Botafogo e Santos no mesmo 4-2-3-1, porém com execuções bem distintas. |
O treinador Vagner Mancini veio para esta partida em um 4-2-3-1, propondo o jogo e buscando a velocidade pelos flancos, com Rogério e Wallyson. Sheik era o atacante central, que não se comportava como um centroavante fixo, sendo importante na dinâmica do ataque, movimentando-se principalmente com aberturas pelo lado esquerdo, ocasionalmente invertendo posições com Wallyson. Gabriel, normalmente privado de realizar incursões ao ataque, dessa vez teve liberdade para avançar, e obteve relativo sucesso dessa forma. No aspecto defensivo, a equipe se postava em bloco médio e marcava de forma zonal, realizando perseguições curtas dentro do setor. O espaçamento entre os setores foi um fator negativo da equipe, que sofreu bastante para evitar oportunidades de gol após passes entre linhas.
A equipe santista de Enderson Moreira trouxe novidades ao relvado na noite de ontem. Com um 4-2-3-1 que ditava tendências contemporâneas, - ao menos no aspecto ofensivo - o Santos possuía Arouca realizando a função de deep-lying playmaker, ou seja, um armador recuado, que iniciava jogadas a partir da linha de volantes, suprindo os jogadores de frente com passes qualificados. Ambos os extremos se aproximavam da área, fazendo bem a diagonal em direção ao gol, porém a estrela da companhia Robinho, fazia mais. Como mostrado nos flagrantes abaixo, Enderson procurou fazer com que o jogador mais técnico da equipe realizasse também uma nova função como meia-atacante, na qual centralizava, e ao receber a pelota partia de forma incisiva, para mais a frente realizar triangulações com Geuvânio ou Damião, na busca de criar oportunidades de gol para si e para seus companheiros. Enquanto isso, o espaço deixado por Robinho na esquerda era aproveitado por Mena ou Lucas Lima, que pelo corredor realizavam incursões. Defensivamente, a equipe posicionava-se em bloco médio, possuía marcação zonal com encaixes curtos no setor, além de realizar pressão a saída de bola do Botafogo, por onde obteve muito sucesso. Houve problemas na marcação pelos lados, que foram explorados pelo adversário nessa partida.
O 4-2-3-1 santista (Reprodução: ESPN). |
Como já foi dito, o alvinegro carioca iniciou a partida propondo as ações ofensivas, mantendo mais a posse e buscando agredir o adversário, porém quem primeiro balançou as redes foi o Santos com Robinho, após um erro de Gabriel na saída, induzido pela pressão dos atacantes santistas. O Botafogo continuou na mesma toada, e não demorou para que o mesmo Gabriel se redimisse, com um golaço, que exalta sua qualidade técnica, pouco aproveitada pelo Botafogo no cenário atual. O Santos manteve o equilíbrio e aos poucos conseguiu conter o ímpeto botafoguense e impor o seu domínio. O segundo tento não tardou a vir, e foi uma epítome do papel de Robinho nesta partida. Arouca serve Robinho, que veio à intermediária para buscar a bola. Robinho então conduz a bola com objetividade em direção ao meio, realizando passes primeiro a Damião, para receber mais a frente em seguida, depois a Geuvânio, que faz a parede antes de devolver para Robinho, que invade à área e finaliza. A nova função do jogador, aliada a boa movimentação dos atacantes foi fundamental para que essa jogada acontecesse, assim como outras que resultaram em lances de perigo. Geuvânio ainda ampliou em lance que mostra bem o espaçamento entre os setores por parte do Botafogo, que permitiram ao atleta santista avançar desde a intermediária até a entrada da área sem que alguém se aproximasse. Robinho também teve importância nesse gol, ao atrair a atenção dos defensores, que esperavam por um passe de Geuvânio, e ao invés de avançar para o combate, apenas recuaram e deram espaço para o avanço do jovem talento.
O Santos encaminhou bem a partida para a etapa derradeira, porém ainda teve de conviver com a pressão do aguerrido Botafogo, que não havia desistido do jogo. Mancini já havia perdido seus dois melhores atletas por lesão, e com apenas uma mudança por fazer, já não poderia realizar grandes mudanças táticas na equipe. Zeballos, que entrou no lugar de Emerson no primeiro tempo, diminuiu para o Glorioso em lance que constata o desenvolvimento do jogador Dankler, originalmente zagueiro, na posição de lateral. Dankler realizou bem a passagem pelas costas de Mena, e com um cruzamento a meia altura, assistiu o atacante paraguaio, que deu esperanças à equipe da casa. Alan Santos entrou na equipe santista em seguida para guarnecer o meio-campo com mais um atleta marcador, enquanto Patito dava a velocidade no ataque que a equipe precisaria. A pressão do Botafogo seguiu, e com isso, espaços para os contra-ataques foram criados, e dessa forma o Santos teve claras chances para ampliar, porém não o fez. A expulsão do destaque Robinho não abalou a equipe do litoral paulista, que manteve a calma e a atenção para segurar o bom resultado e a vantagem conquistada fora de casa.
Por Felipe de Faria