segunda-feira, 28 de julho de 2014

Dois técnicos da nova geração mostraram conceitos modernos em campo

Doriva e Cristóvão Borges são dois profissionais da nova geração de técnicos do Brasil. Em um país onde alguns clubes têm procurado novos modos de jogo, estes dois demonstraram quais são os conceitos de futebol moderno na partida entre Atlético-PR e Fluminense. A curta compactação, a procura da posse de bola, transições velozes e o sistema defensivo organizado e próximo foram princípios seguidos por ambas as equipes. Grande jogo, onde venceu o time mais técnico. Para esta vitória do Fluminense, tanto este time carioca quanto o Furacão iniciaram a partida no 4-2-3-1:

Atlético-PR e Fluminense no 4-2-3-1.

Assim como foi citado anteriormente, as duas equipes jogaram de forma muito parecidas. Com a posse da bola em campo defensivo, os times procuraram sair através de passes curtos, com a linha de 4 defensiva tento o auxílio de um dos volantes (no Atlético-PR foi Otávio e no Fluminense, Valencia), com os dois meias de lado dando amplitude em campo ofensivo para a possível chegada da bola à frente e com o meia central recuando para ajudar na saída de jogo. Já em campo ofensivo, as duas equipes procuravam manter a posse de bola através de passes curtos, com movimentação constante e infiltrações de seus jogadores. Com maior técnica e habilidade dos jogadores do Fluminense, a equipe carioca levou vantagem nesse aspecto.

Com a melhor técnica e habilidade de seus jogadores, a bola permaneceu mais tempo em pés tricolores (52,30% para o Flu). Além desta maior porcentagem, a porcentagem (91% Flu X 89% CAP) e a quantidade (432 Flu X 299 CAP) de passes certos, o time carioca também teve vantagem. Para que estes maiores números do Fluminense pudessem ser realizados, o sistema ofensivo tricolor foi o diferencial em relação ao do rubro-negro. Enquanto que no Atlético-PR, poucos jogadores se aproximavam para realizar tabelas e muitos se projetavam para receber a bola em profundidade, no Fluminense, muitos jogadores se aproximavam e, no momento correto, alguns se projetavam. As imagens adiante são de duas movimentações constantes do sistema ofensivo tricolor:

No flagrante, Rafael Sóbis saiu para receber a bola na intermediária ofensiva. Enquanto este atacante estava com a bola, Carlinhos se projeta para receber a bola em profundidade; Wagner e Valencia foram opções de retorno e longe da linha de 4 do meio de campo do Atlético-PR; e, por fim, Cícero, aos poucos, vai recuando para receber a bola onde o meia da esquerdo rubro-negro deveria estar para fechar a linha de 4 do meio de campo (Reprodução: Bandeirantes).

Já nesta imagem, Cícero abandona a meia direita para se mais uma opção de passe para Carlinhos, mesmo este já tendo Wagner como opção para frente e Valencia como opção de retorno. Enquanto Cícero deixa o lado direito do ataque, Conca passou a se projetar para àquele setor e a ocupar o espaço (Reprodução: Bandeirantes).

Agora em relação à transição ofensiva após a retomada de bola no terço central do campo, o Atlético-PR apresentou maior organização para tal. Ambas as equipes pressionavam em conjunto o adversário com bola, porém a do Furacão foi mais intensa e o contra-ataque era rápido e com vários jogadores se projetando sem bola para receber a bola em projeção. Os flagrantes do Atlético-PR a seguir mostrarão as situações anteriormente explicadas:

Esta imagem, apesar de ter saído o segundo gol do Fluminense, demonstra a marcação conjunta do Atlético-PR em cima do adversário com a bola no terço central do campo. No setor demarcado, há 4 jogadores do Furacão contra somente dois do Tricolor Carioca. Mas como nesta situação não houve a pressão em cima do adversário com a bola, Valencia conseguiu achar Cícero livre de marcação. Essa marcação conjunta consegue retomar muitas bolas, porém quando a pressão no adversário com a bola não acontece, pode-se gerar problemas como este da imagem (Reprodução: Sportv).

Já neste flagrante, ao retomar a bola no terço central do campo, Éderson tem a opção de passe curta para Marcos Guilherme e, ao mesmo tempo, tem as opções em projeções de Marcelo e de Douglas Coutinho (Reprodução: Bandeirantes).

Ao contrário das vantagens de cada equipe nos dois aspectos anteriormente explicados, o posicionamento defensivo de ambas foi muito organizado e rapidamente retomado. O do Atlético-PR, como Doriva chegou faz pouco tempo, foi um pouco pior do que o do Fluminense, mas mesmo assim foi acima das organizações defensivas no Brasil. Tanto o Furacão quanto o Tricolor se posicionaram defensivamente no 4-4-1-1, com as duas linhas de 4 bem próximas uma das outras e velozmente realizados. Méritos dos seus técnicos. As imagens adiante mostrarão as organizações defensivas dos dois times em questão:

O posicionamento defensivo do Fluminense no 4-4-1-1 (Reprodução: Bandeirantes).


O posicionamento defensivo do Atlético-PR no 4-4-1-1 (Reprodução: Sportv).

Já neste flagrante, percebe-se o 4-4-1-1 do Atlético-PR, porém com erros de posicionamento de Douglas Coutinho e de Marcelo. Pois uma vez que eles estão à frente da linha dos volantes, Coutinho e Marcelo estavam dando espaços defensivos para o sistema ofensivo do Fluminense poder jogar em seus setores e, ainda, de não conseguirem pressionar em conjunto em vários setores do campo (Reprodução: Bandeirantes).

Como defensivamente as duas equipes apresentaram organizações muito parecidas, a vantagem no placar só poderia ser realizada através das vantagens ofensivas dos times. O Atlético-PR não conseguiu realizar tantos contra-ataques, pois o sistema defensivo do Fluminense não deixou. Já a movimentação do sistema ofensivo tricolor superou e atrapalho o sistema defensivo rubro-negro. Tanto que os dois primeiros gols foram em duas falhas de posicionamento e organização defensiva do Furacão. O próximo flagrante irá mostrar a falha defensiva rubro-negra no primeiro gol do Fluminense:

No primeiro gol do Fluminense, o Atlético-PR estava com um a menos em campo, porém o sistema defensivo estava encaixado por setor, assim como mostra o flagrante acima (as linhas azuis claro representam as marcações encaixadas). Porém o volante Deivid estava em um posicionamento equivocado para a sua posição. Em vez de ele estar compondo a linha de 4 do meio de campo, Deivid voltou marcando Conca (em vez de deixar para a sua linha defensiva) e abriu todo o espaço vermelho para Jean se projetar e fazer o gol o primeiro gol do Fluminense (a falha de posicionamento defensivo do Atlético-PR no segundo gol sofrido já foi explicado anteriormente (Reprodução: Sportv).

No intervalo, Doriva adiantou o bloco da marcação do 4-2-3-1 do seu time, mas de nada adiantou. Pois o posicionamento defensivo do Fluminense passou a ser o 4-1-4-1 e ainda mais próximo compactado. Com os seus jogadores mais próximos e o resguardo defensivo do Atlético-PR dando mais espaços, o Tricolor Carioca realizou o seu terceiro gol após uma boa jogada de pivô realizada por Walter, que entrou no lugar de Rafael Sóbis.

Final de jogo: Atlético-PR 0 x 3 Fluminense. Mas o que fica foi os princípios e os modos de jogar das duas equipes. Ambas jogaram muito parecidas, porém as duas atuaram em modelo moderno de jogo. Velocidade, compactação, intensidade, organização e movimentação foram constantes nos dois times durante os 90 minutos.

Fim de partida: Atlético-PR e Fluminense no 4-3-3.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)