Depois
de dissecar as funções de cada posição, o sistema defensivo e o ofensivo da
dupla Atletiba, a Prancheta Tática irá abordar o que poderá acontecer
taticamente no maior clássico paranaense. Como os dois times irão se
influenciar, especialmente hoje, a abordagem será feita em somente um post. E
assim como nos temas anteriores, o Coritiba será o primeiro a ser abordado.
O
Coxa não muda a sua proposta de jogo em relação ao mando de campo e o
adversário. Marquinhos Santos sempre faz o seu time jogar no 4-3-3, procurando
o jogo pelos flancos e o posicionamento do falso 9 entre as linhas do
meio-de-campo e defensiva adversária. O posicionamento defensivo é sempre o
4-1-4-1 compactado em curto espaço e próximo ao meio do campo e a intermediária
defensiva (somente na última partida contra o Internacional, o Coritiba iniciou
no 4-2-3-1 e pressionando desde a saída de bola adversária). Já ofensivamente,
os laterais atacam alternadamente, os meias são opção de apoio e, em relação
aos três atacantes, enquanto um abre, os outros dois se infiltram na área para
tentar o cabeceio.
O
posicionamento defensivo, freqüentemente, inicia próximo do meio do campo e
termina na intermediária defensiva –assim como mostra o flagrante acima. Porém
em seu último jogo, Marquinhos Santos fez com que o seu time pressionasse desde
a saída de bola adversária e avançou as suas linhas (Reprodução: Bandeirantes).
Agora
em relação ao sistema ofensivo, somente um lateral participa do ataque (no caso
do flagrante anterior é Norberto), os meias ficam posicionados para o apoio e
como opção de retorno (no caso, aparece somente Rosinei) e os atacantes,
enquanto um abre (Joel), os demais se projetam para tentar o cabeceio na área
adversária (Zé Love e Alex) (Reprodução: Bandeirantes).
Já o Atlético-PR de
Claudinei Oliveira é que está variando de acordo com o adversário e do mando de
campo. Em partidas contra times da parte de cima da tabela e fora de Curitiba
(como foram os casos de Grêmio, Cruzeiro e Corinthians- este foi a única
exceção), o Furacão atuou no 4-4-2 em linha ou no 3-4-1-2 de forma reativa.
Agora contra equipes da parte de baixo da tabela (como foram os casos de
Palmeiras, Vitória, Internacional e Chapecoense-a exceção deste grupo),
Claudinei fez com que os seus comandados atuassem no 4-2-3-1 propondo o jogo.
Como o Coritiba é da parte de baixo da tabela do Brasileirão e o jogo vai ser
no Couto Pereira, qual Atlético-PR que vai atuar é uma boa questão. Deste modo,
este post irá abordar as suas situações.
Contra
o Palmeiras (time da parte de baixo da tabela) e na Arena da Baixada, o
Atlético-PR atuou no 4-2-3-1 propondo o jogo: compactação entre intermediárias,
pressionando a saída quando possível, procurando manter a posse da bola,
Marcelo e Nathan fazendo a amplitude do ataque e Dellatorre dando a
profundidade. A intenção era propor o jogo, mas havia o adversário impedindo
tal ação (Reprodução: Sportv/ PFC).
Já
contra o Cruzeiro (time da parte de cima da tabela) e fora de Curitiba, o
Furacão atuou no 3-4-1-2 de forma reativa: compactação atrás do meio do campo
até a intermediária defensiva, com setores próximos, não tendo como prioridade
a posse da bola e, por fim, com Marcos Guilherme, Marcelo e Douglas Coutinho
sempre preparados para puxar rapidamente o contra-ataque. Tamanha eficiência
defensiva que, até o gol da Raposa aos 26 do primeiro tempo, o Atlético-PR não
havia sofrido nenhum chute em sua meta (Reprodução: Sportv/ PFC).
Contra
o Coritiba, as duas propostas de jogo rubro-negras podem ser possíveis. A
primeira, por pressionar a saída de bola do Coxa e este sendo um time que só
transita ofensivamente através dos seus meias e do falso 9 na entrelinhas,
dependerá do posicionamento do meia aberto do lado que a bola coxa-branca
estiver saindo. Se, assim como no exemplo abaixo, o meia posicionar cobrindo o
lado na pressão desde a saída de bola adversária, o meio ficará exposto para
saída por um dos meias do Coritiba –isto é o que os comandados de Marquinhos
Santos procura. Com um dos meias indo para o espaço vazio, este terá a
perseguição do volante do Atlético-PR mais próximo e abrirá de vez o espaço
entrelinhas que Alex sempre procura.
Com o meia aberto
fechando o lado na pressão na saída de bola do Coritiba, o meio do campo acaba
sendo cedida para o Coxa. Desta forma, um dos meias alviverdes conseguirá sair
jogando e, bem provavelmente, conseguirá achar Alex na entrelinhas, pois um
volante sair na perseguição no espaço vazio. Situação que ocorreu de maneira
semelhante no jogo entre Coritiba x São Paulo.
Com
um dos volantes partindo no combate em cima de Robinho, Alex ficou posicionado
e livre para receber entre a linha do meio-de-campo e de defesa do São Paulo.
Situação esta que pode acontecer quando o time adversário pressiona o Coritiba
de maneira atabalhoada (Reprodução: Bandeirantes).
Já outra forma de
pressionar a saída de bola do Coritiba é fazendo com que o meia aberto
pressione fechando o meio. Desta forma, a única opção para o lateral do Coxa
será a frente e neste momento que poderá fazer a diferença na marcação pressão
rubro-negra. Com o meia dando o lado, um dos melhores posicionamentos para o
lateral daquele lado é avançar e ficar ao lado do atacante coxa-branca (fazendo
com que a linha defensiva marque em “L”). Deste modo e quando a bola sair dos
pés do lateral do Coritiba, o tempo de antecipar o passe se torna possível e a
recuperação da bola ainda mais rápida.
Com
o meia aberto “dando” o lado e a linha defensiva marcando em “L”, a marcação
pressão passa a se tornar uma opção válida –assim como mostra o flagrante acima
tendo em Mario Sério a formação em “L” da linha defensiva (Reprodução: Sportv/
PFC).
Agora
a segunda maneira possível do qual Claudinei poderá iniciar a sua equipe é aproximando
todos os setores do time e buscando o jogo reativo. A negação destes espaços já
no terço central do campo poderão ser fundamentais para evitar tomar muitas
finalizações na meta de Weverton. Ao estar posicionado organizadamente
posicionado entre intermediárias, o Atlético-PR tem grandes chances de
recuperar a bola quando ela retornar para um dos zagueiros. Quando este recuo
acontece, Marcos Guilherme partiria rapidamente da marcação de Helder e com
esta movimentação, todo o resto do time avançaria junto. Através desta
movimentação em conjunto, o camisa 10 rubro-negro poderá retirar o passe rápido
do zagueiro enquanto que os demais retirarão as outras linhas de passes e
continuarão a não dar o espaço entrelinhas para Alex.
Com
o posicionamento defensivo inicial no 4-4-1-1 ou 4-4-2 e atuando de forma
reativa, esta movimentação de avanço de pressão rápida do meia somada com o
avanço em conjunto da equipe aumentam as chances de recuperar a bola do
adversário, mesmo sem pressionar constantemente a saída de bola
adversária. Como o Coritiba só realiza a
transição defesa-ataque através dos meias e o falso 9, pressionar os zagueiros
de maneira sorrateira poderá ser uma boa opção.
Quando
o Coxa conseguir chegar no seu terço ofensivo, a vantagem penderá para o lado
coxa-branca da partida. Seja no 4-2-3-1 ou no 4-4-2, o Atlético-PR terá ou
Marcelo ou Douglas Coutinho marcando um dos lados da equipe. Como estes dois
jogadores marcam mal o setor e também não balançam corretamente defensivamente
para o lado da bola, o Coritiba terá grandes chances de realizar as suas
tradicionais jogadas laterais e inverter o lado da jogada através de passes
curtos.
Marcelo
e Douglas Coutinho marcam mal os seus setores, pois acompanham o lateral
adversário mais próximo. Deste modo e assim como mostra o flagrante acima,
quando o time adversário consegue trocar o lado do ataque no campo ofensivo,
freqüentemente, esta equipe consegue lançar o lateral oposto em projeção e sem
marcação de um destes dois jogadores do Atlético-PR. No caso do flagrante
anterior, o Sport conseguiu achar Renê, após ter sido iniciada pela direita, e
tocou para o mesmo em projeção e sem chances de Marcelo marcá-lo (Reprodução:
Sportv/ PFC).
Já
no caso deste flagrante, enquanto a bola ia para o lado esquerdo do
Atlético-PR, Douglas Coutinho permaneceu marcando André Santos –no caso deste
jogo, este jogador do Flamengo era o ala da equipe carioca. Com a permanência
no lado direito, Douglas Coutinho deixou de balançar defensivamente para o lado
da bola e abriu o espaço entre ele o volante do Furacão mais próximo
(Reprodução: Sportv/ PFC).
Enquanto
que Marcelo e Douglas Coutinho marcam mal os seus setores, o Coritiba realiza
muito bem as suas jogadas ofensivas pelos lados. E ainda quando elas não dão certo,
como é o caso do flagrante acima, os dois meias são opções de retorno longe da
linha do meio-de-campo adversária e potencialmente formam opção de virada de
jogo através de passes curtos, como será o caso evidenciado adiante
(Reprodução: Bandeirantes).
Como
Douglas Coutinho e Marcelo só marcam o lateral adversário mais próximo, após o
Coritiba tocar para o meia do lado oposto do início da jogada ofensiva, a
possibilidade de achar o lateral oposto em projeção é enorme. Este tipo de
jogada poderá ser utilizada freqüentemente pelo Coxa e, assim, resultar em um
cruzamento para até os três atacantes ao mesmo tempo em projeção à área de
Weverton.
Agora
para o sistema ofensivo do Atlético-PR furar o defensivo do Coritiba, duas
opções sem sair do que este time apresenta são válidas. A primeira é sair
através do lançamento inteligente de Weverton para a região da marcação de
Helder. Já que lançamento da bola nesta região, este volante do Coxa não saberá
se continuará a marcar o meia do Furacão –Marcos Guilherme- ou o recuo do
centroavante que apareceu ali –Cléo. Como este atacante rubro-negro é bem maior
do que Helder, Cléo poderá resvalar a bola nos vão dos quatro defensores do
Coritiba e na projeção de Marcelo, Marcos Guilherme e Douglas Coutinho.
Com
Weverton lançando a bola em direção de Cléo e este posicionado na região onde
Helder marcaria Marcos Guilherme, qualquer resvalada em direção de Marcelo,
Marcos Guilherme e Douglas Coutinho nos vãos dos quatro defensores do Coritiba
poderá gerar perigo ao gol de Vanderlei.
Já outra opção de furar o sistema defensivo coxa-branca é através da
virada de jogo com bola longa. Uma vez que quem marca os laterais adversários
são os atacantes dos lados do Coxa, Alex não tem função defensiva e de que os
volantes do Atlético-PR sobem ao ataque sem sequer dar opção de passe para o
portador da bola da sua equipe, o retorno até Cleberson poderá propiciar a
virada de jogo rubro-negra. Já que este zagueiro, quando jogava na direita do
centro da defesa, normalmente virava o jogo diversas vezes corretamente em uma
só partida.
Assim
como foi mostrado no post sobre o sistema defensivo do Coritiba, os atacantes
dos lados desta equipe marcam individualmente os laterais adversários. Deste
modo, se um destes laterais não avançar, o atacante do Coxa continuará não
fazendo parte do sistema defensivo coxa-branca (Reprodução: Sportv/ PFC).
Como
em ação defensiva, o Coritiba marca com a linha defensiva e a do meio-de-campo
bem próximas, o retorno de bola até o zagueiro mais próximo é conveniente, pois
Alex sequer irá atrapalhá-lo. Com isto, este zagueiro poderá virar o jogo para
o meia aberto do lado oposto do início da jogada –assim como mostra a imagem
acima. Entretanto, esta jogada só poderá ser possível se Cleberson e Willian
Rocha serem os titulares da defesa rubro-negra. Pois Gustavo ainda não
apresentou habilidade no lançamento e Cleberson –assim como foi dito
anteriormente- e Willian Rocha –por ser também lateral- apresentam esta
habilidade de virada de jogo longa.
No
flagrante acima, a demonstração da falta opção de passe curto mesmo com o
avanço do volante do lado da jogada. No caso do jogo contra o Palmeiras, João
Paulo era o volante mais próximo que sequer era opção de passe para Natanael
tocar, já que o camisa 8 atleticano já estava marcado por um jogador do time
paulista (Reprodução: Sportv/ PFC).
Por
fim, é isto. Com este post, chega-se ao fim a série do “Especial Atletiba do 2°
turno do Brasileirão de 2014”. A Prancheta Tática deseja um ótimo clássico no
sábado e torce para que não ocorra tantos incidentes na capital paranaense.
Por Caio Gondo