segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Com gol polêmico, Sport vence o Náutico na Arena Pernambucano e segue na liderança do Pernambucano!

Panorama tático inicial da partida. Sport no 4-1-4-1 sem um jogador com característica velocista na beirada de campo, pois Eduardo Baptista optou por testar Diego Souza e Régis mais abertos com Samuel na frente. Náutico no 4-2-3-1, buscando proposição de jogo, intensidade, imposição de ritmo, jogando e ocupando espaços dentro da intermediária defensiva do Sport. Sem a posse de bola, o Timbu também marcava agressivamente, induzindo o adversário ao erro, pressionando independentemente da altura dos blocos ou local de início da marcação, de modo a dificultar a progressão do Sport e saída da defesa pro ataque. O Leão tinha dificuldades pra reter posse, trabalhar e propor o jogo, tendo que jogar de forma mais reativa em boa parte do tempo, marcando em bloco baixo, dentro de sua própria intermediária, caracterizando-se pela compactação curta, negando espaços e buscando a saída rápida, porém, os muitos erros de passe na puxada da transição matavam as jogadas de contra-ataque. Régis e Diego Souza tinham liberdade de progressão em diagonal pra dentro e levaram certo perigo quando realizavam esse movimento(assim que saiu o gol do Sport) Samuel era procurado pra disputar a primeira bola com os zagueiros e buscava a saída do comando do ataque em diagonais curtas para os lados pra buscar a recepção e tentar a jogada/continuidade no fundo do campo e Danilo tentava a aparição em diagonal do centro pra esquerda e também aprofundava por dentro pra dar opção ofensiva ou buscar a infiltração. 


O Náutico contava com um flanco esquerdo de ímpeto bastante ofensivo com Gaston Filgueira, que espetava na ponta quando Régis fechava por dentro na basculação defensiva com a linha de meio do Sport e Jefferson Renan fazia a diagonal pra dentro quando a bola caía no flanco oposto e carregava consigo o lateral-direito Vitor de modo a abrir um bom espaço a ser explorado no setor , dando opção de inversão longa ou abertura de jogada quando a bola estava sob posse alvi-rubra na faixa central e proporcionando amplitude ao ataque juntamente com Renato que costumava ficar bem aberto na direita pra ser opção de virada, buscando receber no 1x1 com Renê na ponta. A profundidade é gerada por Josimar, que prende os zagueiros do Sport ao centro. Pelo fato de Régis não ser tão combativo, o Náutico conseguia com força à linha de fundo pela esquerda com Gastón Filgueira pra fazer o cruzamento. Com o intuito de diminuir o ímpeto do Timbu pela esquerda, Eduardo Baptista colocou Samuel(que fazia bem o balanço entre cercar inicialmente ora os zagueiros, ora os volantes) aberto pela direita para acompanhar a passagem de Gastón em fase defensiva( também basculando corretamente como Régis) e procurar dar opção de diagonal entre o zagueiro e o lateral em situação ofensiva, e botou o camisa 10 como uma espécie de "falso 9" na reta final da primeira etapa, o livrando de grandes obrigações na marcação. 


Como já mostrado no último desenho, Régis balanceava corretamente para o lado da bola com a linha de meio, marcando o espaço pelo meio quando a bola caía no extremo oposto, sem manter-se fixo individualmente no lateral adversário. Porém, o mesmo não ocorria com Diego Souza, que fixava-se individualmente no lateral-direito David(que não apoiava de forma tão aguda como Gastón Filgueira e não abria na ponta quando Renato fechava em diagonal em situações que a bola estava mais afastada do seu setor) e não fazia corretamente a basculação defensiva, porém, pelo fato do Sport marcar no 4-1-4-1, 4 componentes da linha média faziam a "gangorra" pro lado da bola, sem deixar tantos espaços entre Diego Souza e o tripé de volantes. 


Sem a posse de bola, o Náutico de Moacir Júnior marcava no 4-4-2, iniciando a marcação em bloco médio-alto, com Bruno Alves na mesma altura de Josimar por dentro e encaixando no volante do primeiro passe que afundava ao centro pra buscar com os zagueiros(Rithely), enquanto que o camisa 7 tentava fazer o cerco inicial/para-brisa nos zagueiros adversários. Em determinadas situações, Bruno Alves recuava e compactava na mesma linha de João Ananias e Fillipe Soutto, de modo a espelhar o Sport no meio-campo e reduzir ainda mais os espaços. Era uma marcação agressiva, com os volantes buscando a antecipação quando um jogador mais avançado da linha média ou outro jogador recebia mais à frente de costas, os homens de frente pressionando e buscando forçar os lançamentos ou erros de passe, com a defesa posicionada em linha alta, de forma mais avançada na sua própria intermediária e predominantemente com a fixação individual dos wingers nos laterais adversários. Por vezes, os homens mais avançados não apertavam tanto, porém, a marcação da linha média na intermediária era bastante voraz pra bloquear a posse adversária e forçar o recuo/passes arriscados. A agressividade e compactação do Timbu na marcação contava também com a lentidão e imprecisão do Sport em muitas trocas de passes laterais que visavam manutenção de posse, de modo a facilitar ainda mais as roubadas/recuperações de bola e interceptações de jogadas. Porém, o posicionamento da defesa, em linha alta, fez o Náutico passar por situações de perigo. Em uma delas, Samuel escorou a primeira bola pro facão diagonal de Régis entre o zagueiro e o lateral-esquerdo, porém, a jogada não teve boa sequência. Em outra, Danilo infiltrou em velocidade vindo de trás com boas chances de receber na cara do gol, porém, a arbitragem incorretamente marcou impedimento. Ainda teve uma situação na qual Diego Souza fez uma perfeita diagonal pra receber o lançamento de ruptura nas costas da linha defensiva, porém, o goleiro Júlio César saiu bem e interceptou a jogada. 


Movimentação ofensiva do Sport no lance do gol de Samuel mostra bem a característica de movimentação de seus jogadores, que em boa parte das situações da partida não foi tão explorada, porém, quando foi bem utilizada, resultou em bons frutos. Náutico marca pressão no setor da bola e busca a superioridade numérica, com Fillipe Soutto, Jefferson Renan e Bruno Alves buscando reduzir ao máximo o espaço e bloquear a tentativa de progressão, enquanto que Josimar se projeta pra tentar o cerco/pressão em caso de recuo de bola do portador da pelota, no caso Rithely(que de certo modo trocou um pouco posicionamento com Rodrigo Mancha nessa jogada, com o camisa 5 sendo opção de retorno numa zona mais afastada da linha média adversária ao centro, enquanto o camisa 21 trabalhou jogada no setor direito) para o zagueiro do setor(Ewerton Páscoa). Régis se desloca da ponta(inteligente movimentação sem bola, enquanto Samuel faz a diagonal centro-direita pra ocupar o espaço deixado por Régis, atraindo o zagueiro para a cobertura, já que Régis carregou Gastón Filgueira para fora da linha defensiva alvi-rubra com seu deslocamento) e recebe bem num espaço vazio entrelinhas, com boa margem de progressão em diagonal. Renato fecha por dentro com a linha de meio, ficando em reta próxima ao lateral-direito David, porém, não dá combate, nem tenta ao menos cercar Diego Souza, que recebe a virada justamente no espaço entre ele e o volante João Ananias. Renê dá indício de passagem no corredor aberto pela diagonal do lado oposto feita por Diego Souza e Renato fica com a cabeça ainda mais fixa no lateral-esquerdo rubro-negro. Diego Souza pega de frente e tabela com Danilo, que aprofundou no entrelinhas pra topar com a linha defensiva adversária, atraiu o lateral-direito David por dentro, girou e acionou de volta Diego Souza, que se projetou no espaço às costas do lateral adversário na grande área. O camisa 87 soltou uma pancada para a defesa de Júlio César, Danilo chegou pro rebote, mas se atrapalhou e dividiu com o goleiro alvi-rubro(segundo as imagens mostradas pela televisão, teria havido falta no lance). A bola sobrou pra Samuel, que fechou em diagonal curta pra concluir na proximidade da pequena área. 


Na segunda etapa, o Sport voltou com Neto Moura atuando entre as duas linhas de quatro no lugar de Rithely com o intuito de melhorar a qualidade do primeiro passe, porém, depois colocou o camisa 25 mais avançado, com Ronaldo mais na contenção. Samuel buscava o deslocamento pra receber na esquerda e tentar o arranque ou trabalhar com quem caísse no setor, seja Diego Souza, Renê ou até Danilo(antes de sair pra entrada de Ronaldo). O Leão também tentou trabalhar algumas jogadas de fundo com Vitor e Régis na direita, porém, sem muita efetividade. O Náutico tentou ainda mais a imposição de jogo, concentrar mais os ataques pelos flancos, soltando mais os laterais e buscando dar mais "sangue novo" e velocidade na linha de frente com as alterações e pressionar o Sport, que recuou ainda mais suas linhas dentro de sua própria intermediária, mas rebatia mal as bolas e dificilmente ganhava os rebotes/sobras de bola na intermediária. Com estes caindo com os volantes/zagueiros do Náutico, era pressão alvi-rubra, pois quase sempre que uma jogada era destruída, o Timbu conseguia reiniciar. O Sport não conseguia sair pro ataque quando tomava a posse, já que o Náutico buscava o trabalho/marcação pra tentar recuperar logo após que perdia a bola dentro de campo ofensivo e nas bolas longas, Samuel perdia boa parte delas pros zagueiros adversários. Apesar da insistência do Timbu, viu-se um time pouco efetivo e com dificuldades de reverter o volume em situações reais de gol e resultados. Um jogo marcado pela polêmica envolvendo arbitragem, um Sport que deixou a desejar, porém, conseguiu o mais importante(o resultado), pois muitas vezes em 2014 não fez lá grandes jogos, porém, conseguiu alcançar os objetivos na base da organização e muitas vezes segurando resultados com certo sufoco, como foi nesse clássico. Pelo lado do Náutico, viu-se um grupo de jovens aguerridos, que jogaram com muita entrega, tiveram pontos positivos no aspecto de evolução tática e coletiva, porém, ainda há muito o que ser aprimorado e trabalho, oscilações são normais e os resultados também precisam vir, para que se tenha mais confiança e tranquilidade. 


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)