sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Disciplinado taticamente, Goiás é mais eficiente e vence o Sport na Ilha do Retiro!


Na Ilha do Retiro, Goiás e Sport também fizeram um jogo de bom nível tático. O rubro-negro teve maior domínio territorial e mais oportunidades na primeira etapa, porém, o Goiás passou a jogar com mais imposição de estilo e na intermediária ofensiva do Sport no segundo tempo, e sabendo aproveitar a chance, bateu os donos da casa por 1 a 0, com gol de Esquerdinha. 

O Sport foi no mesmo 4-2-3-1 do jogo contra o Botafogo, tendo apenas a volta de Durval à zaga. Tentava propor o jogo, movimentar-se para criar espaços vazios a serem atacados e chegar com força pelos lados do campo, principalmente pela direita com Felipe Azevedo buscando as investidas direcionadas à linha de fundo nas costas do lateral-esquerdo Felipe Saturnino. Sem a posse de bola, marcava no 4-4-2 em linhas, deixando Ibson e Diego Souza mais à frente. Posicionamento defensivo predominantemente em bloco baixo, linhas postadas dentro da própria intermediária defensiva e balanceando corretamente para o lado da bola, com a centralização do winger oposto para bascular com a linha de meio. Nos flagrantes abaixo, observa-se algumas movimentações ofensivas interessantes apresentadas pelo Leão da Ilha nessa partida: 

 Diego Souza recua para receber na intermediária ofensiva e carrega um dos zagueiros do Goiás para bem longe da linha defensiva. Deu o lançamento para Felipe Azevedo, que conquistou a vitória pessoal pra cima de Felipe Azevedo e atraiu o zagueiro do lado esquerdo pra cobertura, enquanto que Ananias fecha em diagonal pra área e atrai o lateral-direito Felipe Macedo, gerando o espaço ao centro, que deveria ser ocupado numa tendência natural pelo zagueiro da direita, porém, este saiu para caçar Diego Souza no meio-campo. Ibson aprofunda ao centro e inteligentemente entra na área para atacar o vazio, e o volante David não consegue acompanhá-lo até o final.


Felipe Azevedo novamente ganha no 1x1 contra Felipe Saturnino e balança a linha defensiva do Goiás, atraindo o zagueiro da cobertura, enquanto que novamente Ananias fecha no facão pra atrair o lateral da cobertura por dentro. Diego Souza posiciona-se mais afastado da linha defesa goiana e vem de trás para ser opção de passe para Felipe Azevedo. Talvez a melhor alternativa para Diego Souza seria ocupar o imenso espaço vazio deixado entre os dois zagueiros na grande área, pois poderia receber em melhores condições para marcar. 


O mesmo movimento que Ananias fazia quando a bola caía no flanco direito, ocorre com Felipe Azevedo quando a bola caía na esquerda. Ele fechava em diagonal pra área pra atrair o lateral e ser opção pro cruzamento junto com Diego Souza(que no lance entra na área vindo de trás), só que posicionando-se mais para a segunda trave.


Felipe Azevedo fica bem aberto na lateral e aciona Patric, que entra na diagonal curta no espaço entre Felipe Saturnino e o zagueiro da esquerda, que sai para a cobertura. Ananias atrai o lateral oposto e Diego Souza "prende" o zagueiro da direita, deixando um grande espaçamento entre os dois zagueiros. Ibson novamente aprofunda e infiltra no espaço vazio na área. 


Ibson balanceia ofensivamente para o lado esquerdo para tabelar com Renê e Ananias fecha em diagonal para o meio, "trancando" o zagueiro da direita, enquanto que Diego Souza prende o zagueiro da esquerda e Felipe Azevedo atrai o lateral-esquerdo Lima para gerar o corredor pra Patric aparecer e ser opção de virada de jogo(porém, no lance, foi bem acompanhando individualmente por Samuel). Renê carrega o lateral-direito Felipe Macedo um pouco para fora do setor e Ibson faz a diagonal de ruptura no espaço aberto pela movimentação de Ananias, recebendo em boas condições para concluir em gol, já que novamente David não consegue acompanhá-lo até o fim. 


Ananias(que no lance caiu mais pelo setor direito), fez a diagonal curta pra criar uma linha de passe mais próxima à Patric, o portador da bola, carregando o zagueiro da esquerda pra fora do setor e "limpando" a zona para Patric buscar o passe diagonal para o pivô de Neto Baiano na área ou uma possível tabela/1-2 com o mesmo. 


O Goiás também posicionou-se no 4-2-3-1, marcando em duas linhas de quatro, porém, adotando proposta de jogo reativa/contragolpista, posicionando-se defensivamente com alternância de bloco médio para baixo e com referência fixamente individual dos wingers Samuel e Thiago Mendes nos laterais do Sport. Nos contra-ataques, tentava usar bastante da dobra em cima da marcação, sempre com um jogador ultrapassando nas costas do jogador rubro-negro que estava marcando o portador da bola mais de perto, para ser opção de esticada/passe em profundidade ou simplesmente distrair o marcador, dando mais espaço e tempo para o homem da bola progredir/carregar em sentido diagonal de fora pra dentro. 

No primeiro tempo, o time goiano teve dificuldades para encaixar o contragolpe, mas passaram a ter mais força transicional na segunda etapa, onde passaram a adiantar mais a marcação, avançando suas primeiras linhas para negar espaço a partir da intermediária defensiva do Sport, subindo os encaixes e contando com o "para-brisa" de Erik na tentativa de pressionar os zagueiros leoninos. Com essas subidas de pressão, o Esmeraldino bloqueava a transição do Sport da defesa para o ataque e forçava o lançamento longo na ligação direta, já que os homens de frente pouco se movimentavam para criar linhas de passe próximas, compactar em campo defensivo na saída de bola e tentar uma saída mais limpa e organizada. O Goiás ganhava a maioria das primeiras e segundas bolas e passava a jogar com mais intensidade, movimentação, tomando a bola com mais facilidade, explorando a lenta transição defensiva do Sport quando o time pernambucano perdia a posse de bola para acelerar os contragolpes, criando mais espaços e tendo mais agressividade com a bola nos pés. Ricardo Drubscky inverteu o posicionamento de Thiago Mendes e Samuel, colocou Lima no lugar de Felipe Saturnino para dar mais equilíbrio e consistência defensiva na lateral-esquerda e passou a usar mais da flutuação de Esquerdinha, que balanceava para os lados, buscava a recepção em espaços mortos pelo meio e progredia verticalmente procurando o drible, arrancada e aproximação pelo meio. Erik se posicionava no limite da linha de zagueiros do Sport, mas procurava os deslocamentos em diagonais curtas pros lados, buscava ser opção de passe nas costas do marcador do homem da bola e com suas movimentações também abria espaços no sistema defensivo adversário, como pode-se observar na situação abaixo:

Goiás tinha a bola pela esquerda e Lima centralizou a jogada com Esquerdinha, que posicionou-se no espaço morto gerado pelo balanceamento defensivo de Rodrigo Mancha para o setor da bola, já que Ronaldo se atrasou na recomposição defensiva pelo meio. Erik se posiciona no limite da linha dos zagueiros e faz a diagonal curta centro-esquerda entre Henrique Mattos e Durval, atraindo este último para fora do setor e gerando o espaço para Esquerdinha progredir verticalmente em alta velocidade no entrelinhas rubro-negro e chegar na entrada da área para concluir em gol. 


O Sport perdeu em criatividade e dinâmica com a saída de Ibson. Eduardo Baptista recuou Diego Souza para a meia-central do 4-2-3-1, deixando Neto Baiano na referência do ataque, com Ananias mais aberto pela direita e Erico Junior pela esquerda, porém, com a entrada de Danilo na vaga de Ananias, Erico Junior foi para a direita, enquanto que Danilo entrou pra fazer a esquerda na linha de 3. Apostando em velocidade, Eduardo Baptista não teve êxito em suas tentativas e encontrou muitas dificuldades para furar o compacto e fechado sistema defensivo do Goiás, que lhe negava espaços à penetração e buscava a saída em velocidade na transição. No final, o Goiás aproveitou a oportunidade e marcou com Esquerdinha, aproveitando a falha do lateral-esquerdo Renê na cobertura dos zagueiros na área. 


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)