O
Verdão Paranaense viveu momentos de tensão por quase todo Brasileirão, porém na
penúltima rodada, o Coritiba conseguiu se livrar do rebaixamento. Para este fim
emocionante, este time de Curitiba enfrentou o Campeonato Brasileiro com dois
técnicos: Celso Roth e Marquinhos Santos.
O
Coritiba passou a ser comandado pelo Celso Roth após a eliminação na semifinal
do Campeonato Paranaense. Desde então, este técnico comando o Verdão por 17
rodadas do Brasileirão. Apesar de tantas rodadas como treinador coxa-branca, este técnico não
conseguiu implantar um modelo de jogo consistente e explícito para o seu time.
Mas pudera, o último técnico do Coxa antes dele tinha filosofia e pensamento
bem diferentes do que Celso Roth passou a querer fazer na equipe coxa-branca.
Deste modo, o time como um todo sofreu.
Com
este técnico gaúcho, o Coritiba prioritariamente jogava no 4-2-3-1, atacava com
alternância dos laterais, somente um dos volantes avançava ao terço ofensivo,
os wingers pouco trocavam de posição e Alex e o centroavante trocavam de
posição em ação ofensiva.
Com
Celso Roth, o esquema tático base foi o 4-2-3-1 com pouca mudança de posição
durante ação ofensiva e com somente um volante atacando. Era pouco para
envolver os sistemas ofensivos adversários.
Já
defensivamente, o time marcava compactado em médio espaço, os wingers só
marcavam os laterais adversários e a equipe toda realizava encaixes de marcação
no setor. Tamanha era esta perseguição que os laterais coxa-branca viveram os
seus piores momentos no Coritiba.
No
flagrante acima, o Coritiba está posicionado defensivamente no 4-4-2 e
realizando encaixes de marcação no setor (os traços azuis claro representam
estas marcações).
Na imagem acima,
percebe-se que o encaixe de marcação de Carlinhos fez com que ele perseguisse o
seu adversário que estava marcando e, assim, saindo do seu setor como
lateral-esquerdo do time. Victor Ferraz e Carlinhos viveram momentos ruins no
Coritiba, porém não era culpa somente deles. Foi tão ruim a fase de Victor
Ferraz, que este acabou sendo vendido para o Santos logo após os primeiros
jogos de Celso Roth no comando coxa-branca.
Tamanha
era a dificuldade defensiva pelos lados do campo, que no único Atletiba que
Celso Roth disputou pelo lado verde do clássico, o Coritiba atuou no 3-4-1-2.
No flagrante acima, nota-se o Atlético-PR no 4-3-1-2 (esquema caracterizado
pelas linhas vermelha, laranja e amarela da direita para a esquerda) e o
Coritiba no 3-4-1-2 representado pela linha vermelha da esquerda da imagem e
com os nomes dos jogadores em branco.
Depois
da saída de Celso Roth, Marquinhos Santos foi chamado em seu lugar. Com este
técnico, vários dos aspectos táticos mais recentes voltaram à tona no CT da
Graciosa e, assim, o Coritiba passou a apresentar um futebol mais agradável de
ver. Tanto que, a partir do momento em que o elenco coxa-branca passou a
entender a filosofia de jogo de Marquinhos Santos, o Coxa deslanchou no
Campeonato Brasileiro.
Com
este novo comandante, no primeiro momento, o Coritiba passou a variar entre o
4-2-3-1 e o 4-3-3, a buscar a curta compactação, a ter seus wingers só marcando
os laterais adversários e passou a deixar a sua maior estrela com poucas
responsabilidades defensiva. Com Marquinhos Santos, Alex foi o mais
privilegiado.
No
flagrante acima, percebe-se o Coritiba no 4-3-3, em curta compactação, com os
wingers (Joel e Zé Love) só marcando os laterais adversários –tanto que
Rosinei, Helder e Robinho balançaram defensivamente para o lado da bola para
ocupar melhor o espaço em campo defensivo- e, por fim, nota-se o posicionamento
defensivo de Alex. Com Marquinhos Santos, o camisa 10 coxa-branca não fazia
parte do sistema defensivo do time e, quando o Coritiba retomava a bola, Alex
tinha liberdade para se movimentar e, deste modo, recebia diversas bolas nas
entrelinhas dos sistemas defensivos adversários.
No
Atletiba do 2° turno, Marquinhos Santos fez a sua equipe atuar no 4-2-3-1 e
manteve a liberdade ofensiva para Alex. Nesta partida, além deste ter se
movimentado entre a linha defensiva e a do meio-de-campo do Atlético-PR, Alex
aparecia livre de marcação entre a linha ofensiva e a do meio-de-campo
rubro-negra. Ou seja, o camisa 10 coxa-branca tinha liberdade para se
movimentar em ação ofensiva.
Com
o passar do tempo e com o elenco coxa-branca ter compreendido melhor a forma
como Marquinhos Santos queria que a equipe jogasse, este técnico passou a
utilizar freqüentemente o 5-4-1. Neste esquema tático, este técnico passou a
jogar da mesma maneira que diversas seleções apresentaram na Copa do Mundo de
2014: marcando em curta compactação, marcando em zona, com os wingers
balançando para o lado da bola e com linha de 5 atrás. E assim como foi no
início do seu trabalho no Coxa, Alex continuou sendo o maior privilegiado
defensivamente.
Já
que ofensivamente, o camisa 10 coxa-branca continuava a se movimentar nas
entrelinhas adversárias, se projetava na área adversária enquanto que o seu
time atacava com os dois laterais simultaneamente, com os dois volantes
avançando quando pudessem e com os dois atacantes se movimentando como uma
dupla de avantes (enquanto um abre para o lado da bola, o outro centraliza como
opção na área adversária).
Na
partida decisiva para evitar o rebaixamento contra o Palmeiras, o Coritiba
atuou no 5-4-1 conforme o flagrante acima: marcação por zona, linha de 5 atrás
e Alex sem função defensiva ativa.
Já
ofensivamente, os dois laterais atacavam simultaneamente para criar amplitude,
um dos volantes avança quando podia, Alex se movimentava livremente, os dois
atacantes atuavam como uma dupla de jogadores de frente (na imagem acima, Zé
Love abre e Joel centraliza como opção de jogo no centro da área adversária) e
um deles realiza a profundidade do ataque coxa-branca. Tudo sincronizado e
organizado como diversas seleções atuaram durante a Copa do Mundo de 2014.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)