segunda-feira, 28 de julho de 2014

No jogo da demissão de Enderson Moreira, Grêmio cedeu espaços defensivamente e o Coritiba os aproveitou

Na partida da demissão do mais novo ex-técnico do Grêmio, o time deste clube gaúcho conseguiu propor o jogo por quase todo o jogo. Porém, ao mesmo tempo em que adiantava as linhas dos setores da equipe, o Tricolor gaúcho deixava espaços para que o Coritiba fizesse o que mais quisesse. O Coxa, que estava em penúltimo até o início da rodada, iniciava a sua marcação próximo ao meio do campo e buscou os contra-ataques constantemente. Como Alex fez o gol da vitória coxa-branca, o Grêmio perdeu a partida e Enderson Moreira do seu comando técnico. Para esta derrota, o Tricolor gaúcho começou jogando no 4-2-3-1 e o Coritiba no 4-3-1-2:

Grêmio no 4-2-3-1 e Coritiba no 4-3-1-2.


Flagrante do Coritiba iniciando a marcação próxima do meio do campo (Reprodução: Sportv).

A tônica da partida foi mostrada já desde o começo do jogo: Grêmio propondo o jogo e Coritiba jogando reativamente. 

Para que o Tricolor gaúcho propusesse o jogo, os jogadores gaúchos pressionaram desde a saída de bola adversária, procurou a compactação em campo ofensivo, iniciou a partida com Riveros e Ramiro como seus volantes, atacou com os dois laterais simultaneamente e procurou manter a posse da bola (terminou com 57,30% de posse e com 89% de acerto nos passes tentados). Já o Coxa procurou a compactação próximo do meio do campo até sua intermediária defensiva, buscou as velozes transições defesa-ataque e, para que estas tivessem mais gente para terminar em finalização, Zé Love segurava a bola esperando os outros jogadores se aproximarem para dar continuidade à jogada. Alex foi o maestro, mas que o jogador responsável para dar sequência aos contragolpes era o camisa 7 coxa-branca.





Flagrante do Coritiba posicionado defensivamente no 4-4-1-1 e compactado próximo do meio do campo até a sua intermediária defensiva (Reprodução: Sportv)

Defensivamente, o Coritiba apresentou uma adaptação em seu posicionamento defensivo. Uma vez que o único lateral do Grêmio que ia até a linha de fundo adversária para jogar era Pará, Celso Roth colocou o atacante Dudu para marcá-lo. Já no lado direito, como Saimon pouco avançava ofensivamente e como Robinho tem ótima noção tática, o camisa 20 coxa-branca foi o responsável para marcar o setor direito do Coritiba e, assim, o balanço defensivo da linha de 4 do meio-de-campo acontecia perfeitamente. Já que como a bola saída frequentemente realizada através de Pará, Robinho já balançava para o lado da bola e o “trio” de volantes do Coxa já encaixava em Riveros, Ramiro e Giuliano. As imagens adiante mostrarão melhor o explicado anterior:

Com a bola saindo por Pará, Robinho já balançava defensivamente para o lado em que a bola está e, assim, encaixando a marcação em Ramiro, Riveros e Giuliano rapidamente. Deste modo e da maneira como o frame anterior mostrou, Pará não tinha opção de passe curto ao seu redor.

Com Dudu voltando junto com Pará e Robinho marcando corretamente todo o seu setor, o posicionamento defensivo mais constante do Coritiba foi o 4-4-1-1, assim como mostra o flagrante acima. Pelo flagrante, também se percebe outra adaptação que o posicionamento defensivo coxa-branca apresentou: o recuo de Baraka para trás de Robinho e de Germano (Reprodução: Sportv).

Diante de um Coritiba organizado defensivamente, Enderson Moreira fez com que o seu time tivesse o controle da bola para que assim pudesse ir avançando as linhas do Grêmio e, assim, tivesse mais opções ofensivas. Porém como a equipe procurou muitos lançamentos (52 tentados e somente 22 certos) e cruzamentos (28 tentados e somente 6 certos), o sistema ofensivo tricolor não funcionou no primeiro tempo do jogo.

Além do sistema ofensivo não ter funcionado tão bem, o defensivo se apresentou ainda pior. Ao mesmo tempo em que o Grêmio avançava, o time passava a apresentar os espaços que o Coritiba queria para contra-atacar. Como o Tricolor Gaúcho atacava simultaneamente com os seus dois laterais, com alternância de subida dos seus volantes e com muitas projeções de Luan, Giuliano e Fernandinho, o resguardo defensivo deixava muitos espaços. O campo tático a seguir mostrará os espaços deixados pelo resguardo defensivo tricolor:

Com a subida simultânea dos laterais, o Grêmio deixava simultaneamente os espaços nas costas dos seus laterais para que Zé Love e/ou Robinho e Dudu aproveitasse nos contra-ataques iniciados por Alex. Já que o camisa 10 coxa-branca, que não participava das ações defensivas da sua equipe, sempre estava próximo da jogada para que as transições sempre iniciassem por ele.

Além deste problema na transição defensiva, durante a primeira etapa, o Grêmio apresentou a famosa “falta de noção tática dos meias brasileiros”. Como o Tricolor Gaúcho jogava no 4-2-3-1, o normal da sua equipe seria se defender no 4-4-1-1. Porém, como os laterais do Coritiba pouco avançavam, o meia oposto gremista à jogada não voltava para fechar a linha de 4 do meio-de-campo. Tanto que frequentemente, o Grêmio se defendeu desta maneira:

Como Norberto não subiu ao ataque, Fernandinho não voltou para compor o setor esquerdo da linha de 4 do meio de campo. Deste modo, abriu-se um buraco enorme no seu sistema defensivo no qual Baraka ou qualquer outro jogador do meio-de-campo do Coritiba pudesse aproveitar aquele espaço cedido (Reprodução: Sportv).

        No intervalo, Enderson Moreira fez duas substituições: entraram Rodriguinho e Matías Rodríguez para as saídas de Saimon e Ramiro. Com estas trocas, o Grêmio passou a jogar no 4-3-3 e atenuou várias destas falhas citadas anteriormente. Ofensivamente, desde a saída de bola até próximo à área de Vanderlei, o Tricolor Gaúcho passou a ter superioridade numérica nos lados do campo –o que era muito útil, pois o este time gaúcho procurou frequentemente o cruzamento como modo de ataque. Já defensivamente, o resguardo defensivo passou a acontecer com os dois zagueiros, Rivero e mais  o meia oposto à jogada, pois este passou a dar o primeiro combate a Alex e ser opção de retorno de bola ofensivamente. O próximo frame mostra como a equipe gaúcha passou a se posicionar enquanto atacava:

No 4-3-3, Riveros era quem recuava entre os zagueiros para que estes pudessem gerar superioridade numérica tanto na saída de bola quanto no lado oposto à jogada; os zagueiros tampavam os dois corredores nos quais Robinho, Zé Love e Dudu se projetavam nos contra-ataques; o meia oposto da jogada dava opção de retorno ofensivo longe da linha de quatro do meio-de-campo do Coritiba e, ainda, passava a ser a primeira opção de combate em Alex; e, por fim, o meia do lado da jogada, se caso se projetasse para o lado, criava-se 3 x 2 em um dos lados.

Apesar do gol sofrido, aos 3 do segundo tempo, o Grêmio conseguiu se “achar” em campo e, em  16 minutos, virou a partida com dois gols de Barcos. O Tricolor Gaúcho viveu de altos e baixos durante o segundo tempo. Logo após o seu segundo gol, o time já procurou manter a posse da bola e continuava a adiantar as suas linhas vagarosamente. Mas como lhe faltava objetividade e como o Coritiba ainda procurava algum ponto em Porto Alegre, em uma cobrança de falta cobrada por Alex, Zé Love fez o seu segundo gol na partida.

Aos 32, Jean Deretti entrou no lugar de Fernandinho cansado. O cansaço estava tomando conta de quase todo time gaúcho já naquela altura da partida. Ao perceber que a vitória ainda era possível devido ao estado físico do seu adversário, Celso Roth colocou Elber e Helder nos lugares de Zé Love e Robinho. Com estas substituições, o Coritiba passou a jogar por definitivo no 4-2-3-1, sendo que Elber pouco retornava defensivamente, pois Pará continuava a atacar frequentemente. Com o quarteto ofensivo com fôlego até o fim da partida e a ótima compreensão de jogo de Alex, o camisa 10 coxa-branca fez o terceiro gol do Coritiba no jogo. Com o 3 x 2, o Coxa acumulou mais três pontos no Campeonato Brasileiro e derrubou Enderson Moreira do cargo de técnico do Grêmio.

No fim da partida, o Grêmio estava jogando no 4-3-3 e o Coritiba no 4-2-3-1.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)