sábado, 28 de junho de 2014

Prévia tática: Grécia x Costa Rica!

A Arena Pernambuco receberá um jogo histórico. Costa Rica x Grécia certamente ficará marcado na história do futebol de ambos os países. Os costa-riquenhos alcançam as oitavas-de-final pela segunda vez(chegaram em 1990, mas acabaram eliminados) e agora têm a chance de fazer diferente e conquistar uma inédita classificação para as quartas. Já os gregos disputam as oitavas pela primeira vez e fazer história é algo que a Grécia já mostrou que sabe fazer, em 2004, ao vencer a Eurocopa diante de Portugal. Esse texto abordará os aspectos táticos de ambos os times!


                                                                      GRÉCIA
Flagrante tático da Grécia posicionada no 4-1-4-1


Fase defensiva: Sem a posse de bola, a Grécia marca com duas linhas de quatro, posicionamento geralmente em bloco médio e por vezes tentando negar espaços à saída de bola adversária, com seus médios marcando alto por dentro. A marcação grega caracteriza-se pela ótima compactação, com proximidade entre as linhas, buscando fechar os espaços para a progressão vertical e penetração adversária em sua grande área, balanço muito bem feito de acordo com a movimentação da bola, além da presença de encaixes individuais na linha defensiva, sendo estes mais curtos e com acompanhamentos/perseguições normalmente nas proximidades do setor. Como passar pela marcação da Grécia? Com movimentações e deslocamentos para carregar a marcação e gerar espaços para possíveis infiltrações ou chegadas de trás. Nos escanteios(bola aérea defensiva), a quantidade de acompanhamentos individuais na área também chega a equivaler ao número de jogadores que o adversário manda para a grande área, além de que um jogador fica responsável pelas bolas na primeira trave e um deles também fica projetado para proteger um dos lados da meta defendida pelo goleiro Karnezis. 

Com a bola: A Grécia tem claramente, a característica de jogar reativamente, no erro do adversário e rende melhor quando tem espaços para sair com rapidez. E por questão de característica(também por limitações técnicas), tem dificuldades quando precisa propor jogo e/ou jogar para construir um resultado ou tirar uma desvantagem do placar. Um bom exemplo disso foi a partida contra a Colômbia, onde muitas vezes o time grego limitava-se a trocar passes lateralmente na intermediária ou a usar das bolas longas para a disputa do centroavante Gekas com a zaga adversária. Contra o Japão, sua grande dificuldade foi o encaixe do contra-golpe com velocidade, coisa que conseguiu fazer e bem contra a Costa do Marfim, inclusive com chegadas do lateral-esquerdo Holebas pelo meio, dando opção nessas tentativas de aceleração dos contra-ataques. No duelo contra os africanos, Samaras atuou na referência e recuando para buscar jogo ou tabelar fora da área, apesar de que costuma atuar mais aberto pelo lado esquerdo, sendo o responsável por acompanhar o lateral-direito adversário(conseguiu acompanhar Uchida até o final, na partida com os japoneses, mas contra os colombianos, não voltava com Zuñiga, que subia bastante ao ataque, de modo que a Colômbia atacava com superioridade numérica pelo setor, com Cuadrado e Zuñiga dobrando pra cima de Holebas, num 2x1) e também tentando o corte em diagonal pro meio. A Grécia ataca com força pelos lados, com dois laterais interessantes tecnicamente, de velocidade e muita capacidade de chegada à frente e apoio ao ataque. Por vezes, a Grécia até chega a fazer a chamada "saída lavolpiana" ou "saída de três", quando Katsouranis mergulha ao centro, espetando os laterais Torosidis e Holebas.  


COSTA RICA



Fase defensiva: Na marcação, o 3-4-2-1 costa-riquenho vira um 5-4-1, fechando uma linha de 5 atrás, uma linha de 4 no meio que balança para o lado da jogada, com Bryan Ruiz e Bolaños abertos e Campbell mais à frente. Muitas vezes, a Costa Rica adianta a marcação, iniciando o cerco/combate a partir da intermediária defensiva adversária(com o intuito de dificultar a transição entre os setores e forçar a ligação direta e lançamentos para o campo de ataque), chegando a ocupá-la com 5 jogadores. Campbell sendo a referência para o primeiro combate ao centro, Borges e Tejeda subindo o bote/pressão pelo meio, Ruiz e Bolaños cercando em caso de abertura de bola. Pelos lados, o lateral/ala costa-riquenho do lado da bola também sobe o encaixe em cima do winger/lateral adversário quando o oponente tenta o passe mais à frente para este citado, enquanto que o lateral/ala do flanco oposto fecha na linha defensiva. Na fase de defesa organizada, a Costa Rica recolhe suas linhas(no segundo tempo contra a Itália chegou a ter quase todo o time atrás da linha da bola), se compacta e nega espaços, cercando bem o portador/receptor da bola e diminuindo o tempo e espaço para a sua ação. Um dos zagueiros deixa a linha de defesa para fazer a caça quando o atacante recua para flutuar ou buscar jogo na intermediária ofensiva, travando a ação ofensiva e complicando o trabalho deste, principalmente quando posicionado de costas para a marcação. O time da América Central é rápido na recomposição, tem zagueiros implacáveis nas perseguições individuais, com bom tempo de bola e noção para a interceptação de passes mais longos, além de serem fortes na bola aérea ofensiva. 


Com a bola: Assim como a Grécia, a Costa Rica gosta de jogar em reação, tendo a velocidade na transição defesa-ataque como uma de suas principais características. A movimentação ofensiva é bem interessante. Bryan Ruiz afunila para armar o jogo com sua qualidade no passe e inversão de jogada, e Bolaños também vai na diagonal de fora pra dentro para circular às costas de Campbell, de modo que ambos geram o corredor para as passagens dos laterais/alas Gamboa e Diaz. O centroavante Campbell se caracteriza pelo ótimo posicionamento, inteligência e noção tática para criar espaços, fora a mobilidade. Busca o deslocamento para os lados(principalmente para a direita), gosta de circular entre nos espaços entre as linhas de defesa e meio adversárias e também recua para receber na intermediária e tentar o arranque nos contra-ataques. Versátil, também pode inverter com Bryan Ruiz ou atuar mais aberto pelo flanco direito com Ureña mais centralizado no ataque. 


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)