Na partida
da demissão do mais novo ex-técnico do Grêmio, o time deste clube gaúcho
conseguiu propor o jogo por quase todo o jogo. Porém, ao mesmo tempo em que
adiantava as linhas dos setores da equipe, o Tricolor gaúcho deixava espaços
para que o Coritiba fizesse o que mais quisesse. O Coxa, que estava em
penúltimo até o início da rodada, iniciava a sua marcação próximo ao meio do
campo e buscou os contra-ataques constantemente. Como Alex fez o gol da vitória
coxa-branca, o Grêmio perdeu a partida e Enderson Moreira do seu comando
técnico. Para esta derrota, o Tricolor gaúcho começou jogando no 4-2-3-1 e o
Coritiba no 4-3-1-2:
Grêmio
no 4-2-3-1 e Coritiba no 4-3-1-2.
Flagrante
do Coritiba iniciando a marcação próxima do meio do campo (Reprodução: Sportv).
A
tônica da partida foi mostrada já desde o começo do jogo: Grêmio propondo o
jogo e Coritiba jogando reativamente.
Para que o Tricolor gaúcho propusesse o
jogo, os jogadores gaúchos pressionaram desde a saída de bola adversária,
procurou a compactação em campo ofensivo, iniciou a partida com Riveros e
Ramiro como seus volantes, atacou com os dois laterais simultaneamente e
procurou manter a posse da bola (terminou com 57,30% de posse e com 89% de
acerto nos passes tentados). Já o Coxa procurou a compactação próximo do meio
do campo até sua intermediária defensiva, buscou as velozes transições
defesa-ataque e, para que estas tivessem mais gente para terminar em
finalização, Zé Love segurava a bola esperando os outros jogadores se
aproximarem para dar continuidade à jogada. Alex foi o maestro, mas que o
jogador responsável para dar sequência aos contragolpes era o camisa 7
coxa-branca.
Flagrante do Coritiba posicionado defensivamente no 4-4-1-1 e compactado próximo do meio do campo até a sua intermediária defensiva (Reprodução: Sportv)
Defensivamente,
o Coritiba apresentou uma adaptação em seu posicionamento defensivo. Uma vez
que o único lateral do Grêmio que ia até a linha de fundo adversária para jogar
era Pará, Celso Roth colocou o atacante Dudu para marcá-lo. Já no lado direito,
como Saimon pouco avançava ofensivamente e como Robinho tem ótima noção tática,
o camisa 20 coxa-branca foi o responsável para marcar o setor direito do
Coritiba e, assim, o balanço defensivo da linha de 4 do meio-de-campo acontecia
perfeitamente. Já que como a bola saída frequentemente realizada através de Pará,
Robinho já balançava para o lado da bola e o “trio” de volantes do Coxa já
encaixava em Riveros, Ramiro e Giuliano. As imagens adiante mostrarão melhor o
explicado anterior:
Com
a bola saindo por Pará, Robinho já balançava defensivamente para o lado em que
a bola está e, assim, encaixando a marcação em Ramiro, Riveros e Giuliano
rapidamente. Deste modo e da maneira como o frame anterior mostrou, Pará não
tinha opção de passe curto ao seu redor.
Com
Dudu voltando junto com Pará e Robinho marcando corretamente todo o seu setor,
o posicionamento defensivo mais constante do Coritiba foi o 4-4-1-1, assim como
mostra o flagrante acima. Pelo flagrante, também se percebe outra adaptação que
o posicionamento defensivo coxa-branca apresentou: o recuo de Baraka para trás
de Robinho e de Germano (Reprodução: Sportv).
Diante
de um Coritiba organizado defensivamente, Enderson Moreira fez com que o seu
time tivesse o controle da bola para que assim pudesse ir avançando as linhas
do Grêmio e, assim, tivesse mais opções ofensivas. Porém como a equipe procurou
muitos lançamentos (52 tentados e somente 22 certos) e cruzamentos (28 tentados
e somente 6 certos), o sistema ofensivo tricolor não funcionou no primeiro
tempo do jogo.
Além
do sistema ofensivo não ter funcionado tão bem, o defensivo se apresentou ainda
pior. Ao mesmo tempo em que o Grêmio avançava, o time passava a apresentar os
espaços que o Coritiba queria para contra-atacar. Como o Tricolor Gaúcho
atacava simultaneamente com os seus dois laterais, com alternância de subida
dos seus volantes e com muitas projeções de Luan, Giuliano e Fernandinho, o
resguardo defensivo deixava muitos espaços. O campo tático a seguir mostrará os
espaços deixados pelo resguardo defensivo tricolor:
Com
a subida simultânea dos laterais, o Grêmio deixava simultaneamente os espaços
nas costas dos seus laterais para que Zé Love e/ou Robinho e Dudu aproveitasse
nos contra-ataques iniciados por Alex. Já que o camisa 10 coxa-branca, que não
participava das ações defensivas da sua equipe, sempre estava próximo da jogada
para que as transições sempre iniciassem por ele.
Além
deste problema na transição defensiva, durante a primeira etapa, o Grêmio
apresentou a famosa “falta de noção tática dos meias brasileiros”. Como o
Tricolor Gaúcho jogava no 4-2-3-1, o normal da sua equipe seria se defender no
4-4-1-1. Porém, como os laterais do Coritiba pouco avançavam, o meia oposto
gremista à jogada não voltava para fechar a linha de 4 do meio-de-campo. Tanto
que frequentemente, o Grêmio se defendeu desta maneira:
Como
Norberto não subiu ao ataque, Fernandinho não voltou para compor o setor
esquerdo da linha de 4 do meio de campo. Deste modo, abriu-se um buraco enorme
no seu sistema defensivo no qual Baraka ou qualquer outro jogador do
meio-de-campo do Coritiba pudesse aproveitar aquele espaço cedido (Reprodução:
Sportv).
No intervalo, Enderson Moreira fez duas substituições: entraram
Rodriguinho e Matías Rodríguez para as saídas de Saimon e Ramiro. Com estas
trocas, o Grêmio passou a jogar no 4-3-3 e atenuou várias destas falhas citadas
anteriormente. Ofensivamente, desde a saída de bola até próximo à área de Vanderlei,
o Tricolor Gaúcho passou a ter superioridade numérica nos lados do campo –o que
era muito útil, pois o este time gaúcho procurou frequentemente o cruzamento
como modo de ataque. Já defensivamente, o resguardo defensivo passou a
acontecer com os dois zagueiros, Rivero e mais o meia oposto à jogada, pois este passou a dar
o primeiro combate a Alex e ser opção de retorno de bola ofensivamente. O
próximo frame mostra como a equipe gaúcha passou a se posicionar enquanto
atacava:
No
4-3-3, Riveros era quem recuava entre os zagueiros para que estes pudessem
gerar superioridade numérica tanto na saída de bola quanto no lado oposto à
jogada; os zagueiros tampavam os dois corredores nos quais Robinho, Zé Love e
Dudu se projetavam nos contra-ataques; o meia oposto da jogada dava opção de
retorno ofensivo longe da linha de quatro do meio-de-campo do Coritiba e,
ainda, passava a ser a primeira opção de combate em Alex; e, por fim, o meia do
lado da jogada, se caso se projetasse para o lado, criava-se 3 x 2 em um dos
lados.
Apesar
do gol sofrido, aos 3 do segundo tempo, o Grêmio conseguiu se “achar” em campo
e, em 16 minutos, virou a partida com
dois gols de Barcos. O Tricolor Gaúcho viveu de altos e baixos durante o
segundo tempo. Logo após o seu segundo gol, o time já procurou manter a posse
da bola e continuava a adiantar as suas linhas vagarosamente. Mas como lhe
faltava objetividade e como o Coritiba ainda procurava algum ponto em Porto
Alegre, em uma cobrança de falta cobrada por Alex, Zé Love fez o seu segundo
gol na partida.
Aos
32, Jean Deretti entrou no lugar de Fernandinho cansado. O cansaço estava
tomando conta de quase todo time gaúcho já naquela altura da partida. Ao
perceber que a vitória ainda era possível devido ao estado físico do seu
adversário, Celso Roth colocou Elber e Helder nos lugares de Zé Love e Robinho.
Com estas substituições, o Coritiba passou a jogar por definitivo no 4-2-3-1,
sendo que Elber pouco retornava defensivamente, pois Pará continuava a atacar
frequentemente. Com o quarteto ofensivo com fôlego até o fim da partida e a
ótima compreensão de jogo de Alex, o camisa 10 coxa-branca fez o terceiro gol
do Coritiba no jogo. Com o 3 x 2, o Coxa acumulou mais três pontos no Campeonato
Brasileiro e derrubou Enderson Moreira do cargo de técnico do Grêmio.
No
fim da partida, o Grêmio estava jogando no 4-3-3 e o Coritiba no 4-2-3-1.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)