quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A classificação do elenco!

Santos e Cruzeiro realizaram uma semifinal de Copa do Brasil cheia de gols. Porém desde a segunda entrada de um reserva no time paulista, o rendimento ofensivo do Peixe deixou de ser o mesmo. Já pelo lado da equipe mineira, os reservas mantiveram o nível que a Raposa estava apresentando até então. Resultado: classificação do Cruzeiro. Para esta classificação do time azul celeste, as equipes iniciaram nos seguintes 4-2-3-1:

 Santos e Cruzeiro no 4-2-3-1


Mesmo com o gol de Robinho, aos dois minutos de jogo, e a lesão de Dedé, aos quatro, a partida continuou em ritmo intenso. Apesar de quem precisava fazer gols era o Santos, quem acelerava a partida era o Cruzeiro. A Raposa realizava com intensidade todas as ações do jogo (momentos de ataque e defesa, e as transições ataque-defesa e defesa-ataque), realizou rápida troca de ação de jogo, mas o seu sistema ofensivo não conseguia superar o sistema defensivo do Alvinegro Praiano.

Assim como já notório desde o ano passado, quem faz a saída de bola do Cruzeiro são os volantes. Nenhum meia recua até a linha destes para começar a jogar. Deste modo, Enderson Moreira posicionou a sua equipe sem bola entre intermediárias, no 4-4-2 e com os dois mais adiantados marcando Henrique e Lucas Silva. Deste modo, a Raposa só conseguia atacar após as suas constantes retomadas de bola em campo ofensivo. A alta intensidade na transição ataque-defesa do time mineiro ainda estava funcionando.

Demonstração do que o posicionamento defensivo e inteligente do Santos gerava ao Cruzeiro. Mas mesmo com as saídas dos volantes cruzeirenses prejudicadas pelo 4-4-2 entre intermediárias do Santos, Lucas Silva e Henrique foram os jogadores do jogo que mais realizaram passes certos, com 61 e 65, respectivamente. Estes jogadores auxiliavam na retomada de bola na transição defensiva e, também, se tornavam opção de retorno longe da linha de 4 do meio-de-campo do Peixe. Lucas Silva e Henrique foram quem ditaram o ritmo do jogo.


Flagrante do Santos no 4-4-1-1 que era 4-4-2. Na imagem acima, percebe-se que o Peixe se defendia em curta compactação no terço central, mas quando a equipe adversária chegava no terço defensivo, os encaixes de marcação prevalecia. No flagrante acima, nota-se que a bola está no lado esquerdo defensivo paulista, e Gabriel e Lucas Lima só voltaram compondo o sistema defensivo porque os jogadores que eles marcavam (Egídio e Lucas Silva) avançaram. Deste modo, evidenciando a perseguição de marcação e a descompactação defensiva em terço defensivo santista (Reprodução: Rede Globo).

Ofensivamente, o Santos também apresentou movimentações inteligentes de acordo com o seu adversário. Assim como foi em alguns minutos no 1° jogo, Enderson Moreira jogou com Robinho na referência do ataque. Nesta posição, o camisa 7 alvinegro realizou a função de 9 e usufruiu constantemente a entrelinha entre a linha defensiva e a do meio-de-campo do Cruzeiro. Quando o “Rei das Pedaladas” recuava, ele pedia a infiltração dos seus meias para que estes se tornassem as referências do ataque e pediam a bola em projeção.

 Assim como o Santos, o Cruzeiro também apresentava os seus meias só marcando os laterais adversários. Na imagem acima, percebe-se este aspecto e, também, a movimentação do sistema ofensivo do Peixe. No flagrante, nota-se Robinho recuando e, assim, gerando indecisão em Léo se este avança no camisa 7 santista ou não. No momento da indecisão, Rildo avançou onde o zagueiro da Raposa não estava olhando e finalizou no gol de Fábio. Já em relação ao sistema defensivo do time mineiro, percebe-se que nenhum dos meias fazem parte do sistema defensivo do time e que somente Ricardo Goulart aparece na imagem. Porém, o camisa 28 do Cruzeiro só aparece porque os dois volantes do Santos estão um pouco avançados e este voltando marcando-os (Reprodução: Rede Globo).


Agora em relação ao sistema defensivo do Cruzeiro, este se posicionava no 4-4-2 ou no 4-1-4-1 entre intermediárias, com rápida troca de ação de jogo, e –assim como o Santos- iniciava com os seus jogadores mais avançados marcando os volantes do Peixe. Mas diferentemente do time paulista, a equipe mineira avançava em bloco e realizava movimentações mais inteligentes ainda em relação ao seu adversário.

Desde muito tempo também, é sabido que o Santos inicia diversas saídas de bola através de Arouca. Sabendo disso, Marcelo Oliveira variava o posicionamento defensivo do time no 4-4-2 ou 4-1-4-1. No 4-4-2, a movimentação defensiva era a anteriormente demonstrada. Nela, Ricardo Goulart e Marcelo Moreno marcavam Arouca e Alisson, mas quando a bola retornava para os zagueiros do Peixe, ambos avançavam em Edu Dracena e em Bruno Uvini. Quando esta movimentação de Goulart e Moreno acontecia, Henrique e Lucas Silva subiam também, pois assim os zagueiros do time paulista eram pressionados e não tinham opção de passe curto. A alta intensidade defensiva cruzeirense era fundamental para esta movimentação.


Já no 4-1-4-1, a situação no terço central do Cruzeiro sem bola foi demonstrada acima. Nela, Marcelo Moreno fazia o pára-brisa defensivo enquanto que Henrique subia para marcar Arouca. Sim, o principal alvo da marcação azul-celeste era o camisa 5 alvinegro. Porém no 4-1-4-1, a Raposa cedia o espaço demonstrado acima. Com o desalinhamento de Henrique em relação a Lucas Silva, Robinho aparecia no espaço entrelinhas e arrastava consigo a marcação de um dos zagueiros cruzeirenses (Reprodução: Rede Globo).


Agora com a bola em campo ofensivo, o Cruzeiro se mostrou estar mais preparado para avançar de fase do que o Santos. Ofensivamente, a Raposa atacava laterais alternadamente, com os volantes sendo apoios ofensivos, tendo em Éverton Ribeiro a referência para armação das jogadas e em Marcelo Moreno uma função de praticamente um falso 9. Este jogador empurrava a linha defensiva alvinegra e, constantemente, recuava para tabelar com os três meias. Como era de Éverton Ribeiro que ele recebia vários passes, Ricardo Goulart e William se projetavam em direção à área de Aranha e nos espaços que era de Marcelo Moreno. Tudo bem sincronizado.

O heatmap acima de Marcelo Moreno evidencia de que este atacante não ficou constantemente fixo na área adversária como de costume. O camisa 18 azul celeste empurrava –criava profundidade- e, depois, recuava para dar espaços para as projeções de Ricardo Goulart e William. Porém como Marcelo Moreno é referência do ataque, ele também ficava próximo aos zagueiros do Santos. E foi deste modo que ele fez o gol mineiro no primeiro tempo (Fonte: Footstats).


No fim do primeiro tempo, Gabriel fez o segundo gol do Santos. Como o placar ainda não favorecia ao time paulista, no intervalo, Enderso Moreira modificou o posicionamento da equipe para a realização da transição defesa-ataque. Na segunda etapa, o sistema defensivo do Peixe era composto somente pela linha defensiva, os dois volantes e Lucas Lima. Deste modo, fazendo uma linha de três no meio e com ela balançando alinhada para o lado da bola. Enquanto isso, Robinho, Gabriel e Rildo não voltavam nem para marcar o lateral adversário que avançou.

Sem o recuo de nenhum destes três jogadores, o Santos deixava 3 x 3 para o contra-ataque, já que o Cruzeiro atacava com somente um dos laterais e os dois volantes apoiavam a equipe ofensivamente. O terceiro gol paulista saiu deste cenário tático.

No flagrante acima, o gol de contra-ataque do Santos. Nele Ceará, Léo e Bruno Rodrigo marcavam respectivamente Rildo, Gabriel e Robinho –já que nenhum destes estavam voltando para fazer parte do sistema defensivo santista. Após a retomada de bola e Robinho recebê-la na entrelinha, Lucas Lima se projetou entre Ceará e Léo para dar continuidade no contragolpe alvinegro –pois Henrique e Lucas Silva estavam dando apoio ofensivo ao sistema ofensivo azul celeste (Reprodução: Rede Globo).

Após o terceiro gol, Robinho saiu lesionado. No lugar dele, Jorge Eduardo entrou. A partir de então, o Santos começou a não conseguir mais produzir com tanto perigo ofensivamente. Jorge Eduardo errou muitos passes e cruzamentos e, principalmente, o Peixe deixou de ter o falso 9 em campo. Já que Gabriel passou a ser a referência do time e passou a executar a função de 9 móvel.  Entretanto vale lembrar que até aqui a partida tática de Gabriel estava ótima. Ele estava aberto pela direita e participara dos três gols paulista. Já na referência, ele e todo o time santista se perderam em campo.

Como o placar por 3 x 1 não favorecia ao Cruzeiro, a Raposa passou a atacar com mais jogadores ainda. Nesta fase do jogo, o time mineiro atacou com os dois laterais simultaneamente, os dois volantes apoiado o ataque e, e com a entrada de Júlio Baptista no lugar do lesionado Éverto Ribeiro, Marcelo Moreno passou a ser o centroavante da equipe. Como o Santos se defendia no 4-4-1-1 compactado atrás do meio do campo, o Cruzeiro precisou virar o jogo constantemente para achar uma brecha. Ao todo, a Raposa realizou nove viradas de jogo, oito a mais do que o Peixe. De tanto procurar um gol, a equipe mineira conseguiu fazer o segundo gol. Aos 35 do segundo tempo, William realizou o segundo gol do time azul celeste após Marcelo Moreno, como centroavante, ter resvalado a bola para frente. 

O flagrante acima é o lance do segundo gol do Cruzeiro. Nele, Marcelo Moreno e Júlio Baptista têm as atenções de Bruno Uvini e Edu Dracena. Como Moreno recuou um pouco para cabecear a bola, ele levou consigo Bruno Uvini e, assim, desalinhou a linha defensivo alvinegra. Com este desalinhamento e os dois zagueiros atentos somente em Marcelo Moreno e Júlio Baptista, William fez a diagonal longa e usufruiu de todo o espaço onde poderia ter, pelo menos, um dos zagueiros do Santos. Segundo gol da Raposa e início do desespero do Peixe (Reprodução: Rede Globo).

Minutos antes deste segundo gol do Cruzeiro, Enderson Moreira colocou Renato no lugar de Alisson. Com este novo jogador, o Santos perdeu em intensidade defensiva e não ganhou em qualidade na transição defesa-ataque e nem na posse de bola que Renato poderia oferecer. Ele estava sem ritmo de jogo.

Apesar do camisa 8 não estar contribuindo tanto a equipe, o Peixe procurou atacar com ainda mais jogadores. O time paulista passou a atacar com os dois laterais simultaneamente, com os três meias se movimentando constantemente, mas sem achar a movimentação de 9 móvel de Gabriel. O Santos procurava o falso 9 e não achava.

Sem tanta eficiência ofensiva, o time paulista acabou sofrendo o terceiro gol, aos 49, após um contra-ataque azul celeste. Terceiro gol do time com o melhor elenco. Os jogadores que entraram no decorrer da partida pelo lado do Cruzeiro não entraram mal e não diminuíram o ritmo do seu time, diferentemente dos reservas do Santos.

Fim de partida: Santos e Cruzeiro no 4-2-3-1.



Por Caio Gondo(@CaioGondo)