O
jogo entre Atlético-PR e Botafogo ficou marcado pelo reencontro do Furacão com
Vagner Mancini. Uma vez que foi com este técnico que o Atlético-PR teve a
arrancada no Campeonato Brasileiro do ano passado –iniciando da zona do
rebaixamento para a 3ª posição- e terminou como segundo colocado da Copa do
Brasil de 2013, Mancini conhecia algumas peças do atual elenco rubro-negro. E
isto fez a diferença para algumas movimentações táticas de seus jogadores.
Porém os jogadores que ele não utilizou tanto no ano passado fizeram a
diferença no seu reencontro com o Furacão. Para a vitória por 2 x 0 do
Atlético-PR, ambos os times começaram a partida no 4-2-3-1:
Atlético-PR e
Botafogo no 4-2-3-1
Como
era o Atlético-PR o mandante da partida, o Furacão foi quem iniciou com maior
intensidade ofensiva. O time de Doriva realizou pressão desde a saída de bola
adversária, jogou em curta compactação em todas as ações do jogo, com troca de
posições dos seus três meias e, sempre que possível, procurando realizar passes
curtos. Porém, assim como havia demonstrado em outras partidas, Marcelo não
apresentou diferença de consciência tática defensiva. A mesma que vem se
perpetuando desde o 2° semestre de 2013.
Sabendo
desta deficiência do seu ex-atleta e sabendo que Marcelo só marca o lateral
adversário mais próximo, Vagner Mancini fez com que Junior César –o seu
lateral-esquerdo- pouco atacasse. Deste modo, abria-se espaço para que qualquer
jogador do Botafogo se movimentasse com espaço neste setor do campo ofensivo.
Como
Marcelo só acompanhava Junior César, enquanto o seu time balançava
defensivamente para o lado esquerdo, o alinhamento do trio de meias deixava de
existir –assim como mostra o flagrante acima (Reprodução: Rede Globo).
Já
em campo defensivo e sem a subida de Junior César ao ataque, Marcelo sequer
participava do sistema defensivo da equipe. Com isto, João Paulo cobria o setor
e, ainda, Deivid e Marcos Guilherme balançavam defensivamente para a direita da
sua defesa (Reprodução: Rede Globo).
Além
de conhecer Marcelo, Vagner Mancini também deixou João Paulo fazer a saída de
jogo curta do Atlético-PR que quisesse, pois fez com que a marcação do seu time
começasse no meio do campo. Porém, sabendo de toda a precisão dos passes longos
deste volante, o técnico do Botafogo fez com que João Paulo não realizasse os
seus lançamentos e viradas de jogo para não pegar o seu sistema defensivo desprevenido.
Tanto que João Paulo realizou 70 passes certos, mas somente dois lançamentos
corretos e uma virada de jogo correta.
Botafogo iniciando a
sua marcação no meio do campo e com as linhas do meio-de-campo e do ataque
formadas (Reprodução: Rede Globo).
Ao
contar com as deficiências táticas destes dois jogadores, Vagner Mancini também
conhecia Cleberson. Como este zagueiro tem a dificuldade em dar o combate longe
da linha defensiva, Mancini colocou Émerson Sheik realizando a função de “falso
9” na referência do ataque botafoguense. Com isso, Sheik conseguiu receber
várias bolas entre a linha defensiva e a do meio-de-campo atleticana, pois
Cleberson não conseguia desarmá-lo.
Pelo
heatmap de Émerson Sheik, percebe-se que este jogador tocou na bola por quase
todo campo ofensivo, menos na região central do ataque. Região onde Cleberson e
todo o sistema defensivo do Atlético-PR eram melhores.
Apesar
de tanta vantagem tática, Vagner Mancini não conseguiu fazer com que o Botafogo
saísse com a vitória de Curitiba. Na Arena da Baixada, o Atlético-PR voltou a
apresentar a alta intensidade ofensiva, defensiva e nas transições e, assim, equilibrando-se
nas três ações do jogo. Com a constante movimentação ofensiva, com Marcos
Guilherme e Bady com maior disciplina tática defensiva e com os já conhecidos
contra-ataques velozes do Furacão, os dois gols de vantagem no placar
representaram a superioridade rubro-negra na partida.
Sem
o retorno defensivo de Edilson, pois Natanael não estava participando do ataque
do Atlético-PR; Marcos Guilherme aproveitou do espaço cedido pelo winger da
direita do Botafogo. O camisa 10 recebeu várias bolas se projetando da esquerda
para o centro, assim como mostra o flagrante acima (Reprodução: Rede Globo).
Sem
a participação constante de Marcelo no sistema defensivo, Marcos Guilherme e
Bady passaram a ter que voltar frequentemente. Para fechar corretamente o
setor, Deivid, João Paulo, Marcos Guilherme e Bady, constantemente e em situação transicional, se
posicionavam em losango, conforme o flagrante acima (Reprodução: Rede Globo).
Flagrante
do meio-de-campo do Atlético-PR posicionado no 2-3 (Reprodução: Rede Globo).
De
pouco adiantou o Botafogo se defender organizadamente e constantemente em duas
linhas de 4, pois taticamente e tecnicamente o Atlético-PR foi melhor. As três
substituições de Vagner Mancini fizeram o seu time alterar o esquema tático –do
4-2-3-1 para o 4-4-2- e algumas funções ofensivas –Daniel acrescentou maior
movimentação em campo ofensivo e Zeballos trocava com Sheik o posicionamento de
referência no ataque. Entretanto, as de Doriva colaboraram para definição do
placar. As entradas de Otávio e Douglas Coutinho fizeram o Atlético-PR alterar
para o 4-3-3, a ter uma menor compactação e um contra-ataque mais veloz.
As
duas linhas de 4 do Botafogo foram constantemente realizadas (Reprodução: Rede
Globo).
Com
as entradas de Otávio e Douglas Coutinho, o Furacão passou a se defender no
4-1-4-1, a ter um contra-ataque ainda veloz e a ter uma compactação ainda menor
em campo –assim como mostra o flagrate acima. Aspectos essenciais para a
realização do segundo gol no jogo (Reprodução: Rede Globo).
Fim
de partida: Atlético-PR no 4-3-3 e Botafogo no 4-4-2.
Por
Caio Gondo (@CaioGondo)