Santos
e Cruzeiro realizaram uma semifinal de Copa do Brasil cheia de gols. Porém
desde a segunda entrada de um reserva no time paulista, o rendimento ofensivo
do Peixe deixou de ser o mesmo. Já pelo lado da equipe mineira, os reservas
mantiveram o nível que a Raposa estava apresentando até então. Resultado:
classificação do Cruzeiro. Para esta classificação do time azul celeste, as
equipes iniciaram nos seguintes 4-2-3-1:
Mesmo
com o gol de Robinho, aos dois minutos de jogo, e a lesão de Dedé, aos quatro,
a partida continuou em ritmo intenso. Apesar de quem precisava fazer gols era o
Santos, quem acelerava a partida era o Cruzeiro. A Raposa realizava com
intensidade todas as ações do jogo (momentos de ataque e defesa, e as
transições ataque-defesa e defesa-ataque), realizou rápida troca de ação de
jogo, mas o seu sistema ofensivo não conseguia superar o sistema defensivo do
Alvinegro Praiano.
Assim
como já notório desde o ano passado, quem faz a saída de bola do Cruzeiro são
os volantes. Nenhum meia recua até a linha destes para começar a jogar. Deste
modo, Enderson Moreira posicionou a sua equipe sem bola entre intermediárias,
no 4-4-2 e com os dois mais adiantados marcando Henrique e Lucas Silva. Deste
modo, a Raposa só conseguia atacar após as suas constantes retomadas de bola em
campo ofensivo. A alta intensidade na transição ataque-defesa do time mineiro
ainda estava funcionando.
Demonstração
do que o posicionamento defensivo e inteligente do Santos gerava ao Cruzeiro.
Mas mesmo com as saídas dos volantes cruzeirenses prejudicadas pelo 4-4-2 entre
intermediárias do Santos, Lucas Silva e Henrique foram os jogadores do jogo que
mais realizaram passes certos, com 61 e 65, respectivamente. Estes jogadores
auxiliavam na retomada de bola na transição defensiva e, também, se tornavam
opção de retorno longe da linha de 4 do meio-de-campo do Peixe. Lucas Silva e
Henrique foram quem ditaram o ritmo do jogo.
Flagrante
do Santos no 4-4-1-1 que era 4-4-2. Na imagem acima, percebe-se que o Peixe se
defendia em curta compactação no terço central, mas quando a equipe adversária
chegava no terço defensivo, os encaixes de marcação prevalecia. No flagrante
acima, nota-se que a bola está no lado esquerdo defensivo paulista, e Gabriel e
Lucas Lima só voltaram compondo o sistema defensivo porque os jogadores que
eles marcavam (Egídio e Lucas Silva) avançaram. Deste modo, evidenciando a
perseguição de marcação e a descompactação defensiva em terço defensivo santista
(Reprodução: Rede Globo).
Ofensivamente,
o Santos também apresentou movimentações inteligentes de acordo com o seu
adversário. Assim como foi em alguns minutos no 1° jogo, Enderson Moreira jogou
com Robinho na referência do ataque. Nesta posição, o camisa 7 alvinegro
realizou a função de 9 e usufruiu constantemente a entrelinha entre a linha
defensiva e a do meio-de-campo do Cruzeiro. Quando o “Rei das Pedaladas”
recuava, ele pedia a infiltração dos seus meias para que estes se tornassem as
referências do ataque e pediam a bola em projeção.
Agora
em relação ao sistema defensivo do Cruzeiro, este se posicionava no 4-4-2 ou no
4-1-4-1 entre intermediárias, com rápida troca de ação de jogo, e –assim como o
Santos- iniciava com os seus jogadores mais avançados marcando os volantes do
Peixe. Mas diferentemente do time paulista, a equipe mineira avançava em bloco
e realizava movimentações mais inteligentes ainda em relação ao seu adversário.
Desde
muito tempo também, é sabido que o Santos inicia diversas saídas de bola
através de Arouca. Sabendo disso, Marcelo Oliveira variava o posicionamento
defensivo do time no 4-4-2 ou 4-1-4-1. No 4-4-2, a movimentação defensiva era a
anteriormente demonstrada. Nela, Ricardo Goulart e Marcelo Moreno marcavam
Arouca e Alisson, mas quando a bola retornava para os zagueiros do Peixe, ambos
avançavam em Edu Dracena e em Bruno Uvini. Quando esta movimentação de Goulart
e Moreno acontecia, Henrique e Lucas Silva subiam também, pois assim os
zagueiros do time paulista eram pressionados e não tinham opção de passe curto.
A alta intensidade defensiva cruzeirense era fundamental para esta
movimentação.
Já
no 4-1-4-1, a situação no terço central do Cruzeiro sem bola foi demonstrada
acima. Nela, Marcelo Moreno fazia o pára-brisa defensivo enquanto que Henrique
subia para marcar Arouca. Sim, o principal alvo da marcação azul-celeste era o
camisa 5 alvinegro. Porém no 4-1-4-1, a Raposa cedia o espaço demonstrado
acima. Com o desalinhamento de Henrique em relação a Lucas Silva, Robinho
aparecia no espaço entrelinhas e arrastava consigo a marcação de um dos
zagueiros cruzeirenses (Reprodução: Rede Globo).
Agora
com a bola em campo ofensivo, o Cruzeiro se mostrou estar mais preparado para
avançar de fase do que o Santos. Ofensivamente, a Raposa atacava laterais
alternadamente, com os volantes sendo apoios ofensivos, tendo em Éverton
Ribeiro a referência para armação das jogadas e em Marcelo Moreno uma função de
praticamente um falso 9. Este jogador empurrava a linha defensiva alvinegra e,
constantemente, recuava para tabelar com os três meias. Como era de Éverton
Ribeiro que ele recebia vários passes, Ricardo Goulart e William se projetavam
em direção à área de Aranha e nos espaços que era de Marcelo Moreno. Tudo bem
sincronizado.
O
heatmap acima de Marcelo Moreno evidencia de que este atacante não ficou
constantemente fixo na área adversária como de costume. O camisa 18 azul
celeste empurrava –criava profundidade- e, depois, recuava para dar espaços
para as projeções de Ricardo Goulart e William. Porém como Marcelo Moreno é
referência do ataque, ele também ficava próximo aos zagueiros do Santos. E foi
deste modo que ele fez o gol mineiro no primeiro tempo (Fonte: Footstats).
No
fim do primeiro tempo, Gabriel fez o segundo gol do Santos. Como o placar ainda
não favorecia ao time paulista, no intervalo, Enderso Moreira modificou o
posicionamento da equipe para a realização da transição defesa-ataque. Na
segunda etapa, o sistema defensivo do Peixe era composto somente pela linha
defensiva, os dois volantes e Lucas Lima. Deste modo, fazendo uma linha de três
no meio e com ela balançando alinhada para o lado da bola. Enquanto isso,
Robinho, Gabriel e Rildo não voltavam nem para marcar o lateral adversário que
avançou.
Sem
o recuo de nenhum destes três jogadores, o Santos deixava 3 x 3 para o
contra-ataque, já que o Cruzeiro atacava com somente um dos laterais e os dois
volantes apoiavam a equipe ofensivamente. O terceiro gol paulista saiu deste
cenário tático.
No
flagrante acima, o gol de contra-ataque do Santos. Nele Ceará, Léo e Bruno
Rodrigo marcavam respectivamente Rildo, Gabriel e Robinho –já que nenhum destes
estavam voltando para fazer parte do sistema defensivo santista. Após a
retomada de bola e Robinho recebê-la na entrelinha, Lucas Lima se projetou
entre Ceará e Léo para dar continuidade no contragolpe alvinegro –pois Henrique
e Lucas Silva estavam dando apoio ofensivo ao sistema ofensivo azul celeste
(Reprodução: Rede Globo).
Após
o terceiro gol, Robinho saiu lesionado. No lugar dele, Jorge Eduardo entrou. A
partir de então, o Santos começou a não conseguir mais produzir com tanto
perigo ofensivamente. Jorge Eduardo errou muitos passes e cruzamentos e,
principalmente, o Peixe deixou de ter o falso 9 em campo. Já que Gabriel passou
a ser a referência do time e passou a executar a função de 9 móvel. Entretanto vale lembrar que até aqui a
partida tática de Gabriel estava ótima. Ele estava aberto pela direita e
participara dos três gols paulista. Já na referência, ele e todo o time
santista se perderam em campo.
Como
o placar por 3 x 1 não favorecia ao Cruzeiro, a Raposa passou a atacar com mais
jogadores ainda. Nesta fase do jogo, o time mineiro atacou com os dois laterais
simultaneamente, os dois volantes apoiado o ataque e, e com a entrada de Júlio
Baptista no lugar do lesionado Éverto Ribeiro, Marcelo Moreno passou a ser o
centroavante da equipe. Como o Santos se defendia no 4-4-1-1 compactado atrás
do meio do campo, o Cruzeiro precisou virar o jogo constantemente para achar
uma brecha. Ao todo, a Raposa realizou nove viradas de jogo, oito a mais do que
o Peixe. De tanto procurar um gol, a equipe mineira conseguiu fazer o segundo
gol. Aos 35 do segundo tempo, William realizou o segundo gol do time azul
celeste após Marcelo Moreno, como centroavante, ter resvalado a bola para
frente.
O
flagrante acima é o lance do segundo gol do Cruzeiro. Nele, Marcelo Moreno e
Júlio Baptista têm as atenções de Bruno Uvini e Edu Dracena. Como Moreno recuou
um pouco para cabecear a bola, ele levou consigo Bruno Uvini e, assim,
desalinhou a linha defensivo alvinegra. Com este desalinhamento e os dois
zagueiros atentos somente em Marcelo Moreno e Júlio Baptista, William fez a
diagonal longa e usufruiu de todo o espaço onde poderia ter, pelo menos, um dos
zagueiros do Santos. Segundo gol da Raposa e início do desespero do Peixe
(Reprodução: Rede Globo).
Minutos
antes deste segundo gol do Cruzeiro, Enderson Moreira colocou Renato no lugar
de Alisson. Com este novo jogador, o Santos perdeu em intensidade defensiva e
não ganhou em qualidade na transição defesa-ataque e nem na posse de bola que
Renato poderia oferecer. Ele estava sem ritmo de jogo.
Apesar
do camisa 8 não estar contribuindo tanto a equipe, o Peixe procurou atacar com
ainda mais jogadores. O time paulista passou a atacar com os dois laterais
simultaneamente, com os três meias se movimentando constantemente, mas sem
achar a movimentação de 9 móvel de Gabriel. O Santos procurava o falso 9 e não
achava.
Sem
tanta eficiência ofensiva, o time paulista acabou sofrendo o terceiro gol, aos
49, após um contra-ataque azul celeste. Terceiro gol do time com o melhor
elenco. Os jogadores que entraram no decorrer da partida pelo lado do Cruzeiro
não entraram mal e não diminuíram o ritmo do seu time, diferentemente dos
reservas do Santos.
Fim
de partida: Santos e Cruzeiro no 4-2-3-1.
Por Caio Gondo(@CaioGondo)