quarta-feira, 16 de julho de 2014

Vasco 4 x 1 Santa Cruz - O "ressurgimento" da nau

Com um jogo a menos e míseros 14 pontos em 9 jogos, Vasco vinha fazendo uma campanha bem ruim para um time grande "recém-caído" para a Série B. Após um estável e bom campeonato Carioca, perdido aos 47 minutos do segundo tempo em gol duvidoso de Marcio Araujo para o Flamengo, a equipe sofreu com baixas e teve um início conturbado de segunda divisão, lembrando muito 2009.

Nas oito primeiro rodadas, o 4-2-3-1 do Carioca foi mantido, porém mostrou problemas. A solidez defensiva vista no Carioca e a compactação tao elogiada se transformou em uma grande desordem. Martin Silva foi pra copa e teve o já conhecido e inseguro Diogo Silva no gol. As lesões de Guinazu, eixo da saida de bola da equipe, e Rodrigo, zagueiro que agregou muita experiencia a defesa vascaina, contribuíram para piorar, mas notou-se clara falta de força de elenco ao não repor "a altura". O susto de Everton Costa e a também falta de um substituto que servisse para ser válvula de escape boa foi outro grande problema. Edimilson, artilheiro do Carioca e melhor vascaíno na competição, se lesionou no primeiro jogo da final e também fez falta. Na volta, demorou para readquirir a forma física ideal e voltou mal. Importante para a retenção da pelota na frente, viu o time sofrer com esse quesito e tomar muitos contra-ataques devido aos rebotes que sempre sobravam para o adversário.

O 4-2-3-1 vascaíno mostrava-se com notáveis problemas nas costas dos laterais, muita dificuldade para criar jogadas e isolava o camisa 10 Douglas, que acabava facilmente anulado pelos volantes adversários.

Pausa para a Copa, e a chegada de dois reforços: o lateral direito Carlos Cesar, para fazer sombra a Andre Rocha e o tão contestado Kleber Gladiador, em troca com o Gremio por Fellipe Bastos, sem clima com os torcedores. O ultimo, já conhecido pelo técnico Adilson Batista foi logo posto na equipe titular, que carecia de alguem de suas características.

Vendo que o 4-2-3-1 já nao tava dando efeito, Adilson refletiu e trocou o sistema para o já conhecido losango 4-3-1-2. Vendo que faltava combatividade no meio vascaino e a ineficacia dos pontas, povoou o meio, e com a volta do Guinazu, teve um time com circulação de bola bem mais fluida do que no inicio da serie B. Dois amistosos, duas vitorias, elogios das atuações por parte da imprensa que cobre o Vasco e muita expectativa em torno do que iria mudar.

4-3-1-2 com jogadores muito proximos, saída de bola limpa com a volta de Guinazu, jogo de passe curto e time bem mais compacto, sabendo alternar quando pressionar alto no campo com recolher linhas.

A proposta de defender em linha, marcar o espaço estreitando o jogo e ter superioridade na intermediaria defensiva funcionou. Os três volantes souberam fazer com que o Vasco tivesse boa posse de bola, volume de jogo e inibia o adversário. O uso de dois atacantes que, apesar de gostarem de atuar na faixa central, se movimentam foi muito interessante, já que pudemos perceber muita geração de espaços na intermediaria defensiva do Santinha. Laterais garantindo a amplitude no meio campo e apoiando ao mesmo tempo também foram a tona desse Vasco de ontem, mesmo com a noite não muito feliz de André Rocha, substituído aos 30 minutos do 1º tempo por Carlos Cesar, mais incisivo na frente. Observem os frames abaixo:

Losango no meio e laterais garantindo amplitude. Apoio simultâneo trouxe problemas nas costas do lado direito de Andre Rocha por 10 minutos, mas logo se ajustou.

Marcação feita com o objetivo de pressionar o lado da bola. Muito estreita, feita em 30 metros horizontal, ajudou a complicar o desenvolvimento de jogo do time pernambucano.

O gol de Danilo Pires foi exceção, já que os pernambucanos pouco ameaçaram. Mesmo assim, faltava acertar o ultimo passe, time ainda tinha dificuldades de penetrar na ultima linha adversária. A virada veio em dois lances de bola parada, no gol de rebote muito bonito de Fabrício e na bola aérea com Douglas Silva. Justo, mas faltava algo.

O time carecia de velocidade. Diego Renan não estava nos seus melhores dias e Carlos Cesar estava bem anulado pelo seu lado. Com um meio de mais cadencia, o time tinha boa troca de passes, mas pecava no quesito rapidez. Foi aí que Adilson teve a sacada certa. Tirou o nulo Dakson, que sempre que começa jogando some, e colocou o estreante Lucas Crispim, centralizado, na mesma função. Dakson que por sinal mostrou-se que tem otima visão de campo para os passes nas costas da defesa, mas que tem muitas dificuldades em leitura de preenchimento de espaços. Talvez, o grande motivo para seus sumiços. Observe esse frame interessantissimo mostrando um exemplo de varios que ocorreram no jogo com o jogador:

Thales caiu pelo lado, natural movimentação para abrir espaços no meio e gerou um buraco na intermediaria, que Fabricio logo ocupou perfeitamente. Só que Dakson, ao inves de se posicionar perto de Fabricio, no espaço indicado, para facilitar progressão da jogada, ele trombou com Pedro Ken, já que ocupava mesmo local. Notável erro de leitura de preenchimento de zona.

A entrada do moleque Crispim ajudou o Vasco a ganhar a tal velocidade que precisava. E ele entrou com estrela. Abusado, partia pra cima, buscava mais dar profundidade ao lado esquerdo e mostrava que algo de diferente tinha, já que era notável o quao de cabeça em pé ele jogava. Participou dos dois ultimos gols, dando o passe em penetração para Carlos Cesar sofrer o penalti e Kleber fazer seu primeiro gol com a camisa cruzmaltina e fazendo boa jogada na ponta esquerda cruzando para o remate de primeira de Fabricio, homem do jogo.



4 a 1 na cabeça, uma bola na trave por parte do Santa e nada mais. Vasco ressurgiu bem, Adilson soube mexer bem nos momentos certos e mostrou que a parada para a Copa surtiu algum efeito naquele marasmo que a nau vivia. Será que agora engrena? Vejamos sabado, com a volta da torcida a Sao Januário. Abraços e boa leitura!




Por Gabriel Daiha (@Gabriel_Daiha)