segunda-feira, 25 de agosto de 2014

No Maracanã, Fluminense goleia o Sport!

No Maracanã, o Fluminense recebeu o Sport, em jogo válido pela 17ª Rodada, em busca de recuperação. A equipe comandada por Cristovão Borges vinha de 04 resultados negativos e precisava vencer. A equipe pernambucana, comandada por Eduardo Baptista bem que tentou, mas não segurou a boa organização e qualidade técnica superior a sua equipe.

O jogo começou movimentado, com um Sport buscando o gol, descartando a postura defensiva, assim como o Flu, que tinha objetividade e mais velocidade. A escalação inicial foi diferente em relação à da ultima partida, quarta feira, diante da Chapecoense. Cavalieri foi barrado e Chiquinho entrou no lugar de Carlinhos, expulso. Com 15’ da etapa inicial, Valencia sentiu o tornozelo direito e saiu para entrada de Edson. A equipe tricolor era lenta com Valencia, muito travada, precisava de mais mobilidade e versatilidade. Com a entrada de Edson isso ocorreu.

O Flu se organizou no seu tradicional 4-2-3-1, com Jean e Edson de volantes, na contenção da zaga tricolor, na linha de três meias da armação das jogadas, Conca centralizado, Cícero na direita e Sóbis na esquerda, enquanto Fred fazia o papel de pivô e vinha buscar jogo. A equipe carioca se organizava em blocos médios, que variavam para blocos altos, os setores estavam compactos, marcavam pressão e havia muita troca de passes, posse de bola, triangulações, infiltrações e muita movimentação do sistema ofensivo tricolor.

Com meia hora de jogo, o Flu já tinha 2 a 0 no marcador e a torcida já acalmava. Fred deu assistência e Cícero marcou, depois Cícero cruzou e Fred ampliou de cabeça. O Flu foi melhor que o Sport na primeira etapa.

Já na etapa final, com o placar já liquidado, o Flu foi pra cima e ampliou. Conca cobrou falta e ampliou. 3 a 0. Walter ainda entrou e deu mais movimentação a equipe tricolor ofensivamente, gastando o tempo e dominando a partida. Fred fez mais um. 4 a 0. O Flu dominou a partida e com mais versatilidade e qualidade técnica venceu mais uma no Brasileirão.



Taticamente, o Sport se posicionava num 4-2-3-1, que fechava duas linhas de quatro em fase defensiva, deixando dois jogadores mais à frente. Zé Mário e Ananias alternavam no fechamento do primeiro combate no lado esquerdo e acompanhamento ao lateral-direito Bruno. Como se pode observar no flagrante acima, o Leão da Praça da Bandeira se caracterizava pela compactação curta entre as linhas de defesa e meio, balanceando-as para o lado atacado em função da movimentação da bola e a também pela presença de encaixes curtos no setor. Geralmente marcava em bloco médio, tendo agressividade na marcação, buscando induzir ao erro e também subindo a pressão até a intermediária defensiva do Fluminense(contando com um certo aumento da altura da linha defensiva para manter a compactação) para atrapalhar a saída de bola e a transição da defesa para o ataque, forçando as ligações diretas. Dificultava o toque de bola e a fluidez de jogo tricolor, com proposta de impor sua forma de jogo e controlar a partida na vertente estratégica. 

Com bola, apresentava intensa movimentação da linha de meio inicialmente, com inversões e trocas de posicionamento na linha de 3 e wingers buscando a locomoção, condução de bola e passe na diagonal de fora pra dentro. Tinha mobilidade, maior posse de bola e certo domínio territorial, porém, falhava bastante no último passe. Também usava das bolas longas da defesa para o ataque com certa constância e até conseguia ganhar as primeiras bolas e por vezes até as segundas, porém, tinha dificuldades para dar continuidade às jogadas em campo ofensivo. Na melhor oportunidade do Sport na partida, destaque para a ótima movimentação do setor ofensivo(como pode-se observar na imagem abaixo) para abrir espaços. No lance, Ananias acionou a chegada de Patric na diagonal, atacando o corredor entre-linhas. Prontamente, Zé Mário ocupou o setor direito do ataque. Um dos zagueiros saiu para pressionar Patric pelo meio, porém, o lateral-direito rubro-negro conseguiu dar o passe de ruptura para Felipe Azevedo, que entrou no facão, atacando na diagonal o espaço nas costas do zagueiro(sua infiltração não foi acompanhada por Bruno). Porém, Azevedo falhou no momento mais decisivo: A conclusão.


Um dos grandes pecados que não se pode cometer no futebol moderno é dar espaços ao ataque adversário. Principalmente ao Fluminense, que possui jogadores de alto nível intelectual, muita noção tática e principalmente de ocupação e criação de espaços em fase ofensiva. E o Sport pecou justamente nisso. Em mínimos detalhes. Em um erro de saída de bola, o Fluminense subiu suas linhas para e buscou a pressão e o fechamentos dos espaços próximos ao setor da bola na cobrança do lateral. Assim, forçou o erro adversário, retomou a bola em campo inimigo e encaixou o passe diagonal pra Fred, que deu a enfiada para a ruptura de Cícero, infiltrando no espaço nas costas de Renê, que no momento da cobrança de lateral estava um pouco mais avançado pelo lado esquerdo para tentar dar opção de virada de jogo e encaixado com o próprio Cícero. Porém, quando a bola foi roubada, ele não conseguiu voltar para se alinhar com os zagueiros e fazer a basculação defensiva. Cobrança de lateral é um dos momentos mais propícios para o adversário pressionar, encaixando nas linhas de passe, reduzindo o espaço e tendo postura agressiva para com o receptor da cobrança, diminuindo o tempo para pensar e agir, e assim, aumentando as chances de erro do mesmo.

 
No segundo gol do Fluminense, Cícero conquistou a vitória pessoal para cima de Renê na ponta, balançando a linha defensiva rubro-negra e posteriormente cruzando. Pode-se reparar o posicionamento completamente perdido de Oswaldo no frame abaixo. Na prática, estava sem referência de marcação, "marcando a bola" ao invés de encaixar em Fred, que inteligentemente traçou a diagonal curta na área e se antecipou ao zagueiro leonino para cabecear. Outro erro tático no lance foi de Patric, que não fechou na cobertura por dentro na área, movimento que é obrigatório numa linha de 4, quando o adversário ataca pelo lado oposto. 

 
Após os dois gols sofridos, a compactação defensiva do Sport desmoronou de vez. E ofensivamente, a equipe teve muitas dificuldades para propor o jogo com o placar em desvantagem e principalmente pela ausência de alternativas para atacar diante de um Fluminense compacto na intermediária e que negava espaços à progressão vertical e ao encaixe do passe entre as linhas. O terceiro gol de Conca, logo no começo da segunda etapa, destruiu de vez a força mental do Sport e tirou qualquer chance de uma possível reação. No aspecto tático, o Sport voltou pro segundo tempo com Diego Souza mais aberto pelo lado esquerdo do ataque(Ananias mais por dentro) e fechando na diagonal pra área quando a bola caía no flanco oposto para dar opção ao cruzamento e topando com o lateral oposto que fechava na cobertura por dentro. Com a entrada de Ibson, Diego Souza passou a atuar mais centralizado, por trás de Neto Baiano, com Ananias voltando a ocupar a esquerda. Porém, nessa altura do campeonato, o Sport não tinha forças para atacar e ficou bastante espaçado defensivamente, cedendo generosos espaços aos contragolpes adversários.


*Por Daniel Barud(@BarudDaniel) e João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)