quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Especial Atletiba: Prévia tática da partida

Depois de dissecar as funções de cada posição, o sistema defensivo e o ofensivo da dupla Atletiba, a Prancheta Tática irá abordar o que poderá acontecer taticamente no maior clássico paranaense. Como os dois times irão se influenciar, especialmente hoje, a abordagem será feita em somente um post. E assim como nos temas anteriores, o Coritiba será o primeiro a ser abordado.

O Coxa não muda a sua proposta de jogo em relação ao mando de campo e o adversário. Marquinhos Santos sempre faz o seu time jogar no 4-3-3, procurando o jogo pelos flancos e o posicionamento do falso 9 entre as linhas do meio-de-campo e defensiva adversária. O posicionamento defensivo é sempre o 4-1-4-1 compactado em curto espaço e próximo ao meio do campo e a intermediária defensiva (somente na última partida contra o Internacional, o Coritiba iniciou no 4-2-3-1 e pressionando desde a saída de bola adversária). Já ofensivamente, os laterais atacam alternadamente, os meias são opção de apoio e, em relação aos três atacantes, enquanto um abre, os outros dois se infiltram na área para tentar o cabeceio.

O posicionamento defensivo, freqüentemente, inicia próximo do meio do campo e termina na intermediária defensiva –assim como mostra o flagrante acima. Porém em seu último jogo, Marquinhos Santos fez com que o seu time pressionasse desde a saída de bola adversária e avançou as suas linhas (Reprodução: Bandeirantes).

Agora em relação ao sistema ofensivo, somente um lateral participa do ataque (no caso do flagrante anterior é Norberto), os meias ficam posicionados para o apoio e como opção de retorno (no caso, aparece somente Rosinei) e os atacantes, enquanto um abre (Joel), os demais se projetam para tentar o cabeceio na área adversária (Zé Love e Alex) (Reprodução: Bandeirantes).

Já o Atlético-PR de Claudinei Oliveira é que está variando de acordo com o adversário e do mando de campo. Em partidas contra times da parte de cima da tabela e fora de Curitiba (como foram os casos de Grêmio, Cruzeiro e Corinthians- este foi a única exceção), o Furacão atuou no 4-4-2 em linha ou no 3-4-1-2 de forma reativa. Agora contra equipes da parte de baixo da tabela (como foram os casos de Palmeiras, Vitória, Internacional e Chapecoense-a exceção deste grupo), Claudinei fez com que os seus comandados atuassem no 4-2-3-1 propondo o jogo. Como o Coritiba é da parte de baixo da tabela do Brasileirão e o jogo vai ser no Couto Pereira, qual Atlético-PR que vai atuar é uma boa questão. Deste modo, este post irá abordar as suas situações.

Contra o Palmeiras (time da parte de baixo da tabela) e na Arena da Baixada, o Atlético-PR atuou no 4-2-3-1 propondo o jogo: compactação entre intermediárias, pressionando a saída quando possível, procurando manter a posse da bola, Marcelo e Nathan fazendo a amplitude do ataque e Dellatorre dando a profundidade. A intenção era propor o jogo, mas havia o adversário impedindo tal ação (Reprodução: Sportv/ PFC).

Já contra o Cruzeiro (time da parte de cima da tabela) e fora de Curitiba, o Furacão atuou no 3-4-1-2 de forma reativa: compactação atrás do meio do campo até a intermediária defensiva, com setores próximos, não tendo como prioridade a posse da bola e, por fim, com Marcos Guilherme, Marcelo e Douglas Coutinho sempre preparados para puxar rapidamente o contra-ataque. Tamanha eficiência defensiva que, até o gol da Raposa aos 26 do primeiro tempo, o Atlético-PR não havia sofrido nenhum chute em sua meta (Reprodução: Sportv/ PFC).

Contra o Coritiba, as duas propostas de jogo rubro-negras podem ser possíveis. A primeira, por pressionar a saída de bola do Coxa e este sendo um time que só transita ofensivamente através dos seus meias e do falso 9 na entrelinhas, dependerá do posicionamento do meia aberto do lado que a bola coxa-branca estiver saindo. Se, assim como no exemplo abaixo, o meia posicionar cobrindo o lado na pressão desde a saída de bola adversária, o meio ficará exposto para saída por um dos meias do Coritiba –isto é o que os comandados de Marquinhos Santos procura. Com um dos meias indo para o espaço vazio, este terá a perseguição do volante do Atlético-PR mais próximo e abrirá de vez o espaço entrelinhas que Alex sempre procura.

Com o meia aberto fechando o lado na pressão na saída de bola do Coritiba, o meio do campo acaba sendo cedida para o Coxa. Desta forma, um dos meias alviverdes conseguirá sair jogando e, bem provavelmente, conseguirá achar Alex na entrelinhas, pois um volante sair na perseguição no espaço vazio. Situação que ocorreu de maneira semelhante no jogo entre Coritiba x São Paulo.

Com um dos volantes partindo no combate em cima de Robinho, Alex ficou posicionado e livre para receber entre a linha do meio-de-campo e de defesa do São Paulo. Situação esta que pode acontecer quando o time adversário pressiona o Coritiba de maneira atabalhoada (Reprodução: Bandeirantes).

Já outra forma de pressionar a saída de bola do Coritiba é fazendo com que o meia aberto pressione fechando o meio. Desta forma, a única opção para o lateral do Coxa será a frente e neste momento que poderá fazer a diferença na marcação pressão rubro-negra. Com o meia dando o lado, um dos melhores posicionamentos para o lateral daquele lado é avançar e ficar ao lado do atacante coxa-branca (fazendo com que a linha defensiva marque em “L”). Deste modo e quando a bola sair dos pés do lateral do Coritiba, o tempo de antecipar o passe se torna possível e a recuperação da bola ainda mais rápida.

Com o meia aberto “dando” o lado e a linha defensiva marcando em “L”, a marcação pressão passa a se tornar uma opção válida –assim como mostra o flagrante acima tendo em Mario Sério a formação em “L” da linha defensiva (Reprodução: Sportv/ PFC).

Agora a segunda maneira possível do qual Claudinei poderá iniciar a sua equipe é aproximando todos os setores do time e buscando o jogo reativo. A negação destes espaços já no terço central do campo poderão ser fundamentais para evitar tomar muitas finalizações na meta de Weverton. Ao estar posicionado organizadamente posicionado entre intermediárias, o Atlético-PR tem grandes chances de recuperar a bola quando ela retornar para um dos zagueiros. Quando este recuo acontece, Marcos Guilherme partiria rapidamente da marcação de Helder e com esta movimentação, todo o resto do time avançaria junto. Através desta movimentação em conjunto, o camisa 10 rubro-negro poderá retirar o passe rápido do zagueiro enquanto que os demais retirarão as outras linhas de passes e continuarão a não dar o espaço entrelinhas para Alex. 

Com o posicionamento defensivo inicial no 4-4-1-1 ou 4-4-2 e atuando de forma reativa, esta movimentação de avanço de pressão rápida do meia somada com o avanço em conjunto da equipe aumentam as chances de recuperar a bola do adversário, mesmo sem pressionar constantemente a saída de bola adversária.  Como o Coritiba só realiza a transição defesa-ataque através dos meias e o falso 9, pressionar os zagueiros de maneira sorrateira poderá ser uma boa opção.

Quando o Coxa conseguir chegar no seu terço ofensivo, a vantagem penderá para o lado coxa-branca da partida. Seja no 4-2-3-1 ou no 4-4-2, o Atlético-PR terá ou Marcelo ou Douglas Coutinho marcando um dos lados da equipe. Como estes dois jogadores marcam mal o setor e também não balançam corretamente defensivamente para o lado da bola, o Coritiba terá grandes chances de realizar as suas tradicionais jogadas laterais e inverter o lado da jogada através de passes curtos.

Marcelo e Douglas Coutinho marcam mal os seus setores, pois acompanham o lateral adversário mais próximo. Deste modo e assim como mostra o flagrante acima, quando o time adversário consegue trocar o lado do ataque no campo ofensivo, freqüentemente, esta equipe consegue lançar o lateral oposto em projeção e sem marcação de um destes dois jogadores do Atlético-PR. No caso do flagrante anterior, o Sport conseguiu achar Renê, após ter sido iniciada pela direita, e tocou para o mesmo em projeção e sem chances de Marcelo marcá-lo (Reprodução: Sportv/ PFC).

Já no caso deste flagrante, enquanto a bola ia para o lado esquerdo do Atlético-PR, Douglas Coutinho permaneceu marcando André Santos –no caso deste jogo, este jogador do Flamengo era o ala da equipe carioca. Com a permanência no lado direito, Douglas Coutinho deixou de balançar defensivamente para o lado da bola e abriu o espaço entre ele o volante do Furacão mais próximo (Reprodução: Sportv/ PFC).

Enquanto que Marcelo e Douglas Coutinho marcam mal os seus setores, o Coritiba realiza muito bem as suas jogadas ofensivas pelos lados. E ainda quando elas não dão certo, como é o caso do flagrante acima, os dois meias são opções de retorno longe da linha do meio-de-campo adversária e potencialmente formam opção de virada de jogo através de passes curtos, como será o caso evidenciado adiante (Reprodução: Bandeirantes).

Como Douglas Coutinho e Marcelo só marcam o lateral adversário mais próximo, após o Coritiba tocar para o meia do lado oposto do início da jogada ofensiva, a possibilidade de achar o lateral oposto em projeção é enorme. Este tipo de jogada poderá ser utilizada freqüentemente pelo Coxa e, assim, resultar em um cruzamento para até os três atacantes ao mesmo tempo em projeção à área de Weverton.

Agora para o sistema ofensivo do Atlético-PR furar o defensivo do Coritiba, duas opções sem sair do que este time apresenta são válidas. A primeira é sair através do lançamento inteligente de Weverton para a região da marcação de Helder. Já que lançamento da bola nesta região, este volante do Coxa não saberá se continuará a marcar o meia do Furacão –Marcos Guilherme- ou o recuo do centroavante que apareceu ali –Cléo. Como este atacante rubro-negro é bem maior do que Helder, Cléo poderá resvalar a bola nos vão dos quatro defensores do Coritiba e na projeção de Marcelo, Marcos Guilherme e Douglas Coutinho.

Com Weverton lançando a bola em direção de Cléo e este posicionado na região onde Helder marcaria Marcos Guilherme, qualquer resvalada em direção de Marcelo, Marcos Guilherme e Douglas Coutinho nos vãos dos quatro defensores do Coritiba poderá gerar perigo ao gol de Vanderlei.

Já outra opção de furar o sistema defensivo coxa-branca é através da virada de jogo com bola longa. Uma vez que quem marca os laterais adversários são os atacantes dos lados do Coxa, Alex não tem função defensiva e de que os volantes do Atlético-PR sobem ao ataque sem sequer dar opção de passe para o portador da bola da sua equipe, o retorno até Cleberson poderá propiciar a virada de jogo rubro-negra. Já que este zagueiro, quando jogava na direita do centro da defesa, normalmente virava o jogo diversas vezes corretamente em uma só partida. 

Assim como foi mostrado no post sobre o sistema defensivo do Coritiba, os atacantes dos lados desta equipe marcam individualmente os laterais adversários. Deste modo, se um destes laterais não avançar, o atacante do Coxa continuará não fazendo parte do sistema defensivo coxa-branca (Reprodução: Sportv/ PFC).

Como em ação defensiva, o Coritiba marca com a linha defensiva e a do meio-de-campo bem próximas, o retorno de bola até o zagueiro mais próximo é conveniente, pois Alex sequer irá atrapalhá-lo. Com isto, este zagueiro poderá virar o jogo para o meia aberto do lado oposto do início da jogada –assim como mostra a imagem acima. Entretanto, esta jogada só poderá ser possível se Cleberson e Willian Rocha serem os titulares da defesa rubro-negra. Pois Gustavo ainda não apresentou habilidade no lançamento e Cleberson –assim como foi dito anteriormente- e Willian Rocha –por ser também lateral- apresentam esta habilidade de virada de jogo longa.

No flagrante acima, a demonstração da falta opção de passe curto mesmo com o avanço do volante do lado da jogada. No caso do jogo contra o Palmeiras, João Paulo era o volante mais próximo que sequer era opção de passe para Natanael tocar, já que o camisa 8 atleticano já estava marcado por um jogador do time paulista (Reprodução: Sportv/ PFC).

Por fim, é isto. Com este post, chega-se ao fim a série do “Especial Atletiba do 2° turno do Brasileirão de 2014”. A Prancheta Tática deseja um ótimo clássico no sábado e torce para que não ocorra tantos incidentes na capital paranaense. 

Por Caio Gondo