Doriva
e Cristóvão Borges são dois profissionais da nova geração de técnicos do
Brasil. Em um país onde alguns clubes têm procurado novos modos de jogo, estes
dois demonstraram quais são os conceitos de futebol moderno na partida entre
Atlético-PR e Fluminense. A curta compactação, a procura da posse de bola,
transições velozes e o sistema defensivo organizado e próximo foram princípios
seguidos por ambas as equipes. Grande jogo, onde venceu o time mais técnico.
Para esta vitória do Fluminense, tanto este time carioca quanto o Furacão
iniciaram a partida no 4-2-3-1:
Atlético-PR
e Fluminense no 4-2-3-1.
Assim
como foi citado anteriormente, as duas equipes jogaram de forma muito parecidas.
Com a posse da bola em campo defensivo, os times procuraram sair através de
passes curtos, com a linha de 4 defensiva tento o auxílio de um dos volantes
(no Atlético-PR foi Otávio e no Fluminense, Valencia), com os dois meias de
lado dando amplitude em campo ofensivo para a possível chegada da bola à frente
e com o meia central recuando para ajudar na saída de jogo. Já em campo
ofensivo, as duas equipes procuravam manter a posse de bola através de passes
curtos, com movimentação constante e infiltrações de seus jogadores. Com maior
técnica e habilidade dos jogadores do Fluminense, a equipe carioca levou
vantagem nesse aspecto.
Com a
melhor técnica e habilidade de seus jogadores, a bola permaneceu mais tempo em
pés tricolores (52,30% para o Flu). Além desta maior porcentagem, a porcentagem
(91% Flu X 89% CAP) e a quantidade (432 Flu X 299 CAP) de passes certos, o time
carioca também teve vantagem. Para que estes maiores números do Fluminense
pudessem ser realizados, o sistema ofensivo tricolor foi o diferencial em
relação ao do rubro-negro. Enquanto que no Atlético-PR, poucos jogadores se
aproximavam para realizar tabelas e muitos se projetavam para receber a bola em
profundidade, no Fluminense, muitos jogadores se aproximavam e, no momento
correto, alguns se projetavam. As imagens adiante são de duas movimentações constantes
do sistema ofensivo tricolor:
No
flagrante, Rafael Sóbis saiu para receber a bola na intermediária ofensiva. Enquanto
este atacante estava com a bola, Carlinhos se projeta para receber a bola em profundidade;
Wagner e Valencia foram opções de retorno e longe da linha de 4 do meio de
campo do Atlético-PR; e, por fim, Cícero, aos poucos, vai recuando para receber
a bola onde o meia da esquerdo rubro-negro deveria estar para fechar a linha de
4 do meio de campo (Reprodução: Bandeirantes).
Já
nesta imagem, Cícero abandona a meia direita para se mais uma opção de passe
para Carlinhos, mesmo este já tendo Wagner como opção para frente e Valencia
como opção de retorno. Enquanto Cícero deixa o lado direito do ataque, Conca
passou a se projetar para àquele setor e a ocupar o espaço (Reprodução:
Bandeirantes).
Agora
em relação à transição ofensiva após a retomada de bola no terço central do
campo, o Atlético-PR apresentou maior organização para tal. Ambas as equipes
pressionavam em conjunto o adversário com bola, porém a do Furacão foi mais
intensa e o contra-ataque era rápido e com vários jogadores se projetando sem
bola para receber a bola em projeção. Os flagrantes do Atlético-PR a seguir
mostrarão as situações anteriormente explicadas:
Esta
imagem, apesar de ter saído o segundo gol do Fluminense, demonstra a marcação
conjunta do Atlético-PR em cima do adversário com a bola no terço central do
campo. No setor demarcado, há 4 jogadores do Furacão contra somente dois do
Tricolor Carioca. Mas como nesta situação não houve a pressão em cima do
adversário com a bola, Valencia conseguiu achar Cícero livre de marcação. Essa
marcação conjunta consegue retomar muitas bolas, porém quando a pressão no
adversário com a bola não acontece, pode-se gerar problemas como este da imagem
(Reprodução: Sportv).
Já
neste flagrante, ao retomar a bola no terço central do campo, Éderson tem a
opção de passe curta para Marcos Guilherme e, ao mesmo tempo, tem as opções em
projeções de Marcelo e de Douglas Coutinho (Reprodução: Bandeirantes).
Ao
contrário das vantagens de cada equipe nos dois aspectos anteriormente
explicados, o posicionamento defensivo de ambas foi muito organizado e
rapidamente retomado. O do Atlético-PR, como Doriva chegou faz pouco tempo, foi
um pouco pior do que o do Fluminense, mas mesmo assim foi acima das
organizações defensivas no Brasil. Tanto o Furacão quanto o Tricolor se
posicionaram defensivamente no 4-4-1-1, com as duas linhas de 4 bem próximas
uma das outras e velozmente realizados. Méritos dos seus técnicos. As imagens
adiante mostrarão as organizações defensivas dos dois times em questão:
O
posicionamento defensivo do Fluminense no 4-4-1-1 (Reprodução: Bandeirantes).
O
posicionamento defensivo do Atlético-PR no 4-4-1-1 (Reprodução: Sportv).
Já
neste flagrante, percebe-se o 4-4-1-1 do Atlético-PR, porém com erros de
posicionamento de Douglas Coutinho e de Marcelo. Pois uma vez que eles estão à
frente da linha dos volantes, Coutinho e Marcelo estavam dando espaços
defensivos para o sistema ofensivo do Fluminense poder jogar em seus setores e,
ainda, de não conseguirem pressionar em conjunto em vários setores do campo
(Reprodução: Bandeirantes).
Como
defensivamente as duas equipes apresentaram organizações muito parecidas, a
vantagem no placar só poderia ser realizada através das vantagens ofensivas dos
times. O Atlético-PR não conseguiu realizar tantos contra-ataques, pois o
sistema defensivo do Fluminense não deixou. Já a movimentação do sistema
ofensivo tricolor superou e atrapalho o sistema defensivo rubro-negro. Tanto
que os dois primeiros gols foram em duas falhas de posicionamento e organização
defensiva do Furacão. O próximo flagrante irá mostrar a falha defensiva
rubro-negra no primeiro gol do Fluminense:
No
primeiro gol do Fluminense, o Atlético-PR estava com um a menos em campo, porém
o sistema defensivo estava encaixado por setor, assim como mostra o flagrante
acima (as linhas azuis claro representam as marcações encaixadas). Porém o
volante Deivid estava em um posicionamento equivocado para a sua posição. Em
vez de ele estar compondo a linha de 4 do meio de campo, Deivid voltou marcando
Conca (em vez de deixar para a sua linha defensiva) e abriu todo o espaço
vermelho para Jean se projetar e fazer o gol o primeiro gol do Fluminense (a
falha de posicionamento defensivo do Atlético-PR no segundo gol sofrido já foi
explicado anteriormente (Reprodução: Sportv).
No
intervalo, Doriva adiantou o bloco da marcação do 4-2-3-1 do seu time, mas de
nada adiantou. Pois o posicionamento defensivo do Fluminense passou a ser o
4-1-4-1 e ainda mais próximo compactado. Com os seus jogadores mais próximos e
o resguardo defensivo do Atlético-PR dando mais espaços, o Tricolor Carioca
realizou o seu terceiro gol após uma boa jogada de pivô realizada por Walter,
que entrou no lugar de Rafael Sóbis.
Final
de jogo: Atlético-PR 0 x 3 Fluminense. Mas o que fica foi os princípios e os
modos de jogar das duas equipes. Ambas jogaram muito parecidas, porém as duas
atuaram em modelo moderno de jogo. Velocidade, compactação, intensidade, organização
e movimentação foram constantes nos dois times durante os 90 minutos.
Fim
de partida: Atlético-PR e Fluminense no 4-3-3.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)