quinta-feira, 9 de julho de 2015

No melhor jogo da rodada, Atlético-MG supera o Sport no Mineirão!


No grande jogo da 12ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Atlético-MG levou a melhor sobre o Sport, quebrando a incrível invencibilidade do Leão no campeonato(11 jogos sem perder, com 6 vitórias e 5 empates) e assumiu a liderança isolada do campeonato com 26 pontos. O time pernambucano segue provisoriamente no G-4, ocupando o terceiro lugar, com 23 pontos. Quem foi ao Mineirão, pôde presenciar um jogo entre dois times bastante organizados taticamente e competitivos. Não à toa, vêm fazendo excelentes campanhas até aqui. 

O Galo foi no 4-2-3-1, que virava 4-1-4-1 defensivamente. Giovanni Augusto atacava como meia e defendia na linha dos volantes. Os wingers fixavam individualmente nos laterais leoninos e Rafael Carioca e Leandro Donizete revezavam no entrelinhas, um deles vigiava Diego Souza ao centro e o outro alinhava-se com Giovanni Augusto pra pressionar/diminuir o espaço de Rithely e Wendel. Diferentemente do que costuma fazer, os mineiros não foram tão agressivos e vorazes defensivamente. Pressionaram pouco a saída de bola leonina, dando espaços pra equipe rubro-negra sair por meio de toques curtos. Iniciavam a marcação de forma mais agressiva atrás da linha que divide o gramado, dificultando a manutenção da posse progressiva e obrigando o Sport a mantê-la por meio de toques laterais, recuos pra trás pra reinício de construção ofensiva, abertura de jogo pelos lados do campo procurando ação mais objetiva ou tentativa de jogo direto com os lançamentos de Rithely e Durval. 

Ofensivamente, o Galo tinha dificuldades pra propor o jogo devido ao espaço reduzido para suas ações ofensivas. Não conseguia o jogo entrelinhas e tinha dificuldades pra jogar pelos flancos. Na linha de 3, Maicosuel buscava o corte curto pra dentro pra tentar a tabela em diagonal, ultrapassando em seguida pra tentar receber de volta e tentava abrir o corredor esquerdo pra Douglas Santos, que era bem acompanhado até o final por Maikon Leite. Encontrava mais espaços nas viradas de jogo da esquerda pra direita buscando a recepção de Thiago Ribeiro de frente no 1x1 com Renê pra tentar combinação no fundo com a passagem de Carlos César ou lançamentos(geralmente de Rafael Carioca, que armou e organizou as ações ofensivas atleticanas de trás e acertou todos os passes que tentou na partida) procurando o facão diagonal de ruptura de Thiago Ribeiro no espaço entre Renê e Durval na última linha rubro-negra ou vindo por fora, às costas de Renê, quando este centralizava um pouco mais para a basculação com a linha defensiva. Apostava com frequência em jogo mais direto, também buscando a locomoção de Lucas Pratto, que tentava flutuar no entrelinhas do Sport pra escorar a primeira bola, trabalhar no pivô pra manutenção da posse ou continuidade da jogada e se mexia muito procurando as diagonais curtas nos espaços entre Matheus Ferraz e Durval para romper a linha defensiva adversária e tentar a recepção em profundidade. 

O Sport fazia o jogo reativo, caracterizando-se pela compactação curta em bloco baixo em duas linhas de quatro(4-4-2), ocupando de 20 a 30 metros do campo e por vezes chegando a colocar os 10 jogadores de linha atrás da linha da bola(Samuel e Diego Souza participavam de uma pequena pressão inicial no campo adversário em sua saída de bola, porém, iam recuando conforme o avanço adversário para manter a compactação defensiva entre os três setores, participar da recomposição atrás da linha do meio-campo e pressionar os volantes e/ou zagueiros em caso de recuo de bola para reinício de jogo). Negava espaços aos donos da casa e procurava a saída com velocidade na transição defesa-ataque. Tentava segurar e trabalhar a posse de bola também com o intuito de afastar o Atlético de perto da sua meta. Desenvolvia bons movimentos ofensivos e procurava os lançamentos e passes em profundidades visando a ruptura da última linha atleticana, que apresentava posicionamento mais alto em sua intermediária defensiva em boa parte das circunstâncias dos contragolpes leoninos, porém, não conseguia encaixar o último passe e alguns erros técnicos dificultavam a continuidade de jogadas na fase de ataque organizado da equipe. Procurava o apoio de Marlone pela esquerda e a velocidade de Maikon Leite, que tentava jogar nas costas de Douglas Santos. Samuel e Diego Souza procuravam a movimentação entrelinhas pra ser opção de passe e no caso do segundo, para manter a posse ou fazer a troca de lado. Defensivamente, Maikon Leite e Marlone por vezes faziam corretamente o movimento para o balanceamento da linha de meio para o lado atacado e adotavam o espaço como referência, porém, predominantemente permaneciam com referência fixamente individual nos laterais atleticanos. Os frames abaixo mostram alguns aspectos do posicionamento defensivo do Sport:

 
Na primeira imagem, observa-se o Sport em fase de defesa organizada, com as duas linhas de quatro já postadas atrás da linha da bola, ocupando espaço reduzido do campo e com Marlone corretamente fechando por dentro quando a bola cai no extremo oposto. Além disso, percebe-se a presença de Diego Souza e Samuel em campo defensivo. Na segunda imagem, pode-se reparar o Sport recompondo-se defensivamente, porém, também é notória a proximidade/curta distância entre as duas linhas de quatro, com a defesa em linha um pouco mais alta pra manter a compactação. 

Logo no começo do segundo tempo, o Galo abriu o placar em um lance que define dois de seus pontos fortes: Sua força/velocidade transicional e a sabedoria pro jogo "lá e cá". O Sport saiu rápido num contragolpe e teve chance de marcar, porém, desperdiçou. O Atlético-MG aproveitou, contra-atacou e fez, aproveitando falha defensiva leonina, como pode-se perceber na imagem abaixo: 

Maicosuel carregou em alta velocidade de fora pra dentro, volantes não conseguiram o acompanhar e ele progrediu entre as intermediárias, pegando de frente pra linha defensiva do Sport, que estava em linha um pouco alta e distante do próprio gol e lançou Thiago Ribeiro, que infiltrou no facão às costas de Wendel(que como de costume, preencheu o espaço à esquerda na linha defensiva quando Renê estava fora do setor). O camisa 22 recebeu em profundidade e cruzou pra Lucas Pratto, que infiltrou na área em diagonal curta(Matheus Ferraz não conseguiu acompanhá-lo), mandar pras redes. 

Porém, a reação leonina foi imediata. Em cobrança de falta de Diego Souza, Matheus Ferraz deixou tudo igual. 

Repara-se a marcação individual que o Galo fez nessa bola parada. Diego Souza mandou na área, a bola pingou, quebrando a marcação atleticana e Matheus Ferraz fez ótimo deslocamento pra aparecer na segunda trave e concluir. Falha de Leonardo Silva no acompanhamento individual, já que o mesmo acabou "largando" o zagueiro rubro-negro no lance. 

Com o gol, o Galo voltou ao ataque em busca do resultado. E foi premiado aos 9 minutos, num lance de felicidade de Giovanni Augusto, onde também houve desatenção do sistema de marcação pernambucano. 

Giovanni Augusto recebe o passe curto de Maicosuel, pegando de frente pra marcação de Rithely. Imediatamente, Rafael Carioca aparece por dentro como linha de passe curta à sua direita e Wendel busca fechar essa opção de passe, enquanto que simultaneamente Douglas Santos ultrapassa(acompanhado por Maikon Leite) em alta velocidade no corredor aberto pela diagonal de Maicosuel, que "empurrou" Samuel Xavier pra dentro da área com a linha defensiva. Giovanni Augusto dá sinal de que vai acionar a passagem do camisa 6 pro fundo do campo e distrai Rithely. Posteriormente, dá o corte curto pra dentro e pega de frente pra linha defensiva, já que Wendel não tem tempo pra ocupar o espaço no entrelinhas e foi "atraído" por Rafael Carioca. Com isso, Giovanni ganha tempo e espaço pra ajeitar e acertar um chutaço no canto esquerdo do goleiro Danilo Fernandes. Golaço!

Com o segundo gol atleticano, digamos que os papéis se inverteram. O Sport passou a jogar mais no campo adversário, com obrigação de propor o jogo e buscar o resultado, enquanto que o Galo passou a ser mais reativo e contragolpista. O Atlético-MG criou boas chances e mostrou que seus melhores momentos são, de fato, transicionais. Eduardo Baptista acionou o garoto Wallace no lugar de Samuel, provavelmente procurando alguém que pudesse fazer melhor a parede no entrelinhas e dar profundidade à organização ofensiva da equipe. Posteriormente, colocou Neto Moura no lugar de Maikon Leite(que saiu lesionado). Neto atuou mais aberto à esquerda inicialmente, enquanto Marlone passou a fazer mais o lado direito. Sem Maikon Leite, o Sport perdeu em velocidade e aceleração de jogadas pelo flanco, porém, ganhou em qualidade de passe pra melhorar a posse de bola da equipe. Diego Souza passou a atuar ainda mais próximo do gol, aprofundando ao centro com grande constância pra ser opção na área e Rithely passou a ser ainda mais ativo na organização de jogadas da equipe. Era opção de retorno mais afastado da linha de meio adversária e armava de trás, procurando o passe entre as linhas, virando o jogo e procurando acionar os homens de lado de campo. 

Pelo lado do Atlético-MG, Levir Culpi renovou as peças ofensivas da linha de 3, com as entradas de Cárdenas, Guilherme e Carlos nos lugares de Thiago Ribeiro, Giovanni Augusto e Maicosuel, respectivamente, visando dar "sangue novo" para a transição ofensiva do time. Apesar da proposta adotada após marcar o segundo gol(de jogar mais no erro do Sport), o Galo também produzia ofensivamente em velocidade e conseguia boa retenção de bola em campo ofensivo para gastar o tempo e diminuir a pressão do Sport. 

No final, Eduardo Baptista colocou Mike na vaga de Wendel, trazendo Neto Moura pra jogar na mesma linha de Rithely, visando melhorar ainda mais a articulação a partir do terço inicial do campo ofensivo. Mike fazia o lado direito e Marlone voltou a jogar aberto pela esquerda, mas também procurando a locomoção de fora pra dentro pra acionar companheiros. Nos instantes finais da partida, o próprio Marlone teve a bola do jogo em cruzamento vindo do lado oposto(lado direito). Ele fechou em diagonal pra área, aproveitou a escorada e cabeceou com consciência visando o canto direito do goleiro Victor, porém, a bola pegou pequeno efeito e passou rente à trave.

As duas equipes jogaram bem e fizeram um jogo de ótimo nível técnico-tático. No final, o Atlético-MG foi premiado por sua competência e bom equilíbrio durante a partida. É candidato ao título. Com relação ao Sport, trata-se de uma equipe muito boa, de excelente organização tática, tem o técnico de maior longevidade no comando(Eduardo Baptista está há um ano e meio no Leão, mesmo tendo passado por dois momentos críticos). Trabalho de longo prazo é fundamental e quase inexistente no país. A expectativa é que o Leão brigue no G-4, porém, sonhar com briga por título não é utopia. 


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)