Nesse
domingo, Atlético-PR e Criciúma jogaram na vazia Arena da Baixada –vazia ainda
devido à punição que o Furacão tomou por causa da briga na Arena Joinville na
última rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado. Sem nenhum público no
estádio, o Atlético-PR venceu por 2 x0 e entrou no G-4 do Brasileirão 2014.
Para a segunda vitória de Doriva no comando deste time paranaense, o Furacão
começou no 4-2-3-1 e Wagner Lopes –técnico do Criciúma- também colocou o seu
time no 4-2-3-1:
Atlético-PR
e Criciúma no 4-2-3-1.
Diferentemente
da partida contra o Flamengo, o Atlético-PR teve que propor o jogo contra o
Criciúma. Já que a equipe catarinense, durante todo o primeiro tempo, compactou
seus jogadores entre o meio do campo e à frente da área de Bruno, procurou
contra-ataques com Paulo Baier fazendo a ligação pelo centro do campo e, deste
modo, se defendia no 4-4-1-1. Entretanto a dupla de volantes do Criciúma não se
entendeu muito bem.
Uma
vez que o Tigre estava com a proposta de jogar com duas linhas de 4, Serginho e
Rodrigo Souza deveriam jogar também alinhados. Mas isso não acontecia, pois um
deles recuava para marcar mais de próximo o meia central adversário –no caso
Marcos Guilherme- e o outro partia para dar combate no volante do Atlético. Com
isso, Paulo Baier era quem tinha que marcar o volante oposto à jogada do
Furacão. Veja no flagrante abaixo, o posicionamento defensivo do Criciúma e o
que o desalinhamento de Serginho e Rodrigo Souza gerava:
No
flagrante, o Criciúma está posicionado no 4-4-1-1 e com os seus volantes
desalinhados, conforme o explicado anterior. Como Serginho recuava, Rodrigo
Souza tinha todo o centro para marcar –por isso que avançava no adversário com
a bola- e Paulo Baier acabava ficando no volante oposto à jogada. O mais
correto seria Paulo Baier dando o primeiro combate e tenho atrás dele Rodrigo
Souza e Serginho alinhados e fechando as linhas passes curtas (Reprodução:
Sportv/ PFC).
Já o
Atlético-PR, que teve que sair do modo de jogo que realizou com muita eficácia
em seu último jogo, não conseguiu propor o jogo na primeira etapa. O time até
conseguiu mudar no sentido estatístico, pois terminou com mais posse de bola
(51,90%), acertou 88% dos passes tentados e virou muito mais o lado da jogada
do que o seu normal –contra o Criciúma foram 18 viradas de jogo certas. Estes
dados estatísticos tiveram influência da diferente saída de jogo rubro-negra
que aconteceu nesta partida.
Contra
o Tigre, o Furacão, em seu campo defensivo e para realizar a saída de bola
curta, avançava simultaneamente os seus laterais e os dois volantes era quem
ajuda os dois zagueiros para realizar a saída curta. Com Sueliton e Natanael
empurrando os meias de lado do Criciúma, só sobrava Paulo Baier e Bruno Lopes
para dar combate em 4 jogadores rubro-negros. A próxima imagem deixará mais
fácil a visualização desta saída de jogo do Atlético-PR:
A
saída de bola do Atlético-PR que deu certo. Ao avançar simultaneamente os seus
laterais, Cleberson, Léo Pereira, Deivid e Otávio fizeram um 4 x 2 contra Paulo
Baier e Bruno Lopes. Evidente que o Furacão conseguiu sair frequentemente
através de passes curtos do campo defensivo já que a superioridade numérica era
muito maior.
Entretanto
de pouco adiantou essa diferente saída de jogo do Furacão. O sistema defensivo
do Criciúma conseguiu neutralizar as ações ofensivas rubro-negras em campo
ofensivo. No intervalo, ambos os técnicos realizaram sutis modificações em seus
times. Pelo lado do Criciúma, Wagner Lopes avançou o bloco de marcação da sua
equipe, passou procurar a manutenção da posse da bola em campo ofensivo e
aumentou o número de jogadores para atacar. Já pelo lado do Atlético-PR, Doriva
voltou com a equipe no 4-3-3, e os dois volantes do time catarinense passaram a
não mais jogar com a bola no pé. Sutis modificações que geraram os dois gols do
Furacão.
No
4-3-3, Otávio passou a se alinha a Marcos Guilherme e Éderson era quem tinha a
maior responsabilidade tática em seu time. Com Marcos Guilherme e Otávio mais
próximos da área adversária e Douglas Coutinho e Marcelo pedindo espaço no
centro do ataque, Éderson se movimentava por todo campo ofensivo e tirava a
referência de marcação dos zagueiros adversários. Tanto que nos dois gols do
Atlético-PR, Éderson sequer aparece nas imagens, e os dois zagueiros do
Criciúma não sabem quem marcar. As imagens adiante mostrarão as movimentações
de Éderson em campo ofensivo:
Pelo
Heatmap retirado do site Footstats, nota-se a participação de Éderson por todo
o campo ofensivo do Atlético-PR. Com tanta movimentação, o camisa 9 do Furacão
conseguiu abrir espaço no centro da área adversária para Marcelo e Douglas
Coutinho fazerem os gols da vitória rubro-negra.
No flagrante anterior, pode-ser perceber Éderson bem aberto pela direita e se
projetando para receber a bola no retângulo amarelo. Através desta
movimentação, os dois zagueiros do Criciúma ficam momentaneamente sem
referência de marcação, enquanto que Douglas Coutinho, Marcos Guilherme e
Marcelo se projetam para o centro da área para “povoar” o setor e aproveitar a “perda”
de marcação dos zagueiros (Reprodução: Sportv/ PFC).
Agora
com o placar adverso, o Criciúma passou a buscar o empate. Em sete minutos, as
entradas dos três atacantes –Maurinho, Michael e Rodrigo Costa- nos lugares de
Silvinho, Paulo Baier e Rodrigo Souza desestabilizaram o sistema ofensivo do
Tigre. Mesmo mantendo a estrutura do 4-2-3-1, com tanto atacante em campo, o
Criciúma não se achava ofensivamente. O então posicionamento no 4-1-4-1 do
Atlético-PR neutralizou as poucas tentativas de gol do time adversário e, por
poucos minutos, o Furacão voltou a apresentar a intensa marcação no terço
central do campo e a sua marcação conjunta.
Fim
de jogo: Atlético-PR no 4-3-3 e Criciúma no 4-2-3-1.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)