quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A vitória agônica de um Bayern cada vez mais distante do tiki taka

"Apanhando é que se aprende", disse certa vez um daqueles poeta de almanaque. Com a derrota massacrante na semifinal  contra o Real Madrid, Pep Guardiola se viu em meio a um novo desafio que o levou a repaginar seus paradigmas. O Bayern versão 2014/15 parece querer se afastar um pouco do tiki taka, da possessão sem cessar, provando novas sensações e variações de esquema. Frente ao City,  Pep posicionou o campeão alemão em um audaz 3-1-4-2. Benatia e Alaba eram os stoppers, abrindo o campo e deixando Boateng na sobra, como líbero. 

Xabi Alonso chega a Alemanha para cumprir um dos labores primordiais para os times de Guardiola: a saída de bola. Manuel "El ingeniero" Pellegrini demorou em definir um marcador para o ex-Real Madrid, porém, distante da linha de armadores, Alonso teve que insistir demais em bolas longas. O City, humildemente postado no 4-4-1-1, quase saiu em desvantagem logo de entrada após uma triangulação sagaz entre Götze, Lewandowski e Thomas Müller, que terminou com Hart batido, porém salvo por um escorregão de Müller.

A chance inicial nos trazia a falsa impressão que veríamos a um Bayern com um volume de jogo arrasador. Ledo engano. O campeão inglês marcava e marcava com uma humildade louvável de um time repleto de figuras. Os bávaros, com as linhas desconectas e jogadores fora de suas posições naturais, demonstravam incomodo.O City fechava-se com duas linhas de 4 compactas nos últimos 40 metros. Nasri e Navas se limitavam a fechar os avanços dos alas Rafinha e Bernat, ao passo que Yaya Toure e Fernandinho duelavam contra Lahm e Götze. O primeiro tempo terminava com apenas 54% de posse para os Bayern; bem abaixo para os padrões Guardiola. Nos arremates foram 7 dos alemães contra 6 do City.

Nos minutos finais da primeira etapa Guardiola refugou com seu novo esquema. Mostrando toda sua insatisfação, o catalão precisou reposicionar o Bayern no 4-1-4-1 - o mesmo da anterior temporada. Rafinha e Bernat recuavam para as laterais, deixando Alaba no meio de campo.  E foi assim que o Bayern retomou o controle do meio, adiantando-se no campo inglês com Müller e Götze pelos flancos contra Sagna e Clichy. Sentindo a singela melhora do Bayern, Pellegrini adiantou Yaya Toure. Cansado e sem ritmo de jogo, o marfinense passou a marcar Xabi Alonso, na posição de enlace. Milner entraria para formar a dupla de volantes ao lado de Fernandinho. Foram os melhores momentos dos alemães, que aumentavam a porcentagem de posse de bola e o avanço territorial, originando arremates que consagrariam o arqueiro Hart.

Sem conseguir a vantagem no placar, Guardiola apelou para o abafa. Com Robben pela ponta esquerda, além de Pizarro - que foi formar a dupla de centroavante ao lado de Lewandowski - o Bayern começou a alçar bolas na área e a tentar arremates de media distancia. Pellegrini colocou Agüero no lugar de Dzeko e Kolarov como extremo esquerdo. Eis que, na última jogada, de um rebote sem igual, Boateng  conseguiu acertar um belo chute, sem defesa para Hart. Outro verdadeiro infortúnio de um City que sofre nos grandes jogos, no sorteio e nos minutos finais. O Bayern segue devendo, com um Guardiola cada vez mais inquieto e pouco tradicional.

Por Felipe Bigliazzi Dominguez(@FelipeBigliazzi)