quarta-feira, 24 de setembro de 2014

No derbi Gallego, Celta vence o La Coruña e se postula a brigar por uma vaga nas Copas Europeias

Em Coruña ou Lugo, em Ourense ou Pontevedra - as quatro províncias que formam a região da Galícia - a ansiedade pela grande peleja se fazia valer. O derbi gallego voltava a ser disputado após 18 longos meses de hiato. O confronto dava a possibilidade do Celta se estabelecer com uma das formas emergentes do futebol espanhol. O rebaixamento do Deportivo La Coruña fez do Celta de Vigo o único representante da emblemática região do noroeste na elite do futebol espanhol.

Ao cabo desses tempos remotos, o Celta renasceu sob o comando de Luis Enrique. O atual treinador do Barcelona chegou impondo a filosofia de jogo orquestrada nos confins de La Masia. No 4-3-3 e com alguns jovens pouco aproveitados no plantel blaugrana - Rafinha, Fontás e Planas - o conjunto de Vigo se manteve sólido em seu retorno a primeira divisão. Ao ritmo do tiki taka, o conjunto celeste logrou situar-se na zona média de La Liga.

Com a saída de Luis Enrique, a direção do Celta escolheu Eduardo "Toto" Berizzo como seu novo diretor técnico. Zagueiro classudo, multi campeão com o River Plate de Ramon Diaz, o argentino foi também ídolo em Vigo no começo da década passada. Para colmo, iniciou sua carreira como treinador de forma promissora do outro lado dos Andes. Cria do Newell's Old Boys - onde foi bicampeão nacional e vice da Libertadores em 1992 sob o comando de Marcelo Bielsa - Toto Berizzo não esconde sua admiração por el Loco, de quem foi ajudante de campo nos tempos de seleção chilena. Permanecendo em terras mapuches, Berizzo comandou o modesto O'Higgins de Rancanguá ao título nacional de 2013. Entusiasta do 4-3-3, Berizzo prima pelo legado bielsista: pressão em campo rival, verticalidade atroz e protagonismo.

O começo do Celta nessa temporada tem sido alentador. O time de Vigo vislumbrava o derbi com confiança, potencializado com o empate por 2 a 2 diante dos atuais campeões, em pleno Vicente Calderón. Do outro lado da Galícia, el Depor chegava ao estádio Balaídos destroçado após a acachapante derrota por 8 a 2 frente ao Real Madrid no Riazor.

Empurrado por 31.000 almas, o Celta se impôs com autoridade, pressão alta e desequilibrio pelos flancos. O gol, logo aos 4 minuts, surgiu de uma cobrança lateral, no qual o centroavante argentino Joaquin Larrivey se antecipou  de cabeça, deixando a frágil defesa visitante desarrumada e à mercê de Nolito; o atacante espanhou chamou Sidnei para dançar antes tocar el balón no canto direito de German Lux: 1 a 0 Celta.

O primeiro tempo foi todo celtista, que tomava conta  do meio de campo com as marcações individuais bem tomadas. O volante sérvio Radoja, ficava à frente da zaga marcando o argentino Luis Fariña, ao passo que  os meias Kron Dehli e Alex Lopez, subiam ao ataque duelando contra Bergantiños e Medunjanin.No 4-4-1-1 armado por Victor Fernandez, o Deportivo se defendia com Isaac Cuenca e Juanfran presos contra a projeção de Mallo e Planas. Assim, Helder Postiga ficava isolado, como um Robinson Crusoué lusitano, à deriva contra Fontás e Gustavo Cabral.

Apesar do domínio territorial e com uma posse de bola que chegou aos 65 % na primeira etapa, o Celta criava poucas ocasiões claras. A única peça desequilibrante era Nolito, que aberto pela ponta esquerda barbarizava o capitão Laure. No segundo tempo, Victor Fernandez adiantou as linhas do Deportivo La Coruña em busca do empate. O 4-4-1-1 inicial se convertia em um 4-2-3-1, com Juanfran e Isaac Cuenca, seus ponteiros, alinhados a Fariña. Contudo, o gol de empate viria de um contra ataque mortal, armado por JuanFran e finalizado pelo ex-Barça, Isaac Cuenca,

O Celta ainda voltaria a retomar as rédeas do cotejo com o ingresso do argentino Augusto Fernandez, que ao lado do dinamarquês Krohn Dehli, ditava o ritmo do meio de campo. Cansado, o ponteiro Nolito daria lugar a Johnny Castro. Coube ao chileno Fabian Orellana aportar o ímpeto pelos lados do campo sob a custodia do portugûes Luisinho. Graças a pressão e o faro de gol de Larrivey, o Celta obteve a vantagem no placar aos 27 do segundo tempo com um tento oriundo de um escanteio.

Cansado com a pressão contínua em campo rival, o Celta perdeu terreno e teve que recuar para segurar a vitória contra o maior rival que não vinha desde 2007. O Depor foi com tudo em busca do empate. Victor Fernandez colocaria o ponteiro esquerdo José Rodriguez e o centroavante Toché. No abafa, o La Coruña conseguiu um pênalti aos 43 minutos do segundo tempo, após uma escapada do zagueiro brasileiro Sidnei que originou um polêmico toque no braço de Gustavo Cabral. Foi então que apareceu a figura do arqueiro Sergio Alvarez. Contestado durante muitos anos no Celta, o guardametas defendeu a cobrança do bósnio Medunjanin, desatando a loucura em Baláidos. Vitória do Celta. Mais do que os três pontos, o Celta demonstra predicados que o levam a sonhar com uma vaga nas Copas Europeias da próxima temporada.

*Por Felipe Bigliazzi Dominguez(@FelipeBigliazzi)