segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O reencontro de Vagner Mancini com o Atlético-PR

O jogo entre Atlético-PR e Botafogo ficou marcado pelo reencontro do Furacão com Vagner Mancini. Uma vez que foi com este técnico que o Atlético-PR teve a arrancada no Campeonato Brasileiro do ano passado –iniciando da zona do rebaixamento para a 3ª posição- e terminou como segundo colocado da Copa do Brasil de 2013, Mancini conhecia algumas peças do atual elenco rubro-negro. E isto fez a diferença para algumas movimentações táticas de seus jogadores. Porém os jogadores que ele não utilizou tanto no ano passado fizeram a diferença no seu reencontro com o Furacão. Para a vitória por 2 x 0 do Atlético-PR, ambos os times começaram a partida no 4-2-3-1:

Atlético-PR e Botafogo no 4-2-3-1

Como era o Atlético-PR o mandante da partida, o Furacão foi quem iniciou com maior intensidade ofensiva. O time de Doriva realizou pressão desde a saída de bola adversária, jogou em curta compactação em todas as ações do jogo, com troca de posições dos seus três meias e, sempre que possível, procurando realizar passes curtos. Porém, assim como havia demonstrado em outras partidas, Marcelo não apresentou diferença de consciência tática defensiva. A mesma que vem se perpetuando desde o 2° semestre de 2013.

Sabendo desta deficiência do seu ex-atleta e sabendo que Marcelo só marca o lateral adversário mais próximo, Vagner Mancini fez com que Junior César –o seu lateral-esquerdo- pouco atacasse. Deste modo, abria-se espaço para que qualquer jogador do Botafogo se movimentasse com espaço neste setor do campo ofensivo.

Como Marcelo só acompanhava Junior César, enquanto o seu time balançava defensivamente para o lado esquerdo, o alinhamento do trio de meias deixava de existir –assim como mostra o flagrante acima (Reprodução: Rede Globo).

Já em campo defensivo e sem a subida de Junior César ao ataque, Marcelo sequer participava do sistema defensivo da equipe. Com isto, João Paulo cobria o setor e, ainda, Deivid e Marcos Guilherme balançavam defensivamente para a direita da sua defesa (Reprodução: Rede Globo).

Além de conhecer Marcelo, Vagner Mancini também deixou João Paulo fazer a saída de jogo curta do Atlético-PR que quisesse, pois fez com que a marcação do seu time começasse no meio do campo. Porém, sabendo de toda a precisão dos passes longos deste volante, o técnico do Botafogo fez com que João Paulo não realizasse os seus lançamentos e viradas de jogo para não pegar o seu sistema defensivo desprevenido. Tanto que João Paulo realizou 70 passes certos, mas somente dois lançamentos corretos e uma virada de jogo correta.

Botafogo iniciando a sua marcação no meio do campo e com as linhas do meio-de-campo e do ataque formadas (Reprodução: Rede Globo).

Ao contar com as deficiências táticas destes dois jogadores, Vagner Mancini também conhecia Cleberson. Como este zagueiro tem a dificuldade em dar o combate longe da linha defensiva, Mancini colocou Émerson Sheik realizando a função de “falso 9” na referência do ataque botafoguense. Com isso, Sheik conseguiu receber várias bolas entre a linha defensiva e a do meio-de-campo atleticana, pois Cleberson não conseguia desarmá-lo.

Pelo heatmap de Émerson Sheik, percebe-se que este jogador tocou na bola por quase todo campo ofensivo, menos na região central do ataque. Região onde Cleberson e todo o sistema defensivo do Atlético-PR eram melhores.

Apesar de tanta vantagem tática, Vagner Mancini não conseguiu fazer com que o Botafogo saísse com a vitória de Curitiba. Na Arena da Baixada, o Atlético-PR voltou a apresentar a alta intensidade ofensiva, defensiva e nas transições e, assim, equilibrando-se nas três ações do jogo. Com a constante movimentação ofensiva, com Marcos Guilherme e Bady com maior disciplina tática defensiva e com os já conhecidos contra-ataques velozes do Furacão, os dois gols de vantagem no placar representaram a superioridade rubro-negra na partida.

Sem o retorno defensivo de Edilson, pois Natanael não estava participando do ataque do Atlético-PR; Marcos Guilherme aproveitou do espaço cedido pelo winger da direita do Botafogo. O camisa 10 recebeu várias bolas se projetando da esquerda para o centro, assim como mostra o flagrante acima (Reprodução: Rede Globo).

Sem a participação constante de Marcelo no sistema defensivo, Marcos Guilherme e Bady passaram a ter que voltar frequentemente. Para fechar corretamente o setor, Deivid, João Paulo, Marcos Guilherme e Bady, constantemente e em situação transicional, se posicionavam em losango, conforme o flagrante acima (Reprodução: Rede Globo).

Flagrante do meio-de-campo do Atlético-PR posicionado no 2-3 (Reprodução: Rede Globo).

De pouco adiantou o Botafogo se defender organizadamente e constantemente em duas linhas de 4, pois taticamente e tecnicamente o Atlético-PR foi melhor. As três substituições de Vagner Mancini fizeram o seu time alterar o esquema tático –do 4-2-3-1 para o 4-4-2- e algumas funções ofensivas –Daniel acrescentou maior movimentação em campo ofensivo e Zeballos trocava com Sheik o posicionamento de referência no ataque. Entretanto, as de Doriva colaboraram para definição do placar. As entradas de Otávio e Douglas Coutinho fizeram o Atlético-PR alterar para o 4-3-3, a ter uma menor compactação e um contra-ataque mais veloz.

As duas linhas de 4 do Botafogo foram constantemente realizadas (Reprodução: Rede Globo).

Com as entradas de Otávio e Douglas Coutinho, o Furacão passou a se defender no 4-1-4-1, a ter um contra-ataque ainda veloz e a ter uma compactação ainda menor em campo –assim como mostra o flagrate acima. Aspectos essenciais para a realização do segundo gol no jogo (Reprodução: Rede Globo).

Fim de partida: Atlético-PR no 4-3-3 e Botafogo no 4-4-2.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)