quinta-feira, 16 de outubro de 2014

São Paulo supera as adversidades e bate o ambicioso Huachipato com o talento de Ganso

A idiossincracia do futebol mapuche, herdada pela passagem marcante de Marcelo Bielsa por La Roja, indica que as modernas equipes chilenas se negam a especular diante de rivais de maior camisa e poderio econômico. Como vimos no confronto de ida no Morumbi, o Huachipato jamais se atrincherou em seu campo, propondo um jogo de ida e volta diante do tricolor paulista. A derrota por 1 a 0 não representou o bom jogo dos chilenos, marcado pela pressão alta e a velocidade de jovens jogadores como Angelo Sagal, Leandro Ezquerra e Martin Rodriguez. A tola expulsão de Luis Fabiano ajudou para que o Huachipato, apesar da derrota, deixasse uma boa imagem no Morumbi. Ontem em Talcahuano vimos novamente a um Huachipato ambicioso, pressionando o tricolor com ímpeto e intensidade na saída de bola. 


Mario Salas deslocou o lateral Vejar para a ponta direita,  pressionando o extenuado Alvaro Pereira, que chegou hora antes do jogo após o amistoso do Uruguai em Omã. No entanto, foi do lado esquerdo de seu ataque que o Huachipato dava um tremendo calor no São Paulo nos minutos iniciais. Juan Carlos Espinoza subia ao ataque como se não houvesse amanha, fato que fez Muricy, astutamente, inverter Paulo Henrique Ganso e Michel Bastos, cabendo ao ex-Lyon combater os avanços do lateral direito rival. 

O São Paulo esperava em seu campo no já habitual 4-2-2-2 flertando com um contra-ataque. El Acerero partia com tudo, desnudando espaços com a subida intensa de seus laterais que deixavam Pato e Kardec mano a mano com os zagueiros Claudio Muñoz e Omar Merlo. O primeiro aviso veio com Pato aos 8 minutos em remate frágil, mas no lance seguinte, após linda tabela entre Ganso e o ex-Milan, Michel Bastos aproveitou o rebote do arqueiro Jimenez para abrir o marcador. 

Obrigado a buscar três gols, o Huachipato foi pra cima de vez com os ponteiros Vejar e Sagal dando enorme calor em Paulo Miranda e Alvaro Pereira. O capitão Francisco Arrué de 37 anos - com passagem pela seleção chilena, Colo Colo e La U - era quem ditava o ritmo sob a complacência de Hudson. Apesar do domínio territorial e de possessão, o clube do sul do Chile, arrematava pouco ao gol, apostando em lançamentos longos e cruzamentos na área - apesar da baixa estatura do time - que buscavam Ezquerra e Andrés Vilchez. Foi com este artificio que chegou o empate aos 19 minutos, após nova falha crassa da zaga tricolor, aproveitada por Vilchez. 

Eis que, 3 minutos depois o São Paulo voltaria a ter vantagem no placar. Alan Kardec, de grande trabalho tático na recuperação da posse de bola, desarmou ainda no campo chileno, tabelando com Pato e servindo Ganso, que com um precioso chute de canhota anotava o segundo gol de um São Paulo acuado, porém efetivo. 


Foi então, que veio a expulsão injusta de Denilson aos 35 minutos e a lesão de Pato - fatos que condicionariam o enredo do restante do cotejo. Dali em diante vimos um monólogo que tinha o São Paulo recolhido em seu ultimos 40 metros do campo com duas linhas de 4 e apenas Alan Kardec mais adiantado - mas sempre combativo no primeiro combate e na recuperação. Muricy apostou em Osvaldo, que entrou para fechar o lado esquerdo da segunda linha. O treinador chileno, Mario Salas - de passagem marcante pela seleção sub-20 de La Roja - colocou Carlos Espinoza na meia esquerda, ainda antes do intervalo, sacando Povea, seu volante marcador. 

No intervalo, Salas foi ainda mais audacioso ao apostar pelo ingresso de Martin Rodriguez na ponta direita, sacando o lateral Esteban Gonzalez e trazendo Vejar novamente para seu setor de origem. O Huachipato cresceu, Vejar e Juan Carlos Espinoza subiam como verdadeiros alas, exigindo muito de Michel Bastos e Osvaldo. Ganso, como volante ao lado de Hudson, ficava sobrecarregando, já que Carlos Espinosa e Francisco Arrué caiam pelo setor servindo os ponteiros e a dupla de centroavantes. Coube a Allan Kardec regressar para auxiliar na marcação. Contudo, a zaga aguentava a pressão e os contastes cruzamentos na aérea. A expulsão de Denilson, a longa viagem e o calendário hediondo fizeram o São Paulo perder o ímpeto nos contra-ataques

No final Muricy recuou ainda mais o time com a entrada de Lucão como volante, puxando Ganso novamente para a posição de meia extremo no lugar de Osvaldo. O gol de empate chileno, por sorte, apareceu apenas aos 43 minutos, novamente de uma bola alçada na aérea que culminou com o remate de Sagal. O Huachipato voltava a acreditar em uma hazaña, que se desfez com o contra-ataque letal iniciado por Michel Bastos e finalizado por Boschillia - que acabara de entrar no lugar do extenuado Paulo Henrique Ganso. O São Paulo vai para as quartas de final - onde enfrentará o duro Emelec de Gustavo Quinteros - graças a seu quarteto ofensivo que é contundente mesmo diante de problemas físicos, disciplinares e de irregular volume de jogo.