segunda-feira, 28 de julho de 2014

Elias desequilibra em um jogo marcado por fortes sistemas defensivos

Corinthians e Palmeiras fizeram o primeiro dérbi paulista da história da Arena Corinthians. O jogo que apresentou um primeiro tempo muito truncado, com muita marcação e pouco "virtuosismo" de ambas as equipes, melhorou na parte final com a equipe corintiana tendo em Elias o seu ponto de equilíbrio, com o mesmo praticamente decidindo o jogo.

O Corinthians veio a campo em um 4-4-1-1 que, em sua fase ofensiva, tentava acelerar o jogo contando com a movimentação veloz do seu quarteto de ataque. A equipe apresentou além dessa movimentação a habitual chegada alternada dos laterais embora muitas vezes, por conta da postura mais defensiva da equipe palmeirense, fosse possível ver os dois laterais da equipe subindo ao mesmo tempo. Defensivamente a equipe mantinha a sua estrutura, possuía ótima compactação em suas duas linhas de 4, marcava por zona e marcou, durante o primeiro tempo principalmente, pressão desde a saída de bola adversária.

Já o Palmeiras veio a campo em um 4-2-3-1 que tornava-se um 4-4-1-1 em sua fase defensiva com o recuo dos "pontas". Na fase ofensiva a equipe tinha tentava sair em velocidade principalmente pelo seu lado direito e sofria com a má atuação de Felipe Menezes e Mendieta, homens importantes para a criação dos lances ofensivos da equipe, além da timidez de Wesley que pouco invadiu a área adversária. Em sua fase defensiva o Verdão mostrou boa consistência, com as suas linhas atuando de forma compacta de modo que a mesma negava constantemente espaços a equipe corintiana. A equipe apresentou marcação por zona com curtos combates no setor de cada jogador, e tinha os seus dois homens mais adiantados pressionando a saída de bola adversária, com o restante da equipe marcando pressão somente em seu próprio campo.


Equipes em suas formações iniciais: Corinthians no 4-4-1-1 e Palmeiras no 4-2-3-1. Ambas as equipes tiveram seus volantes se aproximando pouco da meta adversária

O primeiro tempo do clássico iniciou-se, e foi assim durante 90% do mesmo, truncado com os sistemas defensivos de ambas as equipes prevalecendo sobre os sistemas ofensivos. A equipe corintiana, que ficou com a posse de bola durante boa parte do primeiro tempo, começou forçando o jogo mais pelo lado esquerdo, com Renato Augusto constantemente caindo por aquele setor para ajudar na criação das jogadas, sem porém conseguir penetrar nas linhas de 4 palmeirenses, o que acabou forçando um alto número de cruzamentos efetuados no primeiro tempo(19) principalmente por Fágner, que passou a ser mais acionado do lado direito. Já o Palmeiras buscava muito forçar o jogo pela direita e sofria com a pouca presença de Wesley nas proximidades da grande área além da má partida de seu quarteto ofensivo que se movimentava bastante mas pecava no último passe, o que acabava fazendo com que o Corinthians retomasse rapidamente a posse de bola. No final do primeiro tempo a equipe corintiana ainda arriscou alguns chutes fora da área, sem porém obter muito sucesso.


 Mapa de calor de Wesley mostra como durante todo o jogo o volante pouco chegou ao campo de ataque.(Reprodução: Footstats)

O segundo tempo começou com um Corinthians novamente se movimentando bastante, contando porém com uma maior presença de Elias no campo ofensivo, o que, logo aos 5 minutos, proporcionou o gol da equipe corintiana marcado por Guerrero. Esse gol também foi possível por conta de um raro momento de desatenção do sistema defensivo palmeirense, que proporcionou um espaço entre-linhas suficiente para Elias poder realizar a jogada do gol.


Flagrantes do primeiro gol corintiano: No primeiro flagrante percebe-se o espaço que Elias teve para receber o passe. Por conta disso um jogador da última linha defensiva saiu no combate o que gerou a desorganização da mesma, deixando assim Guerrero cara a cara com o goleiro.(Reprodução: Sportv)

Após o gol a equipe corintiana novamente, como na maioria dos jogos em que sai na frente no placar, recuou e tentou administrar o resultado. Isso fez com que, principalmente após a entrada de Leandro, que passou a jogar aberto pela esquerda, no lugar do apagado Mendieta, a equipe palmeirense tivesse um leve aumento no seu volume de jogo, tocando mais a bola, porém, a equipe seguia sem conseguir criar, sendo forçada a efetuar muitos cruzamentos que não davam em nada. Ainda houve mais uma substituição no Palmeiras com a entrada de Erik no lugar de Henrique, mantendo a estrutura e a mesma baixa produção ofensiva da equipe.

Já no Corinthians também houveram substituições, com Romarinho, Danilo e Luciano entrando no lugar de Romero, Renato Augusto e Guerrero, mantendo assim a estrutura tática da equipe e reoxigenando a mesma. A equipe seguiu levando perigo principalmente quando Elias chegava mais próximo a entrada da área adversária para participar da movimentação ofensiva da equipe. Até que no final do segundo tempo, aproveitando de um novo momento de desorganização do sistema defensivo palmeirense, algo que se tornou mais frequente após o gol corintiano, Elias novamente deu um passe açucarado, dessa vez para Petros que finalizou e ainda contou com o azar do goleiro palmeirense, marcando assim o segundo gol e dando números finais ao jogo.

Flagrante do segundo gol corintiano: Novamente percebe-se o enorme espaço cedido a Elias, o que fatalmente acabou culminando no segundo gol corintiano(Reprodução: Sportv)

A equipe corintiana segue mostrando sua evolução no campeonato, principalmente no setor defensivo, conquistando a sua segunda vitória em 3 jogos desde o seu retorno do "recesso"por conta da copa. Já o Palmeiras de Gareca também dá seus sinais de evolução, afinal, tirando os lances que geraram os gols da equipe corintiana, a equipe mostrou um sólido sistema defensivo, embora mostre claramente que necessita de reforços se quiser que o seu setor ofensivo também apresente uma significativa melhora.

 
Ambas as equipes no 4-2-3-1 no final do jogo

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)