cotejo foi interessantíssimo. Um verdadeiro jogo de Xadrez em Itaquera, com a marcação encaixada durante todo o primeiro tempo.

A Holanda, podendo contar com o empate para manter-se como líder do grupo, especulava no seu 5-3-2. Com a lesão de Martins Indi, Van Gaal deixou Daley Blind como zagueiro pela esquerda na marcação individual a Alexis Sanchez. Outra surpresa foi a opção de Kuyt como ala pela esquerda no duelo mano a mano contra Mauricio Isla. A ideia era clara: fechar-se atrás, esperar o erro de passe do Chile para a ligação direta que acionaria Robben e Lens, mano a mano contra Francisco Silva e Gonzalo Jara -  sempre com o astuto Medel na sobra.


O Chile no 3-1-4-2, como de praxe, saia com suas linhas adiantadas, querendo o protagonismo. Marcelo Diaz era o cão de guarda, custodiando o apagado Sneijder. Mena e Jara tinham a marcação de Janmaat e Kuyt, ao passo que Felipe Gutierrez e Charles Aranguiz, duelavam contra os implacáveis Nigel De Jong e Wijnaudum. Primeiro tempo travado. O Chile tinha a bola mas criava pouco em um zero a zero que pedia por mais.

Detalhe para a surreal linha de 3 defensores na altura do meio de campo. O Chile pressiona em campo rival com todos os seus homens. A Audácia é a marca da seleção de Sampaoli.
Para o segundo tempo, Sampaoli resolveu quebrar a marcação holandesa com o ingresso de Beausejour como ponta esquerda, abrindo Alexis pelo flanco direito e deixando Vargas como referencia entre Vlaar e De Vrij. O Chile se configurava como nos tempos de Bielsa, no 3-3-1-3. Mena e Isla ficavam mais presos as marcações de Wijnaudum e Kuyt, enquanto Aranguiz, por ora mais liberado contra a marcação implacável de De Jong. Marcelo Diaz, seguia Sneijder até não mais poder. La Roja perdia o meio de campo, e pouco a pouco, a Holanda começava a gostar do jogo, sempre com Robben perigosíssimo nos contra-ataques.

Eis que aos 25, após pedidos da torcida, Sampaoli colocou Valdivia no lugar de Francisco Silva. O Chile passava a se defender com linha de 4 na defesa com Medel e Jara como zagueiros; Mena e Isla como laterais. Aranguiz voltava para formar a dupla de volantes com Marcelo Diaz, dando liberdade para Valdivia municiar o tridente de ataque.

Van Gaal também moveu suas peças com a Entrada de Menphis Depay para formar a dupla de ataque com Robben, além de Fer para fechar o tripé de meio campo ao lado de Wijnaldum e De Jong. Coube a Fer anotar o gol inicial, explorando a velha deficiência do futebol chileno: a bola parada. Sampaoli ainda tentou dar uma maior referencia no ataque com o ingresso de Pinilla. Tentativa em vão. O Chile esbarrava numa Holanda muito fechada e bem moldada aos contra-ataques. Foi assim, que Robben, o nome do jogo, encontrou Depay livre para definir a vitória e a liderança do Grupo. Agora pela frente o duríssimo México. Coube ao Chile se lamentar por ter de enfrentar novamente o Brasil, seu algoz histórico em mundiais.




Por Felipe Bigliazzi (@felipebigliazzi)