sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Estudiantes apresenta excelente disciplina tática, mas acaba cedendo vitória ao River

Estudiantes e River Plate se enfrentaram na noite dessa quarta feira no estádio Ciudad de La Plata, em confronto que valia o jogo de ida da fase de quartas de final da Copa Sul Americana, e, como não podia ser diferente afinal estamos falando de dois representantes do futebol argentino, fizeram um jogo muito aguerrido, onde o River acabou por obter a virada, mesmo com o Estudiantes podendo ser considerado como a equipe que obteve melhor sucesso em sua proposta na partida de uma maneira geral.

A equipe do Estudiantes veio a campo disposta no famoso 4-4-2 inglês, com duas linhas de 4 mais os dois homens mais avançados. Com a bola a equipe de La Plata tinha um objetivo claro: transição defesa-ataque em alta velocidade, onde os wingers fechavam em diagonal e eram os responsáveis por inserir essa velocidade, buscando também a dupla de ataque através de tabelas ou até mesmo bolas alçadas na área, tudo isso sendo feito em movimentação constante desse quarteto, que conseguia bagunçar a marcação adversária. 

Sem a bola a equipe mantinha uma compactação extremamente curta de suas linhas de 4, que também efetuavam o balanceamento defensivo corretamente, o que negou muitos espaços ao River. A equipe marcava por zona e alternava a marcação pressão entre média-alta, onde essa marcação alta era realizada mais ativamente pela dupla de ataque, com essa mesma dupla voltando e se compactando ao resto da equipe caso fosse ultrapassada.

Estudiantes no 4-4-2 em linhas que tinha os seus wingers mais a sua dupla de ataque como os principais acionados em sua fase ofensiva

Já o River veio a campo em um 4-3-1-2 que tinha Mercado um pouco mais fixo a direita como lateral-base, liberando mais Vangioni. Como Mercado ficava mais fixo próximo aos zagueiros, quem dava amplitude pela direita era a dupla Sanchez/Pisculichi, que constantemente alternavam-se entre quem ficava mais aberto. Pela esquerda a amplitude era efetuada pela dupla Rojas/Vangioni, em revezamento parecido ao efetuado pelos seus companheiros do lado oposto. A equipe buscava controlar mais a posse de bola, com isso, buscava constante compactação no setor ofensivo, adiantando suas linhas e buscando criar suas jogadas através dos passes curtos, tentando acelerar o jogo nas proximidades da grande área.

Sem a bola, o River mantinha a sua linha de defesa próxima ao tripé de volantes, com esse tripé balançando de acordo com a bola. Um ponto que pode-se apresentar interessante é o posicionamento de Pisculichi, que sempre que o adversário estava com a bola do lado esquerdo da defesa do River, ficava aberto a direita quase que alinhado ao trio de volantes. A equipe marcava por zona e exercia marcação pressão ainda no campo ofensivo, muito em virtude da equipe estar em boa parte do tempo ocupando o campo ofensivo.

River Plate no 4-3-1-2 que tinha Vangioni como válvula de escape pela esquerda

O primeiro tempo teve um River Plate controlando mais a posse de bola, conseguindo livrar-se da pressão exercida pela dupla de ataque adversária ainda na sua intermediária defensiva muito por conta de Leonardo Ponzio. Ponzio, o homem que recuava entre os zagueiros para criar superioridade numérica na saída de bola e, por conta de sua boa qualidade no passe, era constantemente acionado para iniciar a fase ofensiva de sua equipe. Porém, a equipe de Buenos Aires tinha problemas no terço final de campo, já que a excelente compactação defensiva do adversário lhe negava quase que totalmente os espaços, perdendo assim rapidamente a bola quando estava naquela região. A equipe só conseguindo chegar próximo a meta adversária com Vangioni, que fazia boas combinações com Rojas e Pisculichi pela esquerda.

Já o Estudiantes fez um primeiro tempo de excelência dentro de sua proposta de jogo. Conseguia negar os espaços ao seu adversário e, aproveitando-se das linhas adiantadas do mesmo, saía em alta velocidade, sempre buscando explorar os espaços deixados pela recomposição defensiva não tão veloz do Rival. A equipe teve uma baixa ainda no primeiro tempo, com Martinez saindo machucado para a entrada de Ausqui, que passou a atuar aberto pela direita, deixando Correa aberto pela esquerda. Mesmo com essa baixa, a equipe acabou premiada pela melhor execução de sua proposta de jogo no final do primeiro tempo, em um lance que curiosamente vinha sendo superado pelo River em outros momentos da partida.

Flagrante do gol da equipe do Estudiantes: Dupla de ataque do Estudiantes realizando a habitual pressão no início da saída de bola adversária, mais especificamente da dupla de zaga. Diferentemente de outros momentos do jogo, não havia Ponzio afundando entre a dupla de zaga, com isso, a pressão na saída de bola que o River vinha conseguindo contornar tão bem dessa vez, aliado ao erro de Funes Mori, deu certo.(Reprodução: Sportv)

O segundo tempo, como era de se esperar pela desvantagem no placar, teve um River mantendo sua proposta de jogo, com a sensível diferença de que agora Mercado estava chegando mais ao terço final de campo, principalmente após a saída de Vangioni, machucado, que deu lugar ao zagueiro Balanta, o que acabou jogando Funes Mori para a esquerda, com o mesmo atuando mais como lateral base. Além disso, Pisculichi fixou-se mais a direita e, junto com Sanchez, tornaram o setor como o principal foco de criação do River na partida. E foi exatamente por ali que saiu o gol da equipe. Mercado passa para Sanches, que cruza na cabeça de Mora.

Mesmo com o gol de empate, ambas as equipes seguiram mantendo as suas propostas, com a diferenças de que agora como Sanches caía mais por dentro, o mesmo conseguia realizar a troca rápida de ação ofensiva-defensiva bem próximo a do volante Damonte, que era quem normalmente efetuava a ligação para os wingers puxarem os contra ataques em velocidade, pressionando-o e dificultando que o mesmo conseguisse efetuar com qualidade essa ligação, o que acabou por, em parte, "matar" a estratégia do Estudiantes. E foi exatamente assim, matando o contra ataque adversário, que o River acabou por chegar ao segundo gol, com Schunke acabando por desviar para sua própria meta um cruzamento realizado por Sanchez.

Com a desvantagem no placar o treinador do Estudiantes acabou por gastar suas duas substituições restantes, colocando Benitez e Ceruti nos lugares de Damonte e Ausqui, mantendo a estrutura da equipe, invertendo somente o posicionamento da dupla de volantes, com Benitez atuando mais pela direita e Gil Romero caindo mais pela esquerda. Já no lado do River, o treinador Marcelo Gallardo tirou Mora e colocou Driusbi. Porém, nem houve muito tempo para a equipe assimilar a alteração, já que poucos minutos depois Sanches acabou expulson. Com isso o técnico queimou sua ultima substituição, colocando Solari no lugar de Pisculichi, reorganizando assim a equipe no 4-4-1.

Mesmo com um jogador a menos o River seguiu tentando ocupar o campo de ataque, porém, com um a menos, a equipe voltou a ter dificuldades para reter a bola no seu setor ofensivo, fazendo assim com que o Estudiantes conseguisse retomar rapidamente a bola e buscasse sair em velocidade, sem sucesso.

Equipes em suas formações finais: Estudiantes no seu 4-4-2 em linhas que mantinha proposta reativa e River Plate no 4-4-1, buscando ocupar o campo de ataque mesmo com um jogador a menos

A vantagem fora de casa é importantíssima para o River. Com a vantagem no placar a equipe poderá, em casa, manter a sua proposta de controle e ocupação no campo ofensivo, porém, haverá muito mais tranquilidade para efetuar a troca de passes, algo que poderá ser importantíssimo para frear o ânimo do Estudiantes que, necessitando ganhar por 2 gols de diferença para garantir a vaga nas semifinais, deverá manter sua proposta reativa, com muito mais intensidade na marcação pressão em campo ofensivo.

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)