segunda-feira, 7 de julho de 2014

Resenha Tática na Copa #4 - Brasil x Alemanha: O caminho é pelas beiradas

Para não queimar a boca, todo mundo come a sopa quente pelas beiradas do prato. E é dessa forma que Scolari deve procurar agir na transição ofensiva do time brasileiro: buscar sempre as jogadas laterais e aproveitar o encurtamento da linha defensiva do time alemão. Separei vários flagrantes de situações mais agudas em que a seleção alemã sofreu por ser atacada pelos lados, inclusive mostrando os três gols tomados pela equipe na competição.

Alemanha 2 x 2 Gana: O lateral ganês faz um lançamento preciso para o ponteiro que estava completamente livre. Percebam que apesar da compactação dos setores e do congestionamento pelo centro, o time africano tem espaço pelos dois flancos para jogar. Ficam bem perceptíveis os dois corredores na defesa armada por Löw. Abaixo a conclusão da jogada.
Após conseguir dominar o lançamento, o ponteiro ganês errou o passe, mas boas opções não lhe faltavam, afinal eram praticamente três companheiros livres. Lembrando que a recomposição da defesa alemã deixa a desejar pela lentidão dos zagueiros.

Outro de lance de muito perigo para a defesa alemã. Percebam a linha de defesa curta e o congestionamento somente pela intermediária. A sorte dos europeus é que o meia africano preferiu arriscar o chute e não abrir o jogo pela esquerda.

Outro flagrante contra Gana que evidencia o encurtamento da linha de defesa e o corredor aberto para o ponteiro, que se vendo livre ergue os braços pedindo a bola. Só que o jogador de Gana preferiu tocar no meio congestionado e acabou errando o passe.
Lance do primeiro gol de Gana. O jogador circulado de azul marcou de cabeça. Percebam o corredor e o espaço que o lateral tem para dominar com tranquilidade e cruzar para as inserções em velocidade.
Lance do segundo gol de Gana: A linha de defesa curta veio se aproximando para tomar a bola pela lateral e o centroavante ganês acabou encontrando bastante espaço pelo flanco para sair na cara do gol e estufar as redes.

Contra os Estados Unidos também foi cedido espaço lateral em razão da linha curta de defesa. Nesse lance, o ponteiro recebeu livre, cortou para dentro com espaço e quase marcou o gol. A seta indica o movimento da bola depois de ser lançada pelo meia norte-americano.
Contra Argélia pelas oitavas, jogo duro e vitória de 2 a 1 na prorrogação. Essa foi uma das melhores chances argelinas no jogo e ocorreu no primeiro tempo. O lateral finalizou mal, mas bastou uma aproximação e rapidamente foi aproveitado o espaço deixado pelo flanco.
Lance do gol argelino na prorrogação: o meia, circulado de azul, vai enfiar para o atacante que se projeta e avança pelo vasto espaço deixado na laterais. Circulado de amarelo, o ponteiro oposto também vai aproveitar o corredor pelos flancos e avançar para fazer o gol. Percebam a linha de defesa bem curta.
Do alto, os corredores alemães no momento em que o atacante se prepara para cruzar. A Argélia descontou com o gol feito nesse lance, porém foi insuficiente.
Essa jogada trabalhada pelo lado foi a primeira do jogo e uma das melhores da França contra a Alemanha. A jogada foi invertida rapidamente e Benzema fez boa trama com Valbuena, o que lhe proporcionou finalizar com perigo para o gol. Do outro lado, o encurtamento proporcionava caminho livre para o lateral francês.
Outro grande lance da França na partida. O meia francês faz o lançamento para o atacante que está atrás do defensor nº 2 da Alemanha. O ponteiro ganha espaço e trabalha para Valbuena que quase marca. Percebam pelo alto as avenidas pelas laterais.

Outro lance que resultou perigo para o gol alemão. Pogba fez belo lançamento para Benzema que jogava pela esquerda. Mais uma vez, linha curta, defesa lenta e vastos corredores pelos flancos.

Imagem de cima do lançamento de Pogba (circulado de amarelo) mostrado acima e o corredor que Benzema teve para avançar. A bola está viajando e circulada de azul.

No segundo tempo, Matuidi encostou em velocidade no ponteiro e por ali a França criou suas melhores chances. Esse foi o início da jogada.

Depois da tabela, Matuidi parte em velocidade e acaba concluindo mal a veloz trama francesa. Percebam o corredor que o atleta teve para escapar em velocidade.

Outro flagrante da linha defensiva curta. Dois franceses ficam completamente livres esperando a virada de jogo fatal que não veio.

Último lance da partida que Neuer salvou. Benzema recebe e tabela com Giroud, saindo na cara do gol. A linha defensiva bem curta novamente ofereceu espaço pelas duas laterais.

4-5-1 alemão privilegia o preenchimento do meio para obter maior domínio da bola e do jogo. Os extremos quase sempre buscam ajudar o fechamento da intermediária na transição defensiva. Por isso que Löw prefere atuar com meias de criação nas beiradas, muitas vezes preterindo jogadores mais velozes e agudos ofensivamente.

Paulo Vinícius Coelho, que acompanha o Brasil para os canais ESPN desde o início da Copa, declarou no Linha de Passe de ontem que o mais provável é a manutenção do time e a entrada de Willian na vaga de Neymar, além do retorno de Luiz Gustavo no lugar de Paulinho e da entrada de Dante no lugar de Thiago Silva que está suspenso. PVC acha que Felipão quer Willian partindo do centro para a esquerda, mas por ali vai ser complicado jogar. O ideal, se escolher o meia, é o liberar para encostar-se sempre nos extremos e nos laterais para propiciar o jogo pelos flancos. 
Sugestão do colunista: Matuidi se juntou ao extremo no 4-3-3 francês e deu muito trabalho para a defesa alemã na segunda etapa. Que tal Ramires e Hulk para forçar o jogo em velocidade em cima de Lahm, Oscar para cima do fraco lateral esquerdo e Fernandinho controlando a bola pela meiuca? Além de encaixar a marcação de meio irá aproveitar a velocidade que Ramires tem pela beirada.



Sempre que sofreu inversões de bola e lançamentos precisos para os extremos ou laterais adversários, foi encontrado espaço e a Alemanha se organizou lentamente para marcar. Defensivamente, a saída do Brasil é marcar pressão e evitar o controle de qualidade do time alemão. Com a bola, a missão é ser veloz e objetivo pelos flancos. O time de Scolari tem que saber aproveitar a linha de defesa curta e escapar da aglomeração que Löw monta na entrada de sua área. Mesmo sem Neymar o Brasil tem totais chances de chegar a tão sonhada final. Basta entender que o caminho é pelos lados. Abraço!

Por Victor Lamha Oliveira (@vlamhaoliveira)