segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Em um dos melhores jogos do Brasileirão 2014 até agora, São Paulo vence por ter aproveitado melhor os pontos fracos da equipe cruzeirense

De certo foi um dos melhores jogos que essa edição do Brasileirão de 2014 teve até agora, senão o melhor, principalmente analisando pelo aspecto tático, fermentado pela festa da torcida do Tricolor Paulista no Morumbi lotado.

A chamada “final antecipada” teve ambas as equipes posicionadas nos módulos que já vem sendo costumeiros no decorrer dessa temporada, os comandados de Muricy Ramalho postados no 4-4-1-1 que ora variava para 4-2-3-1, quando um dos atacantes, geralmente, nesse jogo, Alan Kardec recuava para reter a bola para as ultrapassagens dos jogadores de trás, e deixava Pato mais a frente, ora para recuar, ora puxar o contragolpe, e, principalmente, forças as jogadas no lado direito do Cruzeiro, que, sem a colaboração de Éverton Ribeiro sem a bola, ficava muitas vezes desprotegido, ou no 4-4-2 que se formava quando os dois atacantes se alinhavam, e marcava ora em bloco alto, fechando as linhas de passe cruzeirenses para retomar rapidamente a posse de bola, ora em bloco médio-baixo, recuando as suas linhas de forma compacta conforme o adversário ocupava o campo de ataque, pressão no homem da bola, com superioridade de 3 a 4 jogadores no setor em que ela era trabalhada também foi bem-vista no Tricolor Paulista nessa partida.

Já o Cruzeiro venho no seu natural 4-2-3-1, com intensa movimentação dos meias, que não obtinham espaço por conta da ótima marcação são-paulina. E como nos jogos em que tem dificuldade, Cruzeiro praticou a jogada que os adversários sabem que vai acontecer mas não sabem como marcar: Éverton Ribeiro carregando a bola pro meio, e Mayke aproveitando o espaço criado para efetuar o cruzamento para Marcelo Moreno e Ricardo Goulart. Mas, Muricy foi mais esperto: colocou Pato para jogar nas costas de Mayke, tirando Dedé no miolo de zaga, pois ele fazia a cobertura de Mayke, e deixou só Léo na frente da área, deixando muitos espaços.

Tricolor Paulista postado no 4-4-2 britânico, com Kaká e Ganso trabalhando sem a bola pelos lados com intensidade e disciplina tática. (Reprodução: PFC/SporTV)


Flagrante da pressão do homem portador da bola por parte da equipe mandante, percebe-se quatro jogadores pressionando o jogador cruzeirense, gerando uma superioridade 4x1. (Reprodução: PFC/SporTV)



Flagrante tático do São Paulo pressionando a saída de bola cruzeirense, fechando as linhas de passe marcando em bloco alto, forçando assim o Cruzeiro a dar o famoso chutão, na sequência do lance, o São Paulo retomou a posse de bola. Mas não foi apenas o Tricolor Paulista que executou essa dinâmica, por muitas vezes, o Cruzeiro também executou essa pressão que gerou erros na saída de jogo Tricolor, como no lance em que Ricardo Goulart quase encobriu Rogério Ceni. (Reprodução: PFC/SporTV)



Kardec recuava muitas vezes para abrir espaços para Pato se movimentar, formando também um 4-2-3-1. (Reprodução: PFC/SporTV)




Como Everton Ribeiro e Alisson não voltavam para fechar pelos lados, para guardar o posicionamento para puxar o contragolpe em velocidade, muitos espaços eram deixados na retaguarda cruzeirense. (Reprodução: PFC/SporTV)




São Paulo compactado com duas linhas, enquanto Kaká fecha o lado em que a bola está trabalhada, Ganso centraliza no lado oposto, enquanto que o Tricolor Paulista também fazia o balanço defensivo com eficiência, para gerar superioridade numérica nos setores do campo. Neste caso, no flagrante, o camisa 10 tricolor, dono do “skill” mais lindo do BR-2014, está volt ando para recompor conforme o plano de jogo Tricolor. (Reprodução: PFC/SporTV)



Cruzeiro postado em seu costumeiro 4-2-3-1 (Reprodução: PFC/SporTV)


O Cruzeiro seguiu propondo o jogo, com muita velocidade na transição, trabalhando a bola no ataque, mas sem concluir a jogada com eficiência, isso também por causa da compactação do São Paulo que negou espaços ao Cruzeiro.


No segundo tempo, a estratégia obvia para o Tricolor Paulista foi se compactar e contra-atacar, embora os meias tenham se soltado mais para se movimentar, trocar de posição e abrir espaços, atraindo e confundindo a marcação, ainda mais com Kardec se movimentando   para abrir espaços na frente para Pato infiltrar, Kaká se aproximar e Ganso servir como gosta.


Marcelo Oliveira recuou Everton Ribeiro para armar de trás, espetou Alisson e Dagoberto, e com Goulart, e posteriormente, Baptista, pelo centro, se posicionando demais dentro da área para buscar a usual bola aérea. O Cruzeiro chegou a ter domínio territorial, mas não soube concluir.


O Cruzeiro segue sendo um dos melhores times do campeonato, mas precisa repensar os seus meios de jogo. Precisa ver o custo-benefício de não recompor seus meias preparando-se para o contra-ataque. Já o São Paulo deve ser aplaudido de pé, e Muricy Ramalho também, pelo futebol moderno apresentado até agora.




Por Diogo R. Martins (@diogorm013)
e Otávio Martins