segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Colorado retoma o 3º posto: Aspectos táticos em Internacional 2x0 Botafogo

Internacional e Botafogo no 4-2-3-1.

O Internacional de Abel Braga veio para esta partida exibindo principalmente o desenho tático 4-2-3-1, que ocasionalmente se tornava 4-1-4-1 com os avanços de Aranguiz. O estilo de jogo principal baseava-se na posse e circulação da bola, onde nas ações ofensivas buscavam enfaticamente o lado direito. Defensivamente, se organizavam em bloco médio-alto, compactação média, com marcação zonal, e pressão eventual dos atletas mais avançados à saída de bola adversária.

Vagner Mancini veio com o habitual 4-2-3-1, explicitamente contragolpista e à espera de oportunidades de transições rápidas, especialmente a partir de bolas longas escoradas para os flancos. Em termos defensivos, os alvinegros se organizavam em bloco médio-baixo, com boa compactação, linhas próximas marcando com encaixes curtos por setor e negando espaços pelos flancos.

Na proposta do Colorado na primeira etapa, ambos os laterais projetavam-se ao ataque, sendo Diogo, porém, o mais acionado. D’Alessandro fazia majoritariamente o lado direito, porém em momentos centralizava, invertendo posições com Alex, ou ainda, cedendo espaço para os avanços de Diogo ou Aranguiz pelo flanco direito. Este último se comportava como um meia box-to-box, e sua dinâmica posicional foi fundamental para que a circulação de bola no campo adversário fluísse bem. Os atributos de passe e finalização de D’Alessandro foram bem explorados, visto que a maior parte das jogadas iniciavam-se pelo lado direito. A entrada precoce de Eduardo Sasha no lugar de Jorge Henrique não mudou o panorama tático da equipe gaúcha, que dominava a partida. Houve fragilidade na marcação pelo esquerdo da defesa, que tinha como responsáveis diretos Alan Ruschel e Ernando, que em diversos momentos permitiram as investidas de Rogério, assim como passes em diagonal para Zeballos ou Wallyson, que tiveram grandes oportunidades de marcar.

Pelo lado alvinegro, as bolas longas de Jefferson eram o escape contra a pressão exercida na saída, assim como à incapacidade dos defensores e volantes para acertar seus passes. A bola longa do goleiro botafoguense geralmente tinha Zeballos como alvo. Este, procurava escorar a bola para Rogério, que se aproveitava de sua velocidade e passe para gerar oportunidades de gol. Os wingers  Wallyson e Rogério foram atuantes e dedicados na marcação, e além de acompanhar os laterais adversários, contribuíram na dinâmica das linhas defensivas. Em certos momentos não realizavam a basculação defensiva de forma efetiva, e isso ocasionava espaços pelo centro, muito bem utilizados pelo adversário. Os erros no balanço, aliados a passividade da dupla de volantes permitiram diversas oportunidades de longa e média distância, e dessa forma o Inter abriu o placar com Alex.


O mapa de calor do Inter (à esquerda) no primeiro tempo demonstra a ênfase pela construção de jogadas a partir do lado direito, por onde apareciam principalmente D'Alessandro, Aranguiz e Diogo. O Botafogo, por sua vez, dependia de Rogério, que partia da direita, avançando pela ponta ou buscando o passe em diagonal para a zona central (Reprodução: Footstats).

No segundo tempo, evidenciou-se mais ainda o domínio colorado, em termos técnicos e táticos, um alento para os torcedores que há tempos não viam uma partida de qualidade. Alan Ruschel passou a ser mais presente nas ações ofensivas, Aranguiz subiu de produção, e a circulação da bola no campo ofensivo, paciente, porém letal, foi o ponto forte da partida. A má atuação de Wellington Paulista, ausente na maioria das investidas ofensivas da equipe, foi um dos poucos pontos negativos. Na bola parada o Inter aumentou a vantagem, o que deu tranquilidade para a sequência da partida.

Mancini imediatamente sacou Souto e trouxe Ferreyra ao jogo, mudando o desenho tático para o 4-4-2. Daí por diante, as investidas ofensivas do Botafogo se resumiram a bolas alçadas à área, por meio de cruzamentos e bolas paradas, o que se mostrou pouco efetivo. O Internacional manteve a partir daí um amplo controle sobre o ritmo da partida, assegurando uma importante vitória.

Por Felipe de Faria