No
primeiro clássico na Allianz Parque, o Palmeiras perdeu por 1 x 0 para o
Corinthians. Com a equipe alviverde em plena construção e a alvinegra com
pequenas “reformas”, a vitória em campo do Timão aconteceu. Para esta partida,
ambos os times começaram no 4-2-3-1.
Palmeiras
e Corinthians no 4-2-3-1.
Esta
partida foi uma partida de contrastes. Em ambas as equipes as influências do
comando técnico pesaram muito. Pelo lado do Palmeiras, Oswaldo de Oliveira está
construindo o seu time com 19 reforços. Deste modo, ele tem feito o que dá nas
mais diversas fases de jogo. Na transição ofensiva, o Porco saiu freqüentemente
pelos lados –com preferência do esquerdo- e no terço ofensivo, a equipe procurou
constantemente o cruzamento. Ao todo, 27 bolas alçadas, com só seis acertos.
Em
construção, o Palmeiras saia pelos lados e com pouca participação dos seus
volantes no terço central do campo. Isto pode acontecer por causa de algum
pedido de Oswaldo, porém os volantes não fazerem parte da transição ofensiva no
terço central demonstra que o time não está conseguindo achá-los. Estes
jogadores centrais se posicionam na faixa central do campo, se posicionam de
frente para o gol adversário e são opções de apoio e retirada do setor
congestionado pela equipe adversária, ou seja, muito importantes para a
manutenção e a construção da jogada ofensiva. Sem eles, o time fica só com o
cruzamento como opção de jogo ofensivo, assim como foi o Verdão no jogo.
Do
mesmo modo que o Porco não apresentou algum modo de construção ofensiva, a
equipe sofreu também com a defensiva. Nesta fase de jogo, o time alvi-verde
marcou com encaixes individuais por setor, com perseguições e não ligando tanto
para a aproximação das linhas e para a compactação da equipe. Uma vez que este
modo de marcar é a mais fácil, Oswaldo está optou por começar por este tipo de
marcação.
No
flagrante acima, a demonstração dos encaixes individuais por setor da equipe do
Palmeiras. Ainda na mesma imagem, nota-se que todos realizam este tipo de
marcação, inclusive o centroavante Leandro Pereira (Reprodução: Bandeirantes).
Com
encaixes individuais por setor e com perseguições, a equipe naturalmente acaba não
ligando tanto para a aproximação das linhas e para a compactação da equipe, já
que a movimentação defensiva é de acordo com a ofensiva do time adversário (os
jogadores do Palmeiras corriam atrás dos jogadores do Corinthians por todo o
campo). Deste modo, qualquer drible ou
movimentação dos jogadores do Timão quebrava a marcação alviverde e iniciava o
desencadeamento da quebra do sistema defensivo do Verdão. Com os jogadores
espaçados e com as linhas afastadas uma das outras, a cobertura do Palmeiras
demorava e acontecia o que o flagrante acima demonstrou: condução de bola do
jogador do Corinthians enquanto que os demais se movimentam para os espaços
vazios e continuar a jogada ofensiva (Reprodução: Bandeirantes).
Pelo
lado do Corinthians, Tite pegou uma equipe com alguns jogadores que ele mesmo
treinou em sua primeira passagem pelo clube e poucos da época de Mano Menezes.
Como o entrosamento é algo notável, as fases de jogo do Timão foram mais
organizadas. Na transição ofensiva, o time só começava esta fase quando havia
realmente espaço e o sistema ofensivo procurava a movimentação e a aparição de
um jogador melhor colocado no momento.
Para
iniciar a saída de jogo, os jogadores do Corinthians procuravam só começar esta
fase de jogo quando achava alguém livre. No caso da imagem anterior, Fábio
Santos achou Edu Dracena completamente livre e, assim, começou a transição
defesa-ataque da equipe. Este passe de Fábio Santos aconteceu porque o
Palmeiras tentava marcar pressão, mas mantinha o encaixe de marcação por setor.
Ao manter este tipo de marcação, qualquer retirada da bola do setor
congestionado pela equipe gera facilidade do time adversário em sair jogando,
já que não houve o balanço defensivo do Verdão e, assim, impossibilitando de
todos os jogadores do Timão próximos do setor da bola estarem marcados
(Reprodução: Bandeirantes).
Em
campo ofensivo, o Corinthians procurava o jogador melhor posicionado para o
momento da jogada. Como o Palmeiras marcava com encaixe individual por setor
com perseguição, qualquer “empurra e se desloca para o espaço gerado” quebrava
o modo de marcação alviverde. No caso do flagrante anterior, o jogador que mais
fez isso durante toda partida: Danilo. Este meia corintiano freqüentemente se
desmarcava e recebia a bola sem marcação adversária próxima. No caso da imagem,
este jogador recebe a bola na entrelinha do Verdão (Reprodução: Bandeirantes).
No
caso da fase defensiva, a equipe de Tite marcou por zona, com o posicionamento
defensivo variando entre 4-4-1-1 e 4-4-2, com as linhas próximas e ligando para
a compactação em todo o momento.
Com
a equipe compactada, com as linhas próximas, com a marcação sendo por zona e
posicionamento defensivo claramente definido, o Corinthians freqüentemente tinha
vantagem em seu campo defensivo. Pelo flagrante acima, percebe-se todos estes
aspectos táticos: as linhas próximas, Ralf e Bruno Henrique procurando estar
atrás da linha da bola; Fábio Santos, Gil e Edu Dracena tendo realizado o
balanço defensivo porque Edilson saiu para dar o combate e os três se
posicionando na faixa central do campo –e “abandonando” o jogador aberto pela
direita do Palmeiras. Mas vale lembrar que esta marcação só é possível porque
já há entrosamento entre os jogadores e Tite tem dado continuidade no seu e no
trabalho de Mano Menezes (Reprodução: Sportv/ PFC).
Com
a proximidade das linhas e com o balanço defensivo de todos, freqüentemente havia
a possibilidade de dobra de marcação do Corinthians no portador da bola
adversário. No caso da imagem acima, nota-se Lucas e Petros marcando Allione
enquanto que Bruno Henrique, Ralf e Edu Dracena balançam defensivamente para
cobrir o setor da bola e, assim, as possíveis linhas de passe de Allione. As
chances de recuperação da bola nesta situação são enormes (Reprodução:
Bandeirantes).
O
balanço defensivo, o entrosamento e a dobra de marcação também foram
importantes na jogada do gol do Corinthians. A saída de três é útil em diversas
situações, porém os seus jogadores devem perceber qual é a melhor opção para o
momento da jogada. Novamente, com o desentrosamento dos jogadores do Palmeiras,
a compreensão de onde os seus companheiros possam estar é grande. Com este
desentrosamento e com o sistema defensivo corintiano já tendo diversos aspectos
táticos, o gol da vitória alvinegra foi a junção e símbolo das atuais situações
das duas equipes atualmente.
Para
iniciar a explicação do gol da vitória do Timão, a explicação da saída de 3 é
necessária. Este tipo de saída é muita usada por equipes que querem sair
jogando desde o seu campo defensivo. Para tal, um dos jogadores de
meio-de-campo recua e se posiciona entre os zagueiros da sua equipe. Ao mesmo
tempo em que este recuo acontece, os dois laterais sobem simultaneamente para
empurrar e retirar os wingers adversários para mais longe possível do terço
defensivo. Através destas movimentações simultâneas, os dois zagueiros e o
meio-campistas que recuou geram uma superioridade numérica em seu terço
defensivo e, assim, facilitando a saída de jogo através de passes curtos –assim
como mostra a situação acima.
No
caso da partida, o Palmeiras foi o time que quis fazer a saída de 3. Com isso,
Amaral recuo entre os zagueiros alviverdes. Porém Fernando Prass saiu jogando
com um dos zagueiros pelo lado. Como o passe foi longo, deu tempo para que
Guerrero e Danilo balançassem para o lado onde a bola estava indo –assim como
mostra o frame acima-, e, para piorar a situação para o Verdão, Petros não foi
empurrado o suficiente por Zé Roberto para que gerasse mesmo uma clara superioridade
numérica no terço defensivo da sua equipe. Veja onde estava Petros no momento
do passe de Fernando Prass:
Quando
o goleiro do Palmeiras estava se movimentando para tocar para Victor Hugo,
Petros estava desgrudando de Zé Roberto. Com este movimento somado com o
balanço defensivo de Guerrero e Danilo, Victor Hugo acabou ficando em
desvantagem numérica, sem conseguir virar de frente para o seu campo ofensivo –assim
ficando com menos opções de passe- e, para piorar, realizou um passe fraco para
o seu goleiro. Méritos do sistema defensivo do Corinthians, principalmente de
Petros, que marca com relação ao espaço e desentrosamento de vários jogadores
do Verdão naquela situação (Reprodução: Sportv/ PFC).
Para
o segundo tempo, Oswaldo de Oliveira colocou Dudu no lugar de Maikon Leite e
teve o goleiro adversário sendo expulso, aos 10. Com um jogador a mais, o
técnico alviverde colocou Alan Patrick no lugar de Amaral. Já o alvinegro,
retirou Guerrero para colocar o goleiro Walter. Através desta substituição, o
Corinthians passou a jogar no 4-4-1, mas manteve os mesmos aspectos ofensivos e
defensivos que estava jogando até então.
Defensivamente,
o Timão passou a marcar no 4-4-1 e manteve a curta compactação, a proximidade
das linhas, a marcação por zona e possibilidade de dobras de marcação onde quer
que a bola esteja –assim como está na imagem anterior (Reprodução: Sportv/
PFC).
Assim
como em ação defensiva, a ofensiva também se manteve com os mesmos aspectos
táticos: a equipe realizava passes curtos, procura o jogador melhor posicionado
e procura fazer a melhor opção possível para o momento. No caso do flagrante
acima, Danilo se posicionou na entrelinha adversária, assim com o foi destacado
neste post, e recebeu a bola de Mendonza. Assim como Tite já falou: “O time do
Corinthians é intenso sem a bola, e com ela, é calmo”. A sua equipe demonstrou
isso no clássico (Reprodução: Sportv/ PFC).
Até
o fim da partida, Oswaldo de Oliveira colocou Rafael Marques no lugar de
Allione e Tite fez Luciano e Cristian entrarem nos lugares de Mendonza e
Petros, respectivamente. Com o desentrosamento do Palmeiras e a organização do
Corinthians, o placa se manteve por 1 x 0 até o fim da partida.
Palmeiras
manteve o 4-2-3-1 e Corinthians terminou no 4-4-1.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)