sexta-feira, 24 de outubro de 2014

ESPECIAL - Metalinguagem Tatica - parte 2: Motivaçao

A IMPORTANCIA DA ANALISE TATICA

EXEMPLO: O VASCO DE 2011

PARTE 2: A FORMAÇÃO DE UM TIME CAMPEÃO


Passado o clássico contra o Fluminense, Vasco pegaria o primeiro jogo da 2ª fase da Copa do Brasil contra o ABC de Natal. Sem Felipe, que sentiu a coxa e sem Ramon, também lesionado, alem de Fagner, Ricardo entrou com Alecsandro, recuando Bernardo, e foi com Allan e Márcio Careca nas laterais. Time que começou dominando o terreno, mas que depois de um tempo se perdeu, teve a perda da cadencia vindo de trás com Eduardo Costa e sentiu a falta de seu maestro, Felipe, sendo pressionado constantemente. Empate de 0 a 0 e jogo da volta precisando fazer gols para eliminar o adversário.

Naquela semana uma entrevista de Ricardo Gomes foi muito interessante. Ele falou muito da necessidade do time amadurecer taticamente: 

"A defesa não sobe quando o time ataca, ficam enormes espaços e os volantes têm que correr mais. Há casos em que existe um esforço além do necessário", ressalta. É fato. A ausência de um maior agrupamento entre os setores dos times, uma aproximação mais constante entre atletas de diferentes posições, cria situações nas quais volantes precisam correr mais e zagueiro acabam mais expostos. "

Ricardo tinha plena razão! Observemos abaixo um grande exemplo disso:

Acima, um flagrante do jogo contra o ABC. Setores muito espaçados e buracos em regiões chaves. Volantes muito expostos sofrem para cobrir os erros.

No jogo seguinte, maestro de volta e time mais fluente. A quebra de ritmo, o passe de ruptura, a saída mais qualificada. O time era outro. 4 a 0 indiscutível contra o Bangu e atuaçao espetacular do camisa 6. Time mostrou-se bem mais equilibrado, mesmo com a entrada de Fellipe Bastos, que notavelmente tinha dificuldades de posicionamento. 

Saída de bola simples com zagueiros próximos, laterais abrindo e volantes aparecendo como opção

O time era mais lento. Com jogadores com mais características de retenção de bola, tendia a baixar o ritmo do jogo, irritando a torcida dentro de casa e apostava em picos de velocidade com Eder Luis. Quando precisava propor o jogo, errava muitos passes e mesmo quando criava era pouco eficiente na concretizaçao. Assim foi na vitória contra a Cabofriense por 2 a 1 em casa e na heróica classificação de virada contra o ABC por 2 a 1. Gol dos visitantes no inicio de jogo, necessidade de ir pra cima e problemas na finalização.

Cabe citar mais um comentário de Ricardo na coletiva pós jogo e que mostraria uma mudança tática que viria a influenciar muita coisa: 

"Fomos muito bem marcados, assim como no primeiro jogo. Criamos, mas não estávamos bem organizados. Não foi um bom primeiro tempo. Voltamos melhor, com uma boa disposição em campo. Criamos e merecemos a virada. Mas foi um jogo duríssimo. Abandonamos o Allan no primeiro tempo. Quando o Eder passou para o lado direito, o time ficou mais organizado. Consertamos o posicionamento do Felllipe Bastos e do Romulo e o time melhorou. Merecemos a classificação." 

Vendo a necessidade de auxiliar o improvisado Allan, que já estava começando a ser vaiado pela torcida, Ricardo começou a fixar Eder Luis mais pelo lado direito. Além de facilitar as nuances ofensivas por ali, com ultrapassagens e tabelas, o atacante ajudaria a recompor e dobrar a marcação, marcando as subidas do lateral adversário. Em muitos momentos veio a relembrar a grande parceria com Fagner, destaque em 2010.

Flagrante do modelo de marcação vascaíno. Tripé Rómulo, Felipe Bastos e Felipe flutuam para fechar os espaços de um ataque á esquerda defensiva vascaína e Eder acompanhando a subida do lateral oposto na primeira imagem. Na segunda, Eder volta para dobrar marcação na direita. Tudo para facilitar vida do improvisado Allan, que vinha tendo dificuldades.

O time só viria a vingar na quarta seguinte contra o Nautico. 3 a 0 incontestável nos Aflitos. Ricardo começou a perceber que era importante jogar com o regulamento debaixo do braço. Fora de casa, o time dominava o meio-campo com posse lenta, acelerava no contra-ataque, freava o ímpeto dos donos da casa com boa combatividade (destaque para o franco crescimento da dupla de defesa) e fazia bom resultado, COM GOLS PRINCIPALMENTE.

Momento de defesa desorganizada pro adversário e Felipe com a posse = PASSE LETAL. Nessa imagem cabe observar duas coisas: Eder bem evidente como ponta direita e Diego explorando a diagonal esquerda-centro. Movimentações que viriam a se repetir muitas vezes na reta final do torneio

Classificacao encaminhada tanto na Copa do Brasil como no Carioca. Na ultima rodada desse ultimo, sem Alecsandro, Ricardo tentou  abrir espaço pra que Diego pudesse fazer o que mais gosta, arrancar pelo centro e trabalhou com dois homens velozes mais abertos. Não deu certo, muito devido a atuacao apagada de Felipe, que atuou mais centralizado. Meio de campo com menos numero, mais espaços nos lados, bom para o Olaria, que gostava de atacar com seus laterais. Time começou perdendo e foi buscar o empate no segundo tempo, só apos a entrada de Bernardo e Élton. Já na Copa do Brasil, também empate contra o Náutico e vaga garantida.

Time nao fluiu com Diego Souza no centro do ataque. Mais pela dificuldade de municiar do que pela movimentacao de frente.

Nas fases finais da Taca Rio, jogos difíceis. Vitoria apertada para cima do mesmo Olaria (1 a 0) e time errando muitos passes. Na final, a derrota nos penaltis para o Flamengo não traduziu um jogo que poderia ter sido ganho no tempo normal. Dede anulou Ronaldinho, ótima atuacao da defesa (consolidando as duas linhas de quatro com Eder, volantes e Felipe) e muita exploracão dos contra-ataques a direita com Éder Luís. 

Não havia tempo para se abalar. Quarta tinha jogo pela Copa do Brasil e era jogo decisivo. Fase decisiva que sera bem explorada no ultimo post dessa analise (resolvi fazer mais uma para deixar menos denso). Abraços e boa leitura!