Essa
partida não foi das melhores taticamente e nem tecnicamente, mas foi muito
emocionante. Porém só no final. Até a agitada prorrogação, Argentina e Suíça
travaram um duelo de modos de jogo. Enquanto que a seleção sul-americana
procurava propor o jogo, a europeia se defendia e buscava o jogo reativo. Para
este começo de partida que duelou duas propostas de jogo, a Argentina e a Suíça
começaram no 4-2-3-1:
No
4-2-3-1 da Argentina, no caso da foto, Messi era quem estava na função de
centroavante. Ele e Higuain se revezaram na função ao longo do jogo, mas foi
mais frequente o camisa 10 argentino fazer a meia central do que a referência
do ataque.
Na
foto, o 4-2-3-1 da Suíça postado em campo ofensivo. Situação rara, ao longo de
boa parte da partida.
Ao longo
de quase toda partida (incluindo os dois tempos da prorrogação), a Argentina
procurou propor o jogo. A seleção sul-americana terminou com 60,90% da posse da
bola, finalizou 28 vezes (8 no alvo e 20 fora), realizou 543 passes certos e fez
18 viradas de jogo corretas (tendo em Garay com 6 e Mascherano com 5, os
destaques argentinos nesse quesito). Os
comandados de Alejandro Sabella procuraram jogar. Porém do outro lado, havia a
Suíça que não queria tomar gol.
A
seleção europeia se defendia no 4-4-1-1, sendo que os seus dois jogadores de
frente, invariavelmente, se alinhavam e o time passava a se defender no 4-4-2
em linha. As linhas defensivas suíças jogaram próximas e iniciando a marcação
das duas linhas de 4 atrás do meio de campo. Ou seja, a compactação da equipe
de Ottmar Hitfeld era um pouco à frente da linha do meio até a intermediária
defensiva, assim como mostra a imagem a seguir:
O
sistema defensivo suíço postado no 4-4-1-1, próximo e compactado assim como a
foto demonstra. Este posicionamento atrapalhou os planos argentinos de decidir a
partida em 90 minutos.
Para
penetrar nesse bloco vermelho postado por Ottmar Hitfeld, Alejandro Sabella foi
buscando alternativas ao longo da partida. A primeira delas aconteceu já no
meio do primeiro tempo. Com a inversão de lado entre Lavezzi e Di Maria, ambos
os meias entravam na diagonal para abrir corredor para os seus laterais.
Relativamente, deu certo. Rojo e Zabaleta passaram a ser figuras mais
constantes em ação ofensiva. Tanto que Rojo foi o segundo jogador que mais
tentou cruzamentos enquanto esteve em campo. Ao todo, foram 11 cruzamentos
tentados. Entretanto ainda faltava mais jogadores para fazer companhia a
Higuain.
O
centroavante da Argentina jogou muito tempo “sozinho” em campo. De nada
adiantava os laterais conseguirem chegar mais à frente, se na àrea só estava
Higuain e mais um jogador. Na foto adiante, perceba que mesmo com a chegada ao
fundo de Zabaleta, na área da Suíça só estavam Higuain e Di Maria:
Mesmo
com o cruzamento evidente, o sistema ofensivo argentino não “povoava” a área da
Suíça. Deste modo, de nada adiantava a inversão de lado dos meias e muito menos
as chegadas no fundo dos laterais.
Para
o segundo tempo, a Argentina voltou no mesmo esquema tático, mas uma mudança na
postura de jogo: em vez de realizar marcação ativa somente em campo defensivo,
os comandados de Sabella passaram a pressionar junto o adversário com a bola.
Com essa blitz do segundo tempo, a seleção sul-americana passou a dominar ainda
mais a partida. Não se via a Suíça ultrapassar o meio do campo com
tranquilidade e, muito menos, conseguindo sair jogando desde o seu campo
defensivo. A Argentina estava feroz em campo.
No
segundo tempo, a Argentina passou a pressionar em conjunto o adversário com a
bola. Na imagem, perceba que no setor da bola há 5 jogadores argentinos contra
4 suíços. Mas perceba que o número 4 da Suíça nem sequer está na jogada, ou
seja, na verdade há 5 jogadores argentinos contra somente 3 no setor da bola.
Era pressão argentina.
Como
a seleção argentina parecia não estar tão organizada para tal realização de
marcação pressão, a Suíça, esporadicamente, conseguiu armar uns “contra-ataques”
através dos seus chutões/ lançamentos. Ao todo, a seleção europeia realizou 53
lançamentos. Entretanto o número de somente 10 lançamentos corretos demonstra a
quantidade de tentativas falhas de contragolpes suíços.
Devido
à pressão conjunta argentina, os jogadores sul-americanos foram os primeiros a
demonstrarem sinais de cansaço. Pois já nos últimos minutos da segunda etapa, o
quarteto ofensivo argentino não mais fazia a composição defensiva como antes.
Deste modo, o que se via era a Argentina se defendendo no 4-2-1-3, assim como
mostra a imagem a seguir:
De
tanto pressionarem em conjunto, o time argentino como um todo se desgastou
rapidamente e passou deixar de se recompor como na primeira etapa. Na imagem, o
4-2-1-3 argentino que passou a ser realizado já no fim do segundo tempo.
Com
a equipe da Argentina desgastada e da Suíça sem conseguir atacar direito, o que
se viu em campo durante os primeiros 28 minutos de prorrogação foram duas
seleções se arrastando em campo. Nenhuma delas conseguia mais fazer o que foi
planejado pelos seus técnicos. Mas aos 13 minutos da segunda etapa da
prorrogação, o craque Messi fez a diferença. O camisa 10 argentino driblou dois
adversários e fez um passe açucarado para Di Maria finalizar com a sua incrível
precisão. Gol da Argentina, e início da emoção do jogo.
Após
o gol sofrido, a Suíça passou a atacar desesperadamente junto com o seu goleiro
e quase realizou o empate em duas oportunidades. Porém como a Argentina havia
feito por merecer a classificação, os sul-americanos ficaram com a vaga para as
quartas-de-final da Copa do Mundo de 2014. Fim da linha para a Suíça, e a
Argentina agora pegará a Bélgica.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)