quarta-feira, 6 de maio de 2015

Guia Tático do Brasileiro de 2015: Palmeiras

Como num tango de Carlos Gardel, o Palmeiras modelo 2015 esta aprendendo a sofrer, tocar o céu e regressar ao inferno, neste processo fundamental para um dia, quem sabe, desfrutar e  gozar. O Centenário palestrino em 2014, como todos sabem, foi digno das tramas de José Mojica Marins, o popular Zé do Caixão. Após quase ser rebaixado em 2014, a gestão Paulo Nobre deu carta branca para que Alexandre Mattos corresse atrás de um pacotão de reforços. Dúzia e meia de novos jogadores aportaram no Palestra Itália, assim como Osvaldo de Oliveira na batuta. O treinador, que já vinha de um ótimo trabalho no Botafogo em 2013, demonstrou na montagem do time que é um dos poucos "professores" exitosos da década passada que conseguiu  atualizar-se e acompanhar a evolução tática do futebol moderno. 
 
A campanha na primeira fase do Paulistão foi de razoável para boa, com a liderança no grupo C e a quarta melhor campanha geral, fato que o colocava para enfrentar o Corinthians, em jogo único, no Itaquerão, por uma vaga na decisão estadual. A vitória nos pênaltis frente aos alvinegros, assim como a goleada impetuosa contra o São Paulo na Arena Palestra na primeira fase, foram os pontos altos do Palmeiras até aqui, retomando a auto estima da torcida e sinalizando uma evolução rápida de um time em formação.
 
O ponto forte esteve na defesa, que junto do Corinthians, sofreu apenas 10 gols na primeira fase. Fernando Prass, um dos poucos titulares de 2014 que mantiveram o posto,  foi fundamental, ora pela liderança natural, ora por suas intervenções seguras e sobressalentes. Na lateral direita, Lucas, velho conhecido de Oswaldo Oliveira desde os tempos de Botafogo, assumiu a posição mostrando bom ímpeto ofensivo e cobertura sagaz. Na esquerda, o inoxidável Zé Roberto, veio do Grêmio com muita vitalidade, apesar da idade, na posição de maior exigência física do futebol atual; é verdade que sofreu com lesões inesperadas, fazendo Oswaldo Oliveira improvisar a linha defensiva com zagueiros em jogos transcendentais. A zaga, após a lesão de Tobio, se afinou com a dupla Victor Ramos e Vitor Hugo. As falhas na decisão contra o Santos apontaram para a necessidade de maior entrosamento e malandragem para fazer a linha avançada da defesa.
 
 
O esquema escolhido por Oswaldo Oliveira foi o mesmo 4-2-3-1 do ciclo exitoso no Botafogo. Gabriel, outro pedido seu, forma ao lado de Arouca um dupla de volantes de excelente movimentação e qualidade no passe. Gabriel, além disso, muitas vezes foi deslocado para a lateral - como segundo tempo da semifinal frente ao Corinthians - mostrando polivalência e maturidade tática. Arouca sobe bastante para a linha de armadores na transição defesa-ataque, alinhando-se a Robinho, Dudu e Rafael Marques e configurando um 4-1-4-1 com Gabriel mais preso na frente da defesa. A transição ataque-defesa é constituído no 4-4-1-1 com Dudu e Rafael Marques se alinhando a Arouca e Gabriel para armar a segunda linha de 4.
 
Dudu e Rafael Marques foram os destaques ofensivos pelos flancos. Dudu, preferencialmente pela esquerda, é o fator de desequilíbrio no mano a mano. Seu temperamento explosivo e uma possível punição pesada pelo STJD pode abreviar a sua atuação neste Brasileirão. Rafel Marques, outro jogador de confiança do novo treinador, vem se mostrado a grande peça tática do Palmeiras em 2015, acompanhando os laterais rivais, entrando em diagonal, e anotando 5 gols neste Paulistão ao inverter de posição com Leandro Pereira.
 
Na posição centralizada, Robinho foi o jogador mais regular, graças a inatividade de Valdivia e a chegada tardia de Cleiton Xavier. A briga será boa pela titularidade. Robinho é mais versátil, atuando ora como segundo volante, ora pelos flancos. Cleiton Xavier é mais talentoso e preciso no último passe. Valvidia, como de praxe, é um ponto de interrogação constante sobre a sua assiduidade de atuações. Como falso 9, Oswaldo Oliveira pode ter encontrando uma nova função para o chileno, até porque a referência de área segue sendo o fator vulnerável do time.
 
O Palmeiras, apesar da derrota na final do Paulistão, chega com a moral alta e um time em formação evolutiva, podendo brigar por vaga na Libertadores ao longo do Brasileirão.